As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 35
Capítulo 35 – Reunião de Emergência. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Hi, mina!! Como eu havia prometido antes, essa semana conseguirei fazer dois capítulos! Bem, antes quero mandar meus agradecimentos as minhas fiéis leitoras e a duas novas leitoras: Thai Mendes, que comentou pela primeira vez no último capítulo (seja bem-vinda, linda!) e a Danisse, que leu a fic e foi comentando desde o início dos capítulos até aqui! *__* Obrigada, linda!!
Sem mais delongas, espero que gostem do capítulo de hoje, ficou meio grande, mas fazer o que? Ah, e já sabem como funciona nosso combinado: quando temos dois capítulos na semana, vocês tem que comentar nos dois! =D



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Tsukiyo fez menção de sair da sala, não se achava em posição de participar de uma reunião de guerra de Sesshoumaru e seus generais, mas Sesshoumaru lhe indicou uma cadeira ao seu lado e timidamente ela sentou-se. Sentia o olhar de Suiryu sobre si, aqueles olhos inteligentes pareciam tomar cada informação que lhes parecesse relevante. Ela agradeceu mentalmente quando os outros generais entraram, pois desviaram a atenção do youkai sobre si.

            Tsubasa entrou com o semblante tranquilo com o braço ao redor dos ombros de Arashi, que parecia razoavelmente inconformada. Hiryu vinha logo a atrás com um olho ligeiramente roxo. O mais estranho era que mantinha o sorriso bem-humorado. Tsukiyo assistiu perplexa aquelas diferentes personalidades tomarem seus lugares à mesa. Hiryu sentou-se ao seu lado, cumprimentando-a com um aceno e Arashi e Tsubasa sentaram no lado oposto da mesa. As pontas pertenciam à Sesshoumaru e ao youkai vestido de preto, Suiryu.

            Após todos se acomodarem, Suiryu juntou os papeis espalhados pela mesa e os alinhou em uma pilha, colocando-a de lado.

            – Bem, vamos começar. – falou sem expressão.

            Era estranho para Tsukiyo que nenhum deles questionou sua presença na sala, ao menos não em voz alta. Imaginou que todos sabiam que fora Sesshoumaru a colocá-la ali e isso só a fez sentir-se mais desfalcada. Se soubessem o que fiz, não aceitariam tão fácil.

Sesshoumaru pareceu perceber seu desconforto e se adiantou:

            – Esta é Tsukiyo. – apresentou-a aos presentes, mantendo uma máscara tão imparcial quanto o youkai do lado contrário da mesa. – Ela me auxiliou nessa viagem e foi graças a sua presença que um acordo pôde ser formado com o clã dos youkais de gelo.

            Ao mencionar o clã, ela viu Sesshoumaru enviar um olhar a Suiryu que Tsukiyo não conseguiu interpretar. Antes que pudesse formar qualquer pensamento sobre o fato, sentiu uma mão pousar em seu ombro.

Hiryu a olhava curioso.

            – Oh! Estou curioso, como aconteceu?

            – Er, bem...

Indecisa, ela olhou para Sesshoumaru procurando ajuda, ele apenas acenou para que fosse em frente, recostando, em seguida, a cabeça na mão, como se esperasse entediado para ouvir uma história. No início sua voz de Tsukiyo se manteve hesitante, mas foi ganhando confiança à medida que falava.

— Ahn, f-foi exigido que eu duelasse com um dos subordinados de Shiro-sama. No fim, acredito que o resultado a agradou e ela acabou fechando o acordo. N-não fiz grande coisa...

            – Espera aí! Você disse: ela? – surpreendeu-se Hiryu. – Nunca imaginei que o líder daqueles youkais seria uma mulher.

            – Tem algo contra uma mulher ser a líder de um poderoso clã?! – perguntou Arashi irritada.

            – Não! De jeito nenhum! – o ruivo levantou as mãos em sinal de defesa e balançava freneticamente a cabeça de um lado para outro.

            – Calma, Arashi. – começou Tsubasa com um tom baixo e tranquilo. – O que Hiryu queria dizer era que nunca soubemos nada sobre o clã dos youkais do gelo, então é normal ficarmos surpresos com qualquer informação sobre seu líder.

