Odd's in your favour escrita por MyG


Capítulo 6
Somos a esperança


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoas... Pois bem, esse capitulo ficou bem grande. Boa leitura.



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Aceno para o monitor. O que roda nele não se parece comigo ou com Katniss.

São mulheres, mais altas, mais sexys e imponentes. Nem de longe eu ou Katniss e acho que ambas concordamos que os propôs deveriam ser mais reais.. Deveriam ser a guerra em si e não vindos de dentro de um set de filmagem.

Eu não me sinto uma rebelde, me sinto apenas uma daquelas modelos que aparecem volta e meia nas televisões da Capital.

Apesar de eu e Katniss não acharmos que isso esteja correto, todos parecem animados com o resultado.

“Pessoas de Panem, nós brigamos, nós ousamos, nós terminamos a nossa fome de justiça!”

Um slogan forçado, muito pensado... Quem em uma guerra de verdade teria tempo de formular algo como isso?

As vezes, sinto que eles não são tão inteligentes assim.

Somos colocadas de volta a nosso lugar.. A maquina de fumaça é ligada e o silencio toma conta do lugar. Ouço alguém gritar um “ação”.

Katniss mantem o arco em sua cabeça enquanto eu retiro as facas da cintura. Ela grita com toda a raiva que pode acumular no momento:

– Pessoas de Panem, nós brigamos, nós ousamos... – Ela para e então eu reúno as forças que realmente não tenho para continuar.

– Nós terminamos a nossa fome de justiça!

Quando acabamos, o silencio cai de uma maneira mortal sobre o set e só o que se houve após um tempo, é a voz áspera de Haymitch enchendo o set: “-E é assim que se acaba uma revolução.”

Katniss ficou furiosa. Eu não sei exatamente por que ouvir Haymitch ontem fez com que ela ficasse desse jeito.

Após muita discussão, concluiu-se que não tem como sermos os tordos, dentro de um set de gravações.

Tudo soa falso, desde a maquiagem, ao traje, a fumaça.. Em um cenário de guerra real, não seria tão simples assim.

Somos convocadas a uma reunião, e lá, graças a Haymitch fica decidido que tanto eu quanto Katniss somos mais uteis quando agimos por vontade própria e é isso que querem que nós façamos essa tarde no Distrito 8.

Sem maquiagem e produtos, eu estou cheia de cicatrizes e marcas. Olheiras e a cara de cansaço me dominam, mas isso parece comigo.

A roupa desenvolvida para mim e Katniss, é toda reforçada em partes vitais. Conta também com um capacete, mais um colete e um fone de ouvido branco.

Eu ganho minhas facas, que ficam alojadas em bainhas especiais em minha cintura, e uma arma de fogo.

Eu já tive contato com elas, no distrito 2, apesar de não ter armas desse tipo na arena, é de lá que sai a maioria dos pacificadores e armas de fogo são tão normais quanto saber manusear uma espada.

Pego o elevador com Katniss e Boggs, consigo perceber a indignação na voz de Katniss assim que chegamos ate o local onde se encontram os aerodeslizadores.

Entro, e me sento em um canto, me prendendo ali mesmo. Não muito longe de mim sentam-se Gale e Katniss e em pouco tempo estamos nos céus, voando em direção ao distrito 8.

Toda a nossa equipe de filmagem esta presente.

– Então Clove, pacificadores também vem do distrito dois? – Pergunta Katniss para mim.

– Sim. Somos treinados para isso... Muitos se voluntariam pela honra da coisa, outros pelas dividas ou para fugir das pedreiras. Porem, desde sempre somos treinados para levar isso como uma coisa boa.

– E é? – Indaga Gale.

– Se matar pessoas inocentes por puro prazer é considerado algo bom, e se ser criado a vida toda para ter prazer em matar também... Então pode se dizer que sim.

– Qual é o plano afinal? Conquistarmos todos os distritos? - Katniss pergunta para Plutarco.

– Queremos conquistar um por um, deixando o dois, que será o mais difícil por ultimo.

– Mas nós temos Clove! Ela é dos distrito dois!

– Katniss, digamos que as pessoas do distrito dois não me veem como um símbolo como os demais distritos. Eles devem estar me considerando uma traidora por se juntar a causa rebelde na verdade.

– E o que vamos fazer então?

– Quando chegar a hora, passaremos por cima disso. Chegamos. – Plutarco diz e então observo que estamos pousando nos arredores do distrito 8.

Descemos no asfalto, o aerodeslizador em pouco tempo desaparece e nos deixa a mercê das câmeras.

Eu sou guardada por 4 soldados, enquanto Katniss vai ao meu lado com Gale, Boggs e outros dois soldados que eu não conheço.

Nossa equipe é composta por 2 câmeras da Capital e a diretora chamada Cressida e seu assistente Messala.

