She and the dudes escrita por Rayssa


Capítulo 22
From Life to Death


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei tanto, demorei? :X Espero que gostem, esse capítulo já estava pronto a um bom tempo, mas precisei retocar algumas coisas.



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Assim que atravessei os portões, senti o sangue se acumular em meu rosto.

Ikarus estava encostado em uma barraquinha que vendia doces, uma das mãos estava segurando uma bandeirinha e um pacotinho, a outra girava o caule de uma petúnia cor de rosa entre os dedos. Seus olhos pareciam triste, encarando o chão arenoso, usava uma roupa extremamente parecida com a minha, o que me fez ter ainda mais vergonha. Calças jeans rasgada na região dos joelhos, uma camiseta branca, com detalhes cinzas e de mangas compridas, com um grande emblema de um falcão em seu peito.

Ele havia cortado o cabelo, deixando o seu rosto a mostra e poucas pessoas sabiam o quão jovem ele era, e eu, naquele momento, pude ver. Havia muito mais do que apenas a etiqueta de professor, ou a seriedade que ele precisava assumir. Parecia haver uma ferida em sua alma, e aquela situação me permitiu vê-lo sem barreiras, vê-lo inteiramente. E ele era lindo, provavelmente o homem mais bonito o qual eu chegaria a conhecer. A estrutura forte de seu maxilar, combinado com o seu rosto ângulo e belo. E seus olhos, eu poderia passar horas admirando-os sem parar.

Como se sentisse o meu olhar, seus olhos levantaram em minha direção.

Imediatamente um sorriso tomou posse de seus lábios, um sorriso que, mais uma vez, tirou o meu folego. Ele se desencostou da barraca e caminhou em minha direção, ele não era um homem muito alto e era esguio, seu corpo se movia com graça e leveza.

– Olá Rosa.

Ele colocou a flor em minha orelha e segurou uma de minhas mãos beijando-a com delicadeza, como se fosse possível quebrar-me em um movimento brusco. Seu olhar beirava a adoração, e eu estava completamente encantada, o interior do meu corpo estava maluco, eu poderia cair morta ali mesmo com o coração acelerado ou falta de ar, talvez vomitasse com a forma que meu estomago revirava.

Eu esperava que, depois de deixar de ser uma puritana, eu estivesse menos boba.

Como eu estava enganada.

– Olá. – Eu sabia que havia um sorriso gigantesco em meus lábios. – Obrigada pela flor. – afirmei, retirando-a de meus cabelos e rodando-a em minhas mãos. – Ela é linda. – O homem deu de ombros.

– Acho que decidimos torcer para times diferentes. – Levantou a bandeirinha do Falmouth Falcons.

– É, acho que a ave em sua camiseta não iria gostar do cutelo na minha. – Minha tentativa de piada foi ridícula, contudo, ele riu como se fosse uma das coisas mais engraçadas que já ouvira.

– Achei que você não viria... – admitiu com uma careta. – Você demorou.

Minhas bochechas estavam pegando fogo.

– Eu perdi a hora. – Menti descaradamente, claramente eu não iria admitir que passei as últimas duas horas atrás de uma roupa adequada e acabei saindo com um jeans, uma camiseta dos Wygtown Wanderes, uma tênis e o cabelo preso em uma rabo-de-cavalo – porque havia provado tanta roupa que ele estava um lixo -, eu definitivamente era uma tragédia como garota. – Desculpe-me.

– Não tem problema. – Riu. – Você gosta de varinhas de alcaçuz? Eu comprei algumas... – Levantou o saquinho, mostrando-me.

– Eu amo doces, todo tipo de doce.

(...)

– Então, deixe-me ver se compreendi. Os Weasleys se reproduzem como coelho e toda a hogwarts é seu parente, porém, todos os que tem o seu sobrenome estão na grifinória, com exclusão a Lucy e Dominique? –Zombou o homem.

O jogo havia acabado e, para minha felicidade, os Wanderers haviam ganhado com a diferença de 160 pontos. Ao termino, ele me chamara para beber alguma coisa e agora estávamos sentados em um bar perto do campo.

– Eu não duvidaria disso. – afirmei. – A minha família é tão confusa que Ravenclaw não seria capaz de compreender. – resmunguei, todavia, um sorriso estava em meu rosto.

Observei o sorriso brincalhão, antes dele tomar um gole de seu chá preto, o que contrastava com minha cerveja amanteigada. Era um casal bem improvável, Ikarus era um homem de classe e eu era apenas meio-civilizada.

– Então, sua vez, conte-me mais sobre você. – pedi. – Eu não sei praticamente nada.

Suas mãos depositaram a xícara sobre a mesa e voaram para o seu cabelo, bagunçando-o.

