Give us the Wonderland escrita por Krieger


Capítulo 2
Olá, senhorita Alice.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo postado!
Desculpe por qualquer erro ortográfico, por favor, me avisem que irei arrumar.
E sim, titulo deste capítulo totalmente inspirado na música Still Doll. :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501916/chapter/2

A única vantagem de morar naquele pequeno e solitário morro era a visão que ele concedia para a paisagem. Se você caminhasse um pouco mais em direção ao seu topo, lá você encontraria um belo gramado verde, ele parece ser tão bem tratado, mas na verdade ninguém cuida. Em algum canto, nasce uma flor para dar um pouco de cor ao local. E, bem no final do gramado, perto da beira do morro, sempre está sentada uma garota. De cabelo louro e curto, olhos grandes e azuis, ela usa um vestido que mais parece um avental rosa. Em sua cintura está amarrado um lindo laço da mesma cor de seu avental. Ela sempre está lá nos final da tarde, sentada, abraçando seus joelhos, olhando para o céu como se fosse seu único modo de diversão.

Vendo que o sol já estava se pondo, a garota levantou-se e bateu em seu avental, tirando a terra que a sujada. Ela suspirou, olhando para os lados, lançando seu olhar diretamente para um coelho branco ao lado de uma árvore.

– Você de novo, coelho? O que quer de mim? Pare de me visitar. –disse, caminhando na direção do animal com lentos passos.

O coelho levantou suas orelhas, atento aos passos da menina. Percebendo que ela estava se aproximando, virou-se e pulou para o meio da floresta, sumindo.

– Isso não tem graça, você sempre foge de mim. Se estiver pensando que eu vou te seguir, está muito enganado! –ela cruzou os braços, mostrando a língua como se fosse uma criança.

– Alice, com quem está falando? –uma voz feminina surgiu, parecendo estar perto.

A garota virou-se para trás, olhando para uma mulher logo atrás dela. Tinha os cabelos longos e pretos, eram lisos e pareciam ser bem tratados, usava um avental de cozinha branco, quase igual o da garota. Em pequenos passos, a mulher se aproximou e colocou suas mãos no ombro da pequena, sorrindo.

– Não está na hora de voltar para casa?

– Mãe! –Alice sorriu de volta. – Eu já estava voltando. Acabei de ver um coelho branco, mas ele fugiu de mim.

– Animais tem medo da gente, é normal eles fugirem de nós.

– Por que medo? Eu não vou machuca-los! –a menina fez uma cara emburrada, insatisfeita.

– São apenas animais, Alice. Eles sentem medo, igual nós também sentimos. –a mulher colocou a mão na cabeça de sua filha, acariciando-a. - Não vamos mais enrolar, certo, Alice? Eu fiz um bolo e ele está quentinho na mesa esperando por você.

– Bolo?! Eba, você é a melhor, mãe! Vou comer primeiro!

Alice deu um abraço rápido em sua mãe e saiu correndo em direção de sua casa.

– Cuidado para não cair, pequena. –a mulher riu, caminhando para sua casa também, tranquila.

Essa família era feita apenas por Alice e sua mãe. As duas viviam em uma simples e pequena casa naquele morro, havia apenas elas naquele lugar. Logo em frente havia um pequeno vilarejo aonde a mãe de Alice ia caminhando para comprar algumas coisas quando necessário. Naquele morro há bastantes hortas, as quais ficavam sobre o cuidado das duas. Era uma família pobre, viviam por isso. Alice, mesmo sendo nova, ajudava a mãe toda hora.

Quando sua mãe finalmente chegou a casa e sentou-se junto com a filha, a mesma já estava comendo seu segundo pedaço.

– Não coma muito rápido, querida. –disse a mulher, colocando um pequeno pedaço em seu prato.

– Tá tudo bem, mamãe! Não dá pra comer devagar, isso tá muito bom! –migalhas do bolo caiam para fora da boca da menina enquanto falava.

