Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 14
Esbarro casualmente em uma muralha


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi! Boa noite, boa leitura, espero que gostem. Maas, olha só: Logo no começo da história (no primeiro capítulo, para ser mais específica) eu recebi um comentário falando sobre a atitude da Alice em relação à seus pais. Certo, ela é meio cruel com eles no começo. Mas ela também se sente abandonada, sabe? Nesses capítulos, nesse e nos próximos, vou trabalhar mais a parte da Alice com os pais. Então, eu espero me redimir com relação a isso, ok? E também quero deixar claro que amo as críticas. Quer dizer, não totalmente. Um "você é uma péssima escritora" é simplesmente grosseiro. Mas um "acho que você precisa melhorar em relação à tal, tal, tal", ajuda bastante. Obrigada. Agora sim: Boa leitura.



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Uma voz doce chamava meu nome. Continuei a dormir, pensando que fosse um sonho. Uma criatura branquela segurava meu braço com suas mãos geladas, e então eu abri meus olhos. Era minha mãe. Surpreendentemente.

– Hora de ir para a escola.

– Eu quero dormiiiir. Ainda é cedo. – resmunguei, cobrindo meu rosto com o lençol.

– Alice! Levanta daí.

– Já vou, já vou.

Falei, me levantando e indo até o banheiro lavar o rosto. Não gosto de deixar a mamãe estressada. Tenho amor a minha vida. Quando saí, minha mãe ainda estava no meu quarto, arrumando minha cama. Me belisquei para ter certeza de que não era mesmo um sonho. Minha mãe não arruma nem a própia cama, imagine a dos outros. Alguma coisa grande tinha acontecido.

– A diretora da sua escola me ligou. – ela disse. Tá, isso era ainda mais estranho. Diretoras ligando para os pais é sinônimo de coisa ruim, e ela estava boazinha. – Estou orgulhosa de você, meu bem.

– Obrigada, mãe. – eu agradeci, mesmo sem estar entendendo nada. Vai que ela mudava de ideia se eu perguntasse. Gosto de ser o orgulho da mamãe.

– Ela disse que você é uma ótima aluna, inteligente, educada. E me contou que tem uma matéria sobre você no jornal da escola.

– Ah. – era isso então. Mas gostei da parte do “ótima aluna”. Aposto que a diretora desconhecia minhas notas, só pode. – Hã, mãe. Podemos conversar depois? À noite? Estou meio que precisando de conselhos.

– É claro, querida. Agora vai tomar banho.

Mães. Sempre dando ordens.

* * *

“Feliz quarta-feira!”, o meu admirador secreto me desejou enquanto eu estava no caminho da escola, na besta escolar.

“Oi, Agusto. Bom dia, feliz quarta-feira! Como vai?”

“Melhor agora.”, ele respondeu. Foi brega, mas fofo.

“Bom saber disso.”

E então prosseguimos com a baboseira, ele falou que eu estava linda hoje, e aí eu escrevi “ué você não ta me vendo” e aí ele disse “mas eu sei que você está, porque você está sempre linda” e aí eu disse “então você estuda na mesma escola que eu” e ele disse “pode se dizer que sim”. Logo, eu cheguei à escola e nos despedimos.

– Ai, seu idiota! – eu resmunguei, quando esbarrei em uma criatura desconhecida do tamanho de uma muralha. Acabei caindo no chão com o impacto, e o senhor muralha nem para me ajudar.

– Olha para onde anda. – o muralha respondeu. Heloooo! Garota loira e bonita jogada no chão! Ninguém vai me ajudar não? Meus duendes, essa pessoal está precisando de óculos e aulas de gentileza.

– Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. – o Jake retrucou, estendendo a mão para me ajudar. Ah, é claro, porque eu não tinha percebido isso.

– Ótima observação, dragão ocidental. – falei, levantando sozinha.

– Hã, certo. Eu tenho uma pergunta.

– Como eu consigo ser tão linda e simpática? Ah, eu nasci assim, docinho.

