A cor do amor escrita por Cyn


Capítulo 6
capitulo 6- Coisas do coração




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Aiden

Ela não me perdoou.

Pode ter dito que sim, mas não o fez.

Minha mão ainda ardia de quando a toquei.

Não gosto quando ela se afasta de mim.

Ela está a fugir.

De mim.

PORRA!

Agora sou um idiota parado aqui no meio.

Se eu encontro quem é esse Spencer, vou ter que falar com ele.

E depressa.

Ou vou perde-la.

Isso não pode acontecer.

Voltei para o carro perdido.

O que diabos, vou eu fazer?

–Aiden? És tu?- Ouvi minha mãe.

Entrei na sala e sentei-me no sofá.

–Sou.

–Onde estives-te? Assustaste-nos. Levantas-te tão rapidamente.

–Coisas minhas.

–Espero que tenhas fome. Fiz o teu comer preferido.

Sorri um pouco.

–Faminto.

Ela beijou-me na testa e voltou sorrindo para a cozinha.

–Não, não tens que te preocupar. Fica descansado ela fica bem.

Meu pai apareceu na sala e sentou-se no sofá ao telemóvel.

–Faz o que tiveres de fazer, nós cuidamos dela. Eu sei, é sempre difícil. Não te preocupes eu digo-lhe. Bom trabalho, homem. Xau.

Ele desligou.

–Xavier?

–Sim. Ele ligou para avisar que vai ficar mais um tempo fora.

–E Della?

–Ela poderá ficar aqui, mas acredito que vá para casa de vez enquanto. Ela sempre gostou da privacidade dela.

Della?

Ela nunca foi assim.

Sempre gostou de ter gente ao pé dela.

–Isso é esquisito- Sussurrei.

–O quê?

–Hmm, nada. Porque Xavier vai demorar mais?

–Houveram uns negócios que estão a demorar mais a serem resolvidos. Ele está a pensar em vender a casa do lago.

–A casa do lago? Delly ama aquela casa.

Ela nunca concordaria com aquilo.

Jamais!

–Eu sei. – Suspirou- Ela ainda não sabe. Xavier está a preparar para lhe contar, sem que a magoe demais. Afinal, aquela foi a casa de baptismo da mãe dela. Todas as memórias de Rita estão lá. Imagino como ela vai ficar.

Vai destrui-la.

A minha Delly.

–Porque não a compramos?

Meu pai olhou-me surpreso.

–Aiden, é uma casa que custa mais de mil e trezentos euros. Como iríamos pagar uma casa daquelas? E o que faríamos com ela? Temos a casa de campo em Seattle. Não podemos mais nenhuma e acredita que eu queria ajudar. Ainda mais porque, ver Della triste não é comum. Aquela menina apenas possuiu alegria. Há pouco que faça a chorar. Della é amada por todos, por ser forte e carinhosa. Não á quem a deite a baixo.

Eu sorri para a descrição de meu pai sobre Della e deitei-me para trás.

Della era mesmo a vida em pessoa.

–Quando é que Xavier lhe vai dizer?

–Não sei. Talvez depois do aniversário dela, para não o arruinar. Ele protege muito aquela menina.

–A morte de Rita foi muito forte nele.

–Sim. Foi sim. Acho que ele não aguentaria se algo acontece a Della. – Ele deu uma pequena risada- Ninguém aguentaria.

–Ninguém aguentaria o quê?- Perguntou Mylla entrando com Della.

Olhei para Della, mas ela evitava-me olhar.

Tu mereces Aiden. Quem te manda ter sido um idiota com ela?

–Que o Aiden ouvisse a música dele a altos berros.

–Por favor, Aiden. Ai de ti que faças isso. Podes estar de férias, mas eu e Della ainda temos aulas durante esta semana.

–Vou tentar.

–Comer!- Chamou minha mãe da cozinha.

Andámos todos para a cozinha.

Della sentou-se ao lado de Mylla tendo de ficar de frente para mim.

–Toca a comer tudo- Disse minha mãe sorrindo.

Pus uma grafada na boca.

–Estás incrível, mãe. Como sempre- Beijei-a na cara e ela sorriu.

