Cinzas escrita por Ludi


Capítulo 31
Atravessando o Inferno


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Provavelmente você está aí se perguntando 'capítulo na terça!?'. Pois é, minhas queridas! Hoje, 10/02, é meu aniversário e quem ganha o presente são vocês, haha! No meio dos meus vinte e poucos anos, crises existenciais e diminuição progressiva do tempo para os hobbies, essa história – e vocês – se tornaram uma válvula de escape e tanto! Só tenho a agradecer a quem me acompanha em todos os capítulos. =)

Hoje só tenho boas notícias! O capítulo não demorou e, como sempre, escrevi demais. Então, para postar logo, quebrei em dois o que seria um único capítulo. A primeira parte é essa aqui. A segunda já está praticamente pronta, só faltam uns ajustes e revisão. Tentarei postar dentro de alguns dias, mas ficaria muito feliz se vocês me dissessem o que acharam desse capítulo. (presente de aniversário para mim, hein, hein, hein? haha)

Também podem me cobrar se eu enrolar, haha

Só mais um detalhe: esses dois capítulos – e provavelmente o próximo - se focam nas pessoas, então vocês terão a impressão de que o plot não andou. Só peço que tenham paciência e permaneçam comigo. Eu tive – terei - que fechar muitos buracos abertos e muitos conflitos entre os personagens antes de entrar na reta final. Quase surtei e tive um bloqueio para escrever tantos personagens num mesmo lugar.

Ah, para meu orgulho e honra, essa história já está sendo traduzida para o inglês por uma querida leitora e amiga, Rose (Codicodinome Swayley), que está fazendo um belíssimo trabalho com 'Ashen' (lágrimas literárias escorrem dos meus olhos). Quem tiver curiosidade é só retirar os * e acessar https*:*/*/www*.*fanfiction*.*net/*s*/11033310/1/Ashen

Estou muito empolgada para escrever por essa razão também.

Por fim, esse capítulo é dedicado à Rose, como não poderia ser diferente. Se essa história foi tão longe, a culpa é exclusivamente dela, que me deu estímulo, confiança e inspiração para continuar tentando (principalmente nesse site, onde o feedback é tão baixo).

Obrigada Rose, por ser tão cuidadosa com a nossa história. =*



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31 – Atravessando o Inferno

O dia estava começando a raiar e a luz do Sol adentrava ainda timidamente pelas janelas em um dos quartos do Chalé das Conchas, anunciando o que seria um belo dia, quente e ensolarado.

Totalmente oposto ao estado de espírito de Gina.

Ela estava enrolada com James, praticamente na mesma posição que tinha ido se deitar na noite anterior, no quarto onde sua sobrinha Victoire dormia.

Tinha se recusado a ir para o quarto que sua mãe lhe oferecera, preferindo ficar com James e Aries. O bebê, que tinha sido colocado num berço improvisado no mesmo quarto do irmão e da prima, agora dormia tranquilamente depois dos eventos caóticos da noite.

A cama era pequena para os dois – aparentemente James tinha puxado a tendência a altura dos seus tios e crescia a olhos vistos -, mas, ainda assim, ela fez questão de ficar com ele por toda a noite. E ele havia chorado como nunca tinha feito, nem quando a loja tinha sido atacada.

E, no meio da sua dor, tinha encurralado-a como ela sempre temeu que ele faria. Gina fechou os olhos tentando afastar a lembrança da conversa anterior, mas ela voltou à sua cabeça com toda a força.

Reviu a expressão inquisitiva de James, a pergunta se formando na sua mente, a postura de quem não aceitaria mais evasivas...

"Por que estamos aqui?" James tinha fungado, afastando sua cabeça dos braços da sua mãe para olhar para ela. "Se a gente tivesse ficado em casa, Della teria nossa ajuda... Não teria ficado sozinha."

Naquele momento, Gina não pôde evitar sentir empatia pelo desejo de estar em casa - na Mansão Malfoy- que o menino estava manifestando.

"Não poderíamos ter feito nada, querido." Gina sussurrou tentando acalmá-lo. "Della pertencia à outra família."

"Della não pertencia a ninguém." James respondeu ferozmente, alheio a ideia de propriedade dos elfos. "Ela era minha amiga."

Gina assentiu e passou a mão pelo cabelo do filho. "Era minha amiga também."

Aquilo despertou mais lágrimas do menino que umedeceram seus olhos cor de esmeralda, mas que, com uma determinação digna do seu pai, ele se recusou a deixar cair, mesmo se sentindo destroçado com a perda da elfo. E, nesse momento de desolação absoluta e perda de uma parte da inocência da infância, a mente dele começou a se aguçar novamente.

"Essas pessoas são sua família." Ele atestou mais do que perguntou, perscrutando-a e tentando entender aquele lado da sua mãe que ele desconhecia. "Aquela senhora me visitou uma vez, quando você ficou doente. E você chamou aquele senhor de 'papai'."

