Alice e Chapeleiro entraram em um grande salão branco. O piso de madeira brilhava e os espelhos cobrindo 3 das 4 paredes da sala refletia a imagem dos dois.

Alice vestia agora uma calça preta, era justa mas confortável, e uma blusa de mangas compridas. Chapeleiro havia tirado o chapéu e vestira uma calça preta e uma blusa branca. Prendeu seu cabelo para trás, em um rabo de cavalo.

Os dois esperavam por Mirana que disse ir buscar coisas importantes. Na sala também haviam bonecos de teste de madeira e pano, alguns dependurados no teto e outros no chão como manequins. Também haviam diversos alvos, grandes e pequenos, espalhados por todo o espaço.

Era tudo colorido, contrastando com o resto do alvo salão.

– Meus queridos, aqui estão suas armas! - Mirana entrou pela grande porta de vidro com um arco e flecha em uma das mãos e uma espada em outra.

Ela entregou a espada á Alice que observava cada detalhe da arma maravilhada. Seu punho era adornado de pedras azuis e pretas e brilhava intensamente. Enquanto isso o Chapeleiro aprendia a manusear seu arco de madeira e corda de crina de unicórnio. Não haviam unicórnios no País das Maravilhas, devia ser importado.

Haviam também várias flechas para o arco, todas de madeira, pontas de ferro e penas brancas e pretas no fim.

– Não serão os únicos na hora da batalha, mas mesmo assim serão os principais. - Mirana começou - Sabemos que entre todos daqui, vocês dois são os mais fortes, e vamos aproveitar isso. Alice, você já lutou uma vez, sabe noções básicas não é?

– Sim, quer dizer, acho que sim...

– Não importa muito, mas teremos que trabalhar bastante ainda. Chapeleiro! - ela gritou para ele quando uma flecha escapou das mãos dele passou por entre as mechas de seu cabelo - Não é assim, acho que você vai ser mais difícil do que pensávamos... - ele pôs as mãos no rosto - Bem, vocês serão treinados!

Ela saiu do salão e dois homens entraram. Um tinha cabelos pretos e cheios, que se bagunçavam em meio á sua pequena testa. Era forte e tinha a pele muito branca, seus olhos castanhos e enormes eram adornados por cílios cheios.

O outro era mais magro, mas tinha mais classe e elegância. Carregava um saco amarrado ás costas e tinha a pele morena e os cabelos verdes como folhas. Seu rosto era magro e os olhos negros como jabuticabas eram pequenos, compensados por sua boca carnuda.

– Olá - disse o primeiro - Viemos treinar vocês, eu sou Henry e este é Hook - o rapaz de olhos pequenos se curvou. - Quem vai aprender á lutar com espada?

– Eu! - Alice levantou uma das mãos

– Sabe as noções básicas?

– Digamos que sim...

– Ok, Hook, imagino que aquele é seu aprendiz - Henry disse apontando o Chapeleiro

Hook, calado, assentiu e se dirigiu á seu novo aprendiz.

– Seu nome é? - Henry perguntou á garota

– Alice

– A grande Alice? - ele se espantou

– Não, não! Quer dizer, já me chamaram assim, mas não deve ser quem pensa...

– É um prazer senhorita - ele beijou sua mão - Depois de sua luta com aquele enorme Jaguadarte eu poderia ser seu aprendiz! A Rainha disse que temos um problema maior desta vez e que apenas você e o rapaz poderiam nos salvar. Eu e meu amigo Hook não somos daqui, viemos de longe á pedido de Mirana, mas como todo espadachim eu conheço bem sua história. Devo repetir que é uma honra! Mas vamos ao que realmente interessa - ele foi até a porta, abriu-a e pegou do lado de fora uma espada de cabo negro com relevos dourados. - Vamos, ataque!

