P.O.V Ally

Abro meus olhos. Definitivamente eu não estou em meu quarto, percebo, apesar de minha imagem estar embaçada. Sento na cama. “Como vim parar aqui?” Penso. Flashes passavam em minha cabeça, Rosa me falando dos paparazzi, Austin falando que tudo ficaria bem e por fim, eu dizendo que ele só me magoa. Volto a deitar na cama rapidamente, eu realmente não presto! Sou capaz de magoar uma pessoa que está tentando me ajudar. Idiota. Levanto da cama, saio do quarto e desço as escadas, vou até a cozinha e encontro Rosa cozinhando algo. Eu sento na cadeira e pergunto com a voz cansada:

–Rosa, eu vou poder ir embora hoje ou não?

Ela vira-se para mim e diz:

–Se tudo der certo meu bem, sim.

–Então, se os paparazzi forem embora, eu posso ir? - Pergunto em confirmação

–Sim, você pode ir, mas só se isso acontecer. – Ela vem até mim – Ei, porque você não toma um banho, eu te arranjo uma toalha e uma blusa, ok?

–Rosa, está tudo bem, obrigada.

Ela põe a mão na cintura aponta para a saída da cozinha e diz:

–Será que vou ter que fazer igual faço com o Austin? – Ela faz uma expressão de falsa irritação. - JÁ PARA O BANHO!

Começo a rir enquanto saio da cozinha. Rosa me acompanha. Digo:

–Falar nele, onde ele está?

–Não disse que faço igual com Austin? - Responde divertida.

Outra crise de riso me atinge. Vamos até o quarto de hóspedes Rosa abre o armário pega uma toalha e me entrega. Diz que já arranjaria uma blusa e sai do quarto. Pego minhas coisas e entro no banheiro – que fica dentro do quarto - retiro toda minha roupa, entro no box. Deixo a água levar todas as preocupações por um momento. Após alguns bons minutos, termino meu banho, visto toda minha roupa, com exceção da blusa. Destranco a porta do banheiro e a abro minimamente, apenas para ter certeza que ninguém estava no quarto, me certifico e caminho até a cama. Em cima está uma camiseta preta com os dizeres “Music is my life”. Ela era bem maior que o meu tamanho e na etiqueta dizia que o modelo era o masculino. Suspeitei que fosse de Austin. Pensei em colocar minha blusa de volta, mas sabia que Rosa iria brigar comigo. Então mesmo com vergonha, voltei para a cozinha. Rosa, ao entrar, me olha um pouco preocupada e envergonhada e diz:

–Desculpe Ally, mas achei melhor eu pegar uma camiseta de Austin em vez de uma das blusas de Mimi, você sabe... A patroa é meio ciumenta com as roupas.

–Eu entendo Rosa, mas não é melhor eu ficar com a minha blusa mesmo?

–De jeito nenhum! Você está com aquela blusa faz tempo, precisa trocar. Não tem problema Ally, é só uma camiseta.

–Ok. – Concordo me rendendo.

– Rosa! Você viu a minha camiseta favorita, aquela preta escrito “Music is my life”?– Reconheço a voz como a de Austin, olho para a camiseta, só podia ser essa. Viro-me na direção da voz. Austin me olha, faz uma cara surpresa e diz:

–Achei.

Dou um sorriso sem graça e digo rapidamente, caminhando até ele:

–Desculpa! A Rosa me fez tomar banho e falou que iria arranjar uma blusa para eu colocar, ai ela me deu essa. Se você quiser eu coloco a minha blusa mesmo, não se preocupe, sério.

Ele olha para trás e depois para mim, e finalmente diz:

–Está tudo bem, Ally. Só que você é metade minha agora. – Diz com um sorriso travesso

–An? A camiseta é sua, não eu. – Retruco, indignada.

Ele ri, e começa a dizer:

–Mas você está vestindo ela, então... – Um trovão ao fundo nos faz parar nossa pequena discussão. Assusto-me e dou um pequeno pulo. Austin ri novamente e diz: - O temporal não ira demorar, já está chovendo, mais alguns minutos e os pingos irão engrossar.

Concordo com a cabeça. Agora só resta esperar.

P.O.V Austin

(Durante o temporal)

“Esses caras não vão embora não?” Penso enquanto olhava por uma fresta da janela. Já fazia um bom tempo desde o começo do temporal e os paparazzi continuavam ali. Todos dentro das milhares de vans pretas. Suspiro frustrado e volto à atenção para a morena que me olhava ansiosa a alguns metros. A olho triste e digo:

–Desculpe Ally.

Ela assiste com a cabeça e sai em direção à cozinha. Subo para meu quarto e desabo em minha cama. Ligo para Jake, ele quase surta, mas depois se acalma dizendo no final para eu cuidar dela. Concordo. Desligo o telefone e penso: “Eu estou estragando a vida dela, ela não merece isso.” Pego meu violão e começo a toca-lo até que adormeço.

P.O.V Ally

–Desculpe Ally.

Assinto com a cabeça e vou em direção á cozinha. Conto sobre ter que dormir aqui hoje. Ela tenta me consolar conversando comigo. Após um tempo, tomo coragem e pergunto:

–Rosa, sabe a sala de música? Eu posso ir nela?

–Claro. - Ela responde surpresa.

Na porta da sala ela me pergunta:

–Você toca alguma coisa?

–Sim, - respondo - mas não conte a Austin - e antes que ela perguntasse, completo - vergonha.

