"O que me espera, a vida vai dizer... preciso saber..."

Maddie levou o livro até a praia, e sentou-se na areia, pondo-se a lê-lo. Cada página a deixava mais surpresa... afinal, aquilo era um livro de contos de fada ou adaptação dos contos pra um filme de terror ou algo assim? E o pior, as histórias do livro se encaixavam perfeitamente com o que acontecia na cidade, o que tornava tudo mais assustador. Porém, em um ponto Henry estava certo. Ela se identificava com algumas páginas ali escritas... como o fato de Emma ter sido abandonada e vivido sozinha... ou a vilã que por baixo de toda a sua pose e frieza, tinha uma triste história. Aliás, essa foi a que ela mais se identificou. Ela também havia criado meio que um escudo, uma pose de durona e incapaz de ser atingida emocionalmente, mas que por baixo, tinha uma grande solidão e um vazio dentro de sí. Também tentaram molda-lá, colocavam-lhe rótulos e criticavam sem pensar em entender seus motivos. Estava distraída, pensando naquilo e nem percebeu alguém se aproximar.

— Está gostando? — uma voz feminina falou suavemente ao seu lado. Ela se virou espantada e virou a morena cuja qual todos chamavam de Regina sentada ao seu lado. Ela tinha um sorriso sincero no rosto — esse livro é muito especial pro Henry, e de alguma forma, pra nós também. É nossa história... ele adora empresta-lo, claro que pra quem ele julga necessário. — comentou

— É um pouco diferente do que eu achava que fosse, quando vi que se tratavam de contos de fada. Na verdade, muito diferente. Mas depois do que aconteceu, eu não duvido mais de nada! — respondeu

— É um pouco confuso de inicio, mas logo você entende tudo... — ela pousou os olhos sobre as páginas que estavam abertas — ei, está na parte que conta da história da Evil Queen! — observou, ainda sem revelar que se tratava de si própria

— Na verdade, eu já li o livro todo. Estou só voltando nas partes que mais me chamaram atenção. — explicou

— Essa parte lhe chamou atenção? Porque? — perguntou, surpresa. Ninguém nunca havia se interessado pela sua história. Sempre gostavam mais de ler sobre o encontro de Charming e Snow, ou como Emma salvaria a todos eles, ou de Belle e Rumple, mas dela ninguém nunca se importou.

— Porque eu me identifico com ela. Não faço o tipo da Branca de Neve que tem uma vida perfeita, comete um erro e depois de culpa a vida inteira só por aquilo, que tem sempre um vilão pra que a faça de vitima, encontra um principe para salva-lá, e sempre vem cheia de lições de moral. Ou da salvadora que por mais que tenha uma vida sofrida como a minha, ainda segue o que é certo, a protagonista da história e heroína. Ou da moça boazinha que se apaixonou por um homem mal — explicou — eu sou do tipo que teve todas as suas chances de alguma coisa digna tiradas de você, que sempre que via uma luz no final do túnel todo mundo começava a rotular e apontar o que você é, sem procurar saber o que sente ou o que passou. Assim como ela, tudo isso me tornou uma pessoa fria, e que se fechou pra tudo e todos porque essa é a única forma de se defender de tudo e conseguir alguma coisa. Que de tanto ser ferida, começou a ferir. Que tem a pose de ruim, mal-educada e capaz de ter sentimentos, mas que por dentro talvez seja capaz de sentir de uma forma que ninguém consiga! — desabafou, segurando ás lagrimas — ela não se faz de vitima ou de santinha. Não depende de ninguém pra fazer as coisas, e corre atrás daquilo que realmente quer! — fechou o livro

Regina se sentiu como nunca havia se sentido antes: compreendida. Ninguém nunca havia falado daquela forma com ela. Quer dizer, lhe deram uma segunda chance, mas nunca a entenderam profundamente daquele jeito. Definitivamente, aquela menina era seu espelho. Ela sentiu um profundo carinho pela garota.

— Sabe, você é a unica pessoa que disse isso em muitos anos... eu também sei como é se sentir assim... — sorriu, com lágrimas nos olhos

— Sério? Quem é você, nos contos de fada? — perguntou, curiosa. Além de Emma, Rumple e Belle, ainda não havia assimilado ninguém ali.

— Sou exatamente a Evil Queen... essa é minha história! — falou, fazendo Maddie se surpreender

— Eu não posso acreditar... — exclamou, surpresa

As duas começaram a conversar, e perceberam que tinham muito em comum.

Enquanto isso, não muito longe dali...

— Isso é inútil. Não há nada demais aqui, só roupas e artigos de higiene! — Charming exclamou, cansado de vasculhar o quarto da garota

— Continue procurando. Precisamos achar! — Emma falou

— Seria mais fácil se soubéssemos exatamente o que estamos procurando! — Snow comentou

— OQUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO? — uma voz gritou da porta

Eles se viraram. Era ela.

— Escuta aqui, garota. Não é nada disso que você está pensando! — Emma tentou explicar

— Eu não estou pensando, estou vendo. Isso é invasão, vocês sabiam? Ainda dizem que são da lei. Se a policia daqui está assim, imagina os bandidos! — cruzou os braços, completamente irritada

— Ei, pera ai. Você não pode falar com a gente assim e... — Charming ia falando, mas ela o cortou

— FORA DAQUI! — gritou

— Abaixa o tom de voz! — Emma retrucou

— NÃO VOU ABAIXAR COISA NENHUMA. FORA OS TRÊS, NÃO ME OBRIGUEM A FAZER ISSO A FORÇA! — tornou a gritar

— Pera ai, quem você acha que é pra mandar na gente? — Charming perguntou, se irritando com a garota

— Ah não vão sair? Pois bem! — fechou os olhos, se concentrou, e após fazer um gesto com a mão em direção a eles, os mesmos sumiram. Ela abriu os olhos, respirou aliviada e trancou a porta — eles estão mesmo determinados a achar meus pais. Mas nunca vão achar! — sussurrou a si mesma, pousando as mãos sobre o colar no pescoço

Na loja do Gold...

— Alguma novidade? — Gold perguntou, vendo Emma e Charming, seguidos de Snow entrando na loja completamente ofegantes — o que aconteceu? Vieram de alguma maratona?

— Aquela menina é uma peste! — Snow afirmou

— É você mesma falando, Mary Margaret? — Belle se assustou

— Não conseguimos nada, Gold. Só achamos coisas comuns como roupas, escova de cabelo, nada de especial! — Charming explicou — e pra completar, ela nos pegou e nos mandou pro meio da floresta!

— Deve ter aprendido com o livro... — observou Gold — ela não é boba. Deve estar bem escondido. Não olhou se havia algum piso falso ou coisas assim, Emma?— questionou

— Nada! — respondeu — eu não sei como ela conseguiu deixar algo tão bem escondido dessa forma! — exclamou

— Ou talvez não esteja escondido... talvez ela tenha pensado que procurariamos por algo escondido e deixou bem diante dos nossos olhos para que não desconfiemos! — raciocinou

— Mas não há absolutamente nada naquele quarto. Nem escondido e nem a vista! — Snow disse

— Pode ser que não esteja no quarto! — Belle sugeriu — talvez ela carregue consigo...

— Pera ai, agora que você falou estou me lembrando de uma coisa... — Emma se tocou — ela sempre está de cachecol, ou algum agasalho que cubra a região do pescoço — observou

— Um colar... deve haver algo escrito nele, já que ela não quer que o vejamos. Deve ser algo relacionado de onde veio, e com certeza é ele que abre o livro! — Gold completou o pensamento de Emma — o colar é chave de desvendar todo o passado. E nós vamos pega-lo!