Antes que a campainha tocasse, Alice abriu a porta apressada.

– Sim, sim, sim! – exclamou animada. Bella riu e a cumprimentou com um abraço leve.

– Ás vezes eu odeio que você seja vidente, sabia?

– Rosálie disse que vai junto, vamos comprar muita coisa, temos que mandar Jacob, Emmett e Jasper retirar todos aqueles móveis podres e antigos. Podemos fazer uma caridade!

Enquanto Alice falava e falava sem parar, Isabella entrou na casa enorme dos Cullens. A casa estava vazia, Esme trabalhava na floricultura enquanto Carlisle lecionava na faculdade, Rosálie e Emmett sequer haviam chego na cidade e Jasper estava em alguma biblioteca. Depois de Alice se ajeitar, as duas foram para o shopping no belo Porshe amarelo de Alice.

Depois de chegarem ao shopping e caminharem até uma loja de móveis, Isabella começou a se sentir tonta e enjoada, as coisas pareciam girar ao seu redor e ela sentia um gosto amargo de comida. Estava quase caindo quando Alice a segurou.

– Quer ir ao banheiro? – Perguntou a vidente, baixo. Bella assentiu e se deixou ser arrastada para banheiro. Não percebeu muita coisa, ouviu algumas mulheres saindo do banheiro, a porta se batendo e um cheiro de desinfetante. Estava ficando cada vez pior e seu estômago se revirada. – Aqui, aqui.

Mal percebeu que estava debruçada contra a privada até vomitar tudo o que havia comido e uma boa quantidade de sangue, Alice agarrou seus cabelos enquanto falava no celular, então a porta foi aberta por mais alguém.

– Como ela... eca. – A voz da loura era alta e um tanto exasperada.

– Rose... – murmurou baixo após se sentir mais aliviada, se afastou da privada e se sentou no chão, encostada na parede fria.

– Você está piorando. – Rosálie Hale acariciou seu rosto e lhe entregou um papel para limpar a boca, mas Isabella ainda estava tonta.

Ao olhar para os cabelos louros e os olhos azuis de Rosálie, Bella deixou que as lembranças a dominