A História de Nós Dois escrita por sayuri1468
– Você estudou até muito tarde ontem, não?!
A menina de cabelos lisos que estava com sua cabeça deitada em seu caderno, se vira para o rapaz de cabelos cacheados ao seu lado.
– Como sabe?!
– Não é meio óbvio?!
Molly sorriu e concordou.
– Eu não ficaria tão preocupado com a prova se fosse você, certamente ela deve ser ridicularmente fácil!
– Pois eu acho que fácil é você dizer isso, já que além de possuir uma inteligência acima do normal, você também não tem a obrigação de fazer a prova!
Sherlock sorriu orgulhoso.
– Eu sei! – disse com o peito estufado de um leão pomposo.
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– Alguma sorte? – perguntou John entrando no laboratório e vendo o detetive ao microscópio.
– Não é uma questão de sorte, mas uma questão de conhecimento. Em todo caso, entendi o que quis perguntar e a resposta é não!
Sherlock não desviou os olhos do microscópio enquanto respondia ao amigo. John notou que provavelmente ele estava de mau humor, então decidiu trabalhar em silêncio. Foi até a mesa aonde Sherlock havia deixado suas anotações e grifou os elementos que fossem possíveis.
– Eu tive um cachorro aos sete anos! – disse Sherlock em meio ao silêncio.
– O que?!
– Tive um cachorro aos sete anos, o nome dele era Readbeard! Mas ele teve câncer e meus pais acharam melhor sacrificá-lo, embora eu tivesse dito que poderia curá-lo, se Mycroft me ajudasse, coisa que ele não quis!
– Desculpe, eu não entendi o motivo dessa informação!
– Não está querendo saber mais sobre meu passado?! Estou te contando!
Então a ficha caiu para John.
– Ah sim, sim! – disse tentando reparar o erro – Eu não percebi na hora, desculpe! Readbeard! Um nome interessante!
– Obrigado, era o nome de pirata dele!
– Nome de pirata?!
– Sim, eu queria ser um pirata quando era criança! Ainda acho que se não fosse consultor investigativo, ser um pirata seria a única profissão pra mim!
John riu.
– É, é a sua cara mesmo! Pirata!
Sherlock sorriu. John continuou:
– Obrigado Sherlock, por compartilhar isso comigo!
Sherlock ia responder alguma coisa para John, mas foi interrompido pelo toque de seu celular. Um sms acabara de chegar.
– É Lestrade! – informou o detetive – Quer saber se já fizemos algum avanço!
– Diga que não, ainda não sabemos qual o elemento que falta!
– Nope, mas já sabemos várias outras coisas que ele não sabe! – Sherlock foi até uma das caixas que Molly havia deixado para ele na noite anterior, pegou um calhamaço de papéis e entregou a John. – Entregue isso a ele!
John olhou para os papéis surpreso.
– Você fez tudo isso ontem?! Sozinho?!
– Sim, por que?!
Era incrível a capacidade de Sherlock de surpreender John mesmo após tantos anos de convivência.
– Entregue isso na Scotland Yard! Depois me encontre na Baker Street!
John assentiu, pegou o calhamaço de papéis e saiu. Cinco minutos depois, Molly entrou no laboratório.
– Vi John saindo com os papéis dos resumos das análises que fiz ontem! – disse a garota sorridente – Eles foram de serventia, então?!
Sherlock sorriu sinceramente para a amiga.
– Eles sempre são, Molly! Não sei o que faria sem você!
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Naquele dia, Sherlock entrou na sala de aula com uma expressão diferente em seu rosto. Era um misto de empolgação e ansiedade. Molly notou e sua curiosidade para saber o que havia se passado não durou muito, já que Sherlock a mencionou antes mesmo que pudesse se sentar.
– Assassinato! – disse parecendo uma criança ao receber um presente de natal.
– De quem?! – Molly perguntou preocupada.
– Não se preocupe, ninguém do campus! Embora não posso garantir que o assassino não seja!
– Você já suspeita de alguém?! – cochichou Molly para que ninguém os ouvisse.
– Ainda não, mas preciso de sua ajuda dessa vez! Será que você pode me acompanhar esta tarde?
Molly sorriu
– Claro! – afirmou com mais convicção do que quando falou seu nome pela primeira vez para o detetive, há dois anos.
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– John, até que enfim! – Lestrade se levantou de sua mesa ao ver o amigo se aproximando – Como andam as investigações?
– Estão indo, falta apenas um elemento! Sherlock me mandou entregar essas análises! – John entregou os papéis que Sherlock lhe dera mais cedo para Lestrade.
O investigador pegou os papéis e leu-os por cima.
– Molly sempre faz um trabalho extremamente meticuloso! – comentou admirado, enquanto folheava.
– Molly?! – repetiu John sem entender.
– Sim! – confirmou Lestrade- É ela quem faz os relatórios! Não é o estilo do Sherlock, ele odeia mexer em papelada!
John riu incrédulo do cinismo de Sherlock. Lestrade não entendeu a atitude do médico, mas este logo explicou o motivo.
– Ah, é sempre assim! Sherlock não gosta de dizer que obteve ajuda! Ao menos é o que Molly me conta! – explicou o investigador.
– Você conhece eles há bastante tempo, não?! – perguntou o médico.
– Conhecia Molly na faculdade, eu era o veterano dela! Me formei dois anos antes!
– Mas não conhecia Sherlock?! – perguntou John.
– Claro que conhecia Sherlock! Todos na faculdade conheciam! – riu Lestrade, aparentemente com lembranças vindo à tona em sua cabeça. – Mas nunca falei com ele ou o vi! Se o vi, nunca associei a imagem à pessoa que me descreviam dele na época!
– Pelo visto Sherlock era bem famoso! – comentou o médico.
– Sim, era! Muitos chamavam ele de esquisito e não gostavam de falar com ele, pois diziam que era arrogante!
– Bem, eles estavam certos pelo menos! – concordou John.
Lestrade riu e continuou falando em seguida, como se estivesse relembrando as cenas.
– Quando entrei pra Scotland Yard, recebi um caso enorme de assassinato, e eu não conseguia associar nada! Nenhuma pista! Nessa época, Molly já estava estagiando no St. Bart’s, nos encontramos pelos corredores e eu acabei desabafando com ela! Foi então que ela me disse : “Conheço a pessoa perfeita para ajuda-lo!”. Ela me levou até o laboratório e lá estava ele, Sherlock!
Lestrade parou um pouco, riu sozinho por alguns segundos e depois voltou-se para John.
– Acredita que aquele bastardo já havia solucionado o caso?! E a parte mais humilhante? Ele havia solucionado através das fotos de jornal!
John sorriu. Sim, ele acreditava.
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