Nosso passado,nosso futuro.. escrita por Gabriella War of Darkness


Capítulo 10
Cap. 10


Notas iniciais do capítulo

:)



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Flashback em

Fariza entrou na cabana da Doutora, como costumava chamá-la, ouvindo o choro desesperado do pequeno. Quando chegou à sala se espantou em ver não só Nicholas, mas também Brennan com lágrimas nos olhos.

–Ele está chorando assim há mais de meia hora, não sei mais o que fazer.

Fariza pegou o menino em seus braços, balançando-o levemente. O choro não dava trégua por um segundo sequer. Brennan limpou o rosto com as mãos, mas ainda sentia os olhos úmidos. Nunca havia estado tão desesperada.

Fariza deitou o garotinho no sofá, e depois de um tempo murmurou:

–Acho que encontrei o problema.

Brennan se aproximou para ver o que ela fazia. Estava abrindo o fecho da camiseta, perto do pescoço, onde ele havia prendido um pouco da pele do menino.

Fariza o pegou no colo, e em alguns minutos ele estava calmo, quase dormindo. Ela o deitou no moisés delicadamente, balançando o móbile, e Nicholas ficou quietinho.

–Esse tipo de coisa acontece, Doutora.

–Eu sou uma péssima mãe. – respondeu Brennan, as lágrimas escorrendo – Como pude pensar que conseguiria?

–Olhe para o menino. Com dois meses, e saudável e feliz.

Brennan olhou para o bebê quase adormecido. Dois meses. Isso significava que voltariam em um mês. E agora que o prazo estava se encerrando, ela se perguntava se Booth iria entender a situação. Ela esperava que sim.

Flashback off

Os dois não trocaram uma palavra sequer durante a viagem. Chegando ao apartamento, Booth abriu a porta e Brennan entrou com Nicholas no colo, em um acordo silencioso. A criança havia se acalmado na viagem de carro, e já quase dormia. Ela foi até o quarto, colocá-lo no berço, e Booth se sentou no sofá da sala.

Suspirou, passando a mão pelo rosto. Ter um filho com ela era um de seus maiores sonhos, e não podia negar que estava extremamente feliz. Mas já havia tido uma experiência com paternidade sem companheirismo, e não queria nem imaginar ter que passar por isso novamente. Brennan era cabeça-dura, quando quisera um filho antes deixara claro que ele não precisava participar. Teria sua opinião se mantido?

Ele duvidava que ela o impedisse de ver o menino, mas o que aconteceria se discutissem? Brigassem? Se ela resolvesse ir morar em algum buraco tropical novamente?

Ele não suportaria ficar longe de um filho, mas também não suportaria ficar longe dela.

Booth ouviu os passos dela ressoarem pela sala, e depois de alguns segundos sentiu o sofá afundar. Só então ergueu os olhos.

–Dormindo?

–Sim.

Os dois ficaram em silêncio. Ao menos os ânimos já não estavam mais tão exaltados como inicialmente.

–Booth, eu deveria ter sido mais clara quando nos encontramos no sábado...

–Por que não me contou antes?

Ela ia repetir a desculpa que havia dado para Angela, mas quando levantou a cabeça e encarou os olhos castanhos dele, naquele mesmo tom dos olhos de Nicholas, ela se lembrou de sua resolução. De suas reflexões, de suas decisões. E a primeira delas era se permitir sentir, e ser sincera a respeito de seus sentimentos.

–Eu tive medo.

–Medo do quê?

–Medo do que aconteceria.

–Aconteceria que nós voltaríamos para os Estados Unidos, e você teria essa criança aqui. Eu estaria presente.

–Eu não estava pronta ainda, Booth.

–E agora, está?

–Booth, você tem que entender que o tempo que eu tirei para pensar...

–Responda à minha pergunta, agora você está pronta?

–Eu tomei o tempo para realmente pensar, Booth. – insistiu ela, querendo por tudo explicar seus motivos até o fim.

–Você não pensou que isso podia ser perigoso? Longe de hospitais e tecnologia médica, em uma selva tropical!

