Divergentes - A Luta escrita por Everlak


Capítulo 20
Killer


Notas iniciais do capítulo

Hey!!! Olhem quem voltou depressinha!!!!
Eu!!!! eu tenho exame quinta feira e estou postando em vez de estudar então vénias para mim ehhehehehe
Boa leitura!



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Eu queria poder dizer que acordei mais sossegada e tranquila. Mas isso não era verdade. Eu acordei com meu coração rebombando com força. Claro que devia-se aos recentes acontecimentos, mas não só. Eu havia acordado com uma discussão acesa no piso inferior. Me levantei um pouco, sentindo-me atordoada e constatei que estava sozinha no quarto. Isso me entristeceu um pouco. Sei que é parvoíce minha mas esperava que Tobias estivesse ao meu lado, esperando que eu acordasse. Mas eu estava largada ao meu próprio destino. A discussão subiu de tom e eu fiquei alerta e curiosa para saber o que estava a acontecer. Levantei-me pronta a descer quando percebi que eu estava apenas com uma blusa moletom, grande demais para mim, que me ia até à coxa. Fui até ao armário rapidamente e vesti umas calças de ioga. Estava mais apresentável. Eu estava descalça mas isso no momento não importava. Desci pelas escadas, com meus pés nus tocando o chão frio. Mas o frio era reconfortante. Machucava andar, graças ao corte que nem me atrevi a olhar. O frio quase que apagava a dor do contato. A pessoa mais perto da escada era Tobias. Impossível não reconhecer as suas costas largas e perfeitas. Ele estava de braços cruzados e uma postura tensa. Como se sentisse minha presença ele se virou para mim. Quando me viu, ele me puxou e me acolheu em seus braços protectoramente, como fizera na piscina. Molly estava ali, por isso ele me segurava. Ele estava com medo por mim.

– Essa louca tentou matar Tris. – Tobias acusou – Eu vi, eu estava lá.

– Qual matar, qual quê? – Ela tentou defender-se das acusações. – Só quis pregar um susto na princesa.

– Susto? – O moreno deu uma gargalhada seca. – Beatrice, mostre seu pé a eles.

Olhei para meu irmão que permanecia de pé entre Molly e Tobias, sem qualquer expressão no rosto. Ele assentiu para eu ir em frente. Os restantes estavam sentados nos sofás e poltronas, com expressões sérias. Timidamente eu me sentei na poltrona vazia e levantei o pé. Perante as caras enojadas e assustadas deles, resolvi dar uma espiada na ferida. O corte tinha pelo menos dez centímetros de comprimento. Pela tonalidade vermelho escuro da ferida, percebi que era mais profunda do que eu gostaria. Mas o que mais me prendeu a atenção é que não era um corte limpo, era um corte irregular, como pele rasgada ao acaso. Eu senti a bílis subir por mim e tentei conter o vómito. Afastei o olhar e descansei o pé novamente no chão.

– Isso para mim não me parece um simples susto. – Uriah intercede – Para mim isso só mostra que ela queria machucar de verdade.

– O quê? – Molly olhou-o com raiva. – Não, isso n…

– Ela não queria matar ela, mas queria feri-la – Susan replica, de olhos fechados e concentrada. Ela estava lendo os pensamentos de Molly.

– Ela pode estar adulterando os pensamentos, ou escondendo-os. – Tobias fala ainda de olhos postos em Molly.

– Ela não pode mudar os pensamentos passados – Garante a namorada de Caleb.

– Isso não muda o facto que ela passa a vida a atormentar-me – Dou por mim a falar. Susan vidra seus olhos nos meus e a sensação é de que ela está revirando minha alma. Percebo que ela está lendo meus pensamentos.

O seu rosto vidrado em mim toma uma expressão horrorizada. Minha expressão espelha dela, com medo do que ela pode estar vendo. Para quem acha que isto de ler mentes é bacana, desengane-se. É horrível saber que todos os seus segredos mais obscuros podem ser desenterrados com apenas um pouco de atenção. Eu senti-me nua perante Susan e isso não era agradável.

– Molly já a atacou antes – Ela conclui – Beatrice, levante seu moletom.

Eu suspiro e levanto apenas o suficiente para verem a cicatriz proporcionada por Molly/lobo. Apenas Caleb arregala os olhos ao ver a linha branca do lado esquerdo do meu corpo. Os restantes já tinham conhecimento disto.

– Mostre-me seu outro pé por favor – Susan pede com um suspiro. Eu me sento novamente e ergo o pé onde duas marcas de presas fazem-se visíveis.

– Eu já vi o suficiente – Caleb fala com os dedos nas têmporas, como se estivesse com uma dor de cabeça. – Eu não vou permitir mais isto Molly.

– Eu não vou mais pegar com a princesa – Ela se resigna – Prometo.

– Você não vai mesmo – Caleb confirma – Porque você está saindo desta casa agora.

– Você está falando sério? – Ela pergunta com voz esganiçada.

– Mais sério não é possível. – Ele diz – Lamento, mas você não pode ficar aqui, sabendo que pode machucar minha irmã.

Eu coloco meus pés para cima, abraçando minhas pernas e descansando o queixo nos joelhos.

– Tris, você sabe que eu não farei mais nada com você não é? Por favor diga a seu irmão para reconsiderar, por favor! – Molly suplica.

Tobias olha de relance para mim. Eu não gosto desta situação. Eu não quero que Molly seja expulsa por minha causa, mas também não posso viver com alguém que deseja meu sangue. Simplesmente não posso então eu deixei que a decisão se tornasse definitiva.

– Eu não posso fazer isso, desculpe – Respondo num fio de voz.

Tobias suspira e sobe as escadas, abanando a cabeça. Ele me parece nervoso… Talvez irritado.