– Deixe-me pensar... – Franziu o nariz, decidindo sobre o que falar. – Você sabe que eu nasci na Escócia, e passei quase um ano, viajando por toda a Europa, até que minha mãe decidiu parar porque, palavras dela, eu era uma peste que estava sempre desaparecendo. – Um sorriso brincava em seus lábios e eu não pude resisti a gargalhada. – Meu pai jogava pelo Vratsa Vultures até o ano passado, quando se aposentou. Eu tenho duas irmãs mais novas, uma tem a sua idade e a outra tem 14 anos. – Era visível que ele amava as irmãs, só pela nostalgia que seus olhos demonstravam.

– Você sente falta delas? – perguntei antes de tomar um longo gole de minha cerveja.

– Com certeza, de toda a minha família, na verdade. – Seus olhos já não estavam mais em mim, viajavam no tempo, para longe. – A última vez que as vi, foi em meu aniversário, mas provavelmente viajarei para vê-las em breve.

– Quantos anos você tem?

Quando fiz a pergunta, seus olhos se direcionaram a mim novamente, eles possuíam um ar divertido, como se gostassem daquela pergunta. Ele demorou um pouco antes de responder, a diversão era evidente em suas expressão e isso me deixou mais ansiosa.

– 23.

– O que?! – exclamei, chocada. Como ele poderia ser tão novo? – Como virou professor de Hogwarts tão novo?

– Uma má história traz amadurecimento, e eu possuo uma história totalmente relacionada as artes das trevas, então, posso dizer que não foi muito difícil conseguir. – Havia um sorriso pomposo em seus lábios, quase como se estivesse se vangloriando do ato, porém, seus olhos brilhavam em diversão.

– Vai me contar a história ou vou ter que insistir?

(...)

– Já pode me contar agora? – perguntei pela decima quinta vez.

– Rosa, estamos na porta da sua casa, não posso simplesmente senta na calçada e conversar. – brincou.

– Na verdade, acho uma ótima ideia... – Segurei em seu braço, puxando-o em direção a calçada. – Vamos sentar.

– Eu não vou contar nada hoje. – afirmou mais uma vez.

– Por que não? – Murmurei.

– Por que não? – Uma de suas mãos tocou uma das mechas de meu cabelo que se soltaram do rabo. – Porque não é algo fácil de se falar. – Seu semblante estava entristecido. – É algo muito pessoal e muito complicado, e... – Ele deu alguns passos a frente, quase juntando os nossos corpos. Sua expressão era um tanto desolada, como um gatinho amedrontado. – Temo que você não goste de mim se souber.

Seu hálito era maravilhoso, tinha cheiro de chá e alcaçuz, e era frio como gelo. O azul de seus olhos era desconcertante, principalmente quando estava vidrado em meus lábios. Sua mão subiu até meu queixo, afagando a minha bochecha com o polegar, era uma sensação boa e vívida e ao mesmo tempo irreal.

– Sinto dizer, mas você é uma pessoa muito gentil e educada, é impossível que alguém não goste de você Ikarus.

Os lábios macios dele encontraram o caminho até os meus, beijando-os com vontade, minhas mãos ganharam vida própria, voando em direção aos seus cabelos, assim como suas mãos foram até a minha cintura, unindo os nossos corpos. Ele era muito bom nisso, seu beijo era gentil e ao mesmo tempo quente, suas mãos eram fortes e firmes, prendendo-me ao seu corpo e acariciando minha cintura. Quando nossos lábios se afastaram, ele não me soltou, beijou delicadamente a minha bochecha, antes de chegar até minha orelha, onde sua voz rouca sussurrou baixinho:

– Você me chamou de Ikarus.

(...)

– Não seja idiota Potter. – Resmunguei.

– Eu sou idiota Rosinha, sempre fui. – Ele cruzou os braços. – E a Lanna não está aqui para me controlar. – Revirei os olhos.

– Nem mesmo a Lanna consegue controlar você. Nem seus pais, e olha que sua mãe é bem selvagem. – Ele deu de ombros, apoiando-se no balanço.

Estávamos andando pelo parquinho do St. Mungo’s, esperando notícias de Astória - e da adorável Pyxis, já que ela estava em trabalho de parto – enquanto conversávamos sobre a minha situação.

– Ele se foi Rose, você raramente vai ver o seu namorado e Scorpius vai estar lá, inocente, vulnerável e ao seu dispor. Você vai quebrar. – Seus olhos verdes não brincavam.

– Lanna também está longe. – Levantei as sobrancelhas, desafiando. – Vou vê-lo mais do que você a vê.

