Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 29
Duendes não gostam de Nova York


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pelo atraso!



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O aeroporto estava lotado de pessoas com uma expressão de desânimo. Fato que as filas eram gigantes em todo o lugar, mas, poxa, estávamos lá para viajar! Viajar é sempre bom e motivo para estar feliz.

Coloquei uma música fofa de uma banda fofa para tocar enquanto eu esperava. O Pierre, o Jake e mais um monte de gente bonita estavam me acompanhando, mas claro que os meninos do Fly eram mais importantes. Eles são tão fofos! Tanto na aparência quanto nas letras das músicas, “quero você” é muito awnt!

– Alice. – ouvi alguém chamar. Tirei um dos fones.

– Que é? – resmunguei para o Jake.

– Você parece tão calma.

Estou calma.

– Eu sei, é que... Nunca viajei de avião, você sabe. E Nova York é tão... Distante.

– Vai dar tudo certo – o tranquilizei – Deixo até você ouvir música comigo.

A música tinha mudado para “seus detalhes”, outra do fly, outra que eu amo. E ela é bem do tipo tranquilizante.

– Bem, obrigado – o dragão ocidental falou. Estou ficando boazinha! Ai meus duendes.

– Não agradeça – murmurei – É sério. Me sinto... Legal. É uma péssima sensação.

– Obrigado, Alice – ele repetiu. Mostrei-lhe a língua.

Depois de um tempo, fomos chamados para o embarque. Essa coisa de viajar até que é cansativa. Eu e o Jake nos sentamos lado a lado no avião, e o voo será sem escala nenhuma. Terei que aturá-lo por horas, além de tudo.

– Você deve mascar chicletes – recomendei - E você pode ler um livro, se conseguir. Mas fica de boca fechada que eu vou dormir.

– Não poderíamos conversar? Acho que estou nervoso demais para fazer qualquer outra coisa. – o Jake falou. – Sinto a possibilidade de morrer cada vez mais perto.

– Ai, vira essa boca para lá! – exclamei – Se for para você morrer que seja sozinho, eletrocutado, sei lá! Mas não me leva junto!

– Sei que você me ama – ele murmurou. – Pode assumir isso.

Fingi que não ouvi e coloquei minha venda nos olhos, daquelas fofinhas, que se usa para dormir. Eu estava mesmo quase pegando no sono quando senti uma mão gelada segurando a minha.

– Jake – resmunguei – Eu estou dormindo. Para de perturbar.

– Não falei nada – ele disse, tecnicamente falando alguma coisa – Você disse que eu não poderia falar. Estava obedecendo.

– Então vou ser especifica. Não me toque, não olhe para mim, não fale e não respire perto de mim. Não pense em mim, não sonhe comigo e muito menos escreva meu nome no seu braço com um coraçãozinho. Esqueci algo?

– Não vomite em mim – ele acrescentou, debochando da minha voz.

– Exatamente. – concordei – E isso seria tipo violar quatro regras.

– Quais?

– Bem, você estaria pensando em vomitar em mim, o que é praticamente o mesmo que pensar em mim. Você teria que respirar perto de mim, olhar para mim e vomitar em mim, que é a nova regra. Seria tipo um crime quádruplo.

– Então eu seria preso quatro vezes? – o Jake perguntou, aparentemente confuso.

– Não, né! Só teria uma pena quatro vezes maior.

– E qual seria a minha pena?

– Humm, deixa eu ver – pensei – Imitar um cachorro. E não apenas latir, rosnar, correr atrás do seu bumbum também. E se lamber! Bem aqui, no corredor do avião.

– Controlarei meu vômito – ele falou.

– Bom mesmo. – resmunguei.

– Podemos ver um filme – o Jake exclamou, menos que meio segundo depois – Sério. Tem essa telinha legal aqui, podemos ver um filme!

– Não estou interessada – falei – Veja sozinho seu filme idiota.

– Pensei que estivesse feliz por estar viajando, mas você está ainda mais chata que o normal. – o Jake falou.

– E você mais irritante! – eu disse, beliscando seu braço.

– Pelo menos meu hobbie favorito não é estragar a felicidade das pessoas.