            Tsukiyo percebeu Suiryu se ajeitar na cadeira e Sesshoumaru lançá-lo mais um olhar enigmático. Os outros presentes pareciam mais interessados na tensão entre Hiryu e Arashi e não perceberam o fato.

            – O que importa é que fechamos o acordo. – concluiu Sesshoumaru autoritário. – Logo mandarão alguns soldados para se juntar às nossas tropas. Exijo que sejam bem tratados quando chegarem.

            – Não faríamos diferente. – falou Tsubasa.

            – Certo. – começou Sesshoumaru quando Jaken, seu pequeno servo entrou na sala seguido de dois servos. Um carregava uma garrafa de vinho e outro seis taças de cristal.

            – Perdoe-me a intromissão, Lorde Sesshoumaru. – fez uma humilde mesura. – Acredito que um pouco de vinho fará bem aos senhores e... senhoras. – completou quando sentiu o olhar de Arashi sobre si.

            O Dai-youkai apenas acenou com a mão para que o servissem. Logo, todos estavam com uma taça cheia e os servos começaram a se retirar. Tsukiyo encarou sua própria taça. Pelo cheiro era um vinho de excelente qualidade, nada menos esperado de Sesshoumaru.

Sorveu um longo gole e sentiu o gosto adocicado descer pela garganta.

            – Seria melhor se tivesse trago duas garrafas. – comentou Arashi após esvaziar metade da taça num só gole.

            – Terá mais quando a reunião acabar. – impôs Sesshoumaru.

            – Diga-nos, Tsukiyo. – começou Hiryu rodando a taças na mão. – Como acabou se juntando a Sesshoumaru nessa viagem?

            Era impressão dela ou o ruivo lançou um olhar desafiador ao youkai de cabelos prateados? Sesshoumaru pareceu não se incomodar, mas Tsukiyo já suspeitava do que se passava pela cabeça de Hiryu. Ao que parecia, essas trocas de olhares seria algo constante naquela reunião.

            Ela olhou duvidosa para Sesshoumaru, lançando uma pergunta com o olhar: até onde devo dizer? O youkai não se moveu ou mostrou qualquer mudança na expressão, Quando ela estava prestes a responder algo, ele se adiantou:

            – Nossos caminhos se cruzaram por acaso. – falou convicto. – Ela estava em uma busca pessoal que a colocou em direção ao clã dos youkais do gelo. Foi útil nas negociações e depois exigi que me acompanhasse de volta.

            – Inteligente. Não seria bom que o clã do gelo descobrisse que ela não é realmente sua subordinada, não é? – concluiu perspicaz, Suiryu.

            – Hm. Pelo visto vai ficar mais um tempo presa a nós, Tsukiyo. – falou Tsubasa com um sorriso. – Ao menos até que os soldados mandados por eles retornem às montanhas. Espero que não seja um grande problema.

            – Não! De forma alguma! – negou rapidamente. – Espero não atrapalhar em nada.

            – E não se preocupe. Não a mandaremos para a guerra. – tranquilizou-a Hiryu. – E, caso seja necessário, a protegeremos. Estará segura entre nós.

            Tsukiyo agradecia as palavras do ruivo, mas sua personalidade a impedia de se portar como uma mulher indefesa que busca a proteção dos outros.

            – Agradeço a preocupação, Hiryu-san, mas consigo me virar sozinha. Se for preciso, irei à guerra também. – seu tom era educado, mas continha um tom de desafio.

            – Ei, calma aí. Sabe, não precisa se forçar a isso. A guerra é muito pior do que realmente parece. Não é lugar para damas como você. – Hiryu não parecia depreciá-la, apenas não compreendia sua posição. Tsukiyo sabia que era a maneira dele ser gentil.

Mas ela não era uma mulher qualquer. E, com certeza, não era nenhuma dama.

            – Não estou brincando. – reforçou Tsukiyo. – Então não me trate como uma criança ingênua. Sei bem como é a guerra e não tenho medo de enfrentá-la. – sua voz era firme e o olhar destemido.

            Antes que o ruivo pudesse dizer qualquer coisa, Sesshoumaru se adiantou.

— Melhor acreditar, Hiryu. Suas habilidades são boas, daria uma boa guerreira. – advertiu Sesshoumaru.