"Sim." Ela respondeu ávida por sanar todas as dúvidas do menino. Já era passada a hora de fazer isso. "São Molly e Arthur, meus pais. Seus avós."

James engoliu novas lágrimas que ameaçaram brotar e Gina não soube dizer se eram de tristeza ou de alívio por saber que ele realmente tinha vindo de algum lugar. Saber que ele era alguém.

Talvez um misto das duas coisas.

"Jordan...?"

"Jorge." Gina corrigiu instintivamente e viu quando os olhos verdes pareceram machucados, numa reação que ela não estava acostumada a ver. Engolindo em seco, ela se obrigou a continuar. "É meu irmão. Assim como Rony e Gui – o homem com cicatrizes. Há ainda Percy e Carlinhos, que não estão aqui."

"São muitas pessoas." Ele coçou bruscamente a cabeça, como se estivesse querendo enfiar a ideia de ter muitos parentes a força dentro dela.

"São família." Ela tentou confortá-lo. "E amigos."

"Eles não gostam do Sr. Malfoy." Mais uma vez não tinha sido uma pergunta, mas que Gina se obrigou a responder com sinceridade.

"Não."

"E não gostam de mim também."

Gina ficou chocada, afastando o menino para poder olhar completamente para o rosto dele. "Da onde você tirou essa ideia, James?"

James pensou um pouco antes de responder, mas aquilo não evitou que sua voz saísse fraquinha, como se ele estivesse lutando com todas as suas forças para não chorar mais. "Eu perguntei muitas vezes sobre nossa família e você nunca me contou nada disso." James deu de ombro, como se aquilo não o afetasse até a raiz do cabelo. "Achei que eles não queriam me conhecer e você só estava me protegendo deles."

Aquilo doeu. E Gina se sentiu completamente suja.

James preferia acreditar que ele era detestado pela sua verdadeira família – sem razão aparente – do que pensar na hipótese de que ela havia mentido para ele por alguma outra razão.

Na mente de uma criança de sete anos que nunca havia tido contato com dor e sofrimento antes, nada mais justificaria a mentira e o isolamento.

Na cabeça de James, eles tinham que odiá-lo. Do contrário, sua mãe - sua protetora, seu porto seguro - teria simplesmente tirado sua identidade, o convívio com aquelas pessoas, quem ele era.

Mas Gina sabia melhor.

"Não!" Ela se atrapalhou. "Quer dizer, sim eu estava te protegendo. Mas não deles. Eu-"

Como explicar para ele que eu estava protegendo-o do que a morte do pai dele representava, tanto para a Resistência quanto para Voldemort. Uma morte que nem havia ocorrido de verdade, ela pensou passando uma mão desesperada pelo cabelo.

"Então por que você fez isso?" A pergunta saiu literalmente quebrada, carregada de angústia, raiva, dor e confusão. Aquilo machucou Gina mais do que um tapa o faria. "Por quê?"

"Seu pai..." Ela disse com voz engasgada, sabendo que a cada palavra que ela proferisse dali em diante, estaria afastando seu filho dela. "Eu acreditava que seu pai estava morto e não podia deixar você herdar as responsabilidades dele, nem ser caçado como um símbolo do que ele representava em vida."

Não era um bom jeito para se falar com uma criança, ela sabia. Nesses dias que ela soubera que Harry estava vivo, pensou em diversas boas formas de abordar o assunto com James, de um jeito que um menino de sete anos pudesse ouvir e compreender.

Nenhuma delas veio à sua cabeça naquele momento.

"Mas eu tinha um pai!" E os ecos de todas as perguntas que ele tinha feito sobre o pai, de onde ele tinha vindo, quem era a família deles, voltaram a memória dela como uma enchente de lembranças doloridas e mentiras.

A frase foi dita com tamanha ferocidade que Aries se remexeu no berço, incomodado com o barulho que atrapalhou seu sono.

"Você tem um pai." Gina afirmou depois de um minuto, quando se certificou que o bebê ainda estava dormindo.

De todas as coisas que podiam dizer sobre James de Woodcroft – agora reconhecidamente James William Weasley Potter -, nenhuma delas era que ele era um menino lento ou que era insensível para o que acontecia ao seu redor. Assim, mesmo naquela tenra idade, não foi difícil somar um mais um.

E, quando ele o fez, afastou Gina bruscamente.

"Ele está aqui." Ele engasgou, tentando organizar seus pensamentos. "Meu pai está aqui. Aquele homem, ele- ele estava olhando toda hora para mim e eu achei estranho porque ele se parecia tanto comigo e, e - "

"Ele está." Foi tudo que Gina conseguiu elaborar sem entregar o turbilhão de emoções que estava sentindo. "Seu nome é Harry."