–Eu não estava vivendo no meio da selva. Havia um posto de saúde em um vilarejo perto, e uma unidade de emergência em Ambon. E a parteira que me ajudou era realmente experiente, ela fez mais de...

–Uma parteira? Você está brincando né?

–Partos normais são a forma como as crianças vêm ao mundo há milhares de anos, Booth. É comprovado que as epidurais...

–Não me venha com papo squint agora! Isso foi irresponsabilidade!

–A gravidez foi tranquila, Booth! Fiz os exames no centro médico, estava tudo bem! Mas na hora que as contrações começaram, não teria como eu viajar até Ambon!

Ele fechou os olhos para se acalmar, a cena de Brennan grávida, com dores, sozinha em uma cabana o assombrando.

–Você não tinha o direito de esconder isso de mim. – disse ele, baixo, uma mão sobre os olhos.

–Sinto muito, mas o corpo é meu. Fui eu quem passou pelas mudanças, fui eu quem o carregou por nove meses!

Booth apenas a mirou. Ele já não estava mais afetado pelo calor da discussão, mas ela ainda estava na defensiva.

–Eu sou o pai, Bones. – disse ele, a voz mais baixa – Da mesma forma que resolver crimes, ter filhos é uma parceria. Eu tinha o direito de saber. Queria estar lá para você.

–Me virei bem sozinha.

–Não faça isso. Não se feche para mim, não de novo! – disse ele, agora gritando.

A discussão foi interrompida por um choro. Booth se sentiu culpado por não se lembrar da regra número um de bebês em casa, ainda mais se eles estiverem dormindo. Não falar alto.

Os dois se olharam por alguns segundos, então Brennan se afastou em direção ao corredor dos quartos. Booth se levantou, andando a esmo e descontando a raiva na bancada de madeira da cozinha. Ele apoiou as mãos nela, abaixando a cabeça e tentando se acalmar.

Depois de algum tempo o choro de Nicholas cessou. Booth pensou em ir até lá, mas logo se voltou contra isso, achando que não era uma boa ideia. Seus olhos viajaram pelos objetos da cozinha, dispostos da mesma forma que se lembrava um ano atrás. Então ele viu uma pilha de papéis perto da parede.

Ele não ia olhar. Mas sua curiosidade havia sido atiçada. Era um maço grande de papéis, divididos em dois, espalhados de forma descuidada. No topo da pilha havia um amassado. Ele se aproximou devagar, e deixou os olhos correrem pelo que estava escrito.

Era um livro, mas ele nunca havia lido aquela história. O topo da página amassada narrava uma personagem que ele não conhecia, Joy, discutindo a hipótese de escrever ou não uma carta. Da metade para baixo da página, a formatação do texto mudava, demonstrando que se referia à carta da personagem. A primeira frase fez o coração dele parar na garganta, e de repente ele não podia parar de ler.

Você disse que eu não sabia jogar o seu jogo, e quão certo você estava. Eu não sei jogar jogos. Não sei nada sobre as regras, os jogadores, a diversão. Eu não sei ser como você.
Se perfeição existisse, você seria sua imagem. E o que sou eu, além de alguém imperfeita e quebrada? O mundo não é justo, disse você certa vez. Então não vamos fechar os olhos e fingir que ele é. Não vamos viver uma fantasia imaginando que vai dar certo. Vamos terminar isso aqui.
Eu decidi isso. Eu sei disso. Então por que não posso pôr isso em prática?

Booth viu a parceira naquelas frases. Seu medo de perder as pessoas que lhe eram queridas, que ocasionava também seu medo de se envolver. Sua teimosia em falar que ela não conseguiria ir em frente, que ela não tinha o coração aberto que ele tinha. Tanta besteira. Ele sabia que ela podia amar. O olhar preocupado que ela lhe dava às vezes provava isso, e se não fosse prova o suficiente, só o que ele presenciara na última hora valeria. O olhar carinhoso que Brennan dava ao bebê era algo genuíno, maternal e altruísta. Tudo que ele precisava fazer era convencê-la disso.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Reviews??..



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