Faith - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 20
Arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Gente, quase chorei com esse capítulo, sério. Foi muito importante para mim, e para a reta final de Faith.

Capítulo dedicado a Stories About Jane, que deixou uma recomendação perfeita. Chorei com ela, de verdade. Um beijão para você, sua linda! Aproveite seu capítulo.

Na verdade quem me inspira são vocês, que sempre estão aqui acompanhando. Obrigada mesmo.

Curtam o capítulo.



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Hermione ofegava fortemente, e a máscara de Tom já tinha ido parar no chão. Hermione ao encarar os olhos se enegrecendo de novo sentia uma vontade horrível de chorar, de voltar para a casa dos pais e se esconder até morrer. Seu coração doía tanto, mas tanto, que parecia que ia explodir. Seus olhos ardiam, mas ela se recusava a chorar. A situação era tão, tão errada.

Estava decepciona, enraivecida e quebrada. Pensava que Tom estivesse melhorando, não regredindo.

Como ele tinha a coragem de fazer aquilo? A garota era uma criança.

Ela se lembrou das palavras de Voldemort antes de voltar ao passado: ele não pouparia mulheres e crianças, nem qualquer um que se metesse em seu caminho. Voldemort tinha uma essência má e cruel, que não perdoava ninguém para que atingisse seus objetivos, e isso contribuía muito para que Tom se tornasse igual.

A castanha estava magoada, em todo tempo em que os dois estavam juntos ele parecia amar e estar recebendo bem amor que ela passava para ele, e ela acreditava que ele estava sendo honesto com ela. É claro que ele não estava. Assim como no fundo, ela também não era com ele. Era incrível como eles tinham um relacionamento saudável e mentiroso. Hermione escondia toda sua história e Tom também, deveria ser justo ele omitir o que fazia.

No entanto, nada justificava uma tortura. Dentro de Hogwarts, ainda por cima!

– Eu vou levá-la para minha casa, e se vocês não saírem daqui imediatamente e irem se deitar agora eu irei voltar com Dumbledore e Dippet - falou. Esperava que soasse chorosa, pois era assim que se sentia, mas sua voz estava seca e firme.

Ela se ajoelhou de frente para a menina que chorava baixinho e murmurou uma série de feitiços que a fez dormir e levitar o suficiente para não ter que carregá-la.

– Hermione... - Tom tentou se pronunciar, a voz embargada de remorso, mas Hermione o impediu.

– Não fale comigo, ou eu juro que te mato agora.

Ele assentiu, e olhar ressentido que recebeu de Hermione quebrou uma coisa esquisita em seu peito.

Tom descobrira que tinha um coração. E que ele estava partido.

(...)

Tom encarava todo o terreno de Hogwarts da torre de astronomia. Estava em seu horário de monitoria, mas não estava realmente interessado em fazer ronda pelo colégio, assim como estava odiando ficar na torre.

O lugar que mais te trazia paz em todo mundo agora o lembrava da garota grifinória. Se lembrava dos beijos, dos abraços, de todas as vezes que assistiram ao nascer do sol e as estrelas a noite. Uma semana que ela o evitava, e quando falava com ele era seca e fria.

Depois de ter Hermione em seus braços e beijar seus lábios rosados, qualquer coisa diferente disso era esquisito para ele.

De repente, sentiu raiva da garota. Ele nunca a questionava, mesmo sabendo que ela era misteriosa e mentirosa, ele a apoiava em tudo, e gostara dela mesmo antes dela ser uma Dumbledore, gostava dele quando ainda tinha o sangue sujo e ia contra seus princípios. Ele estava disposto a enfrentar seus seguidores para ficar com ela. O mínimo que ela podia fazer era apoiá-lo em seus planos, ser sua lady.

Que tipo de amor era aquele que não se curvava às suas vontades?

Bufou irritado, passando as mãos pelos cabelos. Hermione era uma sangue ruim idiota mesmo.

Ele tinha que fazer o que fez, purificar sua escola, para depois fazer o mesmo com o mundo bruxo. Hermione não podia ficar brava com ele, se ela sentia o mesmo por ele, deveria seguir suas ideias e abandonar as anteriores, aquelas que a deixava amiga de tudo que não prestava.

– Sabe Tom, quando eu era aluno da escola também sempre vinha aqui. Parece que o mundo inteiro se abre nessa torre, vemos tantas coisas lindas daqui de cima. Eu sempre vinha quando precisava sentir que as coisas ainda estavam sobre meu controle.

Revirou os olhos com a voz que soara nos seus ouvidos, atrás dele. Não precisou se virar para ver quem era, quase podia ver os olhos azuis cintilando em divertimento. Odiava Dumbledore.

Ele estava começando a odiar a família toda.

– Você me lembra uma versão mais jovem de mim, Tom. Um garoto tolo e influenciável, que confiou nas pessoas erradas.

Revirou os olhos, e Dumbledore se postou do seu lado observando a noite e toda extensão dos terrenos da escola.

– Hermione anda muito abatida. Não deveria ter magoado a minha sobrinha do jeito que magoou.

