A cor do amor escrita por Cyn


Capítulo 7
Capitulo 7-Traições do coração




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Aiden

Meu deus, como eu sou um idiota.

A única coisa que pensava no filme todo era o quanto queria abraça-la e fazer o medo dela desaparecer.

Queria tê-la nos meus braços e faze-la sentir-se segura. Protegida.

Assim, como quando éramos crianças.

Era a mim que ela sempre procurava quando Mylla punha destes filmes. Era eu que a segurava nos braços até ela adormecer sem pesadelos e em paz.

Suspirei e deitei a cabeça para trás.

Como eu queria voltar aqueles tempos.

A música de I Love You de Avril começou a tocar e olhei em volta á procura do som.

O telemóvel.

Della, tinha-se esquecido dele.

Eu sei que não devia, mas queria saber quem era.

Por mais que já tivesse uma ideia.

Peguei-o e li Spencer no ecrã.

Filho da mãe!

Atendi antes de poder pensar.

–EI, Delly Dell. Desculpa ter demorado. Houve um problema com os meus pais. Podemos conversar sobre o que falamos no parque?

Apenas EU a chamo de Delly.

Ninguém mais.

NINGUÉM!

–Oh, eu ia adorar saber.

Houve silêncio na linha.

–Quem és tu?

–Era exactamente isso que eu estava a pensar.

–Sou o Spencer. Spencer Idefl. E tu?

–Aiden.

–Aiden? Della nunca me falou de ti.

Sentei-me no sofá e cerrei o maxilar.

–Engraçado porque ela também nunca me falou de ti.

–Hmm, ela está?

–Ocupada.

– Será que podias chamá-la?

–Que parte de “ocupada” é que não entendes-te?

–O que estás a fazer, Aiden?

Oh, merda!

–Eu perguntei o que estás a fazer? Aiden, porque tens o telemóvel de Della?

Mylla tirou-me o telemóvel.

–Ele tocou e eu atendi.

–Podias tê-la chamado. Estou?... Oi, Spencer... Desculpa o idiota do meu irmão… Sim é… Claro que sim. Ela vai amar. Espera um pouco.

Não olhou para mim e correu para o quarto.

Eu fiquei no sofá olhando como o estúpido que era. Devia tê-lo mandado logo para a merda.

Erro meu!

Idiota que eu sou.

Olhei para as escadas.

Vou ou não vou?

Olhei para a foto de Mylla e Della xinguei-me.

–Que tenho a perder?

Subi as escadas á pressa e parei na porta do quarto de Mylla.

–Não me digas- Ouvi Della.

–O que ele disse?- Sussurrou Mylla.

–É óptimo. Na verdade amo.- Disse Della rindo.

O meu estomago retraiu-se com os ciúmes.

Maldito Spencer.

–O que amas? Della?

Della apenas riu.

–De acordo. Até amanhã. Adeus.

–E então? E então? E então?

–Calma, Mylla- Disse Della rindo- Eu vou contar tudo. Então ele começou por falar do encontro com Lily.

Mylla fez um som de desgosto.

–Mas ele disse que tinha sido horrível, que nunca na vida se iria sentir atraído por alguém como ela,… mas sim como eu.

Mylla gritou de alegria e ouvi a cama a ranger.

Claro que ele se ia sentir atraído por ela. Della é deslumbrante. Nem um cego resistiria.

–Disse que sabia que eu tinha corado, e corei. Claro.

–Claro.

–Que gostava de como eu sorria, de como meus olhos brilhavam quando ria…

De como olha para uma pessoa atenta ao que ela diz, sem mentira. Como ela brinca sempre com a vida. Como ela faz para deixares de chorar. A forma como ela fica lindamente vermelha quando cora. Da maneira que se parecer tão frágil mas tem um coração de guerreio. A bondade dela é inigualável. O coração dela é puro e belo, sem maldade. Frágil.

Aquele idiota não sabe nada sobre ela.

Eu conheço a minha menina como ninguém.

Sei do que ela gosta e do que a faz ter medo.

Os seus sonhos, os seus pesadelos.

Spencer Idel não conhece minha menina como eu.

–Vamos nos encontrar depois da escola.

–Eu disse que ele andava atrás de ti. Assim como todos os outros.

Mylla riu.

–Eu não quero os outros, eu quero Spencer. Apenas ele.

Encostei-me á parede e lutei contra as lágrimas que ameaçavam cair.

Tinha doido mais do que imaginava. Della não tem ideia do que aquelas palavras me feriram.

FODASSE AIDEN!

Ela não sabe o que sentes por ela.

Como esperas que ela queira ficar contigo?

Que seja tua?

O pior é que:

Eu quero que ela seja minha. Apenas minha.

Della

Eu vou sair com o Spencer.

Eu vou sair com o Spencer.

Eu vou sair com o Spencer!

Ó meu deus!

Ainda não acredito.

O tempo parecia que não passava.

Odeio quando queremos que o tempo passe e ele demora imenso a passar.

Vamos lá ponteiro.

Vamos lá.

Ainda tinha de me ir arranjar.

