Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Estou com raiva de mim mesma por estar postando tão rápido, mas fiquei muito ansiosa pra postar esse capítulo (razões desconhecidas). Comentem o que acharam (risos).
Obrigada a todos que comentam!



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Era a noite do baile.

O vestido de Elsa era um azul marinho tão escuro que se podia confundir com preto. Era aberto nas costas e na frente tinha um pequeno decote em formato de V. Caía solto ao longo de seu corpo, e era de uma seda que, ao menor movimento, podia se perceber pequenos brilhos. A principio, não estava muito certa sobre o vestido - achava que era muito aberto -, mas resolveu usá-lo depois de Anna convencê-la.

– O que está fazendo?! – a irmã mais nova exclamou após ver Elsa começando a fazer uma trança em seu cabelo.

– Trançando o cabelo, acho... – respondeu com uma cara de quem pergunta o óbvio.

– Pare – Anna se aproximou da irmã e afastou as suas mãos de seu cabelo. – Vamos deixar ele solto.

– Não mesmo.

– Sim, senhorita. É um baile de máscaras, Elsa. Você pode ser quem você quiser.

Não era bem assim, mas ela havia entendido o que a irmã dissera. Naquela noite ela não seria tratada como rainha, e também não seria vista como uma. Entraria como todos, beberia e dançaria como todos no baile. Seria um baile em que seriam celebrados os portões abertos do castelo – o salão principal estava aberto, qualquer um podia entrar, sendo camponês, burguês ou um nobre. Não haveria classes sociais naquela noite, e por isso as máscaras. Ela não seria reconhecida, ou, pelo menos, esperava que não.

Deixou Anna escovar os seus cabelos loiros tão loiros que eram quase brancos que caíam em cascatas.

– Pronto. Você pode me agradecer agora – Anna disse, e Elsa se olhou no espelho. Os olhos estavam delineados com um lápis de olho, e os seus cílios haviam dobrado de tamanho. Ela sorriu. Olhou para as luvas beges em cima de sua penteadeira, e a irmã mais nova acompanhou o seu olhar.

– Não mesmo – ela pegou as luvas rapidamente, antes que Elsa pudesse ter a chance de tocá-las, e jogou no fogo da lareira do quarto. A rainha gritou.

– Anna!

– Você consegue fazer isso sem elas. – Ela se afastou da lareira e olhou para a irmã como se a repreendesse. – Termine de se arrumar, que eu vou também.

A princesa saiu, passando pela única porta do quarto da rainha que ainda funcionava – culpa da trinca congelada – deixando Elsa sozinha. Levantou-se da cadeira e pegou a sua máscara, passando a mão pelos entrelaçados pretos e beges. Acima do contorno dos olhos, nas sobrancelhas da delicada máscara, havia pequenas pedras brancas. Voltou para o espelho da penteadeira e colocou a máscara. Os lábios vermelhos era a principal atração de seu rosto, convidando um beijo. Isso é estranho, pensou. E se ninguém me tirar para dançar? Ela esperava não ter que dançar com a noite o baile todo.

Apenas os mais próximos de Elsa poderiam reconhecê-la, e ainda teriam alguma dificuldade – a única coisa que a diferenciava eram os olhos, tão azuis, tão gélidos.

~~~

O jardim estava cheio de correntes de luzes – nos arbustos, nos galhos das árvores, na fonte. Os músicos estavam do lado de dentro do saguão que era ligado ao jardim. O som dos violinos e a conversa enchiam a noite. Os garçons andavam entre a multidão, oferecendo champanhe e alguns petiscos. A rainha e a princesa dançavam aleatoriamente – Anna às vezes com Kristoff, que na maioria das vezes tentava roubá-la para si pela noite toda -, e Elsa vários rapazes. Eles realmente não me reconhecem. Pela primeira vez em anos, ela se sentiu feliz. Estava se divertindo, ninguém tinha medo dela, mesmo depois do incidente. Ela podia dançar e flertar com quem ela quisesse. Esquecera-se da maioria de seus problemas, mas uma vozinha lá dentro de sua cabeça lhe dizia que algo estava faltando. Algo, alguém, Jack Frost.

As danças eram animadas – dançava-se alguns minutos com seu par aleatório e, depois de alguns minutos, trocava novamente seguindo o ritmo da música.

Viu várias vezes Olaf, com uma gravatinha vermelha no pescoço, dançando sozinho ou com alguma moça, que tinha que se abaixar para alcançá-lo.