            Com exceção de Suiryu que permaneceu impassível, os youkais presentes se surpreenderam. Tsukiyo não sabia se era por descobrirem que ela era boa lutadora ou se era porque Sesshoumaru a havia elogiado.

            – Podem perguntar mais sobre ela depois. – falou Sesshoumaru. – Tsukiyo, está dispensada. Jaken!

            O pequeno youkai deslizou a porta e adentrou com uma reverência.

            – Sim, Lorde Sesshoumaru?

            – Providencie um quarto. Ela é nossa hóspede e deve ser tratada como tal.

            – Sim, senhor! Queira me acompanhar, senhorita. – o pequeno indicou a saída com o braço.

            Tsukiyo se levantou e lançou um último olhar a Sesshoumaru. Ela se perguntou o que discutiriam em seguida ou se havia feito alguma coisa errada. Pelo olhar ele pareceu dizer: está tudo bem.

Mais aliviada, ela seguiu o servo. Confiava em Sesshoumaru e gostou de seus generais. Hiryu lhe lançou um sorriso antes de sair como se desculpasse com o que falou mais cedo. Ela não pôde deixar de retribuir, ele era um homem bom e honesto.

            Assim que saiu, Tsukiyo fechou a porta.

            – Por aqui, por favor, senhorita. – Jaken começou a caminhar e ela foi logo atrás.

            – Ah, apenas Tsukiyo está bom. Não precisa de toda esta formalidade.

            – Não seja tola! Sou um fiel servo de Sesshoumaru, se não lhe tratasse da devida maneira estaria sujando o nome de meu mestre.

            – Entendo, mas ao menos quando estivermos a sós, não precisa disso tudo. Ninguém vai ficar sabendo.

            – Se insiste. – concordou o servo de malgrado. – Aqui, este será seu quarto.

            O pequeno abriu uma porta e Tsukiyo se viu num grande cômodo. Havia uma mesa num canto e uma almofada para sentar-se. Um comprido futon estava estendido no chão com detalhes em espiral. No lado oposto havia uma janela larga que dava para um céu claro. No canto contrário à mesa havia uma porta que dava para um largo banheiro, com uma grande banheiro e diversos sais de banho para utilizar.

            – Vou mandar preparar-lhe um banho. – informou o servo. – Há algo que deseja para o jantar?

            Tsukiyo que havia se aproximado da janela para encarar o céu, se voltou para o pequeno.

            – Quando Sesshoumaru saíra da reunião?

            – Essas reuniões tendem a demorar, e Sesshoumaru-sama ficou bastante tempo fora, então tem muito para se atualizar.

            – Entendo... – ela se voltou para a janela sonhadora. – Obrigada, mas não tenho fome.

            – Devo insistir para que...

            – É Jaken, não é? Está tudo bem. – falou sorrindo para o servo. – Ahn... mas acho que não vou recusar esse banho. 

            O servo pareceu congelar por um instante. Seu olhar era um misto de saudosismo e surpresa.

            – O que foi? – perguntou ela.

            – Nada! – ele sacudiu a cabeça de forma atrapalhada. – É só... Você me lembra alguém.

            – Está falando de Rin, não é? – concluiu Tsukiyo entre o triste e o feliz. Até quando sua memória vai me perseguir? Tinha sentimentos ambíguos. Ao mesmo tempo em que queria conhecer mais sobre ela, queria esquecê-la completamente.

            O pequeno pareceu surpreso e gaguejou ao dizer:

            – V-você conhece a... a Rin?! – ele se aproximou curioso.

            – Kagome me disse que há grandes chances de eu ser a reencarnação da alma dela, se é que isso signifique algo para você. – falou ela.

            – Conhece a humana do hanyou?

            – Sesshoumaru me levou lá quando precisei de ajuda. – involuntariamente sua mão foi para o ferimento que já terminava de se cicatrizar. Depois que seu sangue youkai assumiu o controle, sua cura foi acelerada. – E você, a conhece?

            – Muito, minha Lady. Fui seu criado por muitos anos, a conhecia desde criança. – falou o pequeno sapo, com uma espécie de melancolia.

            Por alguma razão, Tsukiyo sentiu-se mal pelo pequeno sapo. Não queria que ficasse triste.

            – Jaken, ahn... será que posso lhe pedir um favor?

            – O que quiser, Lady Tsukiyo.

