Autocontrole escrita por PseudologiaFantastica


Capítulo 4
Capítulo 3: Você conhece que minha sina


Notas iniciais do capítulo

“Lembre-se : Você tem minha benção e essa vai ser a sua maldição.”



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Girei a maçaneta. Ainda não conseguia ver o sol, mas eu já ouvia o som dos pássaros ecoando , voando de árvore em árvore. Depois de ver o sol nascer eu nunca consigo dormir novamente, mas está havendo exceções. Eu dormi, mas não foi por sono. O universo quer me dizer alguma coisa, não posso mais evitar as mudanças da minha vida, não a de local, mas aquela que está me fazendo sofrer, consequentemente, os outros. Naquele sonho um rapaz, eu nunca via seu rosto mas sabia que eu conhecia, ou que pelo menos havia visto uma mísera vez. Era tudo tão real, sentia a respiração úmida e quente, até o toque,mas era só acordar que eu chorava. Eu sentia falta daquele homem. Eu queria ele perto de mim. Eu não sei de que maneira. Mas sentia. Os primeiros sonhos foram os mais felizes, eu estava conhecendo ele, e nada de problemas. Mas...

O garoto sussurrava nos meus ouvidos com o rosto apoiado no meu ombro .Eu sabia que dessa vez seria diferente, foi quando ele desembuchou:

–Eu não quero te iludir. Eu vou falar a verdade. Você não é uma aberração, mas não é totalmente normal. Você é uma alma Sígmia, toda vez que alguém te der a chance você vai tentar matá-la. Ninguém vivo sabe a história do seu povo, ou espécie, como preferir, a única coisa que posso te contar agora é que almas Sígmias são como anjos em rebelião, alguns não se rebelaram de verdade, eu estou aqui para te guiar, você não sabe o quanto almas foram castigadas devido a essa rebeldia.

Tentei falar. Minha boca balbuciou mas dela não saiu som algum. Ele não deixou e também eu só queria entender os sonhos, os desejos, o descontrole e com certeza também queria saber essa nova tensão sexual, tudo. Ele continuou:

–Eu sei que você sente arder a cabeça quando acontece, pois é. Uma das formas de punição é queimá-la até a morte, lhe juro:é lenta e dolorosa. Toda vez que você tirar a vida de algum humano, sentirá essa sensação. São marcas aspirais e detalhadas , visíveis, tenha cuidado.

“Lembre-se : Você tem minha benção e essa vai ser a sua maldição.”

–Quem é você?

–Eu estou mais próximo do que você imagina.

–Por favor. Quando eu acordar...Nós não nos veremos de novo?

–Você vai. É só me achar...

–Por favor!

Eu estava chorando feito bebê pós-parto. Ele respirou fundo quase com dificuldade na minha nuca e sussurrou, mas sussurrou de baixinho:

–Eu prometo.

Aqui estou... Novamente. Eu não pulei da cama dessa vez ou me levantei assustada. Eu só tinha em mente que aquele era meu destino, eu vou fazer dessa maldição a coisa mais divertida possível. Por favor Chloe pense, pense, quem seria esta pessoa misteriosa que dela só conhecia a respiração? Ela já falou comigo, talvez uma ou duas vezes, talvez eu só tenha o visto de relance quando passeava na rua, ou ia no supermercado. Espera …

O telefone tocou.

–Eu sabia que você ligaria. Venha aqui, já sabe o endereço, nós temos muitos assuntos a tratar ,você não acha?

15 minutos. E quem bateu na porta? Sim, Lucca. Aquele amigo do Brendon, era ele quem estava presente no lago, foi ele quem viu o corpo ser despejado morro a baixo, e que me contava histórias para me acalmar quando eu pensava no meu sumido pai, ou quando estava aflita por não entender o que se passava comigo. De novo, girei a maçaneta apreensiva, foi um xarope de coragem:

–Você está suado.

–Ah! Não brinca.

–Vai entrar?

–Pensei que não fosse perguntar.

Estendi a porta. Sua voz estava ofegante, cansada.

–Eu vim correndo.-lhe entreguei um copo d'água. Num milésimo de segundo estava vazio. Deixou o copo na bancada abaixo do famoso armário amarelo. Puxou meu braço e me guiou até o andar de cima.

–Sara está?

–Não.

–Então sente-se.-parecia que ele que estava visitando e morando naquela casa, eu parecia uma sem rumo.

–Você aceita?