Tom franziu o cenho, ignorando a dor que sentia ao pensar que estava fazendo algum mal para Hermione. Ele não queria imaginar que ela estava mal por causa de algo que ele tinha feito.

Ele podia torturar todos no mundo, mas Hermione era imaculada.

Agora, Dumbledore sabia das coisas que ele fez? E mesmo assim não o punia? Qual era o problema na cabeça daquele velho estúpido?

– Sobrinha neta - resmungou, engolindo as boas palavras que queria dizer.

– Tom, Hermione viveu muitas coisas ruins - Dumbledore continuou e Tom acompanhou o olhar distante do professor. Ele falava quase como se estivesse se referindo a si próprio - Sofreu muito pelo que ela achava que era, pela família, pela guerra que acontecia fora dela.

“Mas lembre-se Tom, que talvez a maior guerra que ela tenha vivido tenha a sido a do coração dela, quando se viu apaixonada pelo senhor. Somente ela sabe o quanto deve ter sido difícil gostar e compreender alguém com ideais tão opostos ao dela.”

Tom quis gritar alguns palavrões. Era difícil para ele! Era difícil sentir algo tão forte que nem ao menos era digna, nem ao menos sucumbia as suas vontades. Queria dizer que era horrível sentir que por mais poderoso que fosse, ainda dependeria de uma pessoa para tudo, que seu mundo não estaria completo sem aquela maldita Granger.

Sentiu uma dor no dedo, onde sua horcrux jazia intocada na forma de anel. Uma dor começou a surgir em seu peito. O que era aquilo que estava sentindo?

Respirou fundo, se controlando. Nenhuma dor existia, e se Hermione não o aceitasse como era, não importava. Não abandonaria sua causa por ninguém, mesmo que fosse a única pessoa que ele amava. Amor de verdade, inocente, puro, e ao mesmo tempo desejoso e profundo.

Hermione revelava em tom uma face que nem ele conhecia. Amar doía tanto.

– Vejo que precisa ficar sozinho - Dumbledore concluiu - Vejo o senhor mais tarde em minha aula.

Ele não respondeu, mas se apoiou na amurada, tentando controlar a dor que ainda sentia.

“Falando nisso” Dumbledore se voltou a ele uma última vez “Cinquenta pontos da Sonserina por torturar uma aluna”.

(...)

Tom aguardava silenciosamente na orla da Floresta Proibida, enquanto observava as estufas de Herbologia de longe. Ele tivera sorte de que a professora de DCAT tivesse se machucado em uma das aulas práticas e ele fora liberado da aula. Estava esperando Hermione sair da aula, teria uma conversa definitiva com ela, e resolveriam quaisquer que fossem os problemas que tivessem.

Ele estava se sentindo mal pelo que fizera com a menininha, era verdade. Entretanto, era uma culpa que o sondava somente quando ele pensava ou estava com a namorada. Como se ela fosse a juíza de seu purgatório, julgando seus atos.

Revirou o anel nos dedos, ignorando a dormência que sentia. Doía desde a noite passada, quando tivera a conversa com Dumbledore. O clima estava tão suave e ameno que era um contraste enorme com o frio que sentia dentro de si.

Então ele a viu saindo com Minerva e Charlus a tira colo, ela sorria suavemente, mas o sorriso não chegava aos olhos. Seu coração se apertou e a dormência aumentou, ela estava assim por causa dele?

Sua mochila em seus ombros pesava, não pelos livros, mas por seu diário, sua primeira horcrux.

Ele conjurou uma flor e a fez flutuar até onde a menina estava, mas não sorria. A flor a alcançou e ela seguiu o caminho até seus olhos se cruzarem. Ela viu que ele estava sério e retribuiu com mesma ou maior intensidade. Ele apontou para a floresta, indicando que queria conversar, ele viu a menina se despedir dos amigos e seguir até ele. Ele rumou para dentro da floresta em silêncio, ouvindo apenas seus passos quebrando as folhas e os de Hermione.

Chegaram por fim, em uma clareira um pouco escondida, que ele costumava usar para encontros com os Comensais. Parou de frente para Hermione, que olhava intrigada em volta e para o dedo dele. Ele mesmo olhou, estava vermelho e inchado e doía. O que estava acontecendo.

– Então Tom, por que me chamou aqui? - a voz de Hermione estava seca.

– Queria me desculpar - falou, mesmo não se sentindo arrependido.

– Desculpar? - perguntou Hermione, incrédula - Pelo que? Por torturar uma criança dentro do colégio? Por colocar em risco a vida de uma menina e sua estadia aqui? Qual o seu problema? - exclamou, fazendo gestos excessivos - Você nem ao menos está arrependido de verdade! Eu posso ver nos seus olhos.

– E não estou mesmo! - cansou de ser o bonzinho. - Eu odeio trouxas, e suas malditas variações. Odeio sangues ruins mais do que tudo, e acho que eu estou certo em fazer o que eu faço. Eu estou purificando a porra do mundo bruxo, Hermione. Mais do que Grindewald está fazendo. Eu torturo mesmo, mato se necessário. Não se muda o mundo sem um pouco de violência, ainda mais com aqueles inferiores a mim.