Nos movemos até uma fileira de armazéns, e um segundo aerodeslizador pousa, trazendo suprimentos médicos e seis médicos.

Passamos por detrás dos armazéns, e quando chegamos a rua principal, o choque que sinto é inevitável.

Feridos por todos os lados. Sendo levados do jeito que conseguem ser carregados. Alguns sangram, outros estão amputados, inconscientes.

Preciso de muito esforço para lembrar de onde eu vim e para o que eu fui trainada a vida inteira, é para isso que eu fui treinada.

Caminhamos em direção para um armazém com um “H” pintado em cima, para onde todos os pedaços do que foram humanos estão sendo levados. Katniss trava, posso ver o pânico em seus olhos, mas Boggs a faz seguir em frente.

Uma mulher caminha em nossa direção. Ela tem uma arma automática pendurada em um dos ombros e eu me pergunto quem será ela.

– Esta é a comandante Paylor, do distrito oito. – Ela parece jovem para uma comandante, penso comigo mesma. – Comandante, essas são os soldados Katniss Everdeen e Clove Fuhrman.

– Eu as conheço, mas não tinha certeza de que estavam vivas.

– Katniss passou por um momento terrível e Clove esteve em recuperação. Mesmo assim insistiram em vir, elas querem ver os feridos.

– Isso é o que não falta. Venham, por aqui.

Engulo em seco e sigo em frente. Tenho certeza absoluta que toda minha equipe me segue.

Cadáveres estão depositados deitados lado a lado, lençóis brancos cobrindo seus rostos. Meu estomago insiste em embrulhar e eu apenas me concentro em qualquer outra coisa para ele parar de se contorcer.

Vejo Katniss agarrar o braço de Gale, e sinto uma leve inveja... Se Ethan estivesse aqui as coisas seriam diferentes.

Mas ele não esta, mantenha o foco.

Minha consciência me alerta e eu espanto os pensamentos que me levam a Ethan para longe.

Eu passo uma cortina e o impulso que tenho de cara, é o de cobrir o nariz.

Roupa suja, carne putrefata e vômito, tudo amadurecido no calor do armazém se misturam no ar e o deixam abafado. Sinto tudo girar por dois segundos até afirmar os pés no chão com firmeza novamente.

As claraboias não são o suficiente para dissipar o nevoeiro abaixo, e quando me acostumo com a pouca claridade do local, sinto meus órgãos se contorcerem.

Fileiras e mais fileiras de feridos. No chão, em lonas.. Os corpos se amontoam. O zumbido de moscas pretas, os gemidos das pessoas com dor, e os soluços de seus entes queridos se uniram em um coro violento.

Eu preciso contar ate 10 para acalmar as batidas de meu coração.

Nada que vivi ate hoje se compara ao que esta na minha frente.

Olho para frente e vejo que Katniss não se encontra em uma situação muito melhor que a minha e vejo Paylor nos encarrando como se esperasse uma resposta, um ato, qualquer coisa vinda de nós.

Eu me forço a passar a frente do grupo, e entrar mais profundamente no armazém.

– Clove? – Ouço uma voz a minha direita. Tento achar o seu dono, mas não consigo.

–Sim, sou eu. – Digo o mais alto que posso.

Murmúrios com o nome de Katniss se seguem mais atrás.

– Clove? É você? – Um menino, ele deve ter 13 anos esta a minha frente, ele esta com vários machucados pelo corpo.

Em pouco tempo, meu nome e de Katniss começa a ser entoado em coro pelo armazém.

Começo a andar entre as camas, dizendo saudações e apertando as mãos estendidas e as partes do corpo que não estejam tão feridas dos casos mais graves.

Subo em cima de uma mesa junto com Katniss para darmos um adeus final .

Ao sairmos do armazém, sento-me no chão, tentando recolher o máximo de ar puro que consigo.

Boggs para por dois segundos e então puxa Katniss e diz que precisamos ir.

– O que aconteceu? – Pergunto enquanto Gale me ajuda a ficar de pé.

– Bombardeio chegando! Precisamos sair daqui! – Boggs diz e começa a nos apressar para longe.

Começo a correr, entro no armazém que nos leva a pista que chegamos, Katniss esta a frente, eu observo o céu e não detecto nenhuma ameaça aparente, paro um segundo e esta tudo silencioso. Silencioso demais. E é isso que me alerta a começar a correr novamente.

Depois de tanto tempo de treinamento, você aprende que quando estiver silencioso demais, é por que tem algo errado.

Alguns segundos depois observo uma formação em “V” de aerodeslizadores da capital surgir no céu em um rasante largando as bombas. Só tenho tempo de me jogar ao chão, antes da primeira bomba acertar um dos armazéns.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Humm Gale.... Humm...
Ah galera, estou pensando em finalmente fazer a fanfic sobre o Ethan...
Vai se chamar "Pelos olhos de Ethan"
O que acham da ideia?