"E –e ele nunca quis me ver..."

"Até poucos dias atrás, ele também não sabia da sua existência."

"Mas você sabia, mamãe." E aquilo foi o gatilho que faltava para as lágrimas da própria Gina. "E não contou nada. Mentiu para ele, também?"

Também.

Também.

"Não." Gina respondeu com a voz fraquinha, limpando suas lágrimas. "Eu não sabia que ele estava vivo. Só o reencontrei há poucos dias e estava me preparando para contar a verdade para você."

"Agora?" James sussurrou e Gina notou que aquela era a primeira vez que via algo parecido com sarcasmo sair da boca do seu filho.

Naquele momento, Gina Weasley soube que todas as palavras seriam inúteis. Naquela conversa, ela já havia sido julgada e condenada.

Ela não se arrependia do que tinha feito, de forma alguma. Dadas as condições, teria feito mais uma vez, garantido sua sobrevivência e a do seu primogênito.

Mas aquilo não significava que não ia doer.

A voz de James morreu e ele não disse mais nada. Não a afastou mais, mas tampouco fez qualquer tentativa de se aproximar mais do corpo dela. As horas da noite se passaram daquela forma e, depois de um tempo ela sentiu que o menino tinha caído no sono. E, ainda assim, distante dela.

Era como se um muro invisível tivesse sido construído entre os dois. E aquele foi o corte mais profundo que o coração de Gina já havia sentido.

Sem conseguir dormir ou continuar sentido aquele aperto desagradável no peito, Gina se desenlaçou gentilmente de James e saiu do quarto para espairecer, mesmo sabendo que eventualmente eles teriam que voltar a ter aquela conversa.

Ficou na porta do quarto durante alguns minutos, sem saber exatamente o que fazer, para onde ir. Quando estava se convencendo a entrar e esperar o dia amanhecer completamente, ela viu uma figura virando o corredor e se aproximando distraidamente.

Luna.

Gina sorriu abertamente pela primeira vez que chegou ali.

Luna se assustou levemente quando percebeu Gina parada na porta do quarto, mas não hesitou em se aproximar mais. Palavras não foram necessárias entre as duas porque, assim que chegou perto o suficiente, Gina abraçou a amiga o mais forte que podia, se permitindo um consolo naquele pequeno gesto.

Quando elas se separaram, Luna estava sorrindo sonhadoramente. Foi como se os anos não tivessem passado.

"Primeiro Harry volta para nós- e foi um susto e tanto, pode apostar. Demorou dias para que as pessoas acreditassem. Agora você... É como nos velhos tempos, não acha?" Ela não esperou que Gina respondesse qualquer coisa e deu um aperto reconfortante na mão da amiga. "Fico muito feliz por você estar aqui, Gina."

"Obrigada, Luna. Significa muito para mim." Gina queria dizer o mesmo, mas não podia. Para desviar o assunto tanto da sua mente quanto da amiga, ela notou que a outra bruxa estava completamente vestida com roupas do dia a dia."O que está fazendo andando pelos corredores a essa hora?"

"Sempre temos alguém patrulhando a casa e os arredores durante a noite. Geralmente fico dentro da casa, para evitar que os heliopatas se aproximem muito de onde dormimos, por mais que Hermione diga que tais criaturas não existem."

"É claro." Gina sorriu e concordou como se aquilo fizesse todo sentido. E, de certa forma, fazia. Hermione e Luna eram dois opostos e dificilmente concordariam na maior parte dos assuntos.

"Gostaria de um chá para voltar a dormir?" Luna perguntou observando atentamente as olheiras de Gina e sua expressão cansada. "Posso ir até a cozinha preparar algum, se quiser." Quando Gina declinou gentilmente com a cabeça, ela completou. "Eu guardo minhas ervas para chá longe do alcance de Jorge, se é isso que está te preocupando."

"Não é isso." Gina sorriu, não sabendo se deveria ter mais receio das ervas de Luna ou dos experimentos que Jorge fazia com o chá alheio. "Depois dessa noite, acho que nem incontáveis litros de chá poderão me fazer dormir tranquilamente."

"Oh," Luna exclamou pensativamente, encarando Gina com grandes olhos azuis que pareciam conter a sabedoria de um ancião e uma empatia assustadora. Gina tinha se esquecido de como Luna podia ser intimidante as vezes, como se nenhum segredo pudesse ser mantido dela. "Posso olhar seus filhos para que você tenha um tempo para si mesma. Não precisa se preocupar com a hora, geralmente eu ajudo a tomar conta das crianças, principalmente agora que Fleur tem um bebê pequeno para cuidar. Fico com eles o quanto for necessário."

"Como você sab-" Gina começou a perguntar, mas então mudou de ideia. Aquela era Luna afinal, ela entendia as coisas que se passavam com as pessoas antes mesmo que elas se dessem conta de que havia algo acontecendo, para começo de conversa. "Esqueça..." Ela simplesmente preferiu sorrir, se deleitando na presença da amiga.