– Pelo menos meu hobbie favorito não é beijar garotas ruivas irritantes! – berrei, com raiva, jogando com força minha vendinha de olhos no chão. Certo, estávamos em um avião. Certo, as pessoas estavam me olhando como se eu fosse a assassina do John Lenon. – Sabe o que você deveria estar fazendo agora, Jake? Correndo atrás da Valentina cabelo de cenoura. Parece muito mais que você gosta dela do que de mim.

– Talvez eu goste. E talvez eu tenha me arrependido de ter te pedido em namoro, porque você não passa de uma menina mimada e cretina.

Sabe a garota que sempre tem uma resposta na ponta da língua? Geralmente sou eu. E nas milhares de vezes que eu e o Jake já brigamos por causa da Valentina ou por causa de qualquer outra coisa, eu sempre tive algo a dizer, alguma maneira de rebater, mas dessa vez não falei nada. Sim, centenas de pessoas já me chamaram de cretina ou coisas piores, porém foi diferente. Parecia mais que sincero.

– Ei – o dragão ocidental murmurou, depois de um tempo. Eu continuava paralisada e chocada. – Eu sinto muito. Você sabe, eu fiquei estressado...

– Não tem problema. – falei.

O Jake suspirou. E então passamos mais algumas horas sem falar nada até que chegamos à cidade da insônia. Graças aos duendes minhas malas não foram extraviadas nem nada do tipo. Eu e mais algumas modelos ficamos em um hotel grandão perto da Broadway. Elas se chamavam Cassidy, Anne e Marie (brasileiras com nome de gringa. Sabe que acho fofo? Queria me chamar Elizabeth, poderia até ter apelidos legais), mas eu não estava muito a fim de conversar.

– O Pierre disse que era para nós descansarmos – a Cassidy anunciou – Amanhã o trabalho duro já começa.

– Estou ansiosa! – a Anne falou. Ela é gêmea da Marie. As duas são altas, magrelas, do tipo olhos azuis e cabelo preto escorrido, uma combinação fofa, nada Priscila, porque a Priscila tem olhos esquisitos. Às vezes elas falam ao mesmo tempo, o que é bem estranho.

– Alice – a Cass chamou. Ela é bonita também, com cabelos e pele dourada. – aquele garoto que estava com você... O tipo bem sexy e fofo. Vocês são parentes?

– O que? Não, definitivamente não! – exclamei – Graças aos duendes! Ele é um psicopata, maníaco e admirador intenso de garotas com cabelo de fogo.

– Então... Ele está disponível? – a Cassidy, que já odeio, perguntou.

– Você não faz o tipo dele. – resmunguei.

– Ah, claro – ela disse – o tipo dele é garotas com cabelo de fogo.

– Sim. E de preferência chatas, fracas e vegetarianas.

– Ual, isso é muito especifico! – a Marie e a Anne exclamaram. Ao mesmo tempo. Estraaanho.

– É. – falei – e vou tirar uma soneca bem especifica agora, então se puderem ficar em silêncio eu agradeço.

Aí eu dormi.

* * *

O dia seguinte foi quase divertido. Eu coloquei uma blusa branca, uma calça preta e um casaco vermelho (acho importante frisar o quanto estava linda) e saí para dar uma volta na cidade com as gêmeas. A Cassidy foi com a gente, porém não acho que seja importante citá-la. O Jake havia ficado com um grupo de garotos, mas pouco me importava o que ele deveria estar fazendo. Eu e as meninas daríamos uma volta pelo Central Park. Depois começaria o “trabalho duro”.

Eu já havia viajado para Nova York, então já conhecia o Central Park, mas foi bem legal estar lá novamente. Tirei fotos para enviar para a Melissa e o Bruno. Bem, o parque é como qualquer outro parque, só que mais bonito. Tem árvores, pessoas e coisas legais. É tipo... normal.

– Gosto desse lugar – a Cass disse. Como se alguém se importasse com a opinião dela, por favor, né.

– Eu adoro! – a Marie falou.

– É tão lindo! – a Anne acrescentou.

– Tem mosquitos para todo lado – resmunguei. E continuamos a andar.

* * *

Antes de começarmos uma sessão de fotos no meio da rua – sim, literalmente - eu liguei para a Melissa. Precisava ouvir a voz de alguém conhecido e não chato.

