Depois de mais uma recaída, Bella e Edward tentaram manter certa distância para não acabarem cometendo outro deslize. Isso tinha que acabar pelo bem deles e do filho. Então na semana que se seguiu a conversa deles era basicamente:

—Bom dia. – Edward cumprimentou servindo o café, ele fazia a questão de preparar o café todos os dias.

—Bom dia. – Bella respondeu sem olha-lo.

—Como está?

—Bem.

—E o bebê?

—Bem. –E era isso. Nem uma palavra sobre a noite da festa. Se eles não queriam falar. Angela, ao contrário, queria e muito.

—Crianças vocês tinham que ter ido a festa, foi incrível. – Os seis estavam sentados em uma mesa na hora do recreio.

—Nossos pais não iam deixar. – Alice lamentou.

—Eles têm juízo, ao contrário da Angela. – Bella cutucou a amiga.

—Não seja chata. E você e o Riley esticaram a noite? – Bella engasgou com o suco.

—ANGELA!

—O que foi? Eles nem entenderam, não é crianças? – Eles concordaram. – Viu só. Agora responda.

—Não, ele só me levou em casa e fim. – Respondeu de mau humor.

—E o Edward? – Bella engasgou novamente e Angela teve que socorrê-la dessa vez. – Nem precisa falar nada amiga, já entendi tudo. – Piscou para ela que se levantou e foi para sala de aula.

—Seu plano deu certo? – Rose quis saber.

—Deu mais certo do que imaginei, agora é questão de tempo até se acertarem. – Garantiu aos pequenos.

Além de Angela, Bella também teve que aguentar as provocações de Kate.

—Isabella Swan por que não me contou que está grávida? – Gritou ao telefone.

—Acabei esquecendo. – Bateu na testa, tantas coisas aconteceram que acabou não dando a grande notícia a amiga.

—Isso que é amizade. Eu que sempre apoiei vocês dois. – Fungou do outro lado. – Quando sai o casamento?

—Não vai ter casamento. –Bella respondeu de mau humor.

—E meu primo ainda está vivo? Surpresa com o tio Charlie tê-lo deixado vivo depois dessa.

—Foi por pouco. – As duas riram.

—Nossa, preciso tanto encontrar aquele vídeo.

—Que vídeo?

—Aquele em que você disse que nunca, em hipótese alguma, nem que te pagasse 20 milhões, você beijaria Edward Cullen. E ao que parece não só o beijou, como fez muitas outras coisas. – Gargalhou bem alto. – Lembro que Irina te fez prometer que se o beijasse teria que pagar uma prenda. Só não me lembro qual era. – Bella desligou o telefone na cara da amiga, esperava que ela não achasse o tal vídeo e nem se lembrasse qual era a prenda, pois ela não pagaria de forma alguma.

Bella estava em casa com os pais no sábado à noite, quando sentiu desejo de comer melancia. Olhou na geladeira e não encontrou.

—Mãe não temos melancia? – Perguntou se jogando no sofá entre os pais.

—Não filha, seu pai comeu o último pedaço. Amanhã compro mais.

—Eu queria hoje. Papai você podia ir comprar para o seu netinho? – Pediu manhosa abraçando o pai.

—Nem vem com esse joguinho. Peça ao pai do seu filho para comprar. Já passa das 10, está tudo fechado espere até amanhã.

—Não dá, quero agora. E não vou pedir nada ao Edward. – Cruzou os braços.

—Então vai ficar sem. – Charlie riu aumentando o volume da televisão.

Bella levantou e foi para o quarto. Olhou pela janela e viu que a luz do quarto do vizinho estava acessa. Mas ela não ligaria para ele. Estava decidida, ela era uma mulher independente, forte e não precisava de Edward para lhe comprar nada. De manhã, ela mesma iria até a feira e compraria a bendita melancia. Deitou na cama e tentou dormir... Mas o sono não veio, ela não conseguiria dormir sem comer ao menos um pedacinho de melancia. Pegou o celular e enviou uma mensagem para o vizinho.

B: Tem melancia na sua casa? – Olhou pela janela e viu que estava tudo apagado, talvez ele estivesse dormindo e ela teria que fazer o mesmo, mas estava enganada.

E: Não, pq quer saber? – A luz acendeu.

B: Estou com desejo.

E: Amanhã vc compra, vai dormir.

B: Não consigo, preciso da melancia, arruma para mim? – Ela esperou pela mensagem, mas ao invés disso ele ligou para ela.

—Está maluca?

—Não, falo sério. Você não quer que seu filho nasça com cara de melancia, ou quer?

—Seria bonitinho do mesmo jeito. – Bella desligou o telefone, mas ele tocou um segundo depois.

