Emma atravessou o quarto. Pegou o celular no bolso da jaqueta, e a música parou. Olhou o visor, "Uma mensagem não-lida". Pensou que pudesse ser algum cliente de Boston. Apertou o botão, e o texto apareceu na tela, "Seus créditos estão terminando..." Que inconveniente, será que no mercado vende crédito? Não houve tempo para divagação, outra mensagem surgiu na tela. "Onde você se meteu? As crianças estão preocupadas! -com amor, Erica". Aquela bestona... Emma riu. Tentou responder mas não teve como, devia tê-la avisado que ia viajar... daria um jeito de conversar com ela logo. Amanhã. Fechou a casa e foi dormir.

***

SPR 4 - 5a feira - dia - sol

Emma acordou com um barulho repetitivo no telhado. Olhou no relógio, oito horas. Levantou, vestiu-se, e foi ver o que estava acontecendo.

–Bom dia! - Robin cumprimentou assim que ela abriu a porta. -Ah! - ele correu até a caminhonete e voltou com uma toalha limpa e dobrada. - Muito obrigado.

–Hm... - Emma pegou a toalha e precisou de um minuto para organizar seus pensamentos. - Ah, sim, bom dia. Como está seu filho? - ela se lembrou dos eventos do dia anterior.

–Está logo ali, engordando seus peixes. - ele indicou o laguinho e riu. - Já estamos instalando o painel solar de volta e vamos partir o mais breve possível. - seu tom de voz ficou serio de repente.

–Muito obrigada, não precisam se apressar...

Robin sorriu e seguiu para uma escada encostada na casa, levando até telhado.

–Bom dia, senhorita Swan!

Emma olhou sobre a varanda e viu Killian acenado lá de cima, só agora ela reparou que o homem não tinha uma das mãos. Acenou de volta. Robin se aproximou do marido, tirou do bolso algo que Emma pensou ser uma ferramenta, e prendeu no braço dele.

Pongo apareceu latindo na porta e desviou a atenção de Emma. Deve estar querendo café da manhã. Seguiu com o cachorro para a cozinha e serviu-lhe a ração. Agora era a vez da dona. Abriu a geladeira e analisou as opções, tinha comprado várias coisas no mercado. Esquentou um pão com queijo e presunto.

Depois do café, Pongo foi brincar com o pequeno Roland e Emma deu início às tarefas da fazenda.

***

Perto da hora do almoço, as tarefas mais importantes estavam concluídas e Emma regava as flores perto da colmeia. Roland caminhou até perto da casa, onde podia ver seus pais no telhado, e deitou no chão. Pongo sentou ao lado do menino e latiu. Os dois homens olharam para baixo. Emma também deu atenção ao cachorro.

–Acho que ele está com fome... - Robin observou.

–Devemos leva-lo para comer e voltar depois? - Killian propôs.

–Querem almoçar aqui? - Emma acenou lá de baixo.

Os dois homens consideraram o convite e desceram a escada.

–Se não for incomodar, nós aceitamos. - Robin sorriu, recolhendo seu filho do chão. - Killian, é claro...

–Posso preparar outro peixe? - ele ofereceu animado. - O de ontem estava bom?

–Sim, estava delicioso. Pode preparar outro, por favor. - ela estendeu o braço na direção do laguinho.

Killian sorriu e foi para perto da água. Agora Emma podia ver um gancho de metal ocupando o lugar onde ele não tinha uma das mãos.

O homem analisou o movimento no laguinho por alguns segundos. Desceu o braço rapidamente na água e puxou um peixe para fora, na ponta do gancho.

–Ele é super jeitoso com essas coisas... - Robin comentou sorrindo.

Emma sorriu de volta.

–Posso? - Killian passou por eles, levando o peixe na direção da casa.

–Claro, já conhece a cozinha, fique a vontade... - Emma estendeu o braço.

Killian correu todo animado com o peixe e entrou. Emma e Robin seguiram-no calmamente.

Na sala, Robin deixou Roland no sofá, sob os cuidados de Pongo, que veio junto; e rumou com Emma para a cozinha. O homem ajudou o marido com o peixe, e a loira arrumou a mesa para todos. Enquanto o peixe assava, os três retornaram à sala.

Roland havia encontrado peças de jenga e estava montando a torre para jogar com o cão.

–Jenga! - o menino se virou para os pais e mostrou a torre completa.

–Parece que já temos o que fazer para esperar o almoço... - Emma observou.