– Fico feliz que tenha gostado. –a mulher sorriu.

– Claro! A senhora faz os melhores doces do mundo!

– Oh, sério? Obrigada. São todos para você, ok?

– Sim, são todos meus! –a menina sorriu, mostrando os dentes manchados de chocolate.

Após Alice terminar seu segundo pedaço e sua mãe terminar o seu primeiro e único, as duas ficaram em silêncio por alguns minutos até a mulher soltar algumas palavras.

– Alice, eu preciso te contar uma novidade.

– Novidade? É boa ou ruim? –a menina arregalou os olhos, fixando-os no olhar da mãe. Ela parecia estar bastante curiosa.

– É boa, muito boa. Filha, nós vamos nos mudar daqui.

– Como assim nos mudar daqui?

– Vamos ir embora e morar em outra casa.

– Ah, sério?! Por quê?

– Digamos que vamos fazer parte de uma nova família. A mamãe se apaixonou, entende filha? Você terá um novo pai e vai conhecer sua nova irmã.

– Nossa família vai se juntar com outra, é isso? -Alice franziu a testa.

– Exatamente. Eles são ótimas pessoas e tem uma bela casa, tenho certeza que você vai se sentir confortável.

– Hm, boas pessoas? Posso ficar tranquila com a presença deles sem me preocupar com nada?

– Querida, está tudo bem. Assim vai ser bem melhor para a mamãe, entende? Vamos melhorar um bocado! –a mulher levantou-se, agachando ao lado da cadeira da filha e colocando a mão em sua cabeça.

– Sim mamãe, entendo. Nesse caso, acho que estou ansiosa para conhecê-los! –Alice sorriu.

Sua mãe arregalou os olhos, surpresa. Ela nunca imaginaria que Alice iria reagir bem e aceitar sua decisão de primeira. Isso não era um pouco estranho? Pelo menos alguma birra ou palavras contra essa ideia deveriam ter surgido, ela estava preparada para isso.

– Oh, se está tudo bem para você, então devo te avisar que partiremos amanhã bem cedinho. Quero que hoje à noite você arrume suas coisas para amanhã não ficarmos enroladas, está bem?

– Sim, mamãe.

As duas sorriram, abraçando-se logo em seguida. Alice colocou seu prato em cima da pia e foi correndo para seu quarto arrumar suas coisas.

O quarto de Alice era pequeno, apenas tinha uma cama de solteiro e uma escrivaninha onde em cima ficava a maioria de suas coisas. Ela se tacou em sua cama, sentando-se logo em seguida, estendendo os braços para baixo de sua cama e puxou de lá um caderno. Depois de conseguir se aconchegar em sua cama, abriu seu caderno em uma página de folha branca e tirou de dentro um lápis, o qual ficava guardado entre as folhas do caderno. A garota estava pensativa, mordendo o canto de seu beiço.

Depois de alguns minutos ela começou a rabiscar a folha. Seus rabiscos foram se formando em um coelho não muito bonito, mas dava para saber o que era. Em volta do animal havia várias árvores e no céu havia nuvens. O gramado em baixo do animal eram apenas riscos, porém não chegava perto de suas patas. Parecia que o bicho estava voando.

– Eu não gosto de você, mas não quero te esquecer. Você sempre ia me visitar, mas saia correndo quando eu chegava perto. O que você quer, coelho? –ela parecia conversar com seu desenho.

Alice mostrou a língua para seu desenho, agindo como criança novamente. Ela fechou o caderno e levantou da cama com um pulo, correndo para perto de sua escrivaninha e começando a juntar seus pertences.

E por fim, a garota finalmente estava arrumando sua mala. Não demorou muito tempo por causa das poucas coisas que ela tinha. Sua mala era pequena e marrom, algo muito simples, porém era de rodinhas, uma coisa que ela adorava.

Algumas batidas na porta de seu quarto surgiram.

– Alice, arrumou sua mala? –a voz de sua mãe surgia através da porta.

