Faith - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 21
Redenção


Notas iniciais do capítulo

Esse provavelmente foi o capítulo que eu tive mais trabalho para escrever. Dois motivos: provas e estudos. Sou uma vestibulanda sofrida sem tempo para nada além de estudar. Outro, eu queria escrever algo perfeito, e era algo difícil de es escrever.

Ainda não sei se gostei do resultado, mas é meu favorito até agora. Espero que gostem.

Sei que eu disse que faltavam apenas 4 capítulos (e pelas contas esse seria o penúltimo), mas mudei de ideia, porque ia ser muito conteúdo para assimilar, e secretamente to com pena de me despedir. Mas também não se animem, só acrescentei um capítulo ou dois. Fora o epílogo.

Eu tenho uma one shot Tomione, e gostaria que dessem uma olhada!
http://fanfiction.com.br/historia/528879/Apaixonada/

Só isso, curtam o capítulo.



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– Lembre-se de quem você realmente é, Tom. Força– em algum momento antes de perder a consciência, Tom escutou Hermione falar.

O problema era: quem ele era?

Tom, no meio da dor que sentia, se viu dividido em dois no tradicional cenário branco.

A criatura ofídica estava ali, mas estava agonizando em um canto. Partes de sua pele branca estava caindo em cinzas e o que ficava assumia um tom de vermelho que parecia carne viva. E estava incrivelmente magro e corcunda.

Aquilo era Voldemort? Onde estava o poder?

O outro era um Tom sentado em uma cadeira lendo um livro, passava as páginas devagar e parecia muito concentrado no que estava lendo. Tom reparou que na mão esquerda faltava o dedo anelar, e então olhou para a própria mão. Estava vermelha e inchada em torno do anel de sua família. Teve um pressentimento ruim.

– Engraçado como escolher sempre é difícil.

Tom revirou os olhos e gemeu em desgosto. Será que nem em uma alucinação Alvo Dumbledore o deixava em paz?

– Isso é uma alucinação, certo? - perguntou, pressionando as têmporas.

– Só se você achar que é. A linha entre o real e o irreal é ainda mais fina que a do amor e ódio, Tom. Isso pode ser real e ainda sim ser uma alucinação. Quem sabe o que é verdadeiro ou falso?

– Meu Merlin, você é insuportável até na minha loucura - resmungou, e Dumbledore sorriu, alegre.

– Tom, meu filho. Sua hora chegou.

– Eu vou morrer?

Tom se apavorou. Nunca pensou que seu fim seria do jeito que tinha sido. Tanta dor e sofrimento, na floresta imunda de Hogwarts com sua namorada falando besteiras em seu ouvido. Na verdade, qualquer tipo de morte seria detestável para ele. Tom queria vencer a morte.

Passou os dedos em tordo no anel. Para que aquela porcaria tinha servido? Matara sem pena para realizar seu sonho e no fim iria morrer?

– Só se dentro de você existir mais mal que bem.

Ponderou. Ele era mau ou bom? Essa era fácil. Tom era cruel, mau, e sem muito caráter. Mas isso era maior que seu lado bom?

Qual seria seu lado bom?

Uma vez, quando ainda estava estudando sobre as horcruxes, viu que havia um jeito de reverter o processo de divisão das almas. Arrependimento. Se a pessoa se arrependesse de verdade de ter feito o que fizera, a alma se regeneraria, mas era um processo tão doloroso que poderia matar a pessoa.

Só se dentro de você existir mais mal que bem.

Só que ele não se arrependia, não de verdade. Era o que ele achava. Sempre se orgulhou de seus atos. Sempre.

Sempre que ele olhava para a castanha, ele queria ser o melhor, e sabia que do jeito que estava não era nem perto de bom o suficiente para a castanha. O amor o fizera se arrepender, mesmo que não quisesse?

Que droga, resmungou.

Hermione era sua redenção, e por mais que fosse difícil mudar, por ela qualquer coisa valeria a pena.

– Professor, onde estamos?

– No limbo, Tom. É um lugar entre a vida e a morte onde se tomam decisões. Alguns chamam de purgatório. Aqui você toma suas decisões para ver se consegue redenção, ou se é o fim de sua jornada.

Ele olhou para o professor e depois para suas duas versões. Voldemort em pedaços. Seu eu lendo.

– Se eu escolher um eu morro, certo? - perguntou, apreensivo.

– Apenas se escolher o lado errado. Boa sorte.

Ponderou, ficou pensando pelo que pareceu por uma eternidade. Então tomou uma decisão.