Robin se sentou no meio do sofá, pôs o menino no colo, e puxou uma das peças da base da torre. Nada aconteceu. Ele colocou a peça sobre as outras e passou a vez. Emma se sentou do outro lado, perto do cachorro, e puxou uma peça do meio da torre.

***

A torre já estava consideravelmente mais alta quando alguém bateu na porta. Emma se levantou e foi atender.

–Boa tarde, Emma! - Regina cumprimentou toda animada.

Assim que viu quem era, Killian se levantou e foi para a cozinha.

–Oi, Regina. - Robin acenou timidamente de onde estava.

O sorriso da prefeita se desfez.

–Quer entrar para almoçar conosco? - Emma convidou e deu passagem. - Estamos jogando jenga...

–Não, obrigada. Vim te convidar para almoçar no restaurante mas vejo que você tem companhia. Até mais tarde.

–Posso ficar? - Henry apareceu ao lado da mãe.

–Você se incomodaria, senhorita Swan? - a compostura da prefeita era impecável.

–Claro que não, vá jogar jenga! - a loira convidou.

–Muito obrigado. Até mais, mãe. - o menino se despediu.

Emma observou o garoto entrar, cumprimentar os outros convidados, e se acomodar no sofá.

–Tem certeza que não quer ficar, Re... - ela se virou novamente e pode ver Relâmpago, tal qual seu nome, cruzando a ponte, levando a prefeita.

–O peixe está pronto! - Killian veio anunciar.

Emma assobiou e chutou a bolinha de borracha, que estava ali do lado, para fora. O cachorro passou correndo e a dona fechou a porta. Todos seguiram para a cozinha. Emma colocou mais um lugar na mesa, para Henry, Killian serviu o peixe, e almoçaram tranquilamente.

***

–Então, Henry, - Robin começou. - como está sua mãe?

–Bem. - o menino não deu muita atenção.

–Ela ainda me odeia? - ele continuou.

–Acho que sim. - respondeu apático.

–Robin, - Killian interrompeu. - deixe o garoto em paz, temos trabalho a fazer...

Killian levou Roland até a sala e saiu para continuar o trabalho no telhado.

–É mesmo, permita-me lavar a louça, senhorita Swan. - Robin começou a tirar os pratos.

–Ah, não precisa se incomodar, eu lavo... - ela se levantou.

–Não, imagine, você cedeu a comida, Killian cozinhou, agora é minha vez de ajudar. - ele sorriu.

–Já que insiste...

–Emma, vamos cuidar da fazenda! - Henry chamou.

–Na verdade eu tive tempo hoje de manhã e já cuidei de tudo... acho que ficou bom!

–Mesmo? - ele pareceu desapontado. - Quer fazer outra coisa então? - ele se animou de novo.

–O quê? - ela demonstrou igual animação.

–Você já conheceu a floresta?

–Ainda não... o que tem lá?

–Eu te mostro tudo!

–Se esperarem alguns minutos eu dou carona, já estamos acabando lá em cima... - Robin ofereceu, colocando mais um prato no escorredor.

Henry sorriu. Emma notou a tigela de ração do cachorro vazia e se lembrou que não lhe dera almoço. Serviu água e comida e foi abrir a porta. Passando pela sala, viu Roland sentado no sofá assistindo um homem estranho na TV tentando vender objetos antigos. Crianças... Ao abrir a porta, Pongo estava lá sentado com sua bolinha. Ele entrou calmamente, largou a bolinha no canto, e farejou seu almoço até a cozinha. Henry foi sentar na varanda e Emma o acompanhou.

–Ficou direitinho, professor? - Emma brincou.

–Sim... - ele riu observando a fazenda. - Você está indo muito bem!

A aprovação do garoto a fez sorrir.

–Você vai jantar lá em casa hoje?

–Vou! - Emma respondeu.

–Minha mãe gosta muito de você.

Emma não soube o que responder. A imagem da prefeita no bar, a chamando pelo primeiro nome, na primeira noite em Storybrooke, veio a sua mente. E ontem, quando se despediram na porta da mansão. Emma sorriu de novo, imersa em seus pensamentos.

Killian deslisou escada abaixo e bateu na janela cozinha, avisando seu marido que o trabalho estava terminado. Robin também tinha concluído sua tarefa com a louça, e saiu para ajudar o outro homem a guardar as ferramentas na caminhonete.

–Pronto, vamos? - Robin chamou.

Emma tirou Pongo de dentro da casa, fechou a porta, e o grupo seguiu para a floresta.