Gina pensou em negar; não queria sair de perto dos seus filhos. Entretanto, naquele momento, havia outros assuntos urgentes que ela deveria tratar pessoalmente.

Ela assentiu agradecidamente e abraçou Luna para se despedir. Quando já estava começando a andar, se lembrou de mais uma coisa e estacou no meio do caminho.

"E Luna?"

"Sim?" Já na porta do quarto das crianças, Luna se virou para Gina com seu típico ar etéreo.

"Obrigada mesmo." Gina frisou a palavra.

"Pelo quê?" Luna franziu as sobrancelhas diante da entonação de Gina.

Gina deu de ombros, subitamente tímida. "Por não ter me pressionado ou me julgado pela minha situação com... com Draco."

Luna pensou por um momento antes de responder.

"Sabe, uma das lembranças mais fortes que eu tenho da minha mãe – de um pouco antes de ela morrer - é ela me tranquilizando quando eu chegava em casa chateada porque alguma criança vizinha tinha me ridicularizado por eu ser... diferente." Ela comentou pensativa, sem fazer juízo de valor sobre sua 'diferença', como se o fato de Luna Lovegood ser excêntrica fosse tão natural quanto o céu ser azul. "Ela me disse que, muitas vezes, tomamos caminhos que os outros não acham adequados ou certos. Mas que a beleza da vida era justamente o fato de não existir um caminho único. Acho que eu concordo com isso."

E com isso, ela sorriu mais uma vez, colocou a varinha atrás da orelha e adentrou o quarto para tomar conta dos filhos de Gina.

Durante alguns minutos, Gina simplesmente ficou ali, observando a porta por onde Luna tinha desaparecido e absorvendo aquelas palavras.

Por fim, decidiu que era o momento seguir adiante no caminho que tinha escolhido.

Andando pelos corredores confusos pela primeira vez desde que chegara na noite anterior, ela notou que o lugar que foi destinado para abrigar Gui e Fleur depois do casamento deles tinha sido convertido numa versão litorânea do que era A Toca.

Aparentemente com o passar dos anos mais e mais cômodos foram sendo acrescentados para abrigar todos os membros da Resistência que precisaram de ajuda; o resultado daquilo foi algo monstruosamente grande (de altura e largura), desproporcional e com uma aparência que com certeza faria Draco ter um chilique arquitetônico.

Ela sorriu ao imaginar a cena, mas, no instante seguinte, o sorriso tinha morrido nos seus lábios diante de tantas dúvidas.

Draco…

Onde ele havia sido colocado? Precisava falar com ele, entender o que estava acontecendo, dizer tudo aquilo que havia ensaiado tanto.

Gina vagou incessantemente procurando o lugar onde ele poderia ter passado a noite, mas tudo era tão confuso, tão grande e desordenado que ela teve que desistir quando o dia raiou completamente, se dirigindo para o único lugar que tinha memorizado com facilidade: o lugar onde as decisões da Resistência eram tomadas e para onde ela tinha sido levada na noite anterior.

Era uma sala bastante grande, preenchida com sofás de variados tamanhos e cores, dando um ar de desordem que, de alguma forma, fazia com que ela se sentisse um pouquinho mais em casa. Se sentou confortavelmente e se limitou a esperar.

Ela suspirou resignadamente pensando no contraste entre a simetria da Mansão Malfoy e a ordem caótica da casa da sua família, um contraste que representava essencialmente a própria relação entre Draco e ela.

Depois de um tempo esperando no lugar, todos foram chegando pouco a pouco – seus irmãos, cunhadas, pais, amigos, Harry, Narcissa-, trazidos pela curiosidade, pelo dever e pela saudade, numa combinação de sentimentos estranha e dolorosa. Gina tinha certeza de que, se esticasse a mão, poderia tocar a tensão no ar.

Quando finalmente estavam todos reunidos, Molly tentou quebrar o clima desagradável se dirigindo à Narcissa. "Sra. Malfoy, gostaria de algo para beber? Ou alguma outra coisa que podemos fazer por você?"

"Não quero nenhuma bebida, obrigada." Narcissa respondeu com sua polidez glacial. "Mas, de fato, tem algo que eu gostaria." Molly aguardou pacientemente enquanto Narcissa esquadrinhava todos ao seu redor. "Quero saber onde está meu filho e por que ele não está aqui, ao lado da mãe e da esposa."

"Draco se reunirá a nós em breve, Sra. Malfoy." Arthur respondeu no lugar da esposa, tentando tranquilizar Narcissa. "Também é do nosso interesse que nós possamos esclarecer todos os pontos com seu filho."

