Acordo varias vezes durante a noite. Ethan sempre acorda e então me afaga os cabelos até eu pegar no sono novamente.

Na manha seguinte, o que me preocupa é o que vou encontrar logo mais: Enobaria acordada.

Passo no hospital e falo com Prim, ela diz que Enobaria deve acordar dentro de algumas horas. Pergunto também sobre Cato, ela diz que ele esta inconsciente ainda e fala sobre o que aconteceu no reencontro de Katniss com Peeta, ele tentou a enforcar. Prim disse ainda que acham que Peeta foi telessequestrado, que usaram o veneno das teleguiadas em seu crebro e alteraram suas memorias em relação a Katniss. Ela diz que quando eu for ver Cato, devo ter alguém da equipe medica junto, caso o mesmo tenha acontecido a ele.

A ideia me apavora. Apenas de pensar que Cato pode me ver como uma ameaça, que pode não lembrar mais quem eu sou, um pânico começa.

Eu ainda não vi Katniss. Com toda essa confusão... Como ela deve estar?

Eu suspiro e volto para meu quarto. Ignoro qualquer tentativa de Ethan para me fazer comer ou me animar.

No inicio da tarde, eu e ele vamos até o hospital. Respiro fundo varias vezes antes de ir até Enobaria.

A mulher sentada na cama, com os cabelos caídos no rosto, o olhar vazio e distante, cheia de hematomas e olheiras não lembra em nada aquela vitoriosa banhada em sua gloria, a treinadora durona e a mentora preocupada que ela é, ou melhor, era.

Sento-me na cama e coloco uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. Profundas olheiras circundam seus olhos e eles estão marejados.

– Enobs... – Isso chama sua atenção, era assim que Brutus a chamava quando queria que ela prestasse atenção em algo.

– Ele esta morto Clove. Eu o vi... Seu corpo no chão, com tiros o atingindo em todos os lugares. – Lagrimas rolam por seu rosto. – Ele já estava caído e mesmo assim eles continuaram atirando. – Ela esta muito fraca para fazer um escândalo, mas treme muito, apertando minhas mãos como se elas fossem salvar sua vida. – Por que eles fizeram isso Clove? Por que?

– Somente agora estamos conhecendo a verdadeira capital. – Ela assente.

– Clove... – Enobaria começa, mas fica me encarrando por um longo tempo sem falar nada.

– Eu preciso que você seja forte agora Enobaria. Você não pode dar para a capital o gostinho de te ver caída. Brutus não ia querer isso, ele iria querer te ver de pé, lutando, como você sempre fez. – Ela assente, ver Enobaria nesse estado esta cortando meu coração. Eu seguro minhas lagrimas com todas as forças que tenho, eu preciso ser forte por ela. Ela larga minha mãos, e retira um colar do pescoço.

– Oh meu deus! Não é possível... Como? Eu achei que tivesse o perdido! – Ela esta segurando o colar com o dragão, aquele que ela ganhou antes de entrar na arena, e que me deu antes de eu entrar na arena do massacre quaternário. Eu achei que tivesse o perdido.

– Ele estava com você no momento que te resgatamos da arena e então eu o retirei e guardei, ele ficou meio contorcido devido ao calor, mas nada muito grave. – Ela estende as mãos, o colar entre elas. – Clove, lembra no dia das bombas? Você me fez uma proposta, eu gravaria o propor e você me deveria um favor.

– Sim.

– Eu já sei o que quero em troca. – Enobaria treme, pega minha mão e a coloca em cima do colar, depois fecha em torno do mesmo. – Faça-os pagar. Por tudo Clove. – Enobaria tenta conter as lagrimas, ela aperta o colar mais em minha mão. – Prometa que vai.

Como irei negar um pedido como esse a Enobaria nesse estado? E mesmo antes dela pedir, eu já tinha prometido a mim mesma que o que ela pedisse, eu iria cumprir, nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse.

– Eu vou Enobaria. – Uma lagrima cai e rola por meu rosto ate meu queixo. – Por você e por Brutus. Eu não vou parar, até a capital ter caído em ruinas, nem que isso seja a ultima coisa que eu faça. Eu prometo.