– Não. – ele disse, rindo. – Não, é que... É sobre a Valentina.

– Certo.

– Certo. Bem, você acha que é idiota eu gostar dela?

–A gente não escolhe de quem gosta. Tipo, eu era completamente apaixonada por um cara desde que era uma mini-Alice, e aí ele tem um namorado que é a cara do Zac Efron, então acho que pode ser dizer que sou expert em desilusões amorosas. E eu digo que não é idiota da sua parte. Quer dizer, ela é linda, um milhão de caras devem sonhar com uma garota como ela, e eu tenho certeza de que poucas garotas sonham com alguém como você, mas não é idiota. Se ela te der um pé na bunda, o que é provável, o máximo que pode acontecer é você ter uma depressãozinha. Mas logo passa.

– Isso me ajudou tanto. – ele disse, com ironia. Eu só fui sincera, ué.

– De nada. – eu falei.
* * *

Tive uma ideia realmente brilhante na aula de matemática. Incluía tinta vermelha, perucas e óculos escuros. O Jake havia dito que se eu o ajudasse com a Valentina ele faria o que eu quisesse. Então, decidi o que era. A professora Cruel (o nome dela é Cláudia, mas eu gosto de chama-lá deste modo) me fez uma pergunta quando eu estava bem no clímax do meu plano, e assim, eu levei a milésima bronca da minha vida. Aí eu disse “a culpa não é minha se você é tão mal humorada” quando ela ainda estava finalizando a bronca e, meus duendes, eu pensei que ela ia soltar raios lazer pelos olhos. Mas, acho que ela me perdoou. Ou simplesmente não quis se estressar ainda mais comigo. De qualquer forma, eu estava falando do plano. No intervalo eu estava pronta para contar todas as minhas ideias para o Jake, mas ele estava conversando com a Athena e o Luis. A Athena maluca do cabelo azul! A Athena do cabelo azul! A maldita Athena do cabelo azul! Ok. Acho que deu para entender.

Pois é. O mundo não é uma fabrica de realização de desejos. Até porque, se fosse, um raio já teria caído na cabeça de muita gente. Agora lá estava eu, na biblioteca, sobrando totalmente e escrevendo meu plano bombástico no caderno, para não esquecer. E também porque eu estava entediada.

– Vaza. – eu disse, para um folgado que havia sentando-se à mesa da biblioteca comigo.

–Oi. – ele respondeu. Reconheci como um dos garotos espinhentos da minha sala. Eu acho que sabia o nome dele... Algo como Barry, Larry, Perry. Gary!

– O que você quer?

– Oi. – ele repetiu. Sei que minha beleza é de deixar qualquer um tonto, mas ele era tonto até demais. – Oi. Hã, meu nome é Eduardo. Não sei se você se lembra de mim, mas sou colega do Jake.

– Não era Gary? Ah, que seja. Eu dou a mínima para de quem você é amigo, assim como dou a mínima para a sua existência. Agora, vaza, desaparece, evacua, volte ao útero da sua mãe, vire pó, vá ao espaço, apenas suma da minha frente.

–Você é boa com sinônimos. – ele falou, meio rindo – Gostei de você.

– Você não tem que gostar ou desgostar de mim. Eu. Não. Dou. A. Mínima.

– Todo mundo gosta de ser gostado.

– Nem todo mundo.

– Ta, mas você é esdrúxula.

– Eu sou o que?

– Esquisita.

– Não sou esquisita! Agora volta para marte, alienígena.

– Divirta-se.

O garoto estranho falou, indo embora. Opção número um: Estou tendo alucinações. Opção dois: ESTOU TENDO ALUÇINAÇÕES! Eu não sou esdrúxula. Eu sou normal. Mas gostei da palavra. “Ei, seu esdrúxulo!”, frase do ano, aplausos.