            – Primeiro: nada de Lady, apenas Tsukiyo, está bem? – com hesitação ele concordou. – Segundo: você poderia... me contar um pouco sobre Rin?

            – Perdão? – perguntou confuso.

            – Eu... apenas imagino como ela foi, mas queria conhecê-la melhor. Sei que foi alguém muito importante para Sesshoumaru e queria saber como ela era.

            – Eu... sinto muito, mas acho que isso deve ser algo que Sesshoumaru-sama deva lhe contar. – falou o servo. – Não seria certo eu contar isso no lugar dele.

            – Entendo... – Tsukiyo já imaginava algo do tipo e, vendo a tristeza do pequeno youkai, ela continuou. – Ei, mas não fique assim. Acho que ela não gostaria de te ver triste assim. – ela sorriu-lhe encorajando.

            – É, realmente não. – ele sorriu fraco. – Vou mandar preparar seu banho.

            – Obrigada. – então ela comentou mais para si mesma que para ele. – Ela era realmente gentil, não é?

            – A melhor que já conheci. – falou o pequeno sapo abrindo um sorriso sincero. – Obrigado...

            Com isso, ele saiu, deixando Tsukiyo sozinha no quarto. Ela colocou a bolsa que Kagome lhe entregara em cima da mesa com cuidado para não olhar o conteúdo. Sabia que se olhasse novamente para o que sobrou de sua espada, pensamentos infelizes a atormentariam.

Tsukiyo apenas sentou-se na janela para encarar o céu limpo e apreciar a leve brisa que soprava, imaginando do que estariam falando na reunião.

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            Assim que a jovem fechou a porta, Sesshoumaru voltou sua atenção para a conversa. Pelo olhar que Hiryu voltou a lhe lançar, Sesshoumaru compreendeu que logo que tivesse a oportunidade seria parado pelo amigo. Desde que o ruivo colocou os olhos em Tsukiyo uma pergunta se formou em seus olhos e o Lorde sabia que não conseguiria escapar dessa conversa.

            – Quero saber das situações das tropas. – exigiu o youkai cão.

            – No norte, tudo continua na mesma. – começou Tsubasa. – Não há qualquer ataque naquelas fronteiras, mas sugeri que continuassem com as rondas periódicas e aumentassem soldados para os turnos da noite.

            Sesshoumaru apenas assentiu com a cabeça em aprovação.

            – O mesmo no oeste. – completou Suiryu pegando alguns papeis da pilha e passando-os para Sesshoumaru. – Os relatórios não reportam qualquer ataque vindo do oceano. Não é de se surpreender, até onde se sabe o sul não possui youkais típicos ou familiares com água. Mesmo com os youkais aquáticos que conseguiram aderir ao exército, são poucos para um ataque grande. Seria difícil para eles tentarem uma investida nessa região, mas, se assim desejar, dispomos de alguns soldados para enviar ao local para aumentar a guarda.

            – Não. Deixe como está. Não creio que façam investidas pelo oceano, seria prejuízo para eles. – refutou Sesshoumaru, obtendo o assentimento de Suiryu. – Como está o sul?

            – Ao que parece, eles realmente estagnaram. – Arashi tomou a palavra. – Nossos próprios soldados estão confusos com a atitude do inimigo. Houve duas tentativas de emboscada, mas nada mais que dez homens inimigos e eles visaram apenas os carregamentos de alimentos ou armas, mas fracassaram. Foi fácil cuidar deles.

            – Até agora não sabemos o verdadeiro motivo de terem montado acampamento. Não houve qualquer movimentação e nenhum reforço pareceu chegar. – completou Hiryu. – Rumores circularam de que um dos generais inimigos foi retirado do campo e retornou ao castelo de Nisshoku.

            – Alguma informação de quem seja esse general? – perguntou Suiryu curioso. – Até agora a identidade deles permanece um mistério para nós, bem como a identidade de Nisshoku.

            – Isso é porque até agora, nenhum dos generais saiu para o combate aberto. – reclamou Arashi, visivelmente descontente com o fato. – Pelo que um dos nossos infiltrados informou, nem mesmo os soldados deles sabem direito quem são. As ordens são dadas sempre pelos capitães de cada pelotão e acredita-se que apenas eles saibam quem são esses generais.

