Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 32
De volta á Konoha; caos 1º parte




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Aparecemos sem menor aviso em uma floresta com uma nevoa fria, densa e de uma coloração levemente esverdeada de cheiro enjoativo e adocicada. Olhei assustada para os lados, mas apenas Gaara e Hinata me eram visíveis. Tudo em um raio de dois metros estava coberto por aquela nevoa ao estilo filme de terror.

– Onde estamos? – perguntei

– Na floresta de Konoha – respondeu-me Hinata alguns passos á minha frente

Comecei a andar também em direção á voz dela, mas Gaara segurou minha mão me guiando na direção contraria.

– Por aqui Hyuga – o ouvi dizer.

Andamos em silêncio com os ouvidos apurados buscando por qualquer barulho que não fosse de nossos passos ou respiração, embora eu ache que Hinata e Gaara tivessem a vantagem olfativa, auditiva e visual já que não eram humanos. Caminhamos até a orla da floresta onde paramos olhando intrigados para a cidade, era tudo fantasmagórico.

– O que aconteceu? – perguntou Hinata farejando audivelmente o ar – Que cheiro é esse? Gaara!

– Vamos – disse ele me pegando nos braços – Me siga.

Ele mal fechou a boca e me senti deslocar em uma velocidade sobre-humana nos braços de Gaara, tentei ver algo, mas tudo era apenas um borrão, com exceção de Hinata que estava ligeiramente atrás de nós com o cenho franzido e uma expressão assustadora. Paramos na frente á minha casa, ou melhor, na casa onde morava antes de minha vida virar um brinquedo disputado por anjos e demônios. Havia algo estranho ali, uma sensação de calafrio passou em meu corpo quando me aproximei, havia um enorme desenho que brilhava vermelho-fogo na porta e outros menores em torno.

Bati na porta e ouvi barulho no lado de dentro, uma confusão de vozes e ferrolhos sendo abertos, olhei para meus amigos. Gaara dizia algo á Hinata e ela tinha uma expressão de horror no rosto. Quem abriu a porta de minha casa foi uma loira de olhos azuis que me olhou incrédula por um instante antes de bater a porta e destrancar os ferrolhos gritando animada “Venham todos”. No instante seguinte eu era puxada e abraçada por vários braços e ouvia tantas perguntas com vozes diferentes que gritei para me soltarem.

Observei os olhos curiosos e assustados deles me olhando com as bocas abertas no meio de uma pergunta. Ouvi a loira gritando e me virei ela acenava e mandava Hinata e Gaara entrarem, mas nenhum dos dois se moveu de onde estavam minutos antes.

– Vão ficar ai no frio a tarde toda? – perguntei me aproximando para arrasta-los para dentro.

– Sakura, não podemos entrar ai – sussurrou Gaara – Esses símbolos na porta impede passagem dos mortos e de demônios.

Os olhei incrédula.

– Mas eu entrei, ao que me lembro tenho sangue de demônio também.

– E também tem sangue de anjo, e isso te dá passagem livre para atravessar o portal bloqueado para nós – me explicou Gaara – Fora o fato da casa ser sua, não podem te expulsar de sua casa.

– Nesse caso eu os convido para entrar...

Hinata riu de modo irônico. Nunca a ouvi agir de tal modo.

– Não é como nos filmes Sakura, se você dar permissão para um espírito sombrio entrar em sua casa isso concede permissão á todos os outros entrarem também.

– Mas não seria a primeira vez que vocês entram em minha casa eu...

– Sua casa não tinha um símbolo de fogo marcado na porta para nos manter afastados – prosseguiu Gaara paciente – Seu anjo da guarda deve ter protegido sua casa e se fez isso você deve ficar lá dentro em segurança.

– Lá dentro? E deixar vocês aqui fora nesse nevoeiro bizarro? Nem pensar.

– Sabemos nos defender Sakura – me respondeu uma Hinata muito ofendida – Vamos ver se descobrimos a fonte dessa fumaça gelada e voltamos para te contar...

– Mas...

– Sem mas nada Sakura – mandou Gaara – Volte para dentro e pergunte ao seu anjo o que significa tudo isso, voltamos o mais rápido possível.

Antes que eu pudesse protestar Gaara me deu um beijo na testa e me empurrou para dentro, tropecei nos meus pés e quando olhei, eles já haviam sumido.

– Onde foram tão rápidos? – perguntou Ino olhando por cima de meu ombro – Por que não entraram? Lá fora é perigoso demais.

Entrei na sala louca para interroga-la sobre o que tinha de tão perigoso lá fora, mas para meu espanto a sala de estar da minha casa estava mais cheia que eu poderia imaginar. Alguns reconheci á primeira vista, outros levou um tempo para me lembrar quem era pois ainda estava um pouco confusa com tudo. Naruto, Neji, Tenten, Hinabi, Kiba, Shino, Karen, Souji e Ino.

– O... que a-aconteceu? – perguntei com a voz tremula.