~~~

Os últimos convidados foram embora exatamente quando a lua havia percorrido metade de seu caminho no céu. Os convidados haviam conversado com Elsa normalmente – ela havia tirado a máscara para cumprimentá-los, e eles riram, não sabendo que era ela. Quando iam reverenciá-la, ela dispensou.

O baile para ela, afinal, tinha sido divertido, mesmo com o sentimento de que algo faltava.

Apesar de ser rainha, Elsa ficou no final para juntar a pequena bagunça que o baile causara. Algumas taças de vidro nas mesas do saguão com restos de champanhe, alguns guardanapos com marcas de batom. Quando terminou a limpeza e estava saindo do saguão, ela ouviu um pigarro.

– Gostei do seu vestido. – A voz era baixa e um pouco rouca. Elsa reconhecera o seu dono sem mesmo virar para trás, e sentiu arrepios.

– Chegou um pouco tarde, Frost. O baile acabou. – Disse, resolvendo ignorar os seus arrepios idiotas. Saiu do saguão, deixando-o para trás, e subiu as escadas apressadamente. Passou pelo quarto de Anna, que estava vazio – foi para a casa de Kristoff. Entrou em seu quarto e fechou a porta. Acendeu a lâmpada de chão que costumava ficar na entrada de seu quarto apenas para não deixá-lo tão escuro – as cortinas estavam fechadas, e Elsa não enxergava quase nada. Encostou as costas na porta e suspirou. Maldito, o que ele está fazendo aqui? A resposta era um pouco óbvia, mas a rainha esperava estar errada. Vá embora, Jack frost. Me deixe em paz. Por favor, me siga até o meu quarto. Quero tanto te abraçar...

Ela abriu os olhos e o viu apoiado em sua janela. Ele estava observando-a, com as mãos no bolso de sua calça de seu terno (provavelmente o vestira apenas por causa do baile) e uma bengala preta com o apoio das mãos em prata apoiada na parede. A cortina da janela balançava, como se a janela tivesse sido aberta recentemente. Droga.

Ele sorria. Um sorriso torto.

– Isso é invasão, Jack. E eu ainda te odeio. Vá embora.

– Uma dança, Elsa, e eu vou embora. – Era um pedido incomum para Jack Frost; Dançar?

– Não há música.

– Isso não é problema – ele pegou a sua bengala ao seu lado e mirou no canto do quarto. Dali surgiu uma estátua de gelo: um velho vestido com um terno segurando um violino. Imediatamente, ele começou a tocar. Era um pouco estranho, Elsa tinha que admitir.

– Você não vai desistir, não é mesmo?

– Uma dança, rainha. – Ele fez uma reverência e ofereceu a mão. Ela revirou os olhos e a pegou. Ele imediatamente a puxou mais perto de si, colocando uma mão em suas costas nuas e a outra segurando a mão de Elsa. Dançavam lentamente no meio do quarto.

– Eu realmente gosto desse vestido – disse, mas ele olhava para os seus lábios vermelhos.

A rainha franziu a testa – ele já havia dado várias cantadas nela, mas sempre brincando. Ele estava tão diferente – deixara de ser um adolescente e se tornou um homem. Olhou em seus olhos e vira algo diferente – algo como culpa, ternura e outra coisa que não conseguiu identificar. Era algo novo.

– Então, o que tem feito todos esses anos? – ele perguntou em tom despreocupado.

– Muito ocupada. Praticando. Governando. Essas coisas.