– Sim, mamãe! –a garota puxava a mala e encostava-a na parede, perto da porta.

A mulher abriu a porta e soltou um sincero sorriso quando viu a mala da filha já arrumada.

– Fico orgulhosa por você ter me obedecido. Vamos dormir agora?

Alice sentiu sua mãe dar alguns tapinhas de leve em suas costas, guiando-a para sua cama. A garota se tacou em sua cama, puxando o seu edredom e entrando em baixo dele.

– Boa noite, querida. Amanhã cedinho eu venho de acordar, viu? –a mulher puxou o edredom até o pescoço da garota, dando um beijo em sua testa.

– Sim, mamãe! Boa noite! –Alice sorriu.

As luzes se apagaram. O som da porta se fechando ecoou pelo quarto. Um maldito vento gelado entrava pelos buracos que havia na janela recém-fechada. De certo modo, isso agradava Alice.

“ –Boa noite. – Dizia uma voz.

Alice, você sabe onde está?

Não pode ver nada, sua visão está escura.

Não posso te dizer se é noite ou dia. Só tente me achar, Alice. Estenda sua mão!

Estou caindo, caindo... Despedaçando... Quero te dar meu coração, faça o que quiser com ele. Tire-me daqui, apenas me queime, me liberte. Morrer ou viver, tanto faz.

Promete ficar comigo? Eu gosto de você.

Eu gosto de você, ok? Eu gosto muito de você.

Morra, Alice. Morra, morra, morra, morra, morra, morra, morra, morra... Vá para o... ”

Alice acordou, suando muito. Ela dava vários suspiros, tentando recuperar o ar. Logo em seguida, sentou-se na cama. Seus olhos estavam cheios d’água, mas ela não ia chorar. Novamente esse pesadelo, sempre uma imagem preta, mas uma voz perturbadora. Estaria se acostumando com isso, provavelmente.

Ela olhou para sua janela, já estava de manhã. Possivelmente sua mãe não havia acordado ainda, então a hora de partirem estava longe. O que fazer se a menina havia perdido o sono nesse momento? Obvio que Alice não precisava pensar duas vezes. Vestiu seu vestido e colocou seu avental rosa com o laço por cima. Calçou um simples e velho tênis branco. Antes ele estava quase marrom, mas foi lavado especialmente para essa ocasião de mudança.

A garota abriu a porta e foi cuidadosamente andando até sair de casa, sem fazer nenhum barulho. Quando pisou fora de casa finalmente pode correr até seu adorável canto no morro que sempre ficara. É claro, agora seria a ultima vez que estaria lá.

Fez como se fosse qualquer outro dia, sentou-se no gramado e ficou olhando para o céu apenas esperando a hora de partir. Também estava esperando sua mãe ir chama-la, com certeza ela saberia onde a filha estava quando saia de casa sem avisar.

– Alice! Alice! –ela ouvia alguém gritar seu nome.

Sim, era a voz de sua mãe. Estranho, o tempo passou muito rápido enquanto observava as nuvens.

– Estou indo, mamãe. –Alice gritou de volta para que sua mãe pudesse ouvi-la.

A garota suspirou, levantando-se e tirando a terra de seu avental. Ela dava passos lentos e calmos, por algum motivo ela havia desanimado. Possivelmente a causa era por estar abandonando este lugar, iria ser difícil achar algo parecido.

De repente, o coelho branco apareceu em sua frente, fazendo-a parar. Ela abaixou a cabeça e o encarou, erguendo as sobrancelhas.

– O que foi, coelho? Alice está indo embora e não mais voltar. Fico grata por ter me visitado, mas estou brava por você sempre correr de mim. –ela estava fazendo isso de novo, falando com algo que não daria nenhuma resposta.

Como sempre, Alice deu um passo para frente e o coelho levantou suas orelhas, correndo para a floresta, sumindo.

Bye-bye, bunny. – ela acenou, parecendo não estar nervosa desta vez.