—Eu vou achar para você, me espera que já volto. – Ela tinha que admitir, ele estava sendo incrível em tudo, estava reformando a casa, pesquisando sobre gravidez e tinha até se inscrito em um curso para pais de primeira viagem. Ela sabia que ele iria apoiá-la, mas acreditava que seria apenas financeiramente, como estava enganada.  Ele se preocupava com tudo, em fazê-la tomar as vitaminas nos horários certos, em acompanha-la nas consultar médicas, em comprar roupinhas, ele participava tanto quanto ela. Sabia que ele seria um ótimo pai.

Edward prometeu que conseguiria, mas onde poderia arranjar uma melancia a essa hora? Estava tudo fechado... Talvez tivesse algum pedaço na geladeira. Desceu as escadas correndo.

—Vai tirar o pai da forca?

—Oi mãe. Temos melancia? – Ela o olhou confusa.

—Não.

—Droga, a magrela está com desejo e me pediu para conseguir uma para ela. – Esme riu.

—Vai se acostumando filho. – Deu um tapinha no braço dele. – Os Black plantam, porque não olha com eles?

—Boa ideia mãe. – Depositou um beijo na bochecha dela. – Vou até lá.

—De pijama? – Riu do afoitamento do filho. Ele subiu as escadas correndo.

Dirigiu até La Push, já era quase 1 da manhã, provavelmente eles já estavam dormindo, não poderia acorda-los. Parou o carro longe da casa e foi até lá a pé, tentou fazer o mínimo de barulho possível. A casa estava em silêncio, pulou a cerca de madeira e foi até os fundos, ainda bem que não tinham cachorro ou estaria em sérios apuros. Foi até um dos canteiros, puxou o canivete do bolso e cortou uma melancia. Estava saindo de fininho quando acabou esbarrando em umas ferramentas e provocou um barulho enorme. Billy Black acordou assustado e foi atrás de sua espingarda. Enquanto Edward tentava sair correndo, Billy apareceu na porta com a espingarda pronta para atirar no invasor.

—Seu ladrão, volte aqui. – Gritou mirando em Edward, que correu ainda mais chegando em segurança no carro, deu a partida e saiu cantando pneu. Billy ficou para trás, tentou atirar, mas errou o alvo para alívio de Edward.

—Foi por pouco. Ah Swan, você me paga.

Estacionou na garagem de casa e foi até a casa dos Swan. Entrou sorrateiramente e foi em direção ao quarto da mãe de seu filho. A encontrou dormindo com as mãos sobre o ventre, estava tão linda, parecia um anjo. Um anjo que quase o fez levar um tiro. A sacudiu de leve.

—Só mais cinco minutos mãe. – Reclamou se virando na cama.

—Acorda. – A sacudiu mais forte. – Cullen? – Perguntou abrindo apenas um olho.

—Não, Papai Noel. Claro que sou eu. Trouxe a melancia. – Ela despertou na hora.

—Como conseguiu?

—Ah, foi moleza. – Não iria contar a história verdadeira, ou ela iria ri dele.

—Obrigada. – Respondeu envergonhada.

—Vai comer?

—Vou. – Se levantou e os dois foram para a cozinha. Bella pegou uma faca e partiu um pedaço para ela e outro para Edward. Comeram em silêncio.

—Porque sempre foge? – Edward perguntou encarando o chão.

—Não sei como te enfrentar no dia seguinte. – Confidenciou também encarando o chão.

—Tem vergonha? – Suspirou.

—Não, só não sei o que sinto. Desde que me entendo por gente nós brigamos e odiamos um ao outro, mas eu sinto uma coisa confusa também.

—Uma atração. – Completou. – Acho que é porque nascemos no mesmo dia. – Bella o olhou com incredulidade. – Ou então, talvez seja porque nós go... – Foi interrompido por Renée que acendeu a luz da cozinha.

—Oba melancia, também quero. – Sentou ao lado dos dois. – Atrapalho algo?

—Não tia. Já estava indo. Boa noite Isabella.

—Boa noite Cullen e obrigada mais uma vez. – Ele deu de ombros.

—Só não queria que meu filho nascesse com cara de melancia. – Ela riu. – Médico na segunda?

—Médico na segunda. – Ela confirmou ainda envergonhada. Bendita hora para a mãe atrapalhar o que ele iria dizer. Isso era hora dela acordar? Não. Agora nunca saberia o que ele iria falar.

—Tenho a impressão que cheguei em um mau momento.

—Não mãe. Só estávamos conversando. Nada demais.

—Sei. – Com certeza tinha atrapalhado algo.