Eu sinto tudo girar. Abro os olhos e me deparo com o branco do teto hospitalar.

Ao lembrar do que aconteceu antes de eu apagar... Enobaria e sua ida ao resgate... Eu começo a entrar em um panico crescente.

– Ei! Ei! Calma.. – Katniss me faz voltar a me deitar na cama. Ela e Finnick estão parados na minha frente.

– Katniss me diga que Enobaria não foi... Que ela está aqui. – Katniss abaixa a cabeça e faz um “não” com a cabeça. – Por que ela fez isso Katniss? Ela sabe o que ela representa para mim.

– Gale também foi Clove, ele também sabe o que representa para mim, mas a personalidade dele fala mais alto. Você melhor do que ninguém deve conhecer Enobaria, saber que ela não voltaria atrás depois de uma decisão tomada. – Ela está falando a verdade, Enobaria jamais mudaria sua palavras. - Eu e Finnick bolamos um jeito de ajudar eles. Mas vamos precisar de você também.

– O que vocês pretendem fazer?

– Estamos programando uma nova investida as telas de Panem. Mas dessa vez precisamos pegar a atenção deles, desviar de qualquer outra coisa. Precisamos de historias Clove.

– Achamos que você poderia falar da sua relação com Brutus e Enobaria, essas coisas. Isso chamaria a atenção do publico e de Snow. – Finnick completa.

– E quando nós começamos?

– O mais rápido possível.

Depois de eu me vestir, subimos ate as ruinas do treze e lá começamos a gravar.

Primeiro Katniss, falando de como conheceu Peeta, a historia dos amantes desafortunados.

Depois é minha vez, falando de minha relação com Enobaria e Brutus, de meu envolvimento com Cato na primeira arena e de Ethan na segunda, e de como está difícil agora que tenho os três longe de mim.

E em seguida é a vez de Finnick. Um depoimento que me deixou realmente perplexa.

“Presidente Snow costumava... me vender... meu corpo, isto é...Eu não era o único. Se um vitorioso é considerado desejável, o presidente o presenteia como uma recompensa para permitir as pessoas comprá-lo por uma exorbitante montanha de dinheiro. Se você recusar, ele mata alguém que você ama. Então, você faz. Eu não era o único, mas eu era o mais popular. E talvez o mais protegido, porque as pessoas que eu amava estavam dessa maneira protegidas. Para fazer a si mesmos se sentirem melhor, meus patrocinadores faziam dinheiro ou joias de presente, mas eu descobri uma forma muito mais valiosa de pagamento: Segredos. E isso é o que você está precisando para permanecer sintonizado, Presidente Snow, porque muitos deles são sobre você. Mas vamos começar com alguns dos outros.”

Listas de estranhos apetites sexuais, traições do coração, ganância incompreensível, e jogos de poder sangrentos. Eu nunca imaginaria metade disso, que as pessoas da capital, tem uma vida de podres, isso era de se esperar... Mas isso? É muito melhor. Teremos a atenção de Snow e de Panem toda sem sombras de duvidas.

“E agora, sobre nosso bom Presidente Coriolanus Snow. Tão jovem quando subiu ao poder. Alguém tão engenhoso para sustentar isso. Como você teve que perguntar a si mesmo, iria ele efetuar isso? Uma palavra. Que é tudo o que você realmente precisa saber. Veneno.”

Finnick conta sobre como os rivais de Snow morriam tão misteriosamente. Mortes rápidas ou lentas... Dizem que Snow, bebia do próprio veneno para desviar suspeitas, mas que os antídotos não funcionaram corretamente e então é por isso que ele usa aquela rosa que libera perfume, para mascarar o cheiro de sangue em sua boca.

Após acabarmos, o pessoal se apressa para ir preparar o material. Eu não sei o que dizer para Finnick, ele apenas me lança um sorriso como quem diz “trabalho cumprido”.

Até as 15:00, Finnick, Katniss e eu ficamos apenas tentando matar o tempo. Quando a hora chega, eu não consigo ficar calma.

O ataque começa, e conseguimos manter toda a parte que fala sobre Snow no ar.

Quando acaba, eu não consigo relaxar. Se eles não saíram de lá ate agora, eles não saíram mais com vida.

Nos acabamos por esperar na sala de defesa especial.

As horas passam, eu me sinto inquieta. Ando de um lado para outro.

O relógio é como se estivesse parado.

Vejo Katniss e Finnick fazer nós sem parar.

Eu ando, sento, observo os beija-flores e nada.

Chego a um ponto de gritar de frustração.

Meu coração não se aquieta no peito.

Eu não sei mais quanto tempo passou. No momento em que Haymitch empurra a porta avisando sobre a chegada deles, a única coisa que consigo fazer é correr.

Chego a ala hospitalar e o que encontro é o caos. Uma maca com uma jovem inconsciente, cabeça raspada e... OH MEU DEUS É JOHANNA!

Eu acompanho a maca ate desaparecer e então continuo procurando, até o ver... No fim do corredor, seu braço parece ferido, ele esta cheio de arranhões, um pouco mais magro e sujo que o normal. Meu coração pulsa descompassadamente no peito.

– Ethan. – As palavras saem como um sussurro e eu corro/caminho em sua direção. – ETHAN! - Eu grito um segundo antes de abraçá-lo. Lagrimas inundam meus olhos. Eu o aperto com um pouco mais de força e ele larga um pequeno gemido. – Você está vivo! Eu não acredito! Eu fiquei tão preocupada, eu esperei tanto tempo, eu quase surtei! Nunca mais faça isso comigo de novo você está entendendo? Nunca mais! – Eu falo tão rápido e tão embaçado que nem tenho certeza que ele escutou tudo que eu disse. Ele me abraça novamente e acaricia meus cabelos.

– Você nem imagina, o quanto eu estava esperando para poder te ver de novo. Não teve um só dia na capital que não pensei em você. – Eu o encaro por um tempo, as lagrimas inundam minha face.

– Ethan você precisa cuidar desse braço! Vocês terão muito tempo para conversar. – Boggs diz e então Ethan murmura um “nos vemos logo” e sai.

– Onde estão Enobaria, Brutus e Cato? – Pergunto para ninguém em especial, ainda me recuperando.

– Cato está sobre o efeito do gás junto com Peeta e Enobaria foi levada para a cirurgia. – Gale aparece ao meu lado, seu braço esta enfaixado, fora isso ele parece bem.

– O que aconteceu com ela?

– Ela levou dois tiros, um na perna e um perto da barriga. Precisam retirar as balas.

– E onde está Brutus? - Vejo o olhar de Gale murchar.

– Eu sinto muito. – Minha respiração começa a ofegar. Não pode ser.

– Vocês não conseguiram o tirar de lá? Ele não vai vim para cá? É isso? – Minha visão embaça, meu inconsciente grita, dizendo que não é isso que aconteceu, mas eu não suporto. Eu não quero acreditar.

– Clove, ele não ira voltar... O Brutus está morto.