Scorpius & Rose

Capitulo XVIII - Uma bela dupla

Era difícil encontrar um aluno se quer na escola aquela manhã chuvosa. Apesar de uma tempestade parecer estar se aproximando, ninguém queria perder um segundo do clássico que aconteceria dali a mais ou menos 15 minutos. Quando a Grifinória enfrentava a Sonserina em um campo de Quadribol, virava um alvoroço por toda a parte, se tornava o assunto principal de algumas semanas antes do jogo até algumas outras depois.

Os times já estavam todos reunidos em seus vestiários, aproveitando os últimos minutos para se preparar para o frio lá fora. No vestiário reservado para a Grifinória só havia silêncio, os jogadores preferiram fazer suas considerações finais sozinhos. No vestiário da Sonserina, o clima não estava diferente. Afinal, era um clássico, os últimos minutos eram crucias para a concentração.

O apito soou logo depois, as equipes se dirigiram ao campo, as regras foram ditas, o apito soou mais uma vez e o jogo finalmente começou. As torcidas foram levadas ao delírio a cada jogada precisa, a cada lance dos atacantes, a cada balaço que passava por um tris dos jogadores. O jogo durou por quase uma hora sem gols ou qualquer sinal do pomo. Rose observada tudo de uma extremidade do campo ao alto, Scorpius matinha seus olhos atentos da outra. Se o pomo aparece, talvez o resultado do jogo dependesse apenas da sua caça. A chuva não estava ajudando em nada, os jogadores se esforçavam o máximo lá embaixo, tanto para proteger, quanto para atacar. Os raios solares haviam sumido, assim, o brilho do pomo não seria refletido e ao perceber isso, Rose se pôs a dar algumas voltas no campo.

Um movimento chamou a sua atenção ao longe, Scorpius voava precisamente por entre as torres da arquibancada. Com certeza ele vira o pomo e não demorou muito para Rose estar na sua cola. Os dois, como soldados, esqueceram completamente qualquer relação que os ligava, pois o único compromisso de ambos era para com o seu próprio time. O pomo, de longe, era a coisa mais importante naquele momento.

Os dois se moviam em sincronia atrás da bolinha dourada voadora que brincava no ar, as arquibancadas foram a loucura quando um balaço passa furioso pelo meio deles. A corrida era ombro a ombro e quando estavam bem próximos do pomo, não perceberam de imediato que as vassouras desciam cada vez mais rápido em direção ao meio do campo. Rose foi a primeira a perceber.

– Scorpius! Cuidado! – ela alertou tentando fazer uma manobra para a vassoura subia, porém, já era tarde. Scorpius não teve como freiar e na tentativa de subir com a vassoura - ou foi o que ela pensou -, Rose enganchou o braço no dele e os dois foram lançados longe pelo contato, caindo bolando pelo gramado.

Um "Oh!" foi ouvido pelas torcidas e uma camada de lama se estendeu sobre o casal, que tentava, um pouco perdido, se situar no que havia acabado de conhecer. Rose não tinha percebido até então, que Scorpius a abraçava forte e protetoramente.

– Você está bem? – ele perguntou nervoso.

– Acho que sim, obrigada. E você? – ela quis saber tentando encontrar qualquer traço de dor na expressão dele.

– Um pouquinho tonto – ele sorriu a tranquilizando – Mas acho que estou bem também – Então sentiu algo se mexer em sua mão, sorrindo maroto para ela quando identificou o que era - E acho que você perdeu, Weasley!

Quando Scorpius tirou uma das mãos das costa de Rose e mostrou a ela o Pomo de Ouro, a ruiva bufou e logo se pôs de pé, mas não sem antes sussurrar algo para o loiro:

– Eu vou ficar com muita raiva de você agora, se não a escola inteira vai falar mais do que deve desse jogo. Então aguente um pouquinho, tá bom?

E sem esperar a resposta ela pulou pra longe.

