Te amar não estava nos meus planos escrita por Ana Bobbio


Capítulo 3
Hello, cidade natal.




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Eduardo

Eu não quero voltar! Gritei alterado. Estava nervoso, agitado. Havia acabado de escutar uma conversa do meu pai com a minha mãe pelo celular, e pelo que entendi, eles acertavam os últimos detalhes da minha volta para ''casa''. Não que eu não gostasse da minha mãe, da minha antiga casa, mas com ela viriam outros fantasmas que me perturbavam, que me tirariam o sono. Sabia que independentemente de tudo e do meu esforço, antigos vícios que eu larguei viriam. Não em relação a drogas ou coisas do tipo, e sim em relação a adrenalina e perigo. Porque de certa forma eram as únicas coisas que me faziam superar e esquecer por um tempo.

Você não tem querer, Eduardo! Isso não cabe a você! Afirmou meu pai demonstrando estar nervoso também.

E quando alguma coisa nesta merda de casa cabe a mim? Vocês nunca, nunca levam em consideração o que eu quero! Reclamei dando passos largos até a porta.

Volte aqui, mocinho. Eu não acabei! Insistiu com certa ameaça na voz.

Não dei ouvidos a ele e fechei a porta com força, fazendo um enorme barulho. Corri até a esquina e a partir dali caminhei com passos menos apressados. Enquanto andava pelas ruas de Londres tentando arrumar um jeito de não voltar. Não que eu não gostasse da terra onde nasci e vivi por algum tempo. Entretanto, voltar me traria sensações ruins, me lembraria de coisas que eu fiz questão de ao menos tentar esquecer. Eu sei que as lembranças me seguiram em qualquer lugar que caminhei, mas foi menos doloroso porque não fui obrigado a ver certas pessoas na minha frente. Meu pai também achou melhor, do jeito que sou esquentado, não me assustaria se eu jogasse Bruno Andrade numa trilha de trem acompanhando ele ser esmagado. Ou, até mesmo, que eu acabasse com ele com minhas próprias mãos, enchendo sua cara de socos até ficar inconsciente. Meu pai sabendo disso, vendo que alguma atitude minha poderia prejudicar sua imagem Ele era empresário, odiaria ver seu nome estampado num jornal mostrando seu único filho e herdeiro aparentar ser um delinquente que, com certeza, não sabe o que faz e acerta a cara de cada um que aparece.

E a imprensa do jeito que é mais filha da puta, aumentaria ainda mais a história. Nisso eu tive que concordar com Edgar Evans que ir morar com ele em Londres seria a melhor alternativa. Já se passou um ano, com o tempo aprendi a descontar minha raiva em outras coisas, mas ainda não sei se meu autocontrole melhorou.

Fiquei o dia inteiro caminhando entre as ruas, observando alguns casais e pensando porque havia me tornado tão solitário. Nesse sentido, solitário não queria dizer necessariamente que eu fiquei sozinho nos últimos meses, porém ninguém conseguia ultrapassar um escudo que eu mesmo havia feito. Margareth Johnson haviam acabado com a minha vontade de um dia me apaixonar novamente. E seu fantasma me seguia por onde quer que eu fosse, porque eu ainda a amava mais do que minha própria alma. Eu era apaixonado por essa garota, como eu era. Ela me tinha em suas mãos, mas isso não pareceu suficiente. E por mais que eu a odiasse também, quando ela partiu, passei a odiá-la ainda mais por me abandonar. Saber que ela ainda podia respirar deixava-me de certa aliviado, e por mais patético e clichê que parecesse, eu sabia que qualquer hora poderia vê-la mais uma vez. Depois não mais. Chutei a lixeira quando passei por ela esvaindo mais raiva. Voltei pra casa logo em seguida. Fui para o meu quarto, joguei-me na cama fitando o teto. Meu pai logo apareceu.

Sua mãe já está ciente da sua volta. Ela está te esperando ansiosamente, deveria estar feliz por revê-la depois de tanto tempo. Ele dizia me olhando. Não respondi, apenas fitei-o sem expressão. Está na hora de você enfrentar de cabeça erguida o seu passado assombroso. E até hoje não compreendo o por que de ter se abalado tanto com o que aconteceu, todos sabiam que apaixonada ela só parecia estar pra você. Arqueei uma sobrancelha.

Exatamente por isso. Pra mim ela estava apaixonada. Mas, não tem problema, eu volto. Só não posso prometer me segurar quando vê-lo em minha frente.

Desde que faça isso sem que meu nome seja vinculado com o seu me sentirei até feliz por você. E orgulhoso. Relaxou os ombros e sorriu.

Antônia

Por quê você fez isso Bianca? Porque bateu nela? Perguntei andando de um lado para o outro no meu quarto. Ela estava sentada na cama olhando-me agoniada.

Ela provocou. Fez questão de começar a falar de você logo perto de mim para que eu pudesse ouvir e... a interrompi.

Então você fez isso por minha causa? indaguei.

Tecnicamente... Sim. Ela confessou levantando as mãos.

Eu não sei se te agradeço ou te bato. Disse olhando-a quando parei de andar pra lá e pra cá.

Agradeça-me. Agora eu tenho certeza que elas não vão abrir a boca perto da gente. A princípio, pela falta de dentes, depois, provavelmente para manter os dentes remendados no lugar... Riu batendo palmas demonstrando não estar arrependida, apenas revirei os olhos ao perceber que ela não tinha juízo mesmo. E também, que mesmo que eu ocultasse, tinha amado e queria ter visto a surra. Ou, quem sabe, ter ajudado-a.

Eu só espero que depois disso elas fiquem quietas, que não pensem em devolver em dobro a humilhação que você as fez passar. Revelei minha vontade esperançosa. Bianca apenas deu um sorriso de lado, depois levantou-se da cama e me abraçou.

Mesmo que elas façam alguma coisa, não deixaremos elas vencerem, Tônia. Eu sei que diferente de mim você tem um certo medo, mas você não está sozinha. Lembre-se disso. Segurou meu rosto fazendo-me olhá-la.

Eu sei que não. Obrigada por ter me defendido. Agradeci amolecendo.

Não precisa agradecer. É isso o que as amigas fazem. Abracei-a escondendo meu rosto em seu pescoço. Olhei para a parede e soltei um suspiro, sabendo que com certeza elas não deixariam por isso mesmo. E não me assustaria caso elas viessem tentar algo contra a gente.

(...)




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Notas finais do capítulo

Em breve postarei a continuação!! Beijoss.
Ah, espero que estejam gostando da web. Qualquer coisa é só falar, estou a disposição! >



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