Narcissa lançou um olhar frio e descrente para Arthur. Molly, por sua vez, voltou sua atenção para a filha em mais uma tentativa de criar um ambiente mais ameno no meio de uma guerra. "Gina, você não dormiu no quarto que eu havia preparado..."

"Eu dormi em outro quarto, com James e Aries." Gina sorriu fracamente, querendo – e não conseguindo – dizer que estava se sentindo completamente em casa. Então ela desviou o assunto, se lembrando de outro ponto que estava inquietando-a. "Eu preciso de um jeito de me comunicar com Dave, o rapaz que trabalha comigo na minha loja, e com o resto dos funcionários…" Mordeu o lábio, se sentindo culpada. "Eles estarão em perigo agora, por minha causa."

"Gui antecipou esse problema." Arthur ajeitou os óculos, cansado como se não tivesse dormido a noite. "Pela madrugada, ele foi para Londres acompanhar Hermione e aproveitou para ficar por lá para resolver essa questão. Ele vai tratar de esconder essas pessoas, provavelmente trazendo-as para cá."

Gina assentiu aliviada, mas, então, sua curiosidade aflorou.

"E por que Hermione foi até Londres?" Ela não endereçou a pergunta a ninguém em particular e foi Minerva McGonagall quem respondeu.

"É por isso que chamamos todos aqui, de fato. A Sra. Weasley logo estará conosco para contar ela mesma a razão da sua ida à Londres."

E o tratamento formal não ficava estranho, saindo da boca da ex-professora. Naturalmente, ela estava mais velha e com a aparência fatigada, mas ainda tinha uma áurea de respeito em volta de si, com sua expressão severa nunca abandonando seu rosto.

"E Draco?" Sem se deixar intimidar, Gina perguntou teimosamente e cruzou os braços, esperando iniciar uma guerra. "Estará logo conosco também?"

Harry cruzou os braços numa atitude semelhante e quando estava prestes a abrir a boca, Rony entrou na sala, trazendo Draco ainda amarrado pelas mãos, seguidos de perto por Blaise.

Draco ainda estava com a mesma expressão de frieza zombeteira nos olhos e o estômago de Gina deu um nó porque eles não tinham mais aquela centelha de... algo mais, de algo que ela tinha se acostumado a ver.

"Onde está Aries?" Draco se dirigiu a ela diretamente, depois de medir todos os outros presentes e ignorá-los, com exceção da sua mãe, para quem ele abaixou a cabeça minimamente quando pousou os olhos sobre ela.

"Luna está tomando conta dele, junto com James e as outras crianças." Gina respondeu ainda tentando identificar a razão da frieza do comportamento dele.

"Você deixou meu filho com a Di-Lua!?" Ele perguntou incrédulo e Rony deu um puxão na corda, fazendo-o tropeçar para frente. Gina rolou os olhos, para Draco e para o irmão.

"O garoto vai ficar bem, Malfoy. Ele é metade Weasley, afinal." Rony disse malicioso e Draco fez uma careta de repúdio diante da ideia. "Já quanto ao seu bem estar, não podemos ter tanta certeza."

"Não querendo atrapalhar a reunião de família, mas considerando isso como um dever pelos velhos tempos." Enquanto ia se sentar ao lado de Narcissa, Blaise chamou a atenção para si antes que Draco pudesse responder o irmão de Gina com algum desaforo. "Eu gostaria de partir o mais depressa possível, então…" Ele acenou com a mão como se estivesse apressando as coisas.

"Antes precisamos saber se é seguro deixar você partir ou permitir que Malfoy ande livre por aí." Harry se manifestou pela primeira vez. "Para isso, temos que juntar provas, evidências e-"

Draco se empertigou. "Sob hipótese alguma eu vou ser julgado por você, Potter." Ele sibilou venenosamente. "Tudo que vocês precisam saber é que eu fiz um maldito voto perpétuo que me liga ao filho de Ginevra e isso me impede de fazer qualquer coisa contra vocês, com o risco de me prejudicar se o fizer. Se preferem me manter acorrentado na companhia do Weasley mais feio que já pisou na terra, ótimo. Melhor isso do que encarar o Lorde das Trevas."

"É muito difícil engolir isso, Malfoy." Gui interveio, sua voz calma e clara como sempre, antes que Rony conseguisse verbalizar os insultos mais tenebrosos que ele pudesse conjurar. "Nós nem sabemos ao certo por que você fez o voto."

"Isso importa, Weasley?" Draco se virou para ele, levantando uma sobrancelha.

Gina não sabia se ficava emocionada ou exasperada com o fato de que Draco não queria dizer que tudo aquilo tinha sido culpa dela, que ela havia forçado-o a se casar e fazer o voto perpétuo.

Ele estava deixando a decisão de contar tudo a cargo dela, por mais irritado que estivesse com ela, com a situação.

