Meus guardiões - entre o bem e o mal escrita por Gato Cinza


Capítulo 31
Minhas memorias




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Não sei quando cheguei aqui, apenas sei que em um minuto eu estava tentando matar Gaara em uma floresta e no outro eu estava levitando em uma espécie de câmara neste lugar onde tudo – absolutamente tudo, menos as pessoas – é cinza. Perguntei a Gaara o porquê deste lugar ser desta cor ele apenas deu de ombros dizendo que nunca perguntou, disse que o lugar era um dos vários limbos existentes entre o céu e o inferno e que este em particular o agradava por que era raro as almas perdidas serem enviados para o “Palácio cinzento”.

Gaara aprecia e desaparecia varias vezes levou um tempo para que eu entendesse como as coisas no palácio cinzento funcionavam, não havia dia ou noite de modo que não existia tempo definido, percebi que sempre que queria algo – comida, bebida, vestes, livros – logo esse algo se materializava, descobri que todo este lugar era um grande labirinto cujo centro era onde eu ficava, um casarão que parecia ter saído de um filme grego decorado com todos os espelhos do mundo. O lugar seria lindo se não fosse por tanto... cinza.

Eu estava sentada observando o vazio – imagine um lugar onde tudo tem a mesma cor, não existe animais, nem plantas, nem musica e a única pessoa presente é você – minhas lembranças vinham aos poucos, naquele exato momento eu ainda não tinha certeza se era humana ou uma espécie de anjo mestiço. Tinhas claras lembranças de minha infância no submundo e em Konoha, me lembrava de minha família, amigos, colegas, me lembrava dos lugares em que ia e as pessoas de quem não gostava, mas meu problema era que eu tinha lembranças de dois passados diferentes. Minha cabeça ainda era uma confusão.

Gaara apareceu após um tempo, ele estava mais silencioso que o costume, embora com duas linhas de lembranças seja meio difícil dizer bem qual personalidade das pessoas. Me lembro do Gaara tentando me matar varias vezes, ele me odeia por eu ter sangue misto. Me lembro de Gaara sendo gentil e amável, igual ele era agora.

– O que foi? – perguntei receando estar sendo intrometida.

– Nada

Ele ficou em silêncio depois passou a mão nos meus cabelos e acariciou meu rosto. Segurei a mão dele e o fitei, seus olhos estavam inexpressíveis.

– Você não pode ficar aqui por mais tempo, este lugar não é permitido aos vivos.

Entendi a melancolia na voz dele, eu teria que voltar para...

– Para onde vai me levar?

– Essa decisão é sua Sakura, você decide para onde deseja ir.

– Quero ir... – eu não queria ir para lugar nenhum, o abracei em um gesto involuntário e senti lagrimas turvando minha visão – Quero ficar onde você estiver.

Não sei como aconteceu e nem o que levou ao que aconteceu, eu ao abracei querendo estar apenas com ele e logo estava deitada em uma cama com ele me beijando cada milímetro de meu corpo, nos despimos um ao outro entre beijos e caricias. Nosso corpo se tornou um só, não falávamos coisas conexas, não precisávamos fazer sentidos por que todos nossos sentidos se tornaram apenas um; felicidade. Por breve momento fiquei apreensiva, tinhas muitas lembranças e nenhuma incluía sexo, quando olhei para aqueles olhos verdes eu deixei de lado minhas duvidas e me entreguei de corpo, mente e espírito ao homem que me tinha em seus braços.

Abri os olhos fitando mais uma vez aquela nauseante e interminável fonte de luz cinza, senti o calor do corpo de Gaara debaixo de minha cabeça e as batidas suaves de seu coração, não era um sonho que eu tivera, desta vez era real. Gaara alisava meus cabelos rosados com as pontas dos dedos em silêncio, eu tinha varias perguntas e muitas dúvidas sobre minhas vidas, mas aquele momento era único e perfeito demais para ser estragado.

– Gaara

– Hum?

Queria dizer que o amava que queria ficar com ele onde quer que fosse, mas o que saiu foi:

– Fica aqui comigo

Ele me abraçou beijando o topo de minha cabeça, adormeci.

Acordei sentindo a ausência do corpo quente de Gaara, olhei para os lados, me vesti e sai tateando o lugar com passos lentos em busca de qualquer indicio de que não estava sozinha, então me lembrei de uma coisa que ainda não havia tentado com aquele mundo triste e intrigante. Desejei ir até onde Gaara estivesse, então o espelho próximo reluziu e logo era uma porta, empurrei e entrei – devia sentir medo entretanto aquele lugar já não me surpreendia mais – andei por um corredor de espelhos e colunas altas demais para se ver o fim, o chão de mármore frio era listrado em vários tons de cinza e o teto não existia, parei quando ouvi a voz de Gaara, ele dizia:

– ...emo de asas.

– Já disse para não chamar o Sasuke desse modo – ouvi uma voz feminina, infantil e familiar

Fiquei parada ouvindo – sei que é errado ouvir conversa alheia, mas...

– Ok – disse ela – Eu volto para casa, mas você ainda me deve explicações senhor Anjo das Trevas.

Ouvi um riso abafado de Gaara, senti... senti ciúmes. Virei a quina de onde estava e vi ele abraçado de forma quase fraternal uma morena de grande olhos perolados que me viu e arregalou os olhos com a boca aberta.

– Sakura – gritou ela se soltando de Gaara e vindo me abraçar.

Fiquei imóvel, minhas lembranças dela dizem que se chama Hinata que é uma de minhas melhores amigas em Konoha, por outro lado dizem que é uma vampira que tentou me matar uma vez.

– O que faz neste lugar? – me perguntou, como não respondi ela se virou para Gaara – O que fez com ela?

Notei que Gaara não prestava atenção, ele me olhava fixamente com os olhos estreitos.

– Sakura – disse ele depois de um tempo me analisando – Você se lembra da Hyuga, certo?

– Certo, eu me lembro da Hinata sim.

E me lembro também de muitos rostos, muitas vozes, odores, lugares, sentimentos... mas não sei o que é o que, qual é qual.

Gaara explicou que ele acordara Hinata para me proteger de Temari e dos outros que Lucifer enviaria contra mim, me explicou que Hinata namorava meu anjo da guarda – não pude deixar de rir disso – enquanto ele falava as varias imagens de pessoas diferentes me vinha na cabeça, me lembrei que Sasuke era meu anjo da guarda e que era o irmão dele o moreno na floresta. Me lembrei de Temari me perseguindo e finalmente me lembrei quem eu realmente era. Se bem que eu nunca fui humana.

– Quero voltar á Konoha – pedi quando a enxurrada de novas informações invadiu minha mente.


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