Winter is Coming escrita por Samantha Stark


Capítulo 11
O cavaleiro verde - capítulo 9




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Como a maioria dos sofrimentos,

esse começou com uma aparente felicidade.

— A menina que roubava livros.

Estavam na estrada havia oito dias, Samantha sentia suas nádegas latejarem, a humilde casa rolante que dividia com as duas irmãs e por vezes com o pai era confortável, com almofadas de pena de ganso, porém o caminho era irregular em demasia, e a cada solavanco dado, ela e suas irmãs chacoalhavam como gelatinas. A estrada do rei parecia não ter fim, estendia-se as suas costas como uma língua seca de lagarto, tornando-se menor a medida em que se afastavam, deixando pra trás sua família e seu amor. Não tinha curiosidade em olhar adiante, pouco se importava com Porto Real, com a corte ou o rei. Na verdade, o rei por vezes a assustava, nunca a chamava pelo nome e sim por “Lyanna” e a olhava de uma maneira que beirava a loucura. A rainha de fato a odiava, lhe lançava olhares de profundo desprezo e nunca lhe dirigia uma única palavra sequer. O príncipe Joffrey parecia não notar sua presença agora que Sansa era oficialmente sua prometida e Sam decidiu que gostava que ele a tratasse dessa maneira, tornava tudo mais fácil. O príncipe Tommen e a pequena princesa Myrcella eram gentis, puros e alegres e Sam os adorava, mas eles a faziam lembrar de Bran e Rickon e isso a entristecia. Não falara com Alyssia desde que sairam de Winterfell, a princesa estava sempre ocupada com a senhora sua mãe, parecia mais irritadiça a cada dia que se passava. Sansa andara tão animada, falava sobre como o príncipe era galante e cavalheiro, mas estava sempre acompanhada de Jeyne Poole e Sam tinha motivos para não querê-la por perto. Arya também parecia animada, ao seu modo, passava a tarde desaparecida e só voltava antes de partirem.

Tinham parado em uma estalagem quando começava a escurecer, ficava na beira da estrada do rei e era humilde porém grande o suficiente para acomodar a todos. A rainha parecia não estar satisfeita quando desceu de sua grande casa rolante, muito menos o seu filho, Joffrey. Sam não se importava, dividiria o quarto com as irmãs e talvez com as princesas e elas a fariam rir até adormecer. Ela estava errada. Naquela noite dormiu sozinha em um quarto escuro e abafado, o calor do sul era insuportável, mesmo ali, sentia as sedas grudarem em seu corpo. Chorara até sentir que não havia mais liquido em seu corpo para tal coisa. Esperou em sua cama até que o dia clareasse, leu pela terceira vez seu livro sobre os Filhos da Floresta, escreveu cartas para seus irmãos, Jon e sua mãe e pretendia enviá-las quando chegassem a Fortaleza Vermelha, escovara os pelos de Snow White até que brilhassem, a loba ficou acordada ao seu lado durante a noite toda. Por fim, escutou murmurios vindos de fora e constatou que já poderiam descer para o desjejum. Estava pronta já fazia algum tempo, os cabelos negros como um breu estavam presos a uma longa e grossa trança raiz, pequenas pedras brilhantes adornavam suas madeixas, tinha colocado um pouco de pó de arroz debaixo dos olhos a fim de que suas olheiras não fossem notadas e trajava um longo vestido cobre, com minuciosos detalhes costurados com fio de ouro, suas mangas eram tão finas que Sam temia que se rasgassem ao mais leve toque, o vestido permitia que suas costas ficassem nuas e marcava bem sua estreita cintura. Colocou o colar que fora um presente do rei, antes destinado a presentear sua falecida tia.

— Vamos Snow White – sussurrou para a loba que jazia sentada em sua cama.

Ao descerem para a sala de estar, onde acontecia as refeições encontrou a princesa Alyssia sentada junto aos seus irmãos, Tommen e Myrcella. Ela estava impecável, como sempre, trajando um vestido carmesim que acentuava o dourado de seus olhos e cabelos. A princesa dourada, o apelido que dera a ela em seus primeiros dias em Winterfell, deu por sí sorrindo sozinha ao lembrar-se disso. Ao que pareceu a princesa notara seu sorriso e agora andava em sua direção. Ao chegar Alyssia a encarou com aqueles grandes olhos cor de ouro, por um momento Samantha se sentiu envergonhada, e por fim a princesa a surpreendeu com um abraço, tão verdadeiro e caloroso que teve de fazer um esforço para não chorar.

— Não é tão ruim quanto parece- a princesa sussurrou em seu ouvido.

Essa foi a vez de Samantha a encarar e em seguida mostrar-lhe seu melhor sorriso

— Eu sei – começou – E sei também que aqui tem ótimos ovos mexidos e que estou com muita fome

Alyssia pareceu perceber que Sam tentara mudar o assunto porém dançou ao som da música, sorrindo-lhe e a levando pelo salão pequeno com a promessa que em Porto Real, o mestre da cozinha faria melhores.

Sansa estava sentada entre as crianças reais mas Sam só notara quando se juntou a eles na mesa. A irmã trajava suas melhores sedas azuis, seus cabelos ruivos estavam presos em pequenas tranças, um penteado muito semelhante ao de mulheres sulistas. Sansa estava incrivelmente bela, as altas maças do rosto exibiam um rubor tão natural quanto o rosado de seus lábios. Sam sabia que tudo isso era para o passeio na casa rolante da rainha, ela esperara a semana inteira para isso, Sam também tinha sido convidada junto com Arya, embora suspeitasse que não eram tão bem-vindas, ela sabia o quanto aquilo era importante para Sansa por isso se esforçara para exibir sua melhor aparência mesmo apos uma noite as claras.