Obviamente, seus irmãos já desconfiavam da natureza do acordo entre os dois pela conversa que eles tiveram há meses, quando sua família descobriu do casamento iminente. Entretanto admitir isso na frente dos seus pais e amigos era muito difícil.

Ela suspirou, tomando coragem. Devia aquilo ao Draco. Devia aquilo a si mesma.

"Ele fez o voto perpétuo porque eu o chantageei." Todos os olhos se voltaram para ela, não escondendo a surpresa. "Obriguei-o a proteger James, do contrário, entregaria certas memórias de Harry para Você-Sabe-Quem. Memórias que poderiam… comprometer Draco e sua família."

"As memórias onde eu aparecia…" Narcissa sussurrou subitamente mais pálida e encarou Gina com uma expressão de choque. Enfim, ela tinha entendido tudo.

"Eu não me lembro de nada assim." Harry pareceu confuso e Gina viu quando Draco rolou os olhos, numa clara atitude de 'se as memórias estavam com ela, é meio óbvio que você não se lembraria, não?'

Ele fez questão de manifestar o pensamento em voz alta. "E suponho que você nem vá se lembrar. Eu destruí todas elas."

Eles se encararam ferozmente mais uma vez.

"Que direito você tinha de destruir algo que não era seu?" Harry semicerrou os olhos, extremamente contrariado pelo fato de que Draco Malfoy tinha posto fim em algo que lhe pertencia.

"O direito das pessoas chantageadas." Draco retrucou de forma insolente e petulante. "Além do mais, eram memórias que envolviam a minha mãe. Logo, por uma questão de herança, eu possuía os direitos de imagem sobre aquelas lembranças também." Ele zombou.

"Alguém se importa de explicar o que havia de tão importante nas memórias?" Jorge coçou a orelha que faltava, tentando acompanhar a conversa.

"Eram memórias onde Narcissa ajudava na Batalha de Hogwarts, salvando a vida de Harry," Gina achou necessário ser explícita nesse ponto. "E de depois, onde dava informações sobre os Comensais da Morte, que serviram de base para o ataque na Batalha da Floresta Proibida. Harry deve ter tirado essas lembranças para protegê-la e então elas ficaram comigo."

O silêncio que tomou o ambiente era quase sufocante.

"Por que foi necessário o casamento, em nome de Merlin?" Molly exclamou. Ela estava pálida e seu marido pousou a mão no seu braço, para confortá-la. "Draco poderia protegê-los sem essa complicação a mais."

"Eu-" Gina tentou gaguejar uma resposta, mas sua mãe a interrompeu com o dedo indicador em riste.

"Eu não pense que eu acharia sua atitude certa mesmo se não houvesse esse casamento, mocinha. Chantagem!" Ela balançou a cabeça como se não conseguisse acreditar naquilo.

Gina suspirou. "Eu não queria somente a proteção velada de Draco. Sendo uma Malfoy, todos pensariam muitas vezes antes fazer qualquer coisa contra mim. Eu queria... Eu precisava-" Ela se corrigiu mais enfaticamente. "da segurança absoluta que o nome dele traria, para mim e para meu filho."

"Não tão absoluta, como descobrimos noite passada." Harry comentou amargamente, olhando para o teto.

Evitando olhar para seus pais e para os membros mais velhos da Ordem - não podia lidar com a decepção absoluta e a desaprovação, não agora - ela se concentrou em Harry. Se levantou do sofá e se encaminhou para onde Harry estava, encostado na parede.

Todos os olhos a acompanharam, incluindo um par cinza, que cada vez mais tomava uma tonalidade escura, quase chumbo.

Gina pegou na mão de Harry gentilmente - devia isso a ele também - e, de costas, não viu como a expressão de Draco ficou absolutamente sombria antes de voltar a ser inescrutável.

"Você pode não se lembrar, mas foram as suas memórias que protegeram a mim e ao seu filho." Porque colocaram Draco na nossa vida, ela pensou, mas preferiu guardar o detalhe para si. "E Narcissa Malfoy foi muito importante para nós, Harry. Ela salvou a todos nós, em Hogwarts e na Floresta Proibida." Então finalmente Gina olhou para Narcissa, ainda segurando a mão de Harry. "Obrigada, Sra. Malfoy. E me perdoe. Eu já devia ter pedido isso antes. Sinto muito."

Harry entendeu então porque aquele sentimento estranho com relação à Narcissa Malfoy ficou no fundo da sua mente, desde que acordara na Espanha.

Harry e Narcissa se encararam intensamente, ele tentando puxar algum resquício de memória com relação à mulher e ela se lembrando de tudo que queria esquecer, das atitudes que levaram à morte de Lucio Malfoy.

O silêncio que se seguiu fez com Gina se sentisse comprimida, pressionada entre as paredes, as pessoas, os olhares incrédulos. E o que mais havia machucado, pela decepção nos olhos verdes de Arthur Weasley.