Molly fica vermelha de raiva e antes que mesmo Caleb constatasse isso, ela dispara na minha direção, veloz como um puma, mas na sua forma humana. Ela ruge para mim e meu coração martela dentro do meu peito. Antes que ela consiga me alcançar eu jogo minhas mãos para a frente, fazendo o ar se concentrar entre nós, como uma parede invisível. Seus cabelos ficam revoltos acima de sua cabeça, pela pressão do vento à sua volta, mas ela não consegue se mover. Aproveitando meu pequeno tornado, Caleb, Uriah e Will a agarram de forma a que ela não possa descontar neles. Eu fujo escadas acima, fazendo a corrente de ar se dissipar. Eu não queria estar presente quando eles colocassem ela para fora. Ao passar pelo quarto de Tobias, penso em bater. Porém, descarto essa possibilidade. Acho que ele não me quer ver neste momento.

* * *

Uma semana passara e as coisas de Molly já haviam sido encaixotadas e enviadas para a casa dos pais dela. Eu não tinha visto muito Tobias desde a discussão. Quando questionava Will ou mesmo Uriah sobre seu paradeiro, eles sempre respondiam que ele estava treinando algures ou correndo. A mim parecia-me desculpas para se manter longe de mim. Ele ainda tinha sentimentos por Molly. Isso faria sentido. Eu sou o motivo da sua expulsão. Então deixei de o procurar, ele me procuraria se quisesse. Marlene e Christina começaram a falar comigo aos poucos. Nossa amizade voltou ao que era e elas confessaram que exageraram mas que eram orgulhosas demais para o dizer. O que importa é que elas estavam de volta na minha vida e me tiraram um peso enorme de cima. Eu estava com muitas saudades delas. As suas personalidades iluminavam o dia de qualquer pessoa.

De regresso a casa, eu esgueirei-me até à cozinha. Eu queria comer algo. Bolachas serviriam muito bem o propósito. Coloquei-me em bicos de pé para abrir o armário e peguei um pacote de bolachas com pepitas de chocolate. Cantarolando pela casa, subi para o meu quarto. Mas antes mesmo de entrar ouvi alguém fungar e choramingar. Era no quarto de Cara. Ela não ia muito com a minha cara mas nunca me incomodou realmente. Era mais como uma sombra da casa. Receosa, eu caminhei até ao quarto dela. Abri a porta lentamente e percebi que ela estava sentada na beirada da cama, olhando para um cavalete. O cavalete esta de costas para mim então eu não podia dizer o que estava representado.

– Cara? Estás bem? – Perguntei hesitante. Ela olhou-me e limpou os olhos atrapalhada.

– Eu podia responder que sim mas a verdade é que não estou – Ela fungou.

– Precisas de alguma coisa? Eu posso ajudar?

– Podes mudar o futuro – Ela respondeu com outra pergunta.

– Desculpa, mas eu não percebi… - Falei.

– Oh, não te contaram meu poder ainda – Ela fala com a cabeça noutro lugar.

– Você vê o futuro? - Pergunto impressionada.

– Na verdade eu pinto um frame do futuro. – Ela suspira. – Eu pinto o que acontece em determinado momento mas eu não consigo dizer como ou quando acontece. O fado ou destino podem ser enganadores.

Eu olho ao redor do seu quarto e vejo bastantes pinturas. Olho para uma, bastante impressionada.

– Essa sou eu… - Murmuro. Ela olha na mesma direção que eu e assente.

Esse quadro retratava um futuro que já havia acontecido. Eu estava retratada ao lado de Tobias enquanto olhávamos a janela em pedaços dele. Ele estava sorrindo e eu com a cara escondida. Ainda assim era possível visualizar meu rubor. Eu me lembro deste momento.

– Honestamente, quando terminei o quadro, não pensei que fora você quebrara a janela. Sempre pensara em Molly por ciúmes ou em Caleb por Tobias trazer uma desconhecida para casa. Eu não sabia da sua existência naquela época.

– Quando você pintou isso? – Minha curiosidade era enorme.

– um ano atrás – Afirmou.

Fiquei impressionada. Então me lembro de o porquê de eu estar aqui e me viro novamente para ela.

– Cara, o que você está pintando?

Ela dá um sorriso triste e me faz sinal para me aproximar. Eu assim o faço e dirijo o olhar para a pintura. Eu fico branca na hora, pálida. Molly estava no chão cheio de folhas de outono, que a rodeavam. Sua palidez contrastava com o vermelho vivo que jorrava em seu peito. Mesmo naquele estado, seu olhar era de puro ódio. Sobre ela era visível sombras de alguns vultos, pelo menos quatro. Ela estava morrendo.

– Agora faz sentido – Ela balbucia olhando para um quadro. - Sempre me perguntei como acabaria isso.

Vejo o quadro que ela aponta. Sou eu. E eu carrego uma arma comigo, irrompendo por uma floresta qualquer. Eu estava seguindo alguém, uma garota de cabelos curtos. Molly. Meu rosto está torcido numa expressão de raiva pura. Então entendi as palavras de Molly naquele dia: “Eu odeio ver você com outras garotas! Mas com ela? Isso me mata!” Ela não estava dramatizando. Ela havia usado o sentido da palavra. Eu mataria Molly.

LEIAM NOTAS FINAIS!


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Notas finais do capítulo

Surpreendidos? Quem estava contando com esse poder de Cara? u.u
Agora me digam vossa opinião: vocês acham mesmo que Tris mata Molly ou acham que falta algo entre essas duas pinturas? Me deem vossas opiniões, por muito doidas que possam parecer. Eu dou pistas a que der a opinião hehehehhe
Beijos fofos!!