E a dor recomeçou, e parecia ser mil vezes pior.

(...)

– Vocês não podem me tirar daqui.

Foi a primeira coisa que ele ouviu. Não sabia onde estava, e por muito tempo não se lembrou de quem era. A única coisa que escutava e compreendia, era a irritante voz que esperneava para não sair do lugar que estava.

Era uma voz de garota, e terrivelmente familiar. Mas tinha que ser tão esganiçada? Que irritante. Entretanto, a voz causava um sentimento engraçado em seu estômago. Fazia o mesmo se revirar se retorcer.

– Olhe as costas dele, eu não consigo ver isso.

Meu Deus, cale a boca, quis gritar, mas não conseguia falar. Na verdade, não conseguia se mexer. Mas notou uma coisa, estava com a barriga para baixo, ou seja, a garota esganiçada falava dele.

Tentou se lembrar de quem era, revirando sua memória. Conseguia se lembrar de um castelo, de um quarto em tons de verde e prateado, um orfanato, e uma linda menina de olhos castanhos e cabelos irregulares, que sorria docemente. Ele sentia que queria beijar a menina, embora não soubesse como fazer isso.

– Olha só, eu sei que deveria estar em aula, mas é meu namorado ali. Não posso deixar Tom abandonado aqui.

Namorado? Nunca namoraria a garota da voz chata. Queria a castanha delicada que se lembrava.

Mas foi bom a menina falar. Sim, era Tom Riddle, dezessete anos. Estudante da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Magia era real e sua casa era a Sonserina. Era órfão, e por muito tempo fora cruel e assumira o pseudônimo de Voldemort.

Mas ele se lembrava de ter escolhido a redenção, porque isso o permitiria ficar com Hermione, a única que ele sabia que amava. A única que o amava de volta. A menina da voz esganiçada e com um caráter inabalável.

A garota que ele amava.

Abriu os olhos em supetão, tentando se sentar, mas sentindo uma dor tremenda. Não conseguiu evitar o grito. A enfermeira Lynch correu até ele, sendo seguida por uma Hermione mais apreensiva ainda.

– Deite-se menino, ainda não está em condições de se levantar.

Resmungou algo incompreensível e revirou os olhos. Detestava ir para ala hospitalar.

– Madame Lynch, será que poderia conversar com Tom em particular? Só para situá-lo. Prometo que não vou demorar.

A enfermeira assentiu, indo para um escritório particular. Tom se sentia muito estúpido deitado de costas, mas não podia fazer nada. Sentia que estava muito machucada, embora não doesse tanto.

– O que aconteceu? - perguntou.

– Foi tão horrível - os olhos da garota ficaram marejados. - Você parecia estar tendo um acesso, e depois ficou parado, parecia... parecia morto - a voz ficou embargada - Então seu dedo começou a pegar fogo, assim como suas costas. Madame Lynch tentou reparar com magia, mas como as horcruxes são magia negra, os ferimentos estão tendo que ser tratados manualmente, como trouxa. O diário continua intacto, embora o resto do seu material tenha pegado fogo, e te machucado. E quanto a sua mão... sinto muito, querido.

Tom se levantou novamente, ficando sentado na cama desconfortável. Encarou as mãos e quase levou um susto.

A mão direita estava normal, os dedos finos e longos pálidos como sempre. A mão esquerda era a novidade, toda enfaixada, com um espaço extra. Faltava um dedo, o anelar. Lembrou-se do limbo onde ficara, o caminho bom estava com um dedo faltando. Na hora, nem tinha reparado. Agora se sentia errado, defeituoso.

Até agora, escolher o lado bom só tinha te trazido problemas. As costas queimadas, um dedo faltando, e uma dor absurda de cabeça. Olhou então nos olhos de Hermione. Marejados, um pouco vermelhos, mas ainda no tom de chocolate perfeito. Aqueles olhos eram a parte boa da redenção. Hermione inteira era.

– Eu fico feliz apesar de tudo. Você se arrependeu.

– Onde estão meus diário e anel? - perguntou, ignorando a frase dela. A menina piscou, confusa pela mudança brusca de assunto.

– Vou pegar - saiu, e retornou com o diário e anel em mãos. Tom quis gritar para ela que eram amaldiçoados, e que não podiam ser tocados, mas não conseguiu. - Aparentemente são apenas objetos normais agora. Fiquei receosa de tocar, mas tudo está sob controle.

Tom pegou o anel e o mexeu entre os dedos da mão direita. Sua família morrera, assassinada por ele. Tudo para aquele maldito anel enfeitiçado arrancar fora um pedaço seu. Estava frustrado.