– Ela é o amor da minha vida, eu sou o amor da vida dela. – Seus ombros balançaram novamente. – Não é como se eu não tivesse medo de que não fosse funcionar. Eu estou morrendo de medo, apavorado, contudo, sabemos que se pudermos esperar, isso vai dar certo, estamos aceitando as consequências para que possamos crescer e ter um relacionamento forte e saudável. – Eu sabia que ele estava aceitando o meu desafio.

– Eu e Ikarus temos um relacionamento saudável, e nós nos veremos nos finais de semana que houver visitação a hogsmeade. – Murmurei, um tanto mais cabisbaixa, eu já sentia saudades dele.

– Não é a mesma coisa Weasley, e você sabe. A atração que existe entre você e Scorpius é gigantesca. Por favor, ele é seu primeiro beijo, sua primeira vez, seu primeiro amor. – Grunhiu. – O destino praticamente juntou vocês dois, e vocês simplesmente ignoraram isso. – Seus olhos faiscavam. – Se vocês dois querem ser crianças mimadas e não notar o que está bem em seus narizes, se querem ignorar a atração, ficarem frustrados e magoados, o problema é de vocês. Contudo, pense bem, você colocou outra pessoa na jogada e ele é uma ótima pessoa.

O pigarro de Lysander chamou nossa atenção.

– Albus, eu acho que a Rose pode tentar, não é como se ela já tivesse tido um outro relacionamento amoroso para comparar. – Um argumento válido, lógico.

– Ah, qual é Senhor Lucy Weasley. – Ironizou meu primo. – Nós não somos o casal maravilha, Lucy e Lysander. O louco e a vidente. – Revirou os olhos. – Vocês conseguem ser bem mais racionais que eu e a cabeça de fósforo ai. – Minha reação foi dar um tapa em seu ombro. – É verdade barbie irlandesa.

Foi a minha vez de revirar os olhos.

– Talvez devêssemos abrir o clube do namoro a distância, para tentar da uma forcinha ao Albus, ele precisa aquietar o fogo no rabo que a Lanna deixou para trás. – Ataquei, sabendo que a reação seria ainda pior.

Porém, o mundo parou por um segundo.

Eu perdi o folego ao ver o garoto bem vestido, gravata solta, os primeiros botões da camiseta social abertos e o terno em suas mãos. Eram cerca de 3 da madrugada, pois Astória entrara em trabalho de parto na noite anterior, por volta das 10h da noite, estávamos no meio do jantar de comemoração do aniversário do tio Harry, quando Scorpius recebeu a carta.

– Ela é tão linda.

(...)

Eu observava a família se encantar pela pequena garotinha, tão delicada. Eu sabia que naquele momento Scorpius estava jurando a si mesmo nunca deixar nada de mal acontece-la. Prometendo a si mesmo que não ia deixar a dor e a tristeza que o afligiam, afligi-la. Ela cresceria sem pai, todavia, ele faria o possível para que ela não sentisse a falta que abriria um buraco em seu coração.

Eu mal conseguia suportar vê-lo tão inocente, fazendo promessas que jamais poderia cumprir.

Queria mandá-lo calar a boca, porque eu podia ouvir sua voz gritando dentro daquela cabeça. Ele não estava pronto e mesmo assim, seria capaz de doar tudo por aquele pequeno ser nos braços de sua mãe.

– Rose?

Eu não soube quando abaixei a cabeça, porém, quando a levantei, olhos idênticos aos de Scorpius estavam sobre mim, analisando-me minimamente, um leve sorriso sobre os lábios.

– Draco. – Murmurei, surpresa.

– Você poderia me acompanhar? Gostaria de comprar um bom suco de abóbora para minha linda esposa que está, nesse momento, muito cansada. – Piscou para mim, demonstrando um ar mais educado que o normal, sabia que era uma de suas brincadeiras. – Preciso de um bom guarda-costas. Alguém aqui mencionou que você é muito mais valente e forte que todos os homens nesse recinto. Seria de grande honra se pudesse me acompanhar.

Eu tive que lutar contra a gargalhada, principalmente quando notei os olhos azuis-acinzentados e muitos sarcásticos direcionarem-se para meu doce primo a quem eu estava prestes a cair no braço minutos antes.

– A honra é toda minha.

O percurso foi bastante silencioso, já estávamos na fila quando as primeiras palavras foram ditas.

– Você está muito bonita Rose. – Admitiu. – Mudou muito nesse último ano, fico feliz em vê-la mais feminina. – Um sorriso terno, educado, porém amoroso como um pai estava ali.

– Obrigada.

Encarei o vestido vermelho – praticamente da cor do meu cabelo – sabendo que meu rosto estava tomando aquela mesma tonalidade. Se continuar dessa forma, acabaria me tornando a dama vermelha.