–Obrigado, Aiden.

–Já tendes planos para o verão?- Perguntou meu pai.

–Ainda bem que falas disso, pai. Uns amigos meus e de Della convidaram-nos para ir-mos acampar com eles.

–E eu conheço esses amigos?

–Conheces a Heidi. Ela veio cá uma vez.

–E os outros? Algum rapaz?

De repente a conversa, até que fiou interessante.

–Talvez dois ou cinco.

–Quem?- Perguntei antes de em conter.

– Isso não te diz respeito- Disse-me Mylla.

–Mas a mim diz. Quem?- Meu pai parou de comer e cruzou os braços.

–Pai!

–Vamos Mylla, quem?

–Hmm, Alex Dinos.

O namorado dela, quem mais?

–Não sei quem é.

–É claro que sabes pai. Os pais dele estiveram na festa de Boas-vindas o ano passado.

–Nós sabemos quem é. É uma boa família. Quem mais, Mylla?- Perguntou minha mãe calmamente.

Mylla sorriu e olhou para Della.

–Spencer Idfel.

Della corou quando Mylla a cotovelou e o comer passou a dar voltas no meu estomago.

–Quem é ele? Della?

Della olhou para meu pai.

–Apenas um rapaz, Gabe.

–Apenas isso?

Ela corou ainda mais e eu cerrei os punhos.

Maldito Spencer Idfel. Deixa-me apanhar-te.

–Pai!- Reprovou Mylla.

–O que foi? Tenho de saber quem é que vai estar com as minhas meninas.

–É filho de Santana Idfel?- Perguntou minha mãe pondo uma mão no meu punho cerrado.

–Sim. – Disse Della animada.

–Conheço o rapaz. É um bom rapaz. Um futuro promissor o dele. Habilidoso, trabalhador, persistente. Um bom partido.

Della sorriu contente e eu olhei incrédulo para minha mãe.

O que ela pensa que está a fazer?

Era suposto estar do meu lado.

–Contudo, é preciso ter cuidado e cabeça. Não vos deixais levar apenas pelo que ele possui ou o que ele mostra, mas pelas suas virtudes.

–Anna! Que absurdo é esse? Elas são novas demais.

Nunca na minha vida concordei tanto com meu pai.

–Elas já são umas mulheres, Gabe.

–Sim, pai. Já temos 17.

–Della ainda tinha 16 da última vez que conferi.

–Por enquanto- Disse Della.

–Exacto. Falta menos de 1 mês - Concordou Mylla.

–16 é 16.

–Gabe! - Entreviu minha mãe - Não sejas tão galinha.

Della e Mylla riram mas eu apenas olhava para a minha menina.

Em breve teria 17.

3 Semanas e 2 dias e ela teria 17.

Tenho de pensar em alguma coisa.

–Não sou galinha! Vou cuidar das minhas meninas até morrer. Isso incluiu afastar aqueles bastardos sanguessugas.

–Pai, por favor!

Della sorriu, levantou-se e beijou meu pai na cara.

–Obrigado, Gabe. Mas sabemos cuidar de nós. Tu deste-nos lições de como chutar o pinto de um atrevido, lembras-te?

Olhei para meu pai surpreso.

Quando foi isso?

–Sim, eu lembro-me.

–Então não tens porque te preocupar.

–Mas…

–Pai, eu e Della sabemos muito bem magoar quem nos magoar. Não te preocupes.

Meu pai assentiu mas continuou duvidoso.

–Então? Podemos ir? - Perguntou Mylla docemente.

Diz que não, diz que não, diz que não.

Pai suspirou e assentiu.

Que porra!

Está a ficar fraco.

–Tudo bem. Mas comportem-se.

Vou ter que falar com ele mais tarde.

Della

As minhas unhas não iam sobreviver até amanhã.

Estava assentada no sofá da sala ao lado de Mylla. Estava a passar um filme na tv sobre fantasmas e um grupo de adolescentes, mas eu não estava a ligar nenhuma. Estava ocupada demais a olhar para o meu telemóvel na mão.

Spencer disse que me ligava assim que voltasse do encontro com Lily.