            – Bem, mas ao que parece um dos nossos espiões identificou um youkai com força considerável indo em direção ao castelo de Nisshoku. – falou Hiryu. – Por sua fama, é difícil acreditar ser um soldado comum. Acredito que sua patente é no mínimo a um capitão, apesar de ninguém saber realmente sua força. São apenas rumores, mas meu palpite é que ele é o general que saiu do campo de batalha.

            – Quem seria, Hiryu? – perguntou Tsubasa, levemente inclinado para frente devido à curiosidade.

            – Ninguém sabe seu nome verdadeiro, mas acho que todos já ouviram falar dele. Atende pelo nome de: Shinigami. – revelou Hiryu, arrancando caras de surpresa dos presentes.

            A expressão de Sesshoumaru permaneceu imutável, mas sua atenção ficou redobrada no assunto.

            – Está falando do Shinigami? O Shinigami?! – perguntou Tsubasa perplexo.

            – O louco assassino que nunca perdeu uma luta? – perguntou retoricamente Hiryu. – Sim, esse mesmo.

            – Hm. Se ele realmente for general do inimigo, podemos esperar que os outros são tão fortes quanto. – ponderou Suiryu com um uma das mãos apoiando o queixo e o olhar pensativo. – Isso até ajudaria a imaginar que indivíduos seriam os outros... Vou pesquisar sobre mercenários e assassinos desse nível mais tarde

            – Mas não passam de rumores, não? – Arashi levantou a hipótese. – Às vezes ele não é tudo isso que dizem. Digo, mesmo que realmente nunca tenha perdido uma luta, não significa nada. Não conhecemos seus oponentes passados, se forem fracos, mesmo um de nossos capitães poderia ganhar invicto.

            – Ele é forte. – Sesshoumaru se pronunciou. – Disso não há dúvidas.

            Todos olharam espantados para Sesshoumaru. Hiryu foi o primeiro a se manifestar.

            – Como...?

            – Eu o enfrentei alguns dias atrás, quando voltava das montanhas. – falou arrancando mais expressões de surpresa.

            – Aqui, nas Terras do Oeste? – questionou incrédulo, Tsubasa.

            – Conte-nos o que aconteceu. – pediu Suiryu, intrigado, entrelaçando os dedos e apoiando o queixo neles.

            – É tão forte quanto qualquer um aqui e é imprevisível. Se os outros generais forem como ele, teremos que enfrentá-los sozinhos. Não são youkais que as tropas possam segurar sem nossa presença. – advertiu Sesshoumaru.

            – Bem, menos um para nos preocuparmos agora, não é? – concluiu Hiryu otimista, mas quando viu a face séria do amigo, percebeu. – Sesshoumaru?

            – Ele apareceu de surpresa e eu subestimei sua força, pensando se fundar apenas em rumores. – confessou Sesshoumaru com dificuldade. – Era incrivelmente rápido e forte. Tinha uma foice longa e uma lâmina estranha que ao tocar seu corpo você perde a conexão dos nervos no local, perdendo o controle sobre o membro.

            Hiryu soltou um assobio impressionado, mas logo voltou a ficar sério como pedia o momento.

            – Então, como fez?

            Sesshoumaru respirou fundo. Não gostava de contar o que aconteceu. Mas por outro lado, isso facilitaria a aceitação da jovem.

            – Ele me desarmou e não pude me mover. Se a jovem não tivesse quebrado sua lâmina, acho que eu não teria retornado.

            – Ela fez o que?! – Hiryu era pura incredulidade, um sorriso se formando no canto da boca. – Ela conseguiu derrotar um inimigo que você não conseguiu?

            Já devia imaginar que você não deixaria essa passar, Hiryu, pensou irritado.

            – Ela o surpreendeu entrando na luta e só conseguiu quebrar a arma do inimigo à custa da sua própria, além de ficar mortalmente ferida pela foice no processo. – retrucou Sesshoumaru. – Shinigami saiu ferido também, mas nada fatal. Ele recuou assim que sua lâmina quebrou. Se eu tentasse persegui-lo, ela teria morrido. Infelizmente, eu estava em débito, então a levei num lugar para tratar de suas feridas. – pelo seu tom, havia encerrado o assunto sobre a luta e nenhum dos presentes iria voltar a mencioná-la novamente por vontade própria.

