–Senhorita Swan. - Maleficent iluminou com o cajado na direção da casa. - Este lobo estava prestes a atacar sua ovelha. O que deseja fazer com ele?

Como Maleficent sabia que ela estava ali? Emma, parcialmente cegada pelo sono, parte pela luz verde do cajado; percebeu que Maleficicent trazia um par de ovelhas com ela.

–Só um minuto. - Emma se afastou da janela.

Não estava frio, mas teria que ir lá fora, resolveu calçar as botas. Jogou uma água no rosto, passou a mão no cabelo, e saiu. Corrigindo, em casa não estava frio, o lado de fora provava o contrário... Belle não estava usando aquela capa sem motivo. Emma cruzou os braços e foi se juntar as duas mulheres.

Maleficent era bastante intimidadora, com uma expressão fria e a luz do cajado iluminando seu rosto.

–E então? - a mulher ainda esperava uma resposta.

–Emma, por favor, deixa eu levar a Ruby pra casa... - Belle abraçou o lobo, que sangrava por um corte na cabeça.

O animal parecia tão frágil agora... se esforçando para lamber o rosto de Belle.

–Esse lobo... você disse que é a Ruby? A Ruby do restaurante... como assim?

–Eu não sei... estou pesquisando... já faz um tempo... isso acontece as vezes, mas ela volta...

Belle mal conseguia conversar. Parecia exausta e não tirava os olhos do lobo, tentando estancar o ferimento com as mãos.

–Senhorita Swan, suas ovelhas... - Maleficent lembrou.

–Ah, sim, - Emma estava distraída - pode me ajudar a leva-las para o celeiro?

Maleficente foi tocando as ovelhas calmamente. Emma se abaixou ao lado de Belle.

–Precisa de ajuda? Para leva-la... - ela não sabia bem o que dizer.

–Eu... acho que ela vai ficar bem. Quando... voltar ao normal... vou leva-la ao hospital assim que...

–Quer entrar? Vocês podem ficar aqui... - Emma quis ajudar.

–Não. Vamos pra casa, obrigada. Eu só preciso...

–Quer o cavalo? - ofereceu.

–Sim, por favor... - Belle finalmente se virou para Emma.

Emma foi buscar Tornado. O cavalo não ficou feliz em ser acordado no meio da noite. Quando estava saindo, viu Maleficent se despedindo de Belle. Por onde ela tinha passado?

–Se esse lobo aparecer em minhas terras, o destino dele será decidido por mim. - Maleficent foi embora.

–Aqui... - Emma se aproximou com o cavalo.

O lobo era maior e mais pesado do Emma esperava, mas conseguiram acomoda-lo, para que Belle pudesse transporta-lo em segurança. Belle agradeceu, e saiu galopando em direção a cidade.

Emma resolveu dormir mais um pouco, enquanto podia, e deixar as perguntas para mais tarde.

***

Amanheceu, e Emma acordou. Um pouco mais tarde do que de costume. Abriu a casa, olhou o lindo dia lá fora, pela janela da cozinha, onde preparava um delicioso café da manhã. Comeu, alimentou os animais, cuidou das plantas, brincou com Pongo... mesmo assim a presença das ovelhas pastando e os respingos de sangue na grama não a deixavam esquecer o que havia acontecido. Independente disso, teria que fazer compras. Se vestiu e pegou o carro; Tornado não estava a vista e provavelmente não estaria afim de trabalho hoje.

Dirigiu até a cidade e parou em frente ao mercado. O dono a cumprimentou, e ela se pôs a caminhar pela loja, conferindo uma lista mental do que deveria comprar. Tinker entrou correndo e começou a pegar vários produtos nas prateleiras. Emma achou que seria delicado perguntar sobre Ruby.

–Com licença, Tinker? - ela se aproximou.

–Oi, Emma! - ela respondeu sorridente - Desculpe não parar para conversar, estou sozinha no restaurante hoje e...

–Ah, eu só queria saber se Ruby está bem...

–Ela não apareceu hoje, Ariel disse que ela não estava passando bem e foi ao hospital... não deve ser nada grave! - a moça recolheu suas compras, acenou e saiu.

Archie coçava a cabeça frustrado enquanto rabiscava um papel.

–Como vou mandar a conta se ela não me deixa anotar direito o que levou!? - ele disse para si mesmo.

Emma decidiu dar mais uma volta na loja até ele se acalmar. Visitaria Ruby mais tarde, ou outro dia.. eventualmente.

***

Depois de um merecido almoço, Emma se sentou na varanda para digerir e ler um pouco. Decidiu anotar o que achasse importante, já que teria que devolver os livros logo. A brisa fresca, o perfume das flores, o som dos animais pastando, e pongo dormindo a seus pés, colaboravam para criar uma atmosfera relaxante e...

–O que está escrevendo?

–Coisas... Ahh! - Emma percebeu que Henry estava sentado ao seu lado. - De onde você veio, garoto?

–Não sei, sou adotado. - ele respondeu casualmente.

Emma ignorou.

–A propósito, o que o senhor estava fazendo na mina ontem? Tenho certeza que sua mãe ESTAVA tendo um ataque o dia todo...

–Eu estava... - ele se virou, constrangido.

–Estava...? - Emma se aproximou.

–Hm... não quero falar sobre isso. - ele se virou e cruzou os braços.

–Por que? - Emma imaginou que pudesse ser algo grave.

–Não quero. - o menino fechou a cara.

–Conta! - Emma insistiu.

–Não.

–Por que?

–Não quero.

–Mas por que?

–Não quero, não é da sua conta.

–Por que?

–Não.

–Por que?

–Não.

–Por que?

–Não.

–Por que?

–Emma. - ele se virou impaciente. Emma não sabia que ele podia fazer uma expressão tão firme. - Eu sou um alien.