– Não sabemos – respondeu Naruto – Começou á três dias ao anoitecer, todos acharam que fosse só uma frente fria inesperada. Mas de manhã o nevoeiro branco tinha ficado mais forte e verde, quase ninguém conseguia respirar de tão estranho tava o ar, então aconteceu... parecia filme de terror... os mortos saíram dos túmulos e andavam pelas ruas, acidentes fatais e suicídios pareciam que não era opção por que eles voltavam. Não são zumbis, não sei o que eles são, mas causaram pavor em todo mundo. Ontem muitos começaram a ir embora, mas então os mortos começaram a matar. Só isso, eles matam e os corpos sem vida voltam a andar ao lado deles como se fosse normal.

– Oh, Sakura é tudo tão horrível – choramingou Ino olhando para a porta – Mas Sasuke mandou que ficássemos aqui, ontem a noite quando os mortos tentaram entrar na casa dos Hyuga onde estávamos reunidos.

– Mataram meu pai e meus tios – informou Neji apertando o braço de Hinabi que começou a chorar – Eles voltaram no mesmo instante, mas estão lá fora perseguindo os outros.

Fiquei olhando para eles, estavam todos abatidos, provavelmente estavam em vigília desde á noite anterior, alguns tinham olhos inchados e vermelhos. Naruto olhava para a porta a cada dois minutos. Senti um aperto no peito, o que fazer, o que dizer.

– Onde está o Sasuke? – perguntei

– Não sabemos – respondeu Naruto – Ele e Sai estão lá fora. Mais cedo Sai apareceu e deixou Souji aqui, depois saiu sem dizer palavra. Sasuke ontem nos mandou não sair da casa, não abrir portas ou janelas. Disse que se alguém batesse a porta então devíamos abrir, mas se não batessem não era para abrir.

– Onde você esteve? Por que a Hinata com aquele homem não entraram? Onde eles foram?

As perguntas repentinas de Hinabi me deslocaram. O que eu responderia? A verdade? Mas qual das verdades se eu mal compreendo o fato de ter duas linhas distintas de lembranças, uma das qual eu mataria todos que estavam ali me olhando apreensivos. Pigarreei olhando em volta, estar em casa desta vez não me parecia a coisa mais desejosa do mundo.

– Eu estive em Suna, em um hospital. Quando acordei liguei para... para Gaara e ele foi me buscar. Acho que... bom, a Hina queria ir para casa e ele a acompanhou por causa do nevoeiro – menti.

– Mas não há ninguém em casa – Hinabi se levantou com a mão na boca – E se acharem os mortos no caminho? Temos que avisa-la.

– Não podemos fazer nada daqui Hinabi, sente-se – pediu Neji lançando um olhar perdido á porta – Então você passou três semanas e quatro dias em Suna?

Levei um tempo para notar que Neji estava falando comigo, então meu coração subiu á garganta. Quase um mês?

– Fiquei todo esse tempo fora? Um mês...

Ficamos por um tempo sentados, falando sobre tudo o que aconteceu desde que desapareci. Em resumo todos acharam que Sasuke tinha algo haver com o desaparecimento meu e de Hinata então ele simplesmente desapareceu e retornou apenas na noite anterior para salvá-los dos mortos-vivos. Ainda estava digerindo a informação de meu longo sumiço e Neji já me fazia outra pergunta igualmente difícil de responder, mas deste fui poupada de responder. Alguém batia na porta. Todos se levantaram e encaram enquanto Ino correu até a porta e começou a mexer nos ferrolhos, somente então notei que a pintura do lado de fora se espelhava do lado de dentro. Era Sasuke que vinha apoiando um Sai incrivelmente ferido. Assim que entrou o anjo ficou me olhando como se analisasse algo estranho.

– O que aconteceu? – perguntou Ino jogando as almofadas do sofá onde Sai foi colocado

– Não tivemos muita sorte na saída da escola – informou Sasuke me olhando – Mas as pessoas lá estão tão seguras quanto o pessoal no hospital.

– O que está acontecendo exatamente? – perguntei a ele.

– Não posso te explicar agora. Precisam cuidar do Sai, ele levou uma pancada na cabeça, e tem um corte no ombro.

– Por que não levou ele ao hospital? – ralhou Ino olhando o anjo de forma ameaçadora.

– Por que estávamos aqui perto. Tenho que ir, fiquem aqui e só abram a porta se baterem.

Sasuke saiu e eu o segui, dei uma olhada á tempo de ver Tenten entregando um kit de primeiro socorros á Kiba. Bati a porta atrás de mim e corri para alcançar Sasuke que não ia muito longe.

– Volte para dentro Sakura – mandou ele sem me olhar – Aqui fora é perigoso demais.

– O que está acontecendo, Sasuke?

– Não sei, os mortos estão se levantando e causando um caos em Konoha. Estou preso aqui e nenhum anjo sai ou entra na cidade.

– Por quê? o que aconteceu?