Mas servira para tomar uma decisão.

Olhara para os lados, e viu sua varinha na cabeceira da cama. Pegou com dificuldade e murmurou uma série de feitiços, fazendo o anel diminuir de tamanho.

– Não devia estar se esforçando desse jeito, Tom. Precisa descansar - aconselhou, a voz preocupada.

– Esse é um anel de família. A família Gaunt. Posso não ter o nome, mas o sangue é, sou o Herdeiro de Slytherin, esse anel é por direito meu. Por muito tempo eu o usei como um armário, guardando um pedaço da minha alma repartida. Agora que ela se juntou novamente, ele voltou a ser um anel de família, infelizmente, os Gaunt estão mortos. Agora pertence família Riddle. Infelizmente, eu os matei, então eu sou o único Riddle que restou. E eu gostaria, se a senhorita quiser é claro, que você fosse a segunda Riddle. Quer se casar comigo, Hermione?

O queixo da castanha caiu, e Tom pensou se não tinha ido longe demais. Ele a amava, e sabia que não queria passar a vida cm outra pessoa se não com ela. Mas Hermione poderia muito bem voltar para Ronald, ou qualquer outra coisa. Ele só era um órfão pobre e agora aleijado.

– Eu sei que não é muita coisa, e que agora eu não sou nada. Mas eu te amo, Granger - barra - Dumbledore - barra - Sangue Ruim, e acho que isso deve ser o bastante. Amor na é tudo e blá blá blá?

Estava nervoso, Hermione continuava olhando séria para ele, e ele acabava falando demais.

– Tom, eu já disse. Amor é retribuição. Eu te dei tudo que eu podia, e quando se arrependeu, você me deu tudo que você tinha. Você se deu para mim. Eu te amo, Tom. É claro que eu me caso com você.

Seu estômago se contraiu. Precisava ser totalmente sincero com ela.

– Ele ainda vive em mim, Hermione. Eu posso o ouvir falando coisas absurdas sobre morte na minha cabeça. Eu tenho medo - admitiu, recebendo um olhar sereno como resposta.

– Eu vou estar aqui toda vez que ele quiser sair. Não vou deixar nada acontecer.

Ela abriu um largo sorriso quando ele colocou o anel sem seu dedo direito, mostrando o compromisso do noivado. Ele estava tão feliz, mas tão feliz, que se sentia completo e poderoso, sem precisar de mais nada. Ignorava a dor na mão e nas costas. Suas bochechas estavam dormentes, mas o sorriso só parecia querer aumentar.

Hermione o beijou e lanços os braços em torno de seu pescoço, abraçando-o. Gemeu de dor, mas a castanha não percebeu.

– Tenho tantas coisas para planejar. Cerimônia, convidados, comidas. Claro que será só quando terminamos os estudos e conseguirmos um bom trabalho. Acho eu tentarei uma vaga no ministério, e você, Tom? Ai meu Merlin, ainda tem as comidas. Será que Minerva me ajudaria? Ela vai enlouquecer!

– Hermione, meu amor - resmungou, sendo sufocado pelo abraço - Convide quem quiser, e sirva o que quiser, mas me solte. Está me machucando.

(...)

Alvo andava compulsivamente pela sala. Fora fácil enganar os alunos falando que Tom Riddle tinha sido atacado por alguma criatura, e que estava passando a semana se recuperando na ala hospitalar.

Difícil fora ver o olhar preocupado de sua sobrinha, aflito sem saber se o garoto que amava sairia vivo ou não da situação.

Ele via a si mesmo na menina, lembrava-se de Gellert e das confusões que o loiro se metia, e ele sempre preocupado.

Por que tinha sempre que se lembrar de Grindewald?

Para piorar, voltara a receber mensagens dele. A última tinha sido sem dúvidas a pior.

Era uma fotografia rasgada ao meio, com uma menina de cabelos castanhos olhando para algo além do papel, provavelmente para a pessoa que estava no outro pedaço. Era Hermione nas ruas de Hogsmeade.

E tinha a mensagem no verso da foto.

Como nossa garotinha cresceu, não é, Alvie? Espero que ela esteja pronta para morrer.

Estou chegando.

Gellert estava definitivamente fora de controle, ele precisava fazer algo, mas o que? Pense, Alvo, pense.

Estou chegando.

Dumbledore não estava preparado para receber visitas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem a opinião de vocês.
Não deixem de ler as notas iniciais.