***

Fiquei cutucando meus brócolis no prato com o garfo, enquanto o papai e a mamãe discutiam e esperando o melhor momento para jogar o resto da comida nos vasos de planta da mamãe. Então meu telefone vibrou no meu bolso, e eu me esquivei delicadamente até a cozinha. Pude ver no identificador de chamadas que era o Pedro. Acabei de usar minhas habilidades ninjas para nada.

– Oi. – ele disse.

– Oi.

– Você pode passar aqui em casa, daqui a pouco? A Melissa estará aqui.

– Não sei se vai dar. Eu mando uma mensagem depois. Tchau.

– Hã, certo. Tchau.

Provavelmente não daria certo, esse negocio de ir à casa do Pedro, já que, se eu me lembro bem, a mamãe e eu finalmente teríamos uma conversa mãe-e-filha essa noite. O que não deveria me deixar animada, afinal, ela nunca agiu como uma mãe de verdade. E ainda não age. Mas eu estava. Quero dizer, animada. Então prendi meus cabelos, comi o restinho dos brócolis (pois é, fiquei com pena de jogar no lixo. Apesar de que tive vontade de vomitar por causa do gosto horrível) e voltei para a sala. O papai tinha desaparecido. Escritório, possivelmente. Ele faz muito o tipo que leva trabalho para casa.

– Ah, oi, querida. – a mamãe falou, quando me sentei à mesa.

– E aí?

– E aí. – ela disse. Basicamente a resposta genérica para um “e aí?” é um outro “e aí”, só que menos animado.

– Certo. Eu estou precisando de alguém para conversar, então fique aí parada ouvindo tudo e após o monólogo dê sua opnião.

– Ok. Eu acho.

– Ta. Vou começar do começo. Eu nasci no dia nove de maio de 1999, mas isso você já sabe. Teve todo aquele lançe do parto e tudo mais, detalhes que eu prefiro pular. Eu sei que era uma bebê muito linda, por causa das fotos e porque eu continuo muito linda.

– Acho que não é necessário ser tão do começo.

– Mãe! Isso é um monólogo! Espere eu acabar para dar a opinião, por favor. Ta. Eu vou pular minha infância e tudo mais. Certo. – eu disse, prosseguindo com um milhão de palavras sobre tudo que tinha acontecido comigo atualmente. Falei do Bruno, do Marcos (vulgo Zac Efron), do Pedro e da Mel, do meu admirador secreto Augusto, e até do dragão ocidental. Ela ficou calada o tempo todo, ouvindo, e depois me deu aqueles conselhos de mãe. Foi um pouco divertido, para dizer a verdade. A dona Serena, vulgo mamãe, disse que eu deveria tomar cuidado com esse tal admirador, conheçe-ló melhor, antes mesmo de criar esperanças. E que o Jake parecia adorável. Engoli a vontade de dizer que ele era um idiota. Ela disse também que eu deveria apoiar a Melissa nesse namoro com meu quase-vizinho e que se sentia muito orgulhosa em saber que eu estive com o Bruno mesmo nas dificuldades. Apesar de que eu não estive com ele tanto quanto eu gostaria. É a vida.

– Bem, amorzinho, acho que vou dormir agora. Se eu fosse você faria o mesmo. – por fim a mamãe disse, se levantando e dando um beijo na minha testa.

– Sabe, você não é uma mãe tonta e desmiolada. Nem idiota. É razoavelmente inteligente, na verdade. E eu te amo.

– Isso era para ser um elogio? Oh, querida. Você é razoavelmente boa em ser simpática.

– O que? Eu sou muito simpatica! E fofa, meiga, gentil.

– E modesta! – ela cortou. Eu tinha mais adjetivos. - Também te amo. Boa noite.

– Boa noite.


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Notas finais do capítulo

Ok, sei que hoje é sexta. Mas vou passar o FDS na maior correria, então resolvi postar logo. Gostaram? Eu sei, ta "meio" estranho, mas ah... Bem, de qualquer forma, obrigada se chegaram até aqui. Beijos! Espero que tenham gostado. Nos vemos nos comentários, hein? ;)
Relatem qualquer erro, e principalmente, me perdoem!