"E isso, senhoras e senhores, é o que eu chamo de ter teto de vidro." Draco zombou, com raiva permeando suas palavras.

Raiva dela, raiva daquele gesto carinho em direção ao Potter. Entretanto, ele não olhou para Gina – não olhou para as mãos entrelaçadas, para o que elas representavam - e preferiu encarar os parentes dela.

"Como vocês se sentem, tendo alguém capaz desse tipo de coisa da família? Chantagem, manipulação, violência psicológica… Conseguem ver quem é a vítima de verdade aqui?" Ele levantou os pulsos zombeteiramente, como para mostrar a evidência da incoerência do comportamento da família Weasley. "E, ironicamente, sou eu quem está amarrado."

Por que ele está agindo assim?, Gina se encolheu diante das palavras carregadas de veneno, soltando a mão de Harry e se aproximando inconscientemente de Draco.

"Draco, já é o bastante." Narcissa interrompeu com sua voz altiva. "Poderiam soltar meu filho, por favor? Como vocês já puderam deduzir, nós não temos outro lugar para ir tão urgentemente."

Rony fez menção de protestar - ainda que tivesse afrouxado o aperto na corda diante do tom de Narcissa - , quando Hermione adentrou a sala, numa confusão de cabelos castanhos e capa esvoaçante.

"Faça como ela disse, Rony." Ela disse enquanto se encaminhava para ficar ao lado do marido. "A Sra. Malfoy tem razão. Acabei de voltar de um encontro com Percy. Realmente, Malfoy conseguiu a informação há um tempo e apagou a memória dele para que ninguém soubesse."

"Você desfez meu feitiço?" Draco perguntou para a Hermione com uma nota de orgulho ferido na voz enquanto levantava uma sobrancelha desdenhosa para ela, com nojo no rosto.

"Não acredito que você chegou a pensar por um momento que ela não conseguiria." Rony riu marotamente e deu um beijo orgulhoso na testa da esposa.

"Não foi difícil, na verdade. Já tive que lidar com alguns piores." Hermione desconsiderou seu feito e Draco fechou a cara instantaneamente. "Mas o importante é que pude confirmar que o Malfoy sabia onde estávamos e não nos entregou…" Ela deixou as implicações daquele fato no ar antes de completar com mais veemência. "Então, acho melhor nos livrarmos dessas cordas, Rony. Ele estava falando a verdade."

"Você sabia mesmo onde minha família estava e não me contou?" Gina perguntou, fitando Draco incredulamente. Iria fazê-lo olhar para ela, nem que tivesse que lançar um feitiço nele.

"Não sei se você reparou, mas não éramos exatamente confidentes." Draco respondeu com a voz arrastada, entediada, olhando algum ponto acima da cabeça de Rony.

"Éramos casados." Gina estava começando a perder a paciência com aquela atitude quando percebeu que, nas condições deles, o fato de serem casados não ajudava em nada. "Estávamos juntos." Ela completou timidamente, querendo que ele entendesse a dimensão da relação deles, de uma vez por todas.

Draco deu de ombros, finalmente olhando para ela. "Tínhamos um acordo. E ele não incluía trocar segredos."

"Por que você está fazendo isso?" Gina se encolheu e sua voz saiu um pouco mais esganiçada do que ela tinha pretendido.

"Fazendo o quê? Falando a verdade?" Draco rosnou, odiando a sensação de seu coração acelerando. "A realidade não corresponde às suas expectativas? Aceite o conselho de quem entende do assunto, Ginevra: isso raramente acontece."

Diante do tratamento que Draco estava dando à relação deles na frente de todos, ela pôde sentir o ambiente ficar menos tenso, como se um dos maiores problemas para sua família era ter Draco Malfoy realmente junto dela. Gina não podia acreditar em tanta estupidez, deles e de Draco.

"Você é um idiota, Draco Malfoy." Ela sentiu seu gênio aflorar e cravou as unhas nas palmas das mãos para evitar esganar Draco na frente de todos.

"Me conte alguma novidade sobre suas opiniões, Ginevra." Ele suspirou aborrecido. Sou um idiota mesmo, por ter me deixado chegar a esse ponto, ele pensou se lembrando de como ela havia abraçado o maldito Potter, dito que não haveria mais sacrifícios, segurado na mão dele de forma tão íntima, como se os anos não tivessem passado e ainda estivessem na grande porcaria do jardim de Hogwarts, se engalfinhando como dois animais. E a lembrança de ter vislumbrado uma cena daquelas entre dois doeu pela primeira vez, como não havia doído na época. "A questão é que, graças a sua elfo intrometida, o Lorde das Trevas sabe de tudo e..." Ele se interrompeu, desviando o olhar de Gina. "Há algo mais."

"O que foi dessa vez?" Harry rolou os olhos e Gina mordeu o lábio, não gostando nada da expressão abertamente preocupada em um rosto que tradicionalmente não mostrava nada.