– Uma ótima rainha. – Ele sorriu, e a pressionou contra ele e seus corpos ficaram tão próximos tão próximos tão próximos que Elsa podia sentir seus batimentos contra os dela. Seu sangue parecia borbulhar com o toque.

– Eu acho que você devia ir agora. – Ela disse no momento em que a primeira musica parou, mas uma parte dela não queria que ele fosse embora.

– Eu não prometi, Elsa... – vendo que ela não rira, sua expressão se fechou. – Elsa, eu queria te pedir desculpas. Eu não pude, eu fui proibido...

– Jack – ela o interrompeu – por favor, não vamos falar disso agora. – Ela virou seu rosto, desviando o olhar, olhando para a janela e lembrando dos dias em que ficara sentada na beira da janela esperando ele chegar.

– Tem razão, rainha. – Ele disse, chegando mais perto de seu rosto. – Vamos ter um pouco de diversão antes. – Ela podia sentir que ele estava sorrindo pelo modo que ele falou. Esperava que ele se afastasse e jogasse uma bola de neve, e uma parte de sua consciência logo desanimou – esperava algo mais. O quê? Qual é o meu problema?

Sentiu então um beijo quente e suave em seu pescoço, que subiu até a sua bochecha. Ah meus deuses, ah meus deuses, ah meus deuses... Ela prendeu a respiração sem perceber.Fechou os olhos e uma parte sua queria que aquilo nunca terminasse, e a outra – a parte magoada – queria que ele fosse embora e a esquecesse. Os beijos ficaram mais devagar e, ao chegar perto da boca, ele se afastou. Foi doloroso para Elsa, ela tinha que admitir. É isso, então?

Seus narizes se encostaram – ela sentia sua respiração em sua boca, sentia seu hálito de menta e ele podia sentir o coração de sua amada pulando em seu peito.

Ele beijou o canto de sua boca e, vagarosamente, beijou a boca. Os olhos de Elsa continuavam fechados, e ela não podia ver a expressão dele. Ah meus deuses, o que eu faço agora?

Ele se afastou. A sensação do toque dos lábios dele nos seus – quente, suave, delicioso – ficou em sua boca, e ela implorava mentalmente por mais. Então, foi como seu desejo se realizasse. Ela sentiu sua boca novamente na sua, e ele a estava beijando. Foi como uma enxurrada de sentimentos invadisse Elsa – sentimentos que ela nem mesmo sabia que existiam. Era como se eles fossem água presa em uma represa – bastou apenas ele beijá-la que os sentimentos escaparam. Desejo, carinho, prazer, paixão, amor. Ela queria mais, não queria que ele a deixasse nunca mais, queria que ele ficasse ao seu lado.

Ele parou de beijá-la e passou os lábios – sem beijos, apenas passou os lábios – em seu pescoço.

– Pare de me torturar... – ela sussurrou, e pôde senti-lo sorrir.

– Seu pedido é uma ordem. – Ele voltou a beijá-la, e ela sorriu entre os beijos. E passou a mão em seu paletó, desabotoando-o atrapalhadamente em meio aos beijos. Tirou-o e jogou longe, deixando a camisa branca que havia por baixo um pouco aberta. Eles então se encararam e Elsa pôde reconhecer o que ela não havia conseguido antes em seu olhar – desejo e, principalmente, amor. Naquele momento, ela sentia como se seu sangue borbulhasse, fosse radioativo, fosse fogo. Estava brilhando por dentro, era como se as borboletas dentro de seu estômago dançassem. Sentia-se especial a cada toque, desejada, amada. Suas bocas desejavam a outra, eram atraídas como metal é atraído por ímã. Eram sensações novas e extraordinárias.

– Eu realmente gosto desse vestido em você, Elsa – ele disse, colocando a mão em seus cabelos e em seu pescoço – mas eu não me arrependo disso. – Puxou então a ponta do laço que mantinha o vestido no corpo de Elsa.


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