– Ainda estou aprendendo a andar com esses instrumentos de tortura medieval... – apontei para o par de sapatos de salto em minhas mãos. – Mas Lanna viria nos visitar da Austrália só para arrancar minha cabeça e usá-la de adubo para o jardim de seus pais, se soubesse que eu não os usei. E eu nunca daria esse gostinho ao ser repulsivo que eu chamo de primo. – Brinquei, sabendo que não seria mal interpretado.

– Você não precisa disso Rose. – Draco revirou os olhos. – É uma mulher muito bonita e existem diversos corações que foram arrebatados por sua beleza natural e sua personalidade forte. O do meu filho é um deles. – Há, sabia que ele tinha um motivo para essa conversa fiada! – Não se preocupe, não vim pedir que você case com meu filho e sejam felizes para sempre, apesar de eu realmente achar que seriam muitos felizes juntos – Mais um com essa conversinha. Eu tenho namorado, sabia? – Quero que me faça um favor.

– Que tipo de favor? – Perguntei, franzindo o cenho.

– Não tenho mais muito tempo Rose, um ano talvez. Não vou ver minha filha crescer, não vou ver meu filho se tornar um grande medibruxo. Mas preciso que essas coisas aconteçam, e sei que minha esposa não terá força para tirar o meu filho do luto, as mulheres da minha vida não serão capazes de preencher o buraco que ficará em seu coração. – Seus olhos brilhavam com as lágrimas prontas para serem derramadas, contudo, elegantemente obedientes, presas nos olhos fortes daquele homem. – Mas você pode. Meu filho te escuta. Por favor, Rose, quando eu for, quando eu não mais respirar esse ar, quando meu coração já não pulsar dentro de meu corpo, peço que tome conta dele. Não o deixe se destruir, não deixe que o luto o destrua ou o leve a loucura. – Seus lábios faziam apenas um justo pedido, enquanto seus olhos faziam suplicas desesperadas e silenciosas. – Eu nunca te pedi nada Rose e queria não ter que pedir, meu filho precisa de você.

– Você me conhece Draco, eu nunca deixaria que seu filho fosse fundo demais em seu mar de dor e auto-depreciação. – Afirmei. – Pode ter certeza, com ou sem o seu pedido, eu nunca seria capaz de abandonar o seu filho, nem mesmo depois daquela brincadeira estupida. Ele sempre foi um dos meus melhores amigos.

– Você pode prometer? – Pediu com a voz grave, suave e contida. – Pessoas mudam e, por mais que eu sempre tenha confiado em você, não quero correr riscos Rose, nunca fui muito bom com isso, pergunte ao seu pai. – Apesar do tom irônico, sabia que a conversar era séria o bastante. – Você pode?

– Yeah, com certeza. Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Oi meu povo lindo. (E IKAROSE ACONTECEU!!!)
Está, a cada dia, mais perto, alguns comentários me ajudaram a ficar inspirada e estou bem interessada a terminar de escrever, porém, tenho um pequeno imprevisto da faculdade que talvez atrapalhe meu ritmo, por isso, estou me esforçando ao máximo para terminar de escrever logo.

Enfim, aqui em baixo vão ter algumas frases do próximo capítulo e se quiserem tentar adivinhar de quem é, prometo que digo se esta certo ou não. Ah, e tem uma coisa nunca antes feita no próximo capítulo, alguma ideia? ;D

— Nossa você é tão bonita. Seus cabelos são naturais? (Acho esse meio injusto, mas...)


— Mas eles são bem reais professor e aparecem toda a noite. A madame Brown disse que tenho muita facilidade com adivinhações, as vezes coisas bestas com as quais sonho acontecem. (Fácil)

— Parecem dois coelhos em época de acasalamento, se amassando até quando estão fedendo iguais a dois porcos sebentos.

— VENHA VER SEU FILHO! ELE GANHOU PESO! (Outro injusto, mas ok)

— Aconteceu alguma coisa com a qual devo me preocupar?


Outra coisa, gostaria que cada um dissesse uma música e um personagem da nova geração de HP, porque estou pensando em fazer uma série de oneshoot/songfics com cada personagem. Isso inclui os Weasleys, os Potters, os Malfoys e os Scamanders. Mas ainda não decidi as músicas D:

De toda forma, se você leu até aqui, pode, por favorzinho, deixa a sua opinião ali embaixo? Pode ser só um :D - que vai significar gostei - ou um D: - que vai significar odiei -, sejam sinceros e obrigada. BEIJOS!!!

P.S.: Uma representação quase perfeita de como imagino o beijo: http://vignette1.wikia.nocookie.net/degrassi/images/4/45/Kissing-delena.gif/revision/latest?cb=20130901080620A