She and the dudes escrita por Rayssa


Capítulo 9
Perfection and Insanity


Notas iniciais do capítulo

Demorei, demorei, eu sei D: Mas chegou! Uhuuuu. E minhas férias acabaram DDD: Espero que gostem :D



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Olhos negros, cabelos castanhos, pele branca e alto pra caralho. Não conseguia ver seu rosto, sua máscara branca o cobria quase inteiramente, deixando apenas seus lábios aparecendo. Pelo seu sorriso pude ver seus dentes incrivelmente brancos e seu olhar era infinitamente intenso. Eu não tinha dúvidas de que ele era o meu admirador secreto, por que? A primeira coisa que ele me disse foi:

– Eu esperava uma Rose de calça jeans e camiseta no Cannons, não uma mulher da renascença italiana. – piscou para mim. – Você está linda, mas, cá entre nós, a outra é muito mais.

Sim, isso provava que ele era quem eu achava que ele fosse. O que não significava que eu fazia a menor ideia de quem ele era.

– Obrigada, eu acho. – senti minhas bochechas ficarem vermelhas. – Eu preferia estar de calça jeans e camiseta dos Cannons, com um belo par de tênis, seria muito mais confortável que esse par de objetos de tortura que estou usando nos meus pés, mas, sabe como é, né? Seria meio esquisito. – ele riu.

– Pergunte. – afirmou. – Eu sei que você quer saber, senhorita curiosa. – minhas bochechas ficaram ainda mais vermelhas.

– Ok, você me pegou. – levantei as mãos em rendição. – Quem é você? – perguntei.

– Eu poderia simplesmente te dar o meu nome. – informou. – Mas, como disse no bilhete, quero que me conheça como realmente sou. - franzi o cenho ainda mais, do que esse cara tava falando?

– Quê? – ele revirou os olhos, e eu arregalei os meus. – Os. Seus. Olhos. – disse pausadamente, surpresa pelo o que eu acabara de ver.

– Que cor eles estão agora? – ele não parecia surpreso.

– Meio azulados. – talvez isso fosse uma boa dica. – Você é metamorfomago? – perguntei e recebi um balançar negativo com a cabeça.

– Sabe, senhorita Weasley, você deveria parar de tentar descobrir quem sou. – suspirou pesadamente. – Eu irei te contar, mas, ainda não é o momento, tudo bem? – filho de um abutre! Arg. Quanto segredo idiota. Ele não poderia simplesmente dizer?

– Quem você pensa que é para me dizer quando é o momento certo ou não? – é, eu realmente não estava gostando nada disso.

Estava virando para sair dali, quando seus braços me puxaram para perto e seus lábios tocaram a minha testa. Senti um conforto extremamente familiar me invadir. Ótimo, agora começou a viadagem de menininha. Coração acelerado e estomago embrulhando. Não nasci pra isso, quero voltar a ser "Rose, a brutamontes" agora, tá?

– Quanta teimosia garota. – uma risadinha baixa soou.

– Eu te conheço. – acusei, e sua resposta foi um acenar positivo com a cabeça.

– E é exatamente por isso que não quero que saiba quem sou... – um sorriso torto se apoderou de seus lábios. – Ainda. – sua mão afagou minha bochecha, provocando um arrepio totalmente inesperado.

– Que sentido isso faz? – foi bem difícil pronunciar aquelas palavras. Eu estava inebriada. Não como quando eu estava em frente a Ikarus. Era diferente, puro e... Bom.

– Que tal a gente dançar primeiro? – sua mão que tocara meu rosto, desceu até a minha, e a outra foi até a minha cintura, colando nossos corpos. – O que acha? – respirei fundo antes de colocar a minha mão em seu ombro.

– Sou terrível nisso. – admiti.

– Não se preocupa com isso. – com a mão que estava na minha cintura, colou nossos corpos ao máximo que aquele vestido permitia. – Eu posso lidar com algumas pisadas nos meus pés. – isso me fez rir, e ele começou a balançar os nossos corpos de um modo lento, seguindo o ritmo da música.

– Eu posso ser bem desastrada de vez em quando. – sussurrei, absorvendo todo o conforto que ele me proporcionava.

– Eu realmente não estou preocupado com isso. – afirmou. Seu olhar deixava o meu rosto quente.

