Frozen Heart escrita por Sanyan


Capítulo 7
Do you want to build a snowman?


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu acho que muitos vão captar a ideia do capítulo só pelo título. É um dos capítulos que eu mais queria escrever quando estava pensando na fic então espero que gostem!!
Segundamente eu to destruída pelo final de knb e a interação akakuro que eu sempre quis tava lá então eu to no chão
Mas vamos ao capítulo~



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Minúsculos e quase invisíveis flocos de neve caíam do outro lado da janela, diante dos olhos de Kuroko. Não era época de nevar, pelo menos de acordo com o que acontecia em Corona, mas agora estava. Não sabia se aquilo se dava por alguma influência de Akashi e seu descontrole com os poderes, mas não via modo de perguntar.

A rotina no castelo não era como imaginava, mas também não chegava a ser ruim. Akashi acordava cedo e preparava o café da manhã como um verdadeiro chefe. Podia perceber que, mesmo tendo cozinheiros especializados no castelo, não afetavam suas habilidades na cozinha. Ao descer, Kuroko sentava-se à mesa na companhia do ruivo e ambos comiam em silêncio. O olhar de Akashi caía sobre ele em alguns momentos, mas logo se desviava.

Quando acabavam de comer, Akashi se dirigia ao seu quarto onde ficava jogando Shôgi ou observando por trás da janela, agora descoberta. Como não se sentia confiante o bastante para chamá-lo, Kuroko buscava se ocupar de outras formas no castelo. Estava hospedado há menos de uma semana, mas já andara por todos os corredores e visitara todos os quartos.

Nada era muito diferente do que já vira, todos os locais eram praticamente escuros e sem decorações. Não via nem mesmo quadros de sua família ou dele mesmo e aquilo o estranhava, uma vez que o castelo de sua família possuía muitos quadros. Quando indagou Akashi sobre isso, o outro respondeu simplesmente:

– Quadros me trazem más lembranças.

E achou melhor não ir à fundo, respeitar o que o rei guardava em seu interior.

Mas naquele dia completava uma semana que estava ali e sentia que não obtivera nenhum avanço com relação a Akashi. Perguntava-se qual era a razão de estar ali, se era realmente desejado. Foi então que, olhando a neve que se amontoava no chão abaixo da janela, pensou em uma forma para se aproximarem um pouco mais.

Andou até o quarto de Akashi, ao lado do seu, o qual se encontrava com a porta aberta. Aparentemente ele gostava de deixar Kuroko ciente do que estava fazendo – que não era muito além de jogar Shôgi e observar pela janela – e quase como convidá-lo para entrar. Ou pelo menos se sentia que esse era o objetivo da porta aberta.

– Akashi-kun – chamou-o.

O outro apenas respondeu com um “hum?”, sem se mostrar surpreso ou assustado mesmo com a chegada completamente silenciosa que era característica de Kuroko e sempre causara reclamações por parte de Aomine.

– Você quer fazer um boneco de neve?

Akashi depositou a peça de Shôgi que estava entre seus dedos no tabuleiro e voltou a cabeça na direção do azulado, fitando-o com seus olhos heterocromáticos.

– Um boneco de neve? – sua voz não se mostrava ríspida, apenas surpresa.

– Sim, está nevando um pouco lá fora e tem neve o suficiente para isso.

O ruivo o fitava de forma séria, sem esboçar uma expressão diferente desde que ouvira a proposta. Kuroko pensava que receberia uma recusa em razão desse olhar que recebia, mas não foi o caso:

–Claro, me espere lá fora.

Era uma resposta sem entusiasmo ou que ao menos se mostrava feliz com a ideia. Mas o simples fato de ter sido aceito fez com que Kuroko se sentisse melhor. Embora seu rosto continuasse inexpressivo quase como o de Akashi.

– E não se esqueça das roupas de frio – retomou Akashi, levantando-se de sua posição e indo até o guarda-roupa do outro lado do quarto. – Pode pegar uma emprestada aqui se precisar.

– Não, tudo bem, eu trouxe.

E sair apressado do quarto. Queria chegar do lado de fora o mais rápido possível, não deixaria Akashi esperando. Por sorte trouxera sim roupas de frio, mas apenas enrolou um cachecol azul claro no pescoço e calçou as luvas nas mãos para que pudesse descer.

O vento frio roçou suas bochechas delicadamente ao abrir a porta dos fundos e entrar no jardim do castelo – agora completamente recoberto por neve. Mesmo que sempre nevasse em Corona, era diferente ver aquele espaço da mesma forma que sua casa. Era como um sentimento de nostalgia, mas não saberia dizer realmente a razão.

– Meus poderes estão um pouco mais descontrolados do que pensava. – ouviu a voz atrás de si e se virou para que pudesse ver Akashi.

Vestia um casaco castanho e usava botas além do cachecol vermelho claro enrolado no pescoço e as luvas pretas nas mãos. Kuroko diria que era um exagero, pois não estava nevando tão forte assim para precisar se agasalhar tão bem, mas achou melhor não fazer um comentário do tipo.

– Não é uma coisa ruim, as pessoas podem se divertir com a neve. – rebateu o azulado, buscando uma forma de confortar o outro.

– Sim, acho que sim.

– É verdade, olhe.

Abaixando-se, Kuroko usou as mãos para ajuntar a neve ao seu redor em um pequeno monte. Depois, puxando-a do outro lado, fez um monte pequeno e o levantou para colocar sobre o maior. Depois outro menor ainda sobre o punhado médio. Afastou-se um pouco para observar o que tinha feito por um momento e se voltar para Akashi:

– Faltam os olhos, a boca e o nariz. Acha que pode com isso?