            – Maldito! – exclamou Arashi, pegando a taça de vinho de Tsubasa depois de ter esvaziado a sua. – Entrou no nosso território, para tentar lhe assassinar, Sesshoumaru. Como nenhum dos nossos o viu?

            – Não os culpe, Arashi. De acordo com o que Sesshoumaru disse, ele não é um youkai qualquer. – disse Tsubasa.

            – Não era atrás de mim que ele estava. – falou Sesshoumaru, chamando a atenção de todos novamente. – Foi apenas uma coincidência ele me encontrar.

            – Então o que ele...?

            – A garota. – respondeu prontamente.

            Todos se calaram por um momento, pasmos. Suiryu encarava sua própria taça de vinho, o olhar indicava que milhares de pensamentos rondavam sua mente numa velocidade espantosa. Tsubasa e Arashi trocaram olhares surpresos e preocupados, enquanto Hiryu encarava Sesshoumaru, atônito.

            – Sesshoumaru, está dizendo que ela era o alvo?

            O Lorde via claramente a confusão no rosto do amigo. Ele sabia que Hiryu acreditou, desde o primeiro instante que colocou os olhos na jovem, que Sesshoumaru a havia permitido permanecer ao seu lado pela semelhança com Rin. Bem, não era mentira, mas atualmente não era apenas por isso.

            – Durante a luta, Shinigami falou claramente que havia sido enviado para capturá-la. – falou convicto.

            – Então, essa é a verdadeira razão de tê-la trago até aqui. – concluiu Suiryu.

            Sesshoumaru concordou com a cabeça.

            – Mas por que Nisshoku estaria atrás dela? – questionou Tsubasa.

            – Talvez... ela seja uma traidora de seu exército e agora ele está querendo eliminá-la para não vazar informações. – considerou Arashi.

            – Não acho que seja o caso. Ela não sabe que está sendo perseguida por ele. – falou Sesshoumaru. – Não estava presente quando Shinigami disse isso.

            – Mas isso não exclui a possibilidade. – levantou, Tsubasa.

            – Acha que ela pode ser uma espiã mandada por eles para recolher informações nossas? – perguntou Arashi.

            Sesshoumaru maneou com a cabeça novamente. Nenhum deles discordou. Sesshoumaru dificilmente confiava em alguém e quando o fazia, significava que lhe dera motivos forte para fazê-lo. Nem mesmo Suiryu, o calculista estrategista, questionava quando Sesshoumaru dizia confiar em alguém. Acreditava que o youkai cão sempre fazia um julgamento justo e minucioso. Às vezes até demais.

            – Tenho uma boa ideia da razão de estarem atrás dela. – revelou o Lorde.

            – Qual? – Hiryu se inclinou de curiosidade.

            – Ela não é uma hanyou.

            – Não?! Então é o que?

            – Seu pai era um Dai-youkai como nós, sua mãe uma hanyou e a avó uma miko. – falou ele.

            – Mas isso a torna... – começou Tsubasa.

            – Uma mestiça, com todos os tipos de sangue. – completou Hiryu.

            – Isso é muito interessante. – falou Suiryu entrelaçando os dedos com os cotovelos apoiados na mesa, um brilho inteligente no olhar.

            – Sabe quanto dinheiro feiticeiras pagariam por apenas umas gostas de seu sangue? – comentou Hiryu. – Não é à toa que Nisshoku está atrás dela.

            – Por isso, conto com sua descrição para o boato não se espalhar. – falou Sesshoumaru. – Ninguém pode saber o que ela é, muito menos porque está aqui.

            Todos os presentes concordaram.

            – Não me admira que não tenha medo da guerra. – falou Arashi com uma atípica melancolia. – Posso apenas imaginar o que ela já passou.

            Muito mais do que imagina, pensou Sesshoumaru recordando-se da história da jovem. Os Dai-youkais fizeram um instante de silêncio, cada um absorvendo a seu modo as informações.

            – Imagino que ele a quer para algum ritual para confeccionar uma arma poderosa, estou certo? – Suiryu levantou o olhar para Sesshoumaru.

            – Acredito ser o mais provável. – respondeu o Lorde.

            – E se os generais forem tão fortes quanto Shinigami, acredito que Nisshoku deva estar no seu nível para mais, Sesshoumaru. – falou Tsubasa. – Se ele conseguir esta arma...