Draco respirou fundo antes de falar. "Há uma profecia."

"Sempre houve uma profecia, Malfoy." Hermione constatou como se estivesse explicando algo muito óbvio.

"Você devia saber, já que seu pai foi preso no Ministério quando estava atrás dela e tentando nos matar." Rony acrescentou com um misto de curiosidade e amargura.

Era claro que Draco sabia da outra profecia. Por causa dela - da falha do seu pai em obtê-la -, ele foi designado (punido) para tentar matar Dumbledore, naquela noite na Torre de Astronomia. Na noite que havia mudado a vida de todos os presentes ali e desencadeado uma série de eventos que culminaram naquela reunião estranha entre remanescentes da Ordem da Fênix e um Comensal da Morte, agora com objetivos em comum.

"Uma outra profecia, Sabichona." Draco fez uma careta de desgosto e se concentrou no presente. "Aparentemente, uma que envolve os frutos de Harry Potter e do Lorde das Trevas."

"Frutos?" Jorge questionou. "No sentido de consequência?"

"Frutos no sentido de herança." Hermione ficou pálida com a própria constatação, levando a mão pensativamente até a boca, já entendendo onde Draco queria chegar.

Draco assentiu. "Durante muito tempo, o Lorde das Trevas mirou a Resistência como seu alvo principal. Todas suas ordens e desejos diziam respeito ao extermínio total e completo dos rebeldes. E também durante muito tempo eu não entendi a razão daquela obsessão. Afinal, esses anos todos vocês estiveram em clara desvantagem." Um 'graças a mim' ficou implícito na frase, mas todos conseguiram entendê-lo como se tivessem efetivamente ouvido da boca de Draco.

"Corta essa, Malfoy." Jorge rosnou. "E desembucha logo o que você tem para dizer."

"Você-Sabe-Quem cometeu um erro." Blaise entendeu, assim como Hermione, e disse mais para si mesmo do que para os outros.

Draco olhou agradecido para o amigo por não deixar a maldita sangue-ruim ser a única com um pouco de raciocínio naquela sala.

"O profecia se referia ao filho de Potter," E à Ginevra, Draco pensou e engoliu em seco. "O fruto do Cicatriz – assim como tudo que o carregasse - seria maldito para o Lorde das Trevas, sendo a recíproca verdadeira."

"E qual é o fruto de Você-Sabe-Quem?" Gina perguntou, pensando em voz alta.

Mesmo que a pergunta não tivesse sido endereçada a ninguém em particular, Blaise respondeu introspectivamente. "Sinceramente, essa é uma das poucas coisas que me apavora saber." Ele murmurou, criando mil cenários de Voldemort gerando qualquer fruto na sua cabeça e dispensando-os com uma leve careta.

"Horcruxes." Foi tudo que Harry disse e, para alguns, aquilo fez total sentido.

Para Draco, contudo, a constatação não poderia interessar menos. O que contava era a importância de James, Ginevra e, que Merlin não permitisse, até de Aries para o Lorde das Trevas. E o que ele faria para por as mãos horrendas neles. E em Potter.

Ainda havia Potter...

Tomando fôlego, Draco aproveitou o silêncio momentâneo e contou sobre a conversa com Voldemort e como ele tinha cercado-o para descobrir a verdade.

Quando terminou, todos, sem exceção, estavam em choque. Molly Weasley teve que apoiar o corpo rechonchudo contra o sofá e Gina sentiu sua cabeça rodar e ficar mais pálida.

Não meu filho, por favor, não, ela pensava freneticamente.

"Para escapar, tive que abrir minha mente para ele. Só consegui ocultar a localização da Resistência." Draco olhou diretamente para Harry, como um aviso, uma ameaça. "E sabe sobre você também."

Harry simplesmente assentiu, como se estivesse preparado para o que viesse.

Então, Arthur Weasley foi até onde estava Rony e libertou Draco da corda conjurada com um toque da sua varinha. "Chega disso. Agora, mais do que nunca, vamos precisar de todo auxílio que pudermos dispor." Ele tirou do bolso interno do robe a varinha que havia sido tomada de Draco e a ofereceu para o genro. "Para nós aqui, não importa a origem das coisas, mas sim o quão bem elas nos fazem."

E para Draco, assim como para todos os outros, ficou clara a mensagem que era metade aviso, metade gesto de paz.

Se você está atravessando um inferno..., foi tudo que Draco pensou quando segurou firme na sua varinha, sentindo como se seu braço tivesse sido amputado e então devolvido magicamente para ele. Não pare.


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Notas finais do capítulo

Essa última frase do Draco - e o título do capítulo - está longe de ser minha. É atribuída a Winston Churchill e eu a usei descaradamente por achar que combinava com a situação, tanto do Draco quanto da Gina. =P



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