Foi... Diferente. Dançar com ele. Durante várias músicas nos dançamos daquela forma lenta e bem compassada... Quer dizer, eu não pisei no pé dele nenhuma vez, o que foi uma grande evolução. Em pouco tempo, nem eu sei porquê, encostei minha cabeça em seu peito, e pude ouvir as batidas de seu coração, o que me provou que ele estava tão nervoso quanto eu. Isso foi ainda mais reconfortante, e me fez notar que não era nenhum tipo de brincadeirinha de mal gosto.

O garoto mascarado era meu admirador secreto e, sem jogos ou brincadeiras, era real.

Estava quase no fim da quarta música, quando a briga começou. Eu realmente não cheguei a ver quem estava brigando. Apenas vi as pessoas começarem a se aglomerar e a palavra "Briga" ser repetida incontáveis vezes.

– Vamos fugir daqui? – sussurrou em meu ouvido, enquanto éramos imprensados contra outras pessoas.

Apenas assenti, então, ele segurou firmemente a minha mão, e começou a abrir caminho entre a multidão. Fiquei irritada pela briga ter atrapalhado a nossa dança, todavia, ele fez questão de utilizar esse momento ao nosso favor, nos tirando do meio daquele local ao qual eu sabia que não pertencia e nunca pertenceria.

Quando chegamos no meio do corredor, ele abriu um sorriso gigantesco.

– Tira os saltos... – franzi o cenho.

– O que? – minha surpresa era evidente.

– Tira esse par de objetos de tortura e vamos apostar uma corrida até o lago negro.

Meu radar de competição apitou. Tirei os saltos rapidamente, e me posicionei.

– Sem roubar! – brincou o garoto, revirei os olhos e ele se posicionou.

– JÁ! – gritei, começando a correr, e, como se ele já estivesse preparado para isso, ele começou também.

Essa foi, provavelmente, a corrida mais difícil da minha vida. Ele era bem rápido e eu tinha a desvantagem de ter que carregar os saltos, e estar com aquele vestido enorme. Porém, isso nunca seria uma desculpa, não iria perder de jeito nenhum. Corremos, e corremos, e corremos... Aproveitei os últimos segundos, onde ele estava, claramente, na frente, para usar todo o resto de força que eu tinha, e correr mais rápido do que jamais corri em toda a minha vida, principalmente com toda aquela parafernália em cima de mim, chegando primeiro por, no máximo, três passos.

– ISSO! – gritei levantando os braços em comemoração.

Senti que meu cabelo estava grudado em minha nuca, por causa do suor, e o fôlego entrou pelos meus pulmões como chamas. Quando olhei para o garoto, ele franziu o nariz.

– Eu deixei você ganhar. – brincou. Revirei os olhos novamente, e bati em seu braço. – Tá, tudo bem, eu não deixei. Mas, achei que tinha uma chance já que você está vestida de princesa. – deu de ombros. – Não me admira que seja considerada a melhor jogadora de quadribol do seu tempo. Com a rapidez que você tem, qualquer uma come poeira. – e pela primeira vez em anos, aquilo soava com admiração e não com inveja, sarcasmo ou irritação.

– Obrigada. – sem pedir, um grande sorriso tomou posse de meus lábios.

– Você deveria sorrir assim o tempo todo. – sua mão foi ao meu rosto, e polegar tocou a ponta do meu sorriso. – Como as pessoas não conseguem ver o anjo que você é? – senti meu coração bater mais forte em meu peito.

– Como você me parece tão familiar e tão diferente ao mesmo tempo? – retruquei.

– A resposta para a sua pergunta é bem simples... – ele pareceu pensar um pouco. – E para a minha também. – admitiu.

– E qual seria? – sua mão desceu pelo meu pescoço, parando em minha nuca. Eu ficava bem menor que ele sem aquelas pernas-de-pau.

– Para sua? – seu rosto se aproximou para perigosamente do meu, seu nariz encostando no meu. – Eu sou uma pessoa mais próxima do que você imagina. Entretanto, queria que você conhecesse um lado meu que você nunca me deixaria mostrar sabendo quem eu sou. – suas palavras fizeram mais sentido do que eu esperava que fizessem, mas isso não deixou-me nem um segundo mais próxima de saber quem ele era.

– Hum... – meu raciocínio estava começando a desvanecer com o seu hálito tão perto de mim.