O ruivo afundou a mão nos bolsos e retirou alguns botões e uma cenoura que carregava consigo. Deu um passo para ficar de frente para o boneco de neve e usou os botões para formas os olhos e a boca e a cenoura para formar o nariz.

Permaneceu no mesmo lugar quando terminou, observando atentamente o que haviam construído e suspirou.

– Não entendo como parecia tão divertido.

– É divertido, Akashi-kun – Kuroko colocou-se ao seu lado e disse com firmeza. – Só por fazer isso com outra pessoa é divertido.

Akashi manteve o olhar fixo nele. Como que para mostrar que estava certo, Kuroko se dirigiu a outro local do jardim que ainda estava com a neve intacta e se abaixou para amontar a neve novamente. Quando terminou, girou o pescoço e se dirigiu a Akashi.

– Traga um monte aqui, Akashi-kun.

Ele não retrucou. Abaixou-se no mesmo lugar e ajuntou a neve com as mãos, levantando o monte formado e caminhando na direção de Kuroko. Soltou-o sobre o que já estava pronto e começou a modelá-lo. Kuroko se levantou e o ajudou.

Logo estava pronto outro boneco de neve. Este feito com maior participação dos dois garotos. Kuroko recuou para que pudesse observar os dois que estavam formados.

– Bonecos de neve me faziam companhia quando ainda não conhecia Aomine-kun – comentou. – Você poderia fazer alguns quando se sentir sozinho.

Viu Akashi morder o lábio inferior e fazia uma careta rápida.

– Não creio que ajudaria muito.

– Então tente construir alguns com seus poderes para controlá-los melhor. Era uma atividade que eu fazia muito quando estava em treinamento.

– Não sei o que pode acontecer quando eu usá-los, Tetsuya.

Akashi pronunciava cada palavra com lentidão, mas um pouco de severidade. Parecia convencido do que falava e incapaz de mudar seus pensamentos. Kuroko colocou-se à sua frente para falar-lhe diretamente.

– Eu estou aqui para te ajudar com isso, mas você precisa tentar.

Usava um tom de voz com um pouco mais de sensibilidade do que costumava usar. Conversava com Akashi da mesma forma que conversava com as crianças de seu reino quando precisava confortá-las: transmitindo calma e amabilidade.

– Não posso – rebateu com a voz dura sem que abaixasse a cabeça ou desviasse o olhar, mas olhando fixamente em seus olhos.

O menor sentia a tensão proveniente daquele olhar. Era frio e impositor, causando-lhe arrepios. Sentia que deveria ouvir o que o rei dizia, mas também pensava ser uma perda de oportunidade se não fizesse nada naquele momento e não o confrontasse.

– Você vai fugir de seus poderes para sempre? É só construir um boneco como um dos que fizemos hoje. Ninguém vai se machucar.

Ele ainda não parecia convencido. Agora era possível ver a dúvida e uma provável mágoa do passado em seu olhar. Kuroko lembrou-se do que Kise dissera quando se encontraram, sobre como Akashi machucara seu melhor amigo durante a infância, forçando-o a se mudar de reino. Não sabia muito do passado de Akashi e nem conhecia o tal garoto, mas sabia que era doloroso perder um amigo. De certa forma sentia isso.

Por isso precisou reforçar que ninguém iria se machucar. O passado era diferente do futuro, não é verdade? Como criar um bom futuro se não conseguimos mudar o presente e esquecer o passado.

Tudo passava como um turbilhão em sua mente, mas, em meio a esse turbilhão, lembrou-se de algo que seu professor costumava fazer quando precisava o acalmar para usar seus poderes e pensou que poderia funcionar com Akashi.

– Espere um pouco. – disse Kuroko, começando a descalçar as luvas das mãos e deixá-las cair sobre a neve.

Achou melhor anunciar que faria isso para não causar uma reação descontrolada como a do baile.

Com as mãos descobertas, esticou os braços na direção de Akashi e segurou uma de suas mãos. Descalçou as luvas desta também e, em seguida, entrelaçou seus dedos e juntou suas palmas.

– Vou estar segurando sua mão, então você pode ter certeza que não vou me machucar.

As duas mãos juntas estavam levantadas na altura de seus rostos, de forma que Kuroko quase não pudesse ver a expressão de Akashi. Quase. Podia perceber apenas que seus olhos estavam um pouco surpresos, mas aquela expressão anterior havia se perdido.

Kuroko colocou-se ao seu lado, ainda segurando sua mão. Não se envergonhava de segurar a mão de outro rapaz daquela forma, era o mesmo que seu professor fazia e se tratava de um método puramente educativo. Mas não podia deixar de prestar atenção no calor da mão que segurava – diferente de quando o encontrara pela primeira vez e percebera que sua pele era fria. – e sentir o coração com batidas irregulares.

Queria se convencer que era apenas o medo pelos poderes de Akashi, pois já os vira antes e sabia de suas forças. A natureza violenta e a cor avermelhada eram lembranças vívidas em sua memória. Sabia bem como era e queria se convencer de que aquele desconforto era por causa disso.


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Notas finais do capítulo

eeeee essa é uma das minhas músicas favoritas de Frozen e extremamente fofa e heartbreaking ao mesmo tempo. Pelo menos o capítulo não foi triste então espero que tenha agradado 8D
mais akakuros no próximo capítulo, aguardem. E eu ainda preciso passar os próximos capítulos pro meu ocupado beta mas espero não demorar a postar o próximo pois é gold
Não deixem de falar comigo eu fico muito solitária e adoro falar com vocês ♥ compartilhem suas reclamações, dúvidas, desabafos, alegrias e até o próximo capítulo (○゜ε^○)♥