– Oi, Mel.

– Alice, sua diva! Já estou com saudades! – ela exclamou. Como nos velhos tempos.

– Eu também! – choraminguei – O Jake e eu estamos de mal, tenho colegas de hotel esquisitas, do tipo duas gêmeas e uma garota que é mais dourada que aqueles sinos que se colocam em árvores de natal, sério, o cabelo dela é de um loiro escuro e todo brilhante e a pele dela é de quem não tem nada para fazer na vida e passa horas no sol! É chocante! Você olha para a garota e os seus olhos queimam. É como aqueles brincos gigantes horríveis que as madames insistem em usar, com super diamantes! Você olha para a orelha da mulher e fica... Tonta! Eu estou tonta. E estou chocada. E, minha nossa, quero voltar para casa. Meus duendes não gostam da áurea desse lugar.

– Você está em Nova York. – a Mel falou, constatando o obvio – Não pode ser tão ruim. E o que é áurea?

– Tipo vibrações, eu acho. O Matheus disse que não aguenta mais. É muito barulho, poluição, gente chata.

– Matheus? É um duende novo?

– Sim! – falei, animada por alguém ainda se importar comigo – Ele é filho do Lucas e da Mariana. Nasceu há três dias. Claro que Nova York não é um local apropriado para duendes recém-nascidos! Estou me sentindo tão culpada por ter trazido ele para cá. A Mariana está entrando em depressão pós-parto. É demais para mim. Estou definitivamente arrependida.

– Não fica assim – a Mel me consolou – Vai dar tudo certo! Mas qual o problema com a garota dourada?

– Ela está a fim do Jake!

– O que? Oh my Josh! Isso é muito ual! E porque você não deu uma rasteira na menina? Podia ter dito que ele já tem namorada, né!

– Mas ele não tem – falei – brigamos no avião. O dragão ocidental disse que se arrependeu de ter me pedido em namoro.

– What??? NINGUÉM SAI! Ai, All, que over. Estou chorando por você.

– E eu estou chorando por mim. – declarei – Ei, agora tenho que ir. Você é a melhor! Beijos.

– Beijos!

Estava chovendo do lado de fora do hotel, então reforcei meu look de inverno com um gorro de lã fofinho e um cachecol azul marinho. Até rima. Encontrei o Pierre e o resto dos modelos sobre a proteção do teto de uma loja bacana.

– Vamos fotografar na chuva – o Pierre disse, animado – isso vai ser tão fabuloso!

– E pegar um resfriado? Não, obrigada – falei.

– Prefere voltar para casa? – a Cass perguntou, de metida mesmo.

– Sim, eu prefiro. E os meus duendes também. Fiquem a vontade para me despachar, porque isso é o que eu mais quero.

– Não vamos te mandar para casa! – o Pierre falou – Mas você vai sim fotografar na chuva, amorzinho.

– Posso ter uma conversa com a Alice? – o Jake perguntou, se dirigindo ao Pierre.

– Heloo, a Alice está bem aqui! – eu disse – e ela não quer falar com você.

– A Alice vai falar comigo quer queira quer não. Agora. – o dragão ocidental anunciou, me puxando. Para a chuva.

– Você vai ter que pagar minha caixa de lencinhos. – reclamei – E meu remedinho para resfriado.

– Eu pago. Só escuta. – ele falou – Eu gosto de você. Mesmo. E ainda quero ser seu namorado. E sinto muito, por tudo. Você sabe que eu não penso na Valentina da mesma forma que penso em você. E... Você não é cretina.

– Blábláblá – resmunguei.

– Você me irrita profundamente.

– E vou continuar te irritando. Por um loooongo tempo. – falei, sorrindo – afinal, estamos meio que juntos atualmente, namorado.

Agora imagine uma cena fofa do seu filme de romance favorito. Dessa vez, não foi ao contrário. Realmente nos beijamos, na chuva. Em Nova York. Começou com um abraço desajeitado, depois ficamos nos encarando e rolou. Mas não foi como nosso primeiro beijo, breve, doce e tudo o mais. Foi mais intenso, molhado e... Ah, foi ual também.


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Notas finais do capítulo

Sei que o final foi clichê, mas... Ai, achei fofo. Vocês gostaram? *-*