– E parece que Scorpius Malfoy está com o Pomo! – o locutor da Corvinal anunciou não muito contente – Dando fim a um jogo acirrado com a vitória da Sonserina.

Todos vendo que ambos os apanhadores estavam bem, não havia necessidade de irem até lá conferir mais de perto, mas a torcida da Sonserina não podia se conter diante aquele final feliz de jogo. Rose gritou e xingou um pouco o namorado para que as cobras ouvissem e se retirou cerrando os punhos com as piadinhas que ouviu deles. Scorpius a observou inerte as comemoração ao seu redor, ela estava com uma ótima expressão de raiva, elaesabia muito bem que aqueles gritos histéricos foram apenas encenação para que ninguém duvidasse do quão justo foi o jogo e que na verdade ela tinha raiva apenas de si mesmo, como sempre ficava quando perdia alguma coisa. Ele queria correr até ela e abraça-la girando-a no ar e dizer que ela foi maravilhosa e que se aquele acidente não tivesse acontecido ela poderia ter mostrado mais para o que veio. Afinal o Pomo só se enrolou naquela confusão e foi pura sorte parar na mão dele. Scorpius reconhecia isso.

Rose a caminho do vestiário deixou uma lágrima frustrada cair, não acreditava que tinha perdido para a Sonserina, quando o jogo só dependia dela. Não que não estivesse feliz por Scorpius, porque ela estava, mas ela só não conseguia aceitar que tinha decepcionado o seu time e quando este se aproximou todo junto, ela respirou fundo se preparando para as acusações.

Pelo menos, a chuva havia parado um pouco e seu uniforme não estava tão sujo assim.

– Eu sei o que vão dizer, tá? Então não precisa continuar – avisou ela quando James se pôs a sua frente de braços cruzados com o time todo atrás dele.

– Rose o que foi aquilo? – o moreno questionou.

– Eu sei... Sirius, eu tentei, mas ele foi melhor, infelizmente.

– Eu não estou falando disso! Estou falando das suas manobras, Meu Deus você nunca jogou tanto!

– Mas... É... O que quer dizer? – ela quis saber confusa – Eu nem ao menos peguei o pomo.

– E quem disse que isso importa?! – Lily e Hugo se pronunciaram – Viu o que você fez? É, caramba! Aquilo foi demais!

– Foi mais do que demais! Foi... Merlin! – Fred gritou.

– Gente, vamos com calma... Eu não estou entendo...

– Acho que como ela fazia parte da dança, não deve ter visto o quão magnífica foi. – A voz de Albus surgiu as suas costas.

– Severus, quer me explicar o que aconteceu, porque eles não estão me ajudando... O que eu fiz demais? – Rose se virou para o primo que estava vestido apenas com o suéter do uniforme verde do seu time.

– Digamos que você, pimentinha – Albus de forma elegante, fez uma reverência a prima – Salvou a sua vida e a de seu namorado de forma magnífica.

– Ainda estou confusa. Eu não fiz nada, eu acho que com o fato de eu ter tentando subir, só piorei e por isso que a gente caiu.

– Mas foi exatamente isso que salvou a vida de vocês. Do jeito que vocês vinham em busca do Pomo não ia dar tempo nem de respirar sem tacarem o pescoço no chão e fazer o ‘crac’ mortal... Mas então você pulou da vassoura levando Scorpius junto, não percebeu isso? Porque o choque os jogou de uma forma que vocês caíssem sem danos graves, entendeu? Foi como um voou de verdade Rose. Eu estava prestes a fazer o gol do desempate do zero a zero, mas parei porque foi magnífico.

– Severus! Eu só tentei desviar do chão... Como eu pulei da vassoura? Meu Merlin, foi uma queda horrível.

– Pra você, rosinha – James comentou – Porque pros técnicos foi exatamente isso aí que o Albus falou.

– Técnicos?