            – Ele não vai. – falou convicto. Eu não vou deixar. — A partir de agora, vamos protegê-la. Nisshoku não pode colocar as mãos no sangue dela.

            Um silêncio se abateu sobre o local. Sesshoumaru sabia que pelas mentes dos presentes pairava um pensamento obscuro, mas que nenhum deles ousou proferir:

Tudo seria resolvido se apenas a matassem.

O Lorde sabia que nenhum de seus generais apreciava matar inocentes. Dos presentes, talvez apenas ele não se importaria de fazê-lo se as circunstâncias fossem normais. Mas elas estavam longe de ser. No fundo, ele agradeceu que nenhum deles se manifestou a favor desse pensamento, nem mesmo Suiryu. Provavelmente sabiam que se ele próprio ainda não o sugerira, era porque estava fora de cogitação. Sesshoumaru os havia feito crer que ela era importante para manter a aliança com o clã do gelo. Ou talvez pensem que desejo me aproveitar do sangue dela, assim como Nisshoku.

Começou a ficar inquieto com o silêncio.

            – Concordo. – aquiesceu Hiryu.

            Os outros concordaram com a cabeça no mesmo instante. E um alívio se abateu sobre Sesshoumaru.

            – Então como vamos fazer? Ela ficará aqui? – perguntou Hiryu.

            – O shiro deve ser o local mais protegido dessas terras. Acho que seria a melhor opção. – disse Tsubasa.

            Suiryu negou com a cabeça enquanto contornava a borda de sua taça com o dedo, parecendo entediado.

            – A essa altura, Shinigami contou a Nisshoku que Sesshoumaru estava com ela. É de se esperar que iremos mantê-la no shiro. – começou. – Se não quiserem que a localização dela seja descoberta, o melhor é mantê-la em movimento, ao menos por hora. Pelo visto, enquanto não a capturar para criar sua arma, o exército de Nisshoku permanecerá estagnado. Ele quer ter certeza que vai vencer antes de começar a batalha.

            – Covarde. – queixou-se Arashi terminando de virar a taça de vinho.

            Sesshoumaru ficou satisfeito quando percebeu que a conversa estava tomando exatamente o rumo que queria. O Lorde aproveitou para fazer seu movimento, evitando levantar suspeitas.

            – Para desviar as atenções, faremos uma breve viagem. – falou Sesshoumaru. – Enquanto isso, vocês enviarão pessoas que espalharão rumores sobre a presença dela por toda Terra do Oeste.

O estrategista pareceu considerar por um tempo e respondeu, pousando a taça na mesa.

            – Acho que é um bom plano. Desta forma, Nisshoku não conseguirá sua localização exata e não poderá mandar um soldado qualquer atrás dela. Ele vai ter duas opções: mandar seus generais procurá-la, o que nos dá a oportunidade de descobrir quem são e destrui-los separadamente, já que terão que se infiltrar em nossas terras sozinhos. A outra opção é ele começar o confronto sem a arma, o que nos coloca em vantagem e os tira da estagnação.

            – Certo, faremos isso. – Sesshoumaru se levantou. – Discutiremos os detalhes amanhã de manhã. Estão dispensados.

            Os youkais se levantaram e preparavam-se para sair, quando Sesshoumaru completou.

            – Ah, ela não sabe que está sendo perseguida por ele, então não comentem nada. – ordenou ele.

            – Por quê? Acha que ela pode fugir se descobrir que está em perigo? – perguntou Tsubasa.

            – Não, acredito que se descobrir que isso pode impedir uma guerra, vai se entregar facilmente como sacrifício. – falou. – Ela é estupidamente altruísta e muito imprudente.

            – Sei... Vejo que arrumou uma boa garota, Sesshoumaru. – provocou Hiryu.

            Sesshoumaru imediatamente compreendeu que ele logo o procuraria para esclarecer algumas coisas em relação a ela. Coisas que ele preferia não conversar, por nem sempre compreender.

Fingindo ignorar o amigo, ele saiu pela porta, arrancando um sorriso do youkai dragão ao retrucar:

            – Não diga besteiras.


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Notas finais do capítulo

Desculpe os erros de digitação ou português se tiverem... Não revisei =/ Por favor, se virem um, me avisem que irei corrigir xD



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