Alice empunhou sua espada com força e saiu correndo em direção a Henry, primeiro tentou atacá-lo nas pernas para o derrubar, mas ele pulou e pisou em cima de sua espada, impedindo que ela á puxasse. Ele por sua vez, tentou acertar o punho de sua grande e pesada espada na têmpora de Alice, mas ela girou o corpo passando por baixo do golpe e puxou sua espada. Ela correu para as costas de Henry enquanto ele ainda começava a girar o corpo, ela fez uma espécie de ponte com o corpo quando ele tentou acertar sua espada nela e então caiu sentada. Ele foi para cima dela, tentando acertá-la no chão, mas ela escorregava para trás, rapidamente, escapando dos golpes afiados.

Será que ele iria conseguir parar se chegasse muito perto de machucá-la? Ela não conseguia parar de pensar nisso.

Chegando perto de uma das paredes, ela se apoiou e levantou jogando o peso da espada nos ombros de Henry que era pelo menos 10 centímetros mais alto que ela.

– Você é ágil! - Henry dizia ofegante e rindo

– Você também! - Alice ofegava e aproveitou a pequena conversava para acertar as pernas de seu "adversário" que caiu ao chão, surpreso. Ela levantou a espada e apontou em direção á sua garganta, mas ele puxou sua espada, abaixou a cabeça e desviou a espada em um golpe que ela nunca havia visto.

Os dois escutavam Hook falando calmamente com Chapeleiro e também ouvia barulhos de flechas voando. Vez ou outra tinham que se abaixar de alguma flecha perdida.

Ele levantou e bateu com o punho da espada no estômago de Alice, ela se curvou com a dor, mas levantou e pegou sua espada que havia caído ao chão.

Em um golpe rápido, fingindo querer acertar as pernas de Henry, ela subiu a espada aproveitando que ele tentava proteger o lugar errado e acertou suas costas. Ele pulou por cima de Henry que gemia ajoelhado e segurou seu cabelo puxando sua cabeça para trás, pôs sua espada no pescoço dele e disse:

– Está tudo bem?

Ele deu três batidinhas no braço da garota, pedindo para soltá-lo. Ela soltou e o ajudou a se levantar.

– Você é muito boa senhorita, Precisa aprender poucas coisas, como a forma de pensar do adversário e outras coisas mais fáceis.

– Obrigada, concordo. Você é muito bom, de verdade! Foi difícil e cansativo...- ela ofegava e suava.

– Amanhã teremos mais treino, você está cansada e suando, Vá tomar um banho, logou seu colega acabará de treinar também.

*Lado do Chapeleiro*

– Olá, meu nome é Hook!

– Eu sou o Chapeleiro! Você vai me treinar?

– Sim, seu arco é muito belo! Começamos então com o básico ok?

Hook mostrava ao Chapeleiro como segurar o arco e depois de algum tempo eles começaram a ouvir sons de luta, eram Henry e Alice e o negócio estava bem feio pros dois lados.

Hook então começou a explicar o quanto cada marca do alvo valia e como era uma luta física.

– O trabalho do arqueiro e ajudar quando os inimigos estão no alto e quando está chegando muito perto de lutadores do nosso lado. Quer dizer, o arqueiro é parceiro dos lutadores de espada e fazem guarda para eles. Os arqueiros devem ser graciosos e ágeis, mas mesmo assim fortes e ter conhecimento do manuseio de outras armas, como uma adaga por exemplo.

O dia se seguiu e os dois acertavam alvos, o Chapeleiro errava várias e Hook sempre o animava dizendo que era só o começo e que havia de melhorar.

Eles conversavam e se entendiam. Mas aos poucos Hook foi colocando um pouco mais de pressão, como se estivessem em uma verdadeira luta. Os dois atiravam para todos os lados, Hook usava o corpo dos manequins para que Chapeleiro atirasse.

No fim, os dois estavam arfando e suando muito.

– Você não é tão mal rapaz! - Hook disse dando tapinhas nas costas do Chapeleiro que sorria.

– Obrigado Hook!

Os dois se despediram e Chapeleiro foi encontrar Alice que acenava para seu treinador Henry.

– Foi puxado pra você também?

– E como! - respondeu ela

Os dois suavam, ela abraçou ele.

– Mas nós dois juntos vamos conseguir qualquer coisa ok?

– Eu acredito! - ele passou a mão pelos ombros dela e os dois saíram andando com suas armas pela porta de vidro.