– É – Fred disse – Chegaram pra assistir a partida e fazer seleções como todo ano, quando descemos Rox disse que o das Harpias estava admirado com o seu reflexo.

– E por que ninguém me avisou? – Rose quase gritou de surpresa.

– Porque ninguém sabia, mana – Hugo disse – Mas parece que eles comentam que foi um dos melhores jogos que já viram.

– E eu não duvido – foi a vez de Lily – Ambos os times estavam se matando pra marcar e defender, é tanto que só dependeu do Pomo.

– Então não está tudo perdido...

– É claro que não! – James exclamou – Esse resultado pode ser recuperado no próximo jogo, relaxe!

– Eu não contaria tanto assim com a recuperação – Albus provocou.

– Vai se preparando, maninho.

Severus apenas riu e se virou para voltar pra sua turma que ainda comemorava no meio do campo. Já não havia quase ninguém na arquibancada, Rose olhou ao redor e percebeu o quão idiota foi, não importava o resultado, Scorpius ganhou e ela devia parabenizá-lo por isso, nem por fingimento devia ter ficado brava. Se despedindo do seu time que se encaminhava para o vestiário, Rose girou os calcanhares e foi atrás do namorado. Encontrou o primo tentando entrar na grossa roda de alunos em volta de Scorpius e pediu a ele ajuda para passar, Albus pegou na mão dela e os dois abriram caminho.

Ao chegar ao centro do circulo, Rose cruzou os braços e estreitou os olhos automaticamente e Albus pigarreou. Zabini abraçava Scorpius de uma forma estranhamente simpática e ao ouvir o moreno, ela se afastou em um pulo, arregalando os olhos quando realmente focou Rose. Um clima de tensão caiu sobre eles, as trocas de olhares foram muito confusas.

– Ela só estava parabenizando ele, eu não deixaria que ela se atrevesse. – Rose ouviu a voz de Lara em um sussurro muito próximo ao seu ouvido.

– Obrigada. – Rose finalmente se mexeu, virando-se pra amiga e sorrido. Então voltou para Scorpius, quebrando a distancia entre eles, jogando-se contra o loiro – Me perdoe, eu não deveria nem ter fingido, você merece os parabéns! – ela sussurrou só pra ele.

– Ei, ruiva... Tudo bem. Acabaram de me contar como formamos uma bela dupla, sabia? – Ele a afastou um pouco para olha-la melhor e sorriu, aquele sorriso sincero e apaixonado que ela amava – A gente devia inventar uma dança das vassouras... Seriamos um sucesso!

A ruiva não pode deixar de gargalhar alto e esquecendo completamente do bando de sonserinos que os cercavam, ela o beijou. Demonstrava ali toda a admiração, orgulho, carinho e amor, aquele beijo representava a felicidade dela pela vitória dele. Scorpius a apertou ainda mais contra si e aceitou o beijo de bom grado, percebendo tudo que ela queria mostrar nele.

Surpreendentemente, as pessoas ao redor deles começaram a bater palmas e gritar “vivas!”, influenciados por Potter, claro. Com vergonha, Rose descolou os lábios do namorado e enterrou o rosto em seu peito. Scorpius apenas ria e agradecia a todos timidamente. A ruiva desgrudou um pouco para olhar ao redor, com a face vermelha como pimenta e as orelhas quase rochas, sorriu para toda a roda com muita vergonha. Porém, um sinal de alerta a deixou preocupada quando viu que o primo tinha sumido e olhando melhor, focou duas pessoas correndo para fora do campo. Lá na frente, ela reconheceu Lara e um pouco mais atrás ela viu Severus a seguindo de uma forma desesperada.

– Scorpius! – ela o chamou.

– O que? – ele parou de rir com os colegas do time.

– Tem alguma coisa errada. – E Rose apontou para os amigos ao longe.

– Merda! Ele só pode ter feito merda!

– O que? O que ele fez?!

– Vem comigo – foi só o que Scorpius disse puxando Rose pela mão para longe da comemoração.