The Amazing Spider-Man escrita por Leinad Ineger


Capítulo 10
Capitulo 10 - Os Sinos do Inferno




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– Liga da Justisssssss...

Pelos últimos três quarteirões, o Homem-Aranha continuava se repetindo, como se precisasse acreditar, ou acordar de um sonho. Era um membro da Liga da Justiça!

– Liga da Justisssssss...

Não dava pra não ficar impressionado. A Liga era composta por alienígenas, reis, princesas, guerreiros e forças da natureza. E o Homem-Borracha. E agora ele! O Homem-Aranha!

– Liga da Justisssssss...

Reuniões num quartel-general na Lua, reconhecimento do público e da mídia, até rever velhos conhecidos. Aos poucos, os frutos de anos de combate ao crime poderiam ser colhidos.

– Liga da Justisssssss...

Só tinha um porém: precisava conversar com o delegado Semeghini sobre os homens-aranha mortos. Talvez fosse algum velho inimigo atrás dele, parecia coisa do Kraven. De qualquer forma, toda garantia que tinha era o Semeghini.

– Liga da Justisssssss...

E tinha a Felicia. Seu recente encontro com a Gata Negra tinha lhe trazido boas lembranças. Talvez um novo começo ou... Não! Ela tinha se associado ao Rei do Crime novamente! Era melhor apenas ficar de olho para que ela não se metesse em encrenca.

– Liga da Justisssssss...

E a Tina? Meu Deus, ainda tinha a Tina! Precisava falar com ela sobre a Felicia. Mas como explicar? O envolvimento dele com a Gata Negra era tudo que alguém precisava para deduzir a identidade secreta do Aracnídeo. Como dizer a ela? Acabaria precisando mentir para poder parar de engana-la...

– Liga da Justisssssss...

– Ei, Parker... Dá uma olhada nisso!

– O que foi, Ben?

– Aquela advogada que o Homem-Aranha salvou insistiu para que eu a entrevistasse. Até me ofereceu dinheiro, mas o delegado Semeghini me ligou e fez uma pressão para que eu fizesse a tal entrevista.

– E...?

– Você conhece o Aranha. O que ele ia achar disso?

Ben Urich estendeu a edição do Clarim para Peter. Ali, a advogada Kim Fox falava sobre como tinha sido salva pelo Homem-Aranha e dos esforços, dela e de um “membro da força policial”, para limpar o nome do Aracnídeo.

– Ora, Ben! Taí uma coisa que não se vê todo dia! E o JJ?

– Está furioso, mas com essa advogada e o delegado fazendo pressão, ele teve que concordar em publicar. Parece que esses dois estão precisando falar com o Aranha e isso foi usado para atraí-lo. Eu vou te dar o endereço da advogada, Peter. Quero que você fique de olho e tire algumas fotos, caso o Aranha resolva visita-la.

– Por mim, tudo bem. Mas se o Jameson descobrir, só vou conseguir tirar fotos em festinhas infantis...

– Não se preocupe. Com o Semeghini no pé dele, o Jameson não vai te incomodar.

Naquela noite...

Tap, tap, tap...

Kim Fox se levantou e foi até a janela. Devia ser só um pombo. Devia...

– Homem-Aranha!

– Olá. Soube que queria falar comigo.

– Claro! Entre!

A advogada não conseguia conter o misto de excitação e euforia que tomou conta do seu intimo. Finalmente estava cara-a-cara com o homem que tinha salvado sua vida... o Espetacular Homem-Aranha!

– Posso ajudar de alguma forma, senhorita Fox?

– Me chame de Kim. E você é...

– O Espetacular Homem-Aranha.

– Claro. Mas esse é justamente o problema, herói. Não sabemos quem você é e, com essa história de homens-aranha mortos, não há muito...

– Peraí! Como você entrou nessa!?

– O delegado me contou. E, como você salvou minha vida no World Trade Center, eu achei que essa seria uma boa forma de agradecer...

– Entendo. Eu... andei pensando...

– Ou, talvez, nós dois pudéssemos...

– ...isso parece coisa do Kraven. Eu pensei que ele estivesse no sossego, mas é o estilo dele...

– ...você sabe. Sair. Jantar...

– Ou talvez essas pessoas estejam sendo assassinadas por alguém que eu não conheça. Alguém novo, de fora da cidade.

– Sem máscaras...

– Máscaras, claro. De alguma forma, querem me atingir através delas. Eu vou nessa, Kim. Obrigado por estar me ajudando, mas começo a ter meus palpites de por onde eu deva começar.

– ...

Kim resignou-se com um suspiro. O Homem-Aranha jurava te-la ouvido resmungar alguma coisa sobre sagitarianos mas, antes que o Aracnídeo pudesse sair, a advogada segurou seu braço:

– Aranha! Tem mais uma coisa! Meu sócio, William Thorne, foi assassinado... - Quer que eu investigue?

– Bom, na verdade... Foi muito estranho! Roubaram alguns documentos e uma jóia do escritório dele e... Bem, eu estou com medo...

– Não se preocupe – ele respondeu, já lançando sua teia – Eu estou sempre por perto.

Quando o Aracnídeo saiu, uma pensativa Kim Fox ficou se perguntando se seria possível amar alguém cujo rosto ela sequer conhecia.