Ele vociferou cada palavra, recebendo em troca um olhar marejado e decepcionado de Hermione. Seu estômago deu voltas e a dor em seu dedo aumentou.

– Isso é desprezível - disse apenas - Não você, Tom. Voldemort.

– Voldemort é quem eu sou, Hermione. Meu presente e meu futuro.

Ela respirou fundo, e sem olhar nos olhos, tirou a pulseira que ele dera para ela no natal. Ele quis dizer que não precisava, que ali estava todo o amor que ele sentia por ela.

– Eu não quero um relacionamento assim, Tom. Eu amo você, de verdade, mas é você Tom, o menino órfão, inteligente, irônico e carente de amor. Mestiço como eu. Não esse monstro que vive dentro de você. E que se só está ai porque você é estúpido demais para ver que não precisa disso.

Eu amo você, eu amo você, era só o que ele conseguia assimilar. Se ela o amava, por que não o apoiava? Por que ia embora?

– Que amor é esse, Hermione? Que amor é esse que não se curva a mim? Que amor é esse que desiste no primeiro tropeço? Isso é amor?

Ela quase sorriu, e ele não entendeu o porquê. Parecia compadecida dele, com pena. Odiou isso.

– Tom - falou o nome dele com uma suavidade que nunca tinha ouvido - Amor é retribuição. Eu amo você, me dispus a esquecer toda a minha vida antiga por você, para ficar aqui e te amar, mas não vou relevar o fato de que você tem ideais opostos aos meus, que faz coisas que eu abomino. Eu não posso ficar com você se você não se arrepender, mas de verdade. Eu posso doar tudo que eu tenho por você, mas disso eu não abro mão.

Ele pensou, estaria disposto a se arrepender de tudo que fizera, de ter matado sua família trouxa, a menina da Corvinal, e de ter torturado tantos outros? Se arrependeria de criar suas horcruxes, e de querer ser grande? Tudo isso por amor? O amor valia tanto assim?

Não, ainda não estava. Pelo menos não se sentia pronto para isso. Porém sempre que olhava para Hermione, queria ser o melhor, e sentia que podia isso. Perto dela ele não queria matar, não queria poder, porque ele se sentia poderoso perto dela.

Era isso que ela estava querendo dizer quando falou de retribuição? Para ficar com ela, que tinha dado todo amor e vida para ele, tinha que dar algo de volta, toda sua vida também?

– Eu também não abro mão - disse, por fim.

Ela sorriu triste, já imaginando que essa seria a resposta dele. A dor em seu dedo aumentou, passando para a mão toda.

– Então acabamos aqui, Tom. Sinto muito. Mas pense nisso, olhe para dentro e veja se vale a pena. Matar nunca é a solução. Adeus, Tom.

Ela deu as costas para ele, saindo da clareira. Ele não queria que ela fosse. Por que ela estava indo?

Volte, quis gritar. Mas não pode.

Nessa hora, o anel em seu dedo o apertara tanto que estava roxo, e a dor agora era pelo corp inteiro. Não aguentando, caiu de joelhos, gritando. Viu de relance Hermione correr para seu lado, murmurando coisas como “arrependimento” e “horcruxes”. Gritou novamente.

Doía tanto...

(...)

O palácio negro por dentro estava frio, temperatura que parecia não mudar nunca, mesmo que fora dele o clima fosse ameno e agradável como toda primavera.

O loiro platinado e de fios longos caminhava, as solas das botas batendo em um clap clap irritante, mas ele não se importava. Estava para ver o seu mestre. Seu verdadeiro mestre.

No bolso das vestes estava seu passo para o sucesso.

Uma guarde de bruxos de preto esperava do lado de fora da sala em que ele iria. Fora revistado e por fim entrou.

O bruxo dentro da sala em tons quentes era quase tão loiro quanto ele, porém mais maluco. Ele não quis se fixar em detalhes bobos da decoração. Grindewald estava em sua frente, e estava ansioso para vê-lo. A Grande Causa o queria.

– Então, conseguiu? - perguntou.

O menino loiro tirou o papel do bolso e entregou para Gellert. Era uma foto. Um menino moreno e uma menina estavam sorrindo um para o outro em uma rua de Hogsmeade que ele conhecia.

– É essa a menina Dumbledore. Hermione - o loiro platinado falou.

Gellert sorriu friamente, colocando a foto em cima de sua mesa. Chegou perto do menino, passando a mão pelos fios loiros. Ele sentiu medo da expressão amalucada do bruxo das trevas, mas não falou nada. Era a escolha que tinha feito.

– Muito obrigada, Sr. Malfoy, foi muito útil. Bem vindo a Grande Causa.

E tão rápido como se aproximou, se afastou, e Abraxas não pode deixar de se sentir aliviado.

“Sterling” Gellert gritou e um bruxo atarracado entrou na sala, fazendo uma reverência. “Prepare nossas tropas. O inverno acabou”.

O sorriso que Gellert deu foi tão frio, que Abraxas sentiu como se dentro daquela sala fosse sempre inverno, independente da data.


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Notas finais do capítulo

E ai? Comentem!