– E para a minha...– seu hálito tinha cheiro de hortelã, ou seria menta? Não fazia diferença, era bom. – As pessoas não costumam apreciar a beleza real, pura e imutável. – sua respiração havia se fundido com a minha, e meu coração estava batendo como nunca em minha vida. – As pessoas não conseguem ver a beleza da sua autenticidade, de seu jeito autossuficiente e a sua naturalidade, tanto física quanto psicológica. – meus lábios se entreabriram sem que eu pudesse controlar. – Eu sempre a vi como você é. Enquanto todos a viam como uma peça de quebra-cabeça que não se encaixava, eu a via como um ponto de vermelho no meio de uma imensidão sem cor alguma. Uma garota que destemida que merecia muita mais do que jamais recebeu em toda vida e que provavelmente não sabe o quão especial é. – e sem consegui me controlar, colei meus lábios nos seus.

Eu não fazia ideia de quem ele era. Não sabia seu nome, sua idade, sequer a sua casa. Nada disso importava. Mesmo que aquela fosse a última e única vez que eu fosse vê-lo, eu sentia como se nada pudesse estar mais certo. Todas as palavras que saiam de seus lábios tornaram aquele momento ainda mais especial. Eu não era vista como uma frágil borboleta ou como uma bruta. Eu era uma pessoa, uma garota e, pela primeira vez na minha vida, eu realmente podia me dar ao luxo de me sentir amada, porque eu era.

Alguém me amava.

Eu merecia ser amada.

Eu estava dando o meu primeiro beijo com uma pessoa que eu amava.

O modo como seus lábios tocavam os meus eram gentis e amáveis. Sua mão tocou o meu cabelo, colando ainda mais os nossos lábios. Foi indescritível o modo delicado como ele aprofundou o beijo e a naturalidade com que tudo ocorreu. Parecia que, por toda a minha vida, eu havia esperado esse momento chegar, como se tudo tivesse me deixado pronta para isso. Não houve hesitação, ou nervosismo. Foi perfeito...

– Desculpa se não sou boa nisso... – sussurrei assim que nossos lábios se afastaram milimetricamente.

Como resposta para isso, ele voltou a colar seus lábios nos meus.

– Nada poderia ter sido melhor. – sussurrou com seus lábios colados aos meus. – Nunca.

X

POV's Lysander:

(NA: Aconselho a ouvir a música que me baseei para escrever essa parte - https://www.youtube.com/watch?v=wS3r_kYqAlc)

Assim que adentrei o salão comunal – vazio – de corvinal. Joguei o meu palitó e minha máscara no sofá. Como ela pode fazer isso? Como ele pode fazer isso? Eles sabiam. Principalmente ele. Eu não havia contado a Rose, ou Scorpius, muito menos a Albus. Eu havia confessado a Hugo que eu a amava e o que ela representava.

E lá estavam eles. Abraçados, dançando juntos, seus lábios quase se tocando, como um casal de namorados.

Joguei-me atrás do sofá, batendo minha cabeça contra as costas dele, repetidas vezes. Isso era tão injusto. Lucy era tão injusta. Ela havia deixado claro que não gostava de mim, mas eu nunca havia feito nada para que isso acontecesse.

As lembranças daqueles dias começaram a me invadir com a mesma força e rapidez que minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto.

"Eu sei como é perder alguém Ly. Eu sei que a gente não tem muito em comum, e que você provavelmente nem lembrava da minha existência até esse momento, mas, bem, eu trouxe cookies."

Mamãe havia morrido a cerca de duas semanas e ela aparecera com aquela cesta de cookies com o cheiro dos que Luna Scamander fazia tão deliciosamente. Eu queria poder dizer que foi apenas pelos cookies, mas não. O modo como ela falou, lembrou a minha mãe. O modo como ela tentou me ajudar mesmo tendo todos os motivos para me ignorar. Mas o que realmente me fez nota-la, foi o modo como ela conseguiu transpassar tudo aquilo que me separava do mundo real, exatamente como a minha mãe fazia, sem fazer absolutamente nada. Apenas agindo normalmente.

Lucy Weasley perdera o pai cinco meses antes, e, ainda assim, mesmo com a sua família entrando em colapso, ela estava ali. Sendo tudo o que eu precisava. Não era só o fato dela parecer com a minha mãe em tantas características. Era exatamente as diferenças. Elas eram iguais de formas completamente diferentes.

Senti o meu coração apertar em meu peito.

"Você é incrível Luluzinha! Eu realmente poderia ter beijar agora."

E essas foram as palavras que eu ouvi enquanto pegava uma bebida para Lindsey, meu par. E, sem querer, eu perdi totalmente o controle e soquei o seu rosto. Foi assim que a briga começou. Eu já estava me corroendo de ciúmes. Sei que estava errado.

Fechei os olhos, apertando-os com força, para tentar impedir as lágrimas.