–Ah é... Eu nem sabia que tinha a escolha.

–Você tem. Mas saiba que se sua resposta for não. Você morre. Se for sim. Você também morre.

–Então …

–Depressa garota! Não temos o tempo do mundo.

–Eu tenho que pensar!-agora sim que eu ia ter um surto epilético. Pedir um tempo para pensar entre morte e morte é pedir muito? Pensando bem, é pedir muto, sim.

–Depressa! A cerimônia tem de ser agora.-minha cabeça latejava, achei que estivesse sofrendo a punição da cabeça queimada ali mesmo. -Faça o que for preciso.

–Faça parar!-eu tinha a cara do horror estampado na face e minhas mãos cobriam as orelhas em gesto de piedade. Que não vinha. A dor piorou, meu coro cabeludo brilhava e queimava. Lucca recitava rezas em línguas incompreensíveis. Tombei no chão.

–--

–Acordou?

–Thank God!-Lucca ajudou-me a sentar e em ordem levantar, mas eu não me lembro de ter deitado muito menos de ter hemorragia no nariz(exagerei só sangrou mesmo). Levei meu dedo do meio até o lábio superior onde o sangue já havia chegado e causava agonia. -Isso é um sonho! Um sonho! Sonho não, pesadelo.

–Calma, Chloe... Calma.-alisou meu cabelo, me relaxou. Me levou no colo, retribui(atrasada) o carinho, alisei seu cabelo também. Ele tinha cheiro de perfume forte e suor. Os olhos verdes me encaravam com dó.

–Xii!Calma, calma. O carro era popular, não era um BMW mas para um homem de no máximo 21 anos, era muita coisa , coisa até demais. Ele ficou calado toda a viagem, tenho certeza de que estava achando que estava dormindo devido à dor. Minha cabeça latejava mais que em qualquer momento de toda minha vida, até mesmo quando tive quer costurar a cabeça por brincar de pega-pega com minha prima. Espera! Ele veio para casa correndo e estava com o carro de quem?Afinal depois e tudo eu me incomodo com isso? Sem mais pensamentos senão posso explodir. Chegamos. A casa dele ficava num canto isolado da cidade, e olha que New Heaven tem muitas casas espaçadas e com pouquíssima vizinhança. Mas a dele era cercada, parecia um campo de treinamento, enorme de tudo, eu jurava que ele morava só. Talvez estivesse errada. Lucca abriu a porta traseira onde eu estava deitada, enrolada na manta de veludo que Lucca arranjou.

–Margaret? Ei... Acorde. Você pode dormir quando estivermos lá dentro, o seu quarto não fica tão longe.

–Eu já estou acordada.-lhe entreguei a manta aveludada, num gesto de indiferença.-Obrigada.

–Vamos subir?-ele me condusiu até o quarto pela área de serviço e me avisou que um outro dia(talvez até no próximo) apresentaria a casa inteira. Uma garota surgiu. Tenho que admitir que fiquei surpresa e curiosa.

–Oi.-disse de um jeito indiferente, mas ainda gentil.

–Olá. Segui com os olhos aquela garota de regata preta e calça exageradamente confortáveis descer, é provável que estava indo para a cozinha porque voltou com um pote enorme de sorvete, uma colher, e calda de chocolate. Passamos por um quarto inteiramente bagunçado, mas um bagunçado bonito. As paredes eram cobertas de rostos desenhados , tinta no chão, e uma cama miníscula no canto.Ela passou pela portab do quarto com o sorvete, depositou sobre a bancada, e parecia muito angustiada.

–Meu Deus! Isso está terrível.-parou para analisar o quadro, fez um coque e pôs as mãos na cintura. Agora eu vi os olhos dela. Um rosto forte e expressivo, e tudo isso ia para o papel. Ela viu que eu a encarava e fechou a porta. -Me dá lincença, desculpa. Lucca olhou para mim e disse: -Esse é o quarto da Ana, minha meia-irmã. Assenti com os olhos.

–--

Já era muito tarde. Ele me convidou para dormir lá. Disse que era melhor não, ele me levou em casa, em outro carro, o primeiro carro não era dele. Olhei no relógio, era de madrugada, não havia ninguém na rua. Estava um silêncio completo. -Posso te buscar aqui amanhã?

–Sim, claro.

–engoli em seco,e ele me deu o beijo na testa, fitei-o e olhei para o chão. -Tchau. De novo, girei a maçaneta.


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