Chegando ao Queens, Peter Parker rastejou pela parede até a janela de seu quarto. A tia May já devia estar dormindo àquela hora. Foi quando, subitamente, o Sentido de Aranha disparou, como nunca tinha acontecido antes. O Aracnídeo caiu no chão, sentindo uma saraivada de pregos atingir sua nuca. Teve vontade de vomitar, mas o rugido em sua garganta avisou que não tinha nada no estômago. Estava suando frio, com as mãos trêmulas e a bile subindo à boca. E, tão repentinamente como começou, a crise parou.

Olhou ao redor. Estava sozinho. Que ameaça poderia ter causado isso com seu Sentido de Aranha? O que poderia ter causado esse ataque?

Ainda tremendo um pouco, escalou a parede até a janela e entrou em seu quarto. Um vulto o observava, aguardando. Sereno e, ainda assim, ameaçador. Mas o mais estranho é que o intruso não ativava o sentido de Aranha!

– Espero que minha chegada não tenha causado nenhuma perturbação, Peter.

– Quem é você? Como entrou aqui?

– Uma coisa de cada vez, rapaz – disse o estranho, aproximando-se da luz para que o Aranha pudesse vê-lo. – Meu nome é Neron. E eu vim aqui para lhe propor um negócio. Na verdade, uma barganha.

– Amigo, não sei quem você é, nem do que se trata, mas acho melhor você sair daqui rapidinho...

– Peter, meu rapaz! Do que você tem medo!? Ah, já sei! Tem medo que sua tia descubra como você passa as noites. Quem você realmente é. Isso seria péssimo para seu frágil coração. Você tem medo dos seus sentimentos, pois viu muitas mulheres se apaixonarem por você e serem assassinadas, ameaçadas, espancadas e perseguidas. Tem medo das coisas que estão ao seu alcance, como os homens-aranha que estão sendo assassinados. Você se sente culpado... Responsável. Mas, quando as oportunidades lhe são oferecidas, você não sabe lidar com elas. Você não vê a hora de fugir dos seus problemas, das suas culpas e temores e deixar isso para outra pessoa, como você fez com Ben Reilly. Ou com aquele detetive, o tal Semeghini, e a advogada Kim Fox. Pessoas que querem lhe ajudar, enquanto você se esconde. Ou a Liga da Justiça, um clubinho de heróis elitistas que convidou você por pena.

“Você não me dá pena, Peter. Você não me comove. Eu conheço sua natureza, sei como você age, pensa e se sente. Isso o torna merecedor do que tenho para lhe oferecer.

“Você é mais do que aparenta. Mais do que a ‘ameaça rastejante’ que o Jameson apregoa. Basta você mostrar isso a ele, às pessoas que querem lhe ferir, às pessoas que não acreditam em você ou aqueles que o consideram uma ameaça. Gente como Venom, o Duende Verde, Superman, Tina, Felicia, a Liga... É hora de se impor.

“Eu vim lhe oferecer os meios para separar o joio do trigo. Esmagar seus inimigos e ter quem você realmente quer do seu lado. Seja a Tina, seja a Felicia. Quem você quer ao seu lado? Mary Jane? Gwen? Diga o nome, Peter. Diga o nome e eu a darei a você. Você será mais forte, forte o suficiente para esmagar os pretensos ‘heróis’ da Liga... Superman, Batman... Torne-se uma força a ser reconhecida. Pegue minha mão, Peter – disse o demônio, estendendo-lhe a destra. – Pegue minha mão e tome o que é seu por direito. Cumpra o seu legado. Forme a sua Liga da Justiça.

“Vamos mostrar ao mundo quem o Homem-Aranha realmente é!”

As lágrimas encharcavam a máscara do Aracnídeo, perplexo por ter ouvido, pela primeira vez, alguém que soubesse tanto a seu respeito. Tanto sobre suas fraquezas, suas dúvidas, seus desejos mais secretos. O que Neron estava lhe oferecendo era a oportunidade única de ser alguém que ele sempre sonhara. De fazer uma diferença.

– Não tenha medo, Peter. Você é o maior entre eles.

– Quer saber quem eu sou, Neron?

O Aranha tirou a máscara, mostrando um rosto brutalmente abatido pelas palavras de Neron. O medo e insegurança tinham se transformado em fúria. A dúvida em ódio. E o discurso de Neron foi respondido nervosamente, entre os dentes:

– Eu sou um cara que sempre lutou pra conseguir o que queria. Sempre deu duro pra corrigir os próprios erros. Quebrei a cara um monte de vezes, mas nunca tive algo de graça. Perto da pessoa que me ensinou a lidar com minhas responsabilidades, sua proposta não significa nada.

– Eu posso resolver isso. Posso te dizer quem está matando os homens-aranha. Na verdade, eu conversei com ele recentemente, um velho conhecido seu...

– Posso fazer mais... Posso trazer seu tio Ben de volta...

O Aranha respondeu com um murro bem dado no diabo. - Muito bem. Muito bem! Continue sendo o verme desprezível que todos esperam, Peter. – Neron acalmou-se subitamente, não parecendo estar contrariado. – Espero que você seja capaz de lidar com o peso de sua escolha. Invariavelmente, todos voltam a mim.

“Todos...”

A escuridão lentamente ocultou Neron, que desapareceu sem deixar vestígios. Peter aproximou-se da janela, combalido. Apoiou-se, olhando para a lua, procurando o céu, tentando respirar ar fresco.

“Me perdoe, tio Ben. Quase falhei com o senhor.”


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