Aiden

–Elas vão arranjar prolemas- Disse meu pai.

–Não sejas assim, Gabe. Elas já são umas mulheres, sabem se cuidar.

–Elas continuam a ser crianças. Se algum filho da mãe lhe toca eu mato-o.

O sentimento é mútuo.

Porra, vida!

Ela estava linda.

Amei a forma como ela se sentia em casa.

Como se nada de mal tivesse acontecido entre nós.

Como se pertencesse ali.

Quando ela riu eu sorri.

A risada dela preencheu-me dos pés á cabeça. Fez meu mundo parar e apenas ela existir.

Eu estava a ponto de ter um ataque cardíaco quando ela lambeu a colher. Ela não faz ideia do quão sexy ela é, o que a torna ainda mais sexy.

Estava a implorar para ela me fazer o mesmo que fez a colher.

MERDA!

Eu estava com inveja da porcaria de uma colher.

O que elas iriam fazer para o parque?

A uma hora destas?

Algo batia mal. Delly sempre gostou de dormir até tarde, Mylla então, nem se fala.

–Já volto.

Levantei-me depressa assustando meus pais e fazendo a cadeira cair.

Ouvi minha mãe perguntar-me o que se passava mas continuei.

Entrei no meu carro e acelerei como se minha vida dependesse disso. O pior é que eu acreditava nisso.

Não suportei que ela me ignorasse.

Matou-me ainda mais.

No parque, havia pouca gente e não foi difícil ver a brilhante da minha irmã.

Ela e o rapaz.

Quem é ele?

–Mylla?

Ela olhou para mim de olhos arregalados.

–Aiden, o que fazes aqui?

–Preciso de falar com Della. Onde ela está?

O rapaz riu.

–Se vieste tentar a sorte estás atrasado.

Olhei-o com pânico.

–Alex, este é o meu irmão, Aiden. Aiden é o Alex. Alex, acredita em mim, a única coisa que Aiden sente por Della é amizade.

Se soubesses o quão estás enganada.

–Desculpa ai, cara.

–Onde ela está?!- Exigi a Mylla.

–Ocupada. Se queres pedir-lhe desculpa terás de esperar. Ela está a preparar o seu futuro.- Disse sorrindo orgulhosa da sua amiga.

Que futuro?

Que merda ela está para ali a dizer?

–ONDE?!

Ela olhou-me assutada.

–Calma, Aiden. Não precisas ficar assim.

–Ela está com o Spencer.

Olhei-o rapidamente.

Quem merda é esse?

–Quem?

–Spencer, Aiden. Mas ouve, deixa-os falar. Eles precisam de resolver uns assuntos.

Resolver uns assuntos?

Uns assuntos sobre acabar tudo entre eles ou começar tudo entre eles?

Caralho, tinha de ser a segunda hipótese ou ele estava morto.

–Onde, Mylla?

Ela ergueu as sobrancelhas.

–Por favor.

–Eles estão ao pé do lago.

–Quem é que está ao pé do lago?

Olhei para cima e vi Della sorrindo de orelha a orelha. Apenas vê-la sorrir me fez sorrir.

–Estavas tu, mas parece que já não. O que aconteceu?- Perguntou Mylla sorrindo.

Della olhou para Alex e depois para mim, mas logo desviou o olhar para Mylla.

Saltou um pouco e sorriu corando.

–Depois conto-te.

Cerrei os punhos e os sorrisos acabaram.

Era por causa DELE, que ela estava assim. Foi ELE que a fez ficar corada. Não eu.

Claro que não idiota!

Não estavas com ela, e ainda por cima trataste-a abaixo de cão.

–Cheira-me a romance.- Disse Mylla abraçando-a.

Cheira-me a luta.

Rápida e dolorosa.

–Estás pronta?- Perguntou Della.

Mylla olhou para mim com raiva.

–Não. Aiden teve de chegar e interromper tudo, como sempre.

Dei de ombros e cruzei os braços.

Ela que tivesse-me dito logo do inico onde ela estava.

–Tudo bem. Dou-vos mais vinte minutos. Depois vamos.