São 20:17.

O QUE DIABOS ELES FAZEM ATÉ TÃO TARDE?

Estou a enlouquecer.

Primeiro, Gabe diz que meu pai vai ficar mais um tempo fora. Apenas espero que ele consiga vir ao meu aniversário.

Segundo, Spencer que não liga. Espero que a vaca da Lily tire as suas maná-pulas fora dele.

Terceiro, Aiden não pára de olhar para mim.

Fica quieto no outro lado da sala apenas a olhar.

Apenas faz isso.

Vinte minutos nisto.

Olha.

Nada mais.

Estou a ficar louca e é tudo por causa dele.

Maldito Aiden Willow e os seus olhos escuros demais.

Maldito,

Maldito,

Maldito,

Maldito,

Oh, uma mensagem.

Vamos lá Spencer, Por favor.

Bolas!

Meu pai.

Desculpa ter de ficar mais tempo, amor. Espero que esteja tudo bem. Prometo que te darei o melhor presente da tua vida.

Disquei uma mensagem rápida.

Não á problema. Fica o tempo que precisares, mas vem ao meu aniversário. Isso eu não perdoo-o.

Combinado princesa. Amo-te

Tb te amo.

–Ainda nada?

Olhei para Mylla e neguei.

–Nada.

–Ele vai ligar. Vais ver. Deve se ter atrasado um pouco mais.

–Pois… Talvez.

Ela abraçou-me e passou-me as pipocas.

Comi e comecei a prestar atenção ao filme.

Uma rapariga loira ia a entrar numa sala de aula no meio da noite mas foi surpreendida por um cara com cortes pela cara inteira.

–Que coisa - Disse estremecendo.

–Bué arrepiante - Concordou Mylla com cara de nojo.

O cara dos cortes num rápido lance cortou a cabeça á rapariga e eu escondi a cara no peito de Mylla.

Como é que ela gostava disto?

Mylla riu e abraçou-me contra ela.

– Vamos, Dell Dell. É apenas um filme. Apenas um filme.

–Cala-te! – Empurrei-a sorrindo mas uma a imagem passou para um rapaz deitado no chão a sangrar e bichos em cima dele e voltei a esconder a cara. - Como consegues ver isto?

Ela voltou a rir e acariciou-me o cabelo.

–Tenho um estômago forte. E já vi este filme duas vezes. Já não me faz impressão.

Eu estremeci.

Acho que me faria impressão mesmo que o visse dezenas e dezenas de vezes.

– Muda o filme, My. - Disse Aiden.

–O quê?! É a melhor parte. Olha.

Levantei a cabeça e olhei mas arrependi-me de seguida.

O cara, das cicatrizes tinha arrancado o coração a um e espremeu-o fazendo saltar sangue por todo o lado. Inclusive para a cara dos outros humanos.

Escondi a cara e tapei os ouvidos.

Não ia dormir esta noite.

Era melhor ficar por cá esta noite.

Só para prevenir.

–MUDA O RAIO DO FILME, MYLLA!- Aiden gritou

Eu e Mylla olhamos para ele, surpresas.

–Ok. Não precisas ficares assim - Resmungou Mylla pegando no comando e mudando de canal – Anda, Dell. Tenho de acabar o trabalho para segunda e preciso de ajuda.

Revirei os olhos e sorri.

Mylla nunca iria mudar.

–Não mudas mesmo, tu. - Disse Aiden como se lesse a minha mente.

–E tu nunca te calas? – Retrucou deitando-lhe a língua de fora.

Aiden levantou as sobrancelhas.

– Que adulto.

–Mais adulto que tu. Eu nunca fugi dos meus problemas.

Aiden cerrou o maxilar e olhou para mim com pena.

Pena de quê?

Ele é que foi o idiota, não eu.

Ele é que se foi embora, não eu.

–Vamos.

Segui Mylla sentindo os olhos de Aiden em mim o caminho todo e todo o caminho senti um aperto no peito como se tivesse fazendo a coisa errada.

Mas agora, apenas queria ficar longe dele o máximo que pudesse.

Mesmo que o meu coração implorasse pelo contrário.


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