–Não se esqueçam que o baile será apenas uma formalidade. Haverá também outras actividades para participareis.

E tocou.

Suspirei de alívio e puxei Mylla para o carro.

–Calma, apaixonada.

Revirei os olhos e entrei no carro sorrindo.

–Vamos, Mylla.

–OK, ok.

Ela ligou o carro mas ele foi-se a baixo.

–O que aconteceu?- Perguntou voltando a ligar o carro.

Deu partida mas depois morreu.

–Mylla, diz-me que isso não está a acontecer.

Ela voltou a tentar mas foi igual.

–Desculpa, Dell. Mas vou chamar Aiden. Ele vai poder levar-te.

Suspirei e encostei-me ao banco.

–Boa.- Sussurrei.

–Estou, Aiden?... Já estás mal disposto? …Como queiras. Preciso de um favor. Podes vir buscar-nos? O meu carro morreu… Não sei, ele não quer ligar. Então podes?... Boa, obrigado maninho.

Ela virou-se para mim sorrindo tranquilizadoramente.

–Ele está cá daqui a nada.

–Certo.

Como prometeu, Aiden apareceu.

–Que aconteceu?

–Não pega. Vê por ti mesmo.

Mylla saiu dando o lugar a Aiden.

Viu-o olhara para mim pelo canto do olhou mas deixei-me ficar virada para a frente.

Ele deu na ignição e como antes morreu.

–Vês? Nada.

Aiden começou a rir e encostou-se no banco.

–O que foi? Porque te estás a rir?- Exigiu Mylla.

–Não tem gasolina.- Disse.

–Yahp.- Concordou Aiden ainda rindo.

–O quê?! Eu pus gasolina.

–E isso foi no dia em que fomos a Denver?

–Sim.

Revirei os olhos.

–Mylla, isso foi á 5 semanas.

–Á.

Ri um pouco e sai do carro.

–Bem, vamos?

–Sim, posso cá vir mais tarde tratar deste problema.- Explicou Aide.

Mylla sentou-se com Aiden e eu pode ficar frenética sozinha no banco detrás.

–Então, hmm, vens para nossa casa?

Neguei com a cabeça e deixei-me olhar pela janela.

–Ela vai para casa- Explicou Mylla- Eu já te disse o que tinhas de vestir, não é?

Revirei os olhos e sorri.

–Quinze vezes.

–Bom. Mas faz exactamente como eu disse. Ficarás linda. Spencer irá amar.

Sorri corando e olhei de novo para a mensagem que ele me tinha mandado de manhã.

Mal posso esperar por logo á noite, linda. A pensar em ti, bj Spencer.

Eu também mal posso esperar.

Esta noite será mágica.

Incrível.

Inesquecível.

Parei nos meus pensamentos quando Aiden parou o carro rapidamente fazendo-me ir contra o acento de Mylla.

–Uau, calma ai mano- Disse Mylla.

Olhei para Aiden.

Ele segurava o volante com força fazendo os nós dos dedos dele ficarem brancos.

–Desculpa- Resmungou olhando pela mim pelo retrovisor.

Tirei o cinto e abri a porta.

–Adeus. Conta-me tudo quando chegares.

–De acordo. Até logo.

Corri para a grande casa vazia.

Nunca gostei de ficar sozinha depois da morte de minha mãe. Lembrar-me que foi nesta casa que ela morreu metia-me medo. Não queria sequer entrar cá dentro. Aiden veio comigo e segurou-me na mão o tempo todo. Minha casa não era mais uma casa sem minha mãe.

Aiden deitava-se comigo e contava-me histórias até adormecer, mas foi apenas por ele estar ali que eu conseguia dormir, as histórias eram um bónus.

Passei a maior parte do tempo em casa dos Willow quando meu pai estava fora, então nunca ficava sozinha em casa. Mas então cresci e Aiden deixou-me, eu comecei a gostar de ter o meu espaço para poder chorar sem ninguém me ver.

Sempre que preciso dele vou para casa e fecho-me no meu quarto. Nada me pode magoar dentro daquelas 4 paredes.

Tomei banho em 10 minutos e vesti a roupa que Mylla me indicou. Um vestido preto justo, pequenas botas de salto alto branco e um casaco de cabedal branco. Simples e bonito. Deixei o cabelo solto e maquilhei-me suavemente.

Conjunto feito.

Peguei numa mala preta e desci para o andar de baixo. Tudo estava limpo e no lugar. Esta casa mal era usada.

Várias fotos estavam penduradas nas paredes. Meu pai queria tirar as da minha mãe, mas sentia-me melhor com elas lá. Queria que tudo estivesse como ela tinha deixado. As fotos eram uma lembrança dela e da sua luz. Nunca a tiraria.

A campainha tocou assustando-me.

Andei até á porta inspirando e suspirando. Movimentos lentos e regulares.

Abri a porta e sorri quando Spencer ficou na minha visão.

Ele vinha todo de preto tirando o casaco branco.

Ele sorriu quando percebeu.

–Parece que combinámos.

–Eu sei. Incrível, não?

Ele pegou-me nas mãos e deu um sorriso que me fez tremer.