Ela revira os olhos e abre a porta. Acende a luz e eu, bem, eu, simplesmente fico admirada. A sala tem diversos instrumentos, alguns que eu mesmo desconheço. E olha que meu pai é dono de lojas de instrumentos.

–Divirta-se! – Rosa diz e sai da sala, fechando a porta ao sair.

Caminho até o piano e dedinho suas teclas. O som grave do mesmo enche a sala. Sento no banquinho e começo a tocar musicas aleatoriamente. Acabo perdendo a noção do tempo. Enquanto tocava “Magic” do Coldplay, a porta é aberta... Austin.

P.O.V Austin

Depois que acordo, procuro Rosa e pergunto sobre Ally. Ela diz que ela está na sala de musica, eu confuso pergunto:

–Mas, ela toca?

Rosa sorri travessa em resposta. Vou até a sala e antes de abrir a porta ouço a melodia de “Magic”, do Coldplay. Adentro a sala e digo:

–Você toca bem.

Ally cora exageradamente. Sorrio com isso. Sento ao seu lado no banco e peço como uma criança:

–Toca de novo, por favor.

Ela me olha em dúvida. Eu pego suas mãos e as coloco em cima do piano. Ela por fim começa a tocar a melodia. A interrompo dizendo:

–Não vai cantar não?

–Não, não sei cantar. - Ela me responde

–Todo mundo sabe. – Retruco.

–Bom eu não.

–E se eu cantar com você?

Ela não responde nada, então coloco minhas mãos em seus ombros e digo baixo, como um sussurro:

–Por favor.

Ela concorda com a cabeça e começa a tocar de novo. Quando ia começar a cantar, sua voz me interrompe. Sua voz, tão suave começava a soar a letra da canção. Paraliso, ela é tão boa. Ally sabe cantar, e muito bem. Ela para de tocar e me olha, pedindo explicações de o porquê de não estar cantando junto com ela. Apenas digo:

–Continue.

E surpreendentemente ela continua. Perfeitamente.

Call it magic

Call it true

I call it magic

When I'm with you

And I just got broken

»«

Broken into two

Still I call it magic

When I'm next to you

And I don't, and I don't

And I don't, and I don't

No, I don't, it's true

I don't know, I don't know

I don't know, I don't

Want anybody else but you

I don't know, I don't know

I don't know, I don't

No, I don't, it's true

I don't know, I don't know

I don't know, I don't

Want anybody else but you

Ooh ooh ooh ooh ooh

Call it magic

Cut me into two

And with all your magic

I disappear from view

And I can't get over

Can't get over you

Still I call it magic

It's such a precious truth

And I don't and I don't and I don't and I don't

No, I don't it's true

I don't, no I don't, no I don't, no I don't

Want anybody else but you

I don't, no I don't, no I don't, no I don't

No, I don't it's true

I don't, no I don't, no I don't, no I don't

Want anybody else but you

Want to fall, fall so far

I want to fall, fall so hard

And I call it magic

And I call it true

I call it magic

Ooh ooh ooh ooh ooh

Ooh ooh ooh ooh ooh

Ooh ooh ooh ooh ooh

Ooh ooh ooh ooh ooh

And if you were to ask me

After all that we've been through

Still believe in magic

Oh yes I do

Oh yes I do

Yes I do

Oh yes I do

Of course I do

P.O.V Ally

Após terminar de cantar, Austin me olha e diz:

–Você é perfeita. - Sinto minhas bochechas começarem a esquentar – Quer dizer, sua voz, sua voz é perfeita.

Rio sem graça. Ele diz:

– Sério Ally. Você canta muito.

Agradeço a ele. Um silêncio se instala na sala de musica, era reconfortante. Digo, quebrando-o:

–Desculpe, por mais cedo, ok? Eu não falei sério. Você não me magoa, só às vezes.

–Como hoje na escola? –Ele pergunta

–Sim.

–Desculpa Ally, eu não queria ter agido daquele jeito. Sério, mas eles não podem descobrir, eu sinto que se eles descobrirem eles vão fazer da nossa vida o inferno. Principalmente a sua.

–Desculpe também, eu fui uma idiota, eu não deveria ter ido lá.

– O idiota, sou eu, eu deveria falar sobre nossa amizade, sobre a sua ajuda e parar de “estudar” com a Kira, mas como eu disse, eles trariam o inferno até nós.

–Eu entendo. Então estamos bem? – Pergunto, incerta.

–Completamente. – Ele sorri para mim e abre os braços.

O abraço. Ouço outro trovão e a energia cai. Agarro mais o seu pescoço. Ele ri e pergunta:

– Medo de escuro?

–Sim. - Digo baixo perto de seu ouvido.

–Não se preocupe, eu estou aqui. – Ele diz, também em meu ouvido.

Separamos-nos, mas ainda estamos próximos. Em questões de segundos, sinto seu lábio sobre o meu. A porta é aberta, nos separamos rapidamente. Sinto uma luz em meu rosto, é Rosa, com uma lanterna apontada para nós. Ela diz:

–Trouxe velas.

Não dizemos nada, eu não sei ele, mas estou morrendo de vergonha.

P.O.V Austin

– Medo de escuro? - Pergunto

–Sim. - Ela diz em meu ouvido.

–Não se preocupe, eu estou aqui – Digo também em seu ouvido.

Separamos-nos, mas ainda estamos próximos. Sinto que preciso beija-la, e assim, faço. Coloco meus lábios sobre o seu, mas a porta é aberta e nos separamos. Vejo Rosa na porta. Ela diz:

–Trouxe velas.

Não dizemos nada, eu não sei ela, mas estou morrendo de vergonha.