Mylla abraçou-a e beijou-lhe na cara.

–Obrigado.

–De nada. Vá, não percam tempo.

Alex riu e apertou-lhe a mão.

Ó caralho, podes estar com a minha irmã, mas não significa que podes tocar na minha menina.

–Obrigado, Dell.

–Sem problema. Até já.

Ela virou e começou a andar pelo parque.

–Aiden, tu…

Mylla não teve de acabar, eu já estava longe dali.

Desta vez, não ia fugir.

Della

Eu estava nas nuvens.

Completamente nas nuvens.

Mas ai encontro Aiden e meu coração cai um bocado.

Ok, um bocadão.

Odeio a influência que ele tem sobre mim!

Quanto mais longe estava dele, mas eu conseguia pensar em Spencer e no quão querido ele foi.

Spencer, é o sonho.

O meu sonho.

Lindo e amoroso.

Meu bom deus!

Ri e fechei os olhos.

–De que te estás a rir?

E eu caio direitinha do sonho para o inferno.

MALDITO AIDEN WILLOW!

– Que queres?

–Perguntei primeiro.

–Mas eu tenho prioridade.

–Desde quando?- Percebi o riso na voz dele.

–Desde que sou uma rapariga. Nunca ouviste falar de cavalheirismo?

–Sabes perfeitamente que eu de cavalheiro não tenho nada.

Parei e virei-me para o olhar com os braços cruzados.

Aquele idiota sorria tão malditamente sexy que me fez ter calor.

QUE PORRA!

Mas quem ele pensa que é?

–O que queres, Aiden?

O seu sorriso desapareceu e fintou-me com os seus olhos negros brilhantes.

Adoro olhos negros.

Menos os de Aiden.

Os dele são escuros demais.

Pois,… é isso.

Escuros demais.

–Eu… queria pedir-te desculpas, Della. Pela forma que eu me comportei contigo á 4 anos. Eu não devia ter-te tratado assim.

O meu coração apertou com o olhar triste dele.

Forte, Della.

Ele é um canalha.

Ele é um canalha.

Ele é um canalha.

Repete isso e possa ser que acredites.

–Desculpas feitas. Adeus.

–Espera!

Virei para voltar a caminhar mas ele foi mais rápido que eu e pegou-me no pulso.

MEU SANTO DEUS, ESTOU A ARDER!

Pára com isso, Della.

Pára com isso.

Concentra-te.

Por favor… não podes falhar agora.

Não deixes que ele veja o quanto te sentes afectada pelo toque dele.

–Espera… Della.

Ele olhou para o meu pulso e apertou levemente antes de me olhar.

– Eu preciso que me perdoes. Por favor, Della. Por favor.

Ele implorava e minhas pernas estavam perto de desabar.

O que está a acontecer comigo?

–Aiden…

–Por favor. Della, é a única coisa que eu te peço. Eu fui um canalha eu sei. Eu torturo-me todas as noites por causa disso, mas por favor tu tens de me perdoar. Só assim terei paz.

Lambi os lábio e…

Foi impressão minha ou ele seguiu o movimento?

Devo estar a ver sinais errados.

É isso!

–Tudo bem.

Um sorriso lento se espalhou no seu belo rosto.

–A sério? Mesmo?

Tirei a minha mão dele e recuei para trás. O seu rosto começou a desmoronar de novo.

–Claro. Tudo bem.

–Della…

–Adeus, Aiden. Podes voltar a ter a tua paz.

Virei-me e foi-me embora quase correndo.

Eu gostei que ele admitisse que era um canalha, que ele pedisse desculpas. E talvez eu tenha perdoado.

Não sei bem quanto a essa parte.

Mas mesmo assim, ainda era estranho sempre que estava perto dele.

Doloroso.

Ele foi o meu primeiro amor, mesmo que ele não o saiba.

E pensar nele durante 4 anos a curtir com outras meninas, mesmo depois de me ter prometido que nunca seria um mulherengo, dói.

Essa parte de mim, nunca o poderá perdoar.