Depois de caminhar mais um pouco ela chegou a sua casa. Em frente de lá estava parada uma grande e bonita carruagem, sendo puxada por dois bonitos cavalos pretos. Sua mãe estava carregando sua mala, colocando-a atrás da carruagem. Quando viu Alice ela chamou-a para dentro da carruagem, dizendo que já iam partir. Alice obedeceu.

E assim as duas saíram daquele morro, abandonando aquela casa e o lugar onde as nuvens nadavam pelo céu. Quando a carruagem passou pelo vilarejo chamou atenção de todos. Era algo muito chique, as pessoas de lá não estavam acostumadas.

A viagem durou certa de uma hora e meia, Alice ficou olhando pela janela todo esse tempo, às vezes conversando com sua mãe que dizia algo sobre a nova família e o quanto era espetacular a nova casa. A menina parecia não se importar tanto, queria ver com seus próprios olhos.

A carruagem estava parando, os cavalos bateram forte suas patas no chão quando foram puxadas suas rédeas. Alguém abriu a porta da carruagem, era um velho homem, bem arrumado, usava um terno e luvas brancas. Isso era um mordomo?

Primeiro, sua mãe saiu, e logo depois, Alice. Seus olhos foram roubados pela beleza daquele lugar. Eles brilhavam, um sorriso empolgado surgia no rosto da pequena.

Uma grande mansão branca estava logo ali em frente. Era simplesmente linda, parecia algo de filme ou alguma pintura. Tinha várias janelas e em sua entrada havia uma escadaria que dava para a porta, a qual era grande e feita de madeira. Ela estava aberta. Em frente da mansão havia uma fonte também, a qual estava ligada e saia água pela boca de uma escultura de um golfinho que ficava em seu topo. Aquela água que caia era muito clara e bem tratada.

– Gostou, Alice? Venha, vamos conhecer sua nova família enquanto levam nossas malas para dentro. –sua mãe segurou em sua mão.

Alice não respondeu, apenas continuou sorrindo e seguindo os passos de sua mãe. Enquanto se aproximavam, um homem e uma garota saíram de dentro da porta. Alice e sua mãe pararam em frente da escadaria enquanto os dois ficavam perto da última escada.

O homem usava um terno também, era bem arrumado. Cabelos pretos penteados para trás, seu rosto era bonito e não parecia ser tão velho. Com certeza ele e a mãe de Alice formariam um bom casal.

A garota que estava ao seu lado aparentava ter a mesma idade de Alice, talvez mais velha. Ela tinha cabelos longos e repicados, o tom era de um roxo escuro, quase preto. Seu vestido era a coisa mais linda que Alice já havia visto! Um vestido de lolita branco com um babado preto e detalhes roxos. Usava também uma curta jaqueta jeans branca, sem mangas. Na gola de seu vestido estava pendurada uma flor roxa bem feita com tecido.

– Bem-vindas, garotas! Você tem uma filha linda, Roselle. –o homem chamou a mãe de Alice pelo seu nome.

– Obrigada! Sua filha também é linda! –ela respondeu, corada.

– Me chamo Hermin, mas pode me chamar de pai. –ele sorriu. – E essa é minha filha, Alice.

– E esta é minha filha, Alice. Acho que deveremos chama-las pelo segundo nome. –Roselle riu, tirando um sorriso de seu marido também.

Alice, filha de Hermin, descia as escadas lentamente. Sua expressão era séria, ela não parecia ser uma garota muito extrovertida. Talvez, seu estilo seja gótico.

Ela parou em frente da garota de cabelo curto, estendendo a mão.

– Alice Miller, prazer. –a garota não sorriu.

– ... Alice Lisbel, o prazer é meu. –a outra sorriu um pouco nervosa.

Lisbel, uma garota doce e animada. Miller, com um ar sério e sem expressões faciais. Realmente, as duas são irmãs agora?

Nós estamos tão curiosos sobre você, Alice.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Give us the Wonderland" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.