– Coisa dos demônios, marcaram a cidade. Os humanos podem sair e entrar, mas apenas eles. Caçadores, magos brancos, videntes, anjos, nefelins, ceifadores ou qualquer pessoa que tenha marca dos cavaleiros ou sangue dos anjos ou que possam matar os mortos não saem ou entram em Konoha desde a meia-noite de ontem. Felizmente eu retornei ao por do sol.

– Que quer dizer com marcaram a cidade? O que podem querer com Konoha?

Paramos em uma encruzilhada, Sasuke parecia em duvida de para onde ir.

– Konoha é uma cidade antiga, quase tão antiga quanto Roma ou Atena, anjos e demônios tem uma espécie de controle em cidade antiga.

– Que tipo de controle?

– Algo do tipo que apenas os muitos elevados podem usar.

– Ressuscitar os mortos, por exemplo?

– Não, eles não podem fazer isso. Mas podem reanimar os corpos mortos.

– Então a cidade foi invadida por zumbis controlados por demônios? Naruto disse que estão transformando a cidade em mortos-vivos.

– Sim, mas não pense que são como nos filmes. Esses que andam em Konoha são zumbis despertados por magia, como fantasmas. Não estão vivos por isso não podem morrer.

Chegamos ao cemitério onde vi milhares de símbolos desconhecidos em verde-vírus fluorescente por todo lugar, dos muros aos túmulos. Era como se toda aquela névoa verde com cheiro de doce estragado viesse das covas abertas. Ali sim era impossível se respirar. Enquanto andava literalmente grudada em Sasuke pelo caminho que levava á capela no fim do cemitério notei um vulto atrás de uma cruz alta. Quase tropecei tentando ver além da névoa.

– Eles não podem te fazer mal – disse Sasuke em voz baixa me assustando – Você pertence ao mundo dos vivos.

– O que são eles?

Perguntei ao ver uma belíssima ruiva de lábios vermelhos como sangue na pele branco-perolada como a lua.

– São Guia de Homens. Valquíria para os nórdicos. Anjo da morte para o resto do mundo e Ceifadores para algumas pessoas.

– Ceifadores, vi um quando minha mãe morreu. Ele usava um manto marrom e tinha sois no lugar dos olhos. Então as pessoas vestindo marrom que os outros não veem são ceifadoras?

Mas Sasuke não me respondeu chegamos á capela e ele abriu a porta. Gaara e Hinata estavam em pé olhando para uma sedutora loira de olhos totalmente negros, tão negros que não havia íris, apenas escuridão. Ela ergueu a cabeça para Sasuke quando a porta se abriu, então gritou, as velas se apagaram, a porta bateu nos derrubando para trás e a terra vibrou como se fosse abrir ao nossos pés. Hinata abriu a porta e me ajudou a levantar, Gaara estava caído de joelho quando entramos na capela, corri até ele.

Gaara ergueu o dedo indicador como quem pede um minuto, fiquei então parada á um passo dele enquanto ele se mantinha com a cabeça baixa e a mão pressionada no pescoço. Me virei para Hinata, ela olhava para Gaara com ar curioso, não parecia estar entendendo muito mais do que eu. Sasuke se aproximou dela e tocou seu ombro, Hinata não se virou apenas segurou a mão dele.

– Quem era aquela? A loira sem olhos? – perguntei á Hinata, mas foi Gaara quem me respondeu.

– É Lilith. Á chamei para saber o que estava acontecendo.

– Lilith? A demônio mãe de Temari?

– Também – Gaara se levantou – Lilith é uma das poucas para não dizer única que tem o poder de trancar uma cidade e levantar os mortos.

– Por que ela fez isso?

– Foi o que perguntei quando vocês chegaram. Lilith não é muito cooperativa quando tem anjos por perto.

Gaara disse olhando feio em direção de Sasuke que apenas ignorou.

– Preciso que vocês saiam, tenho que chama-la mais uma vez e se sentir a presença dele aqui não vai aparecer.

Olhei para Sasuke, ele não gostou muito da opção, mas não contestou. Me estendeu a mão esperando que eu saísse com ele.

– Quero ficar – falei

– Nem pensar, não quero que Lilith sinta-se tentada a tocar em você – disse Gaara.

– É melhor vocês saírem Sakura – pediu Hinata – Te contamos o que ela disser assim que terminamos.

– Não vou te deixar aqui – Sasuke olhou para Hinata daquele modo paranoico de quem vai fazer algo errado.

– Não discuta Sasuke, você tem que proteger Sakura. Nos encontramos na casa dos Haruno em uma hora, certo Gaara?

– É claro Hinata – disse Gaara me beijando no rosto e se virando para Sasuke – Cuide bem dela.

Mas Sasuke não demonstrou ter ouvido.

– Hinata você não pode ficar aqui, é um ritual satânico o que ele faz para invocar aquela...

– Sou uma vampira Sasuke, Hecáte não fará comigo nada na presença de Gaara.

– Quem? – perguntei, mas Sasuke me puxou para fora da capela antes de me responderem.


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