Não. Eu não estou errado. Ele é o meu melhor amigo, deveria me ajudar a ficar com ela, e não praticamente pedir para beijá-la. Isso era traição.

– Você está bem? – a voz de Lucy me surpreendeu e me deixou com mais raiva ainda.

– Por favor, não fale comigo agora. – sussurrei, apertando meus punhos.

Eu não estava bem. Estava a ponto de explodir e não queria fazer isso com ela. Não sei se era o álcool que eu havia consumido – ilegalmente – ou se era por toda as magoas e todas as decepções que Lucy havia me provocado durante todo esse tempo. Eu só sabia que se ela falasse mais alguma coisa, eu iria descontar tudo nela.

– Lysander, você não deveria ter feito isso! – exclamou. – Deixei-me limpar a sua feri... – senti o calor de sua mão se aproximar do meu rosto e o segurei firmemente.

Abri os olhos, podendo ver que ela estava sem máscara e seu olhar assustado.

– Não! Não toque em mim. – empurrei seu braço para longe, ficando de pé rapidamente. – Que parte do Não fale comigo você não entendeu? – ironizei. – Eu não quero ouvir a sua voz agora, não quero ver você agora. Quanto mais longe você ficar, melhor.

"Sabe por que? Porque toda a minha raiva nesse momento é por sua causa. Merda Lucy! Você tem ideia do quão apaixonado por você eu sou? E você me odeia. Simples assim. Sem nenhum motivo. Nunca fiz nada para você. Porém, você sempre me olha com desprezo, amargura, raiva ou dor. Se tem um motivo, na verdade, eu não tenho permissão de saber. O retardado do Lysander corre atrás da única garota que faz seu coração bater mais forte. A única que ele foi capaz de se apaixonar, e sabe o que ele ganha com isso? Quem dera fosse porra nenhuma. Recebo milhões de rejeições, humilhações e até mesmo agressão física.

"Ele quase não tinha mais esperanças, achando que aquela doce garota, que o ajudou a superar a morte do parente mais precioso de sua família tenha morrido, nunca iria voltar a falar normalmente com ele. Ela simplesmente demonstra que nem tudo está perdido, que talvez, só talvez, ele possa ter uma chance com ela. Gerando novas esperanças, e tomando todo o cuidado possível para não estragar isso. E de repente, eu descubro que o meu melhor amigo a chamou para um encontro e nem tiveram a decência de conta-lo.

"Você deixou bem claro que odiava todos nós. Menos a Rose. Onde o Hugo entra nessa história? Ele por acaso é uma exceção também? Por que ele pode ter uma chance e eu não? Porque eu sou o fudido que nunca tem chance nenhuma com você? Eu não assassinei o seu pai. Eu não transformei a sua vida em um maldito inferno. Eu não mereço ser tratado como um cachorro de rua, caralho! Eu mereço mais e você não está nem ai. Quer saber de uma coisa, que se foda você e aquele trairá do inferno.

Percebi que seus olhos estavam cheios de lágrimas, e eu quis abraça-la. Eu quis pedir desculpas, dizer que não era assim, que eu estava com raiva, que eu não queria ser tão filho da mãe. Contudo, eu não disse nada mais do que a verdade. Ela precisava saber o que eu sentia, ela precisava sentir, ao menos, um pedaço da dor que eu sentia toda vez que ela falava daquela forma comigo.

– Tenha uma boa noite. – sussurrei, sentindo meu corpo ficar fraco novamente, e virei-me em direção as escadas, caminhando devagar.

– Ly-y-san-n-n-der! – sua voz estava tremula. Parei no primeiro degrau da escada, mas, não me virei. – Vo-você ent-t-tend-dd-deu t—tu-tudo e-er-r-rado. – sua voz não estava trêmula.

Ela tinha um problema com a fala quando estava nervosa ou sensível. A lembrança dela me contando que havia passado uma semana inteira sem falar depois da morte de seu pai, porque não conseguia falar uma palavra sequer. Normalmente, ela falava muito bem, menos quando estava sobre um estresse muito grande.

– Eu não estou em condições de conversar, e eu não quero te magoar mais do que eu já fiz. – e sem esperar resposta, caminhei escada acima.

*


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Notas finais do capítulo

Duas estorinhas completamente diferentes, com dois finais escadolamente diferentes. O que acharam???
Gostaram de ver uma nova face do Ly? E a Roselita, o que acharam do seu comportamento?
Espero que tenham gostado :DDD
Beijooooooooooos no heart ;*****