A porta da carruagem se abriu. Mirana, com o cabelo bagunçado e o rosto mais pálido que o normal, viu a cena.

Ela não sabia que atitude deveria tomar. Eles estavam em uma situação perigosa, Chapeleiro e Alice não deviam imaginar a confusão que "aquela mulher" causaria. Mas era algo tão esperado, ela sempre torcera para que isso acontecesse.

Então, em um misto de felicidade e preocupação, ela esperou para que os dois se desgrudassem. Pareciam imãs, como se não pudessem se soltar.

Então Alice levantou o rosto, totalmente corada. Viu Mirana e batiixou os olhos, levantou-se e ajeitou a saia do vestido enquanto o Chapeleiro arrumava seu chapéu e desamassava as pernas da calça. Os dois sorriam envergonhados para a Rainha, encabulados e sem saber o que falar.

– Meus queridos, eu sabia que isso aconteceria! - Mirana sorria tranquilizando-os

– Ahn, Mi-Mirana, desculpe por isso, de verdade... - O Chapeleiro fazia rodas com o dedo em sua coxa

– Mais cedo ou mais tarde vocês se renderiam! Agora vamos, não queria quebrar esse momento tão lindo, mas estamos em uma situação perigosa. Se tudo que estou suspeitando for verdade, temos muito que enfrentar. - O rosto de Mirana pulou de alegre para totalmente preocupado, perdido e desesperado - Vamos, vamos! - disse puxando a mão de Alice que puxou a mão de Angus para saírem da carruagem.

Haviam parado na frente do Castelo, mas invés de entrarem pelas grandes portas, Mirana os guiou para a lateral esquerda do castelo, onde depois de andar certo tempo, se encontrava uma densa floresta de árvores prateadas.

Eles andaram até uma clareira que emitia certa luz, nessa clareira havia no centro uma grande e frondosa árvore. Seus galhos fortes e grossos eram de verdadeira prata e suas folhas de ouro branco. Em seu tronco havia um grande buraco.

– Queridos, entrem por aqui, e cuidado com a cabeça. Como todas as quedas por aqui, essa é bem longa. - Mirana disse, empurrando o "casal" pelo buraco da árvore e nesse momento Alice se sentiu como na primeira vez em que chegara ao País das Maravilhas.

Eles despencaram por uma escuridão intensa por um bom tempo, até caírem em algo macio. Alice contemplou a maior biblioteca que já havia visto, maior que todas as do castelo e muito maior que a que seu pai lhe deixara de herança.

Eram dezenas de estantes, todas as paredes cobertas, mesas pra leitura, tudo da mais pura madeira e do mais alvo possível. Todos os livros tinha tons claros, azuis, prateados, perolados, etc.

Mirana os chamou para um canto mais afastado, eles passaram por uma porta com 5 trancas que a Rainha abriu com facilidade. A sala era escura, não havia nada branco ou prateado, mas também era repleta de livros. Era uma sala quente e livros de capas vermelho sangue e pretas como o ébano preenchiam as paredes.

– Olhem, eu não tenho certeza de nada. Minha mente está bagunçada, não estou conseguindo compor nenhum pensamento e estou certamente perdida. Mas pelo que ouvi, toda aquela história, Tenebrae está de volta. E ela procura Alice, pois ela tem Potestatem Plenam.

– Tenho o que? - A garota não entendia e agora sua cabeça que girava

O Chapeleiro segurou suas mãos e olhando em seus olhos começou:

– Potestatem Plenam é um poder, o mais forte de todos. Significa poder pleno, e se eu entendi bem, a tal Tenebrae quer isso.

– Exatamente Chapeleiro - começou Mirana, ganhando atenção de Alice - Tenebrae era uma das três comandantes do País das Maravilhas antes de eu e minha irmã aparecermos aqui. Ela comandava tudo isso junto de outros dois guardiões, eles mantinham o equilíbrio de todo esse lugar. - Ela falava enquanto procurava um livro - Mas Tenebrae era má, gostava da escuridão e queria todo o poder do universo, pensou então que se destruísse seus companheiros ela conseguiria isso. Mas não adiantou, esse poder supremo não estava neles e sim em uma garota. Ela decidiu lutar com Tenebrae, pois tinha força e coragem.

A batalha foi dura, mas essa garota ganhou, seu nome era Alice, mais conhecida como Animus ou Alice Animus. Creio que ela é sua antepassada Alice, todos os componentes batem.

E durante todo esse tempo, Tenebrae foi se regenerando e hoje veio procurar a nova dona do Potestatem Plenam... Você corre grave perigo se não aprender á se defender. Mas não se engane, não será tão fácil como da outra vez, perto dessa mulher aquele Jaguadarte era um gatinho fofo e brincalhão!

– Mas Rainha, esse poder, essa antiga Alice, eu não entendo. Quer dizer que não sou a primeira de minha família a visitar esse mundo? Minha cabeça está totalmente fora do lugar! - Alice enfiava o rosto nas mãos e desgrenhava seus cabelos, ela não entendia. Tudo ia bem e agora teria de lutar. Ainda tinha sua muiteza, mas estava tão bem sem precisar usá-la.

– Alice, calma! - dizia Angus - O Maluco aqui sou eu ok? Venha cá, tudo vai ficar bem, estamos todos do seu lado!

Os dois se abraçavam, a Rainha continuava em busca do livro perdido na estante e Alice chorava, enquanto sussurrava ao Chapeleiro:

– Eu apenas queria voltar para ficar ao seu lado e de todos os outros, não quero lutar Chapeleiro. Agora tenho um medo que nunca me pertenceu, tenho um medo louco de perder você.

Ele beijou sua testa e sorriu.

– Você nunca irá me perder, e se perder e ute ajudo a me achar. Não sou difícil de ser percebido!

Ela foi se aclamando, e quieta, se soltou dos braços dele. Havia uma cadeira em um dos cantos da sala, ela se sentou e deixou se perder em meio aos seus pensamentos.

Á essa altura Mirana já havia encontrado o livro e folheava-o loucamente. De súbito ouviu uma voz.

– Eu preciso ser treinada, vou mostrar á Tenebrae meu Potestatem Plenam e salvar o povo do País das Maravilhas!

Angus e Mirana sorriram, Alice levantou decidida.

Seu treinamento começaria já.