Mais 24 horas de silencio e então finalmente Coin anuncia que podemos deixar o abrigo. Limpamos nossa área como indicado e nos enfileiramos na porta.

Nossos alojamentos antigos foram destruídos com o bombardeio.

Na hora de sair, Boggs me puxa da fila.

Katniss, Finnick, Gale e eu somos conduzidos ate uma sala nova, idêntica a do comando, onde Coin e os demais membros estão reunidos. Todos parecem esgotados, e então vejo que o café foi liberado. Deve ser algo como um estimulante de emergência, em casos de emergência.

– Não ha nenhuma conversa fiada. Precisamos de todos vocês quatro na superfície. Vocês tem duas horas para conseguir mostrar a extensão dos danos do ataque, estabelecer que a unidade militar Treze permanece não apenas funcional, mas dominante, e, mais importante, que os tordos ainda vivem. Alguma pergunta? – Coin se pronuncia sem mais delongas.

– Podemos ter um café? - pergunta Finnick.

Rapidamente xícaras são distribuídas. Eu pego a xicara sem hesitar. Café era uma das maravilhas que aprendi a amar na capital.

Eu coloco minha roupa de tordo, e volto para começar as filmagens. Me sinto exausta, enquanto estávamos na caverna, os pesadelos voltaram com força máxima, me acordando varias vezes a noite.

Katniss também parece esgotada. Eu arrisco dizer que ela não dormiu na noite passada.

Subimos para a floresta, hoje, eu e Enobaria gravaremos o propo que ela aceitou na caverna. Ela não esta feliz com isso, mas ela sabe que prometeu isso a mim.

A primeira cratera que encontramos, tem cerca de 30 metros de comprimento, e não arrisco dizer quanto de fundura. Agora posso dar um chute de quão profundamente esta localizado o abrigo. Continuamos a caminhar, quando chegamos a frente do edifício da justiça, que fica cerca de dez metros longe de uma nova cratera, avistamos flores.

Não simples flores. Rosas.

Brancas e vermelhas, com seu aroma doce e enjoativo.

Cressida tenta gravar com Katniss, mas ela acaba em prantos nos braços de Haymitch.

Eu suspiro. Não há nada que eu possa fazer, Haymitch dará um jeito na situação.

Agora, é minha vez e de Enobaria entrar em cena. Nos sentamos em frente aos destroços do edifício da justiça. Cressida vai fazer um jogo de perguntas e respostas rápidas, sem duvidas isso ajudara.

– Então Clove, Enobaria... Como vocês se sentem, após vivenciarem esse bombardeio? - Enobaria suspira diversas vezes, ela deve estar escolhendo as palavras certas.

– Me sinto enganada. Nunca pensei que a capital seria capaz de algo desse nível.

– Como assim Enobaria? – Cressida continua e eu não me pronuncio.

– Eu cresci vendo a capital como o centro de nosso mundo. Ter honra de ir aos jogos, não importava se você morresse ou não, apenas para ter o prazer de conhecer a grande capital, aquela que nos impulsionava... Que era motivo de grandeza e orgulho... E então descobrir que eles exterminam as pessoas, simplesmente para ter poder... É algo frustrante. – Ouvir tudo isso de Enobaria é um baque para mim. Quando pedi para ela me ajudar, nunca imaginei que eu ouviria tudo isso dela, e aposto que as pessoas do dois também não.

– E você Clove? O que tem a dizer?

– Brutus, Ethan e Cato estão na Capital. Todos nós vimos o estado em que Cato se encontra, eu não sei se a capital realmente acredita que um pouco de maquiagem vai encobrir o obvio, nós do distrito dois o conhecemos. E Brutus e Ethan? O que esta acontecendo a eles? Nós não temos como saber, eles não estão em frente as câmeras.

– Alguma ultima informação? – Eu olho para a câmera, a encarro por algum tempo sem ter realmente algo a falar.

– O distrito treze não esta destruído, estamos mais ativos que nunca e... Os tordos vivem. – Alguns segundos se passam e escuto Cressida falar “corta”.

Ouço Enobaria suspirar. Katniss já não esta mais aqui. Injetaram uma droga nela, devido seu descontrole emocional.

Voltamos para o subsolo e eu descubro que Katniss esta apagada no hospital. Sou enviada para a sala de comando diretamente.

Chego a sala, e encontro Beetee, Plutarco e Coin.

– E então... O que vai acontecer agora? – Pergunto, já que ninguém se pronuncia.

– Enviaremos uma equipe de resgate a capital, e tentaremos resgatar os prisioneiros. Precisamos de Peeta aqui. - Plutarco diz.

– Qual a probabilidade disso dar certo? – Eu pergunto, cruzando os braços a altura do peito.

– São grandes, mas precisamos agir com cautela. Nós estamos te avisando por que você esta visivelmente mais estável que Katniss. – Eu suspiro novamente.

– O que acontece se der errado?

– Bem, muito provavelmente ou matarão nossos enviados, ou os pegarão para torturar e tentar extrair alguma coisa deles. – Eu me apoio a cadeira, depois de um tempo começo a massagear minhas têmporas.

– Quando vão? E quem vai?

– Eles vão ainda hoje, devem estar se equipando agora mesmo. Vai ser uma equipe de sete no total, contando com Boggs, Gale e Enobaria. - Ergo a cabeça no mesmo instante.

– Enobaria não pode ir! – Eu me agito. – Ela vai acabar morta! Por que ela? Não! Eu não posso deixar! – Eu saio correndo da sala de comando, ouvindo os gritos insistentes de Plutarco.

Ethan.

Brutus.

Cato.

Eu já posso perder três pessoas que eu amo. Não preciso de uma quarta como voluntaria.

Chego a área onde se localizam os equipamentos. Vejo Gale observando armas, Boggs falando e demonstrando pontos em um mapa e Enobaria que prestando atenção nas instruções de Boggs.

– Você não pode ir! – Eu grito e então pego Enobaria, que esta despreparada, e a jogo contra a parede. Eu pego em seus ombros e os chacoalho. – VOCE NÃO PODE ENOBARIA! EU JÁ CORRO O RISCO DE PERDER ETHAN! DE PERDER CATO.. BRUTUS! EU NÃO POSSO CORRER O RISCO DE PERDER VOCE! POR FAVOR! NÃO VA!

Meus olhos ficam desfocados devido as lagrimas, eu não consigo entender o que Enobaria diz, sinto alguém aplicando algo em mim, e em seguida só vejo tudo escurecer.