–Sim, mas tu estás ainda mais.

Correi e sorri.

–Obrigado, tu também está bem.

–Bem?- Perguntou levantando as sobrancelhas e fazendo beicinho.- Apenas isso?

–Muito bem. Espantoso.

Ele sorriu docemente e beijou-me no rosto.

–Tenho de estar no meu melhor para a miúda mais bela.

Tão fofo.

–Obrigado, Spencer. És um querido.

–Espera para veres o que preparei para nós.

Já estava a amar.

Ele conduzia um jipe vermelho, contou-me que seus pais o tinham feito trabalhar na fazenda do avô durante o verão para lhe comprarem o carro.

O restaurante que ele tinha reservado era o “Beira mar”. Sempre gostei deste restaurante. Havia música e a vista era para o oceano. Lindo.

–Eu até me diverti, sabes? Meu avô é um bacano e minha avó mima-me muito com bolo de avela por ser seu único neto. Ser filho único tem suas vantagens.

–Sim, mas sempre quis ter um irmãozinho. Amo Mylla como minha irmã, mas é diferente.

–Não á muito que as ligue.

Assenti e ele sorriu um pouco.

–Sei como é. Ama-los no fundo do coração, mas falta sempre algo. Mas porque é que teus pais não tiveram mais filhos?

Endureci e olhei para o prato.

–Minha mãe morreu quando eu tinha 5 anos e meu pai nunca se quis casar de novo. Diz que apenas amará minha mãe e a mim. Não existirá mais ninguém para ele.

Seu belo sorriso desmoronou e ele segurou minha mãe.

–Lamento. Não sabia.

Dei um sorriso amarelo.

–Eles amavam-se muito. Por mais que eu diga a Xavier Telles que tem de seguir em frente ele diz que já o fez. Que apenas existia duas mulheres na vida dele. E agora que minha mãe se foi… fiquei apenas eu.

Ele acariciou-me a mão.

–É um homem de um único amor.

Assenti e sorri.

–E os teus pais? Porque não quiseram mais crianças?

–Á, bem, meu pai sempre disse que um filho chegava e então cá estou eu. Minha mãe cresceu numa família grande, muitos filhos então queria uma família pequena. Dizem que eu chego e sobro.

Rimos e o nosso comer chegou.

–Sabes, adoro este restaurante.

–É lindo, não?- Disse ele olhando para o nosso lado.

Uma grande janela de vidro dava acesso á paisagem maravilhosa da praia.

–Definitivamente.

–Sabes o que mais gosto em ti?

Olhei para ele.

–O quê?

Ele cruzou os braços em cima da mesa e inclinou-se para a frente.

–A forma como os teus olhos brilham. Esses olhos lindos não escondem nada.- Acariciou minha bochecha e eu sorri- Mostram o que verdadeiramente sentes. O que gostas e não gostas. Fazem-te parecer tão bela e tão inocente.

–És um exagerado.

Ele riu e seus dedos tocaram minha boca suavemente.

–Não. Sou verdadeiro. Digo o que vejo. E sem dúvida alguma, és a coisa mais bela que eu vi. Pura e inocente.

Mordi o lábio inferior e senti-me corar.

–Obrigado, Spencer.

Ele removeu sua mão e sorriu.

–É melhor comer-mos ou eu vou ficar a falar coisas que quero dizer mais tarde.

Olhei para o meu prato sem ar.

O que ele quer dizer mais tarde?

Meu deus, eu estou a amar isto.

Espero que nunca acabe.

Meia hora mais tarde, Spencer levou-nos para a praia e foi lá que ficámos durante um bom tempo.

–Sabes aquilo que eu te queria dizer?- Perguntou enquanto olhávamos para a lua.

–Sim, o que tem?

–Bem, eu prefiro passar para o final.

Olhei para ele, confusa.

–Muito bem.- Disse tentando esconder o descontentamento.

Queria mesmo saber o que ele ia a dizer.

Ele pôs uma madeixa do meu cabelo atrás da minha orelha e inclinou a cabeça de lado.

–Eu quero-te beijar.- Sussurrou.

Minhas mãos tremiam e tive de as cerrar.

–Ok- Sussurrei de volta evitando o sorriso que queria aparecer.

Ele sorriu e inclinou-se.

Nossas testas tocaram-se e eu estava preparada. Mais do que preparada. Eu estava eufórica.

Beija-me rapaz!

Logo que ele fechou os olhos não era mais Spencer. Mas sim Aiden.

Assustei-me e fiquei com o coração na boca.

Eu queria beijá-lo, mas sabia que era Spencer e não ele.

Meu deus, que se passa comigo.

Ele continuava a inclinar-se e tudo parecia tão lento.

Que faço?

Que faço?

Que faço?...

Espera. Chuva?

Olhei para cima e gotas de água atingiram-me os olhos.

–Está a chover

Olhei para Spencer. Ele estava com os olhos abertos e olhavam para o céu.

–Vamos ou constipamo-nos.

Fiquei a olhar para Spencer.

Spencer não Aiden.

–Della, vens?

Abandei a cabeça e peguei na mãos dele.

–Claro. Claro.


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