Snow White e Lady lutavam por um pedaço de bacon que Sansa colocara no chão. A comida da estalagem parecia boa e de fato era, depois de comer duas tiras de bacon, ovos mexidos, pão negro e tomar um refrescante suco de laranja, Sam se deu por satisfeita. Tommen e Myrcella já tinham deixado a mesa e Sansa saiu a procura de Arya que, como já era de se esperar, havia desaparecido junto ao seu novo amigo Mycah, filho do açougueiro.

— Tenho que admitir uma coisa – suspirou Alyssia, tirando-a de seus devaneios – não consigo parar de pensar em Robb

Samantha bebericava uma xícara quente de café e quase colocara tudo para fora ao explodir em gargalhadas.

— Ora, não ria – Alyssia fez beicinho o que arrancou mais risadas da garota

— Desculpe.. É que... Robb? – Sam mal conseguia falar

— Ele é um cavalheiro – a princesa fez uma expressão falsa de indignação – um nobre e corajoso jovem do norte...

— E meu irmão – Sam completou sorrindo - Se não consegue parar de pensar, então talvez não deva parar

— Me toma por tola? – perguntou Alyssia embora não esperasse resposta - Estarei no sul e ele no norte, rodeado de mulheres e donzelas para lhe aquecer na cama a noite, não sei quando voltarei a vê-lo e nem ao menos sei se estou prometida a ele

— Nunca antes vi Robb tão bobo e interessado em uma garota quanto ele estava por você, princesa, ele parecia uma criança ao falar-me a seu respeito. E se está ou não prometida a ele, é algo que pode descobrir – Sam tomou um longo gole de seu café

— como? – perguntou Alyssia num sobressalto

— fale com o rei, ele é seu pai

— o senhor meu pai tem andado mais bêbado do que sóbrio ultimamente...

Sam respirou fundo, tomando coragem para fazer o que estava prestes a falar

— Nesse caso, posso falar com ele em seu lugar, vossa graça tem sido gentil comigo

— É, eu percebi – Alyssia pareceu ficar desconfortável e se ajustou na cadeira.

.

.

Samantha terminou seu café e acompanhou a princesa para fora da estalagem, ambas perceberam uma agitação no centro do acampamento e se dirigiram até lá. havia uma multidõ ao redor da casa rolante da rainha, as pessoas pareciam rir de algo que acontecera e isso aliviou Sam, pois provavelmente nada de ruim teria acontecido, até que ouviu a voz de Sansa.

— O senhor Comandante da Guarda Real e conselheiro do nosso rei Robert, e antes dele de Aerys Targaryen. A honra é minha, bom cavaleiro. Mesmo no longínquo norte, os cantores gabam os feitos de sor Barristan, o Ousado.

Ela estava recitando as cortesias ensinadas por septã Mordane, claro. Logo alguém explodiu em gargalhadas e Sam aproximou-se a fim de reconhecer o dono das risadas. A medida que Snow White dava passos graciosos as pessoas se afastavam e sussurravam coisas como “outro lobo?” “isso são feras, não cães de estimação” mas ignorou a todos os comentários, assim como ignorou tudo ao seu redor quando pôs os olhos no homem que sorria ao lado do cavaleiro branco. Era de certo o homem mais bonito que já vira, trajava uma armadura verde-musgo, possuía cabelos tão escuros quanto os dela e olhos verdes e encantadores. Era alto e musculoso, se erguia entre os demais com facilidade, imponente e poderoso. Assim que deveria se parecer um rei, pensou.

— Ora vejam, a primogênita dos Starks – falou o homem para quem quisesse ouvir – e pelos deuses, como é bela, como se chama?

Sam sentiu a voz apertar-lhe a garganta e abriu a boca para falar mais nada saía, tentou mais uma vez e nada.

— O gato comeu sua língua, menina? – perguntou-lhe o homem com outro de seus belos sorrisos.

As pessoas ao seu redor deram altas gargalhadas. Sam sentiu-se envergonhada, ainda mais agora que a rainha a olhava como se também esperasse uma resposta, ou apenas estava apreciando aquele momento humilhante. Conseguiu reunir a pouca coragem que lhe restava e lançou um brilhante sorriso.

— Peço perdão, meu senhor – começou, com uma voz doce e tênue – Chamo-me Samantha

— Ela fala! – ele fingiu espanto- e sabe quem sou?

— E como não haveria de saber? – continuou sorrindo – És Renly Baratheon, senhor de Ponta Tempestade e conselheiro do rei, estou certa?

— absolutamente – Renly agora sorria-lhe de uma forma diferente

Nesse momento a rainha apareceu com falsos lamentos e se dirigindo mais a Sansa do que a Sam, adiou o passeio na casa rolante real e pediu para que o príncipe Joffrey compensasse Sansa pelo ocorrido e a Alyssia que também o fizesse, com Sam. A garota-lobo sentiu as bochechas esquentarem quando percebeu que Renly Baratheon ainda a olhava com um meio sorriso.

— Vem Sam, vamos cavalgar, o que acha? – perguntou Alyssia puxando-a pelo braço


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Notas finais do capítulo

Demorei? Simm, mas voltei meus amooores!
Espero que tenham gostado do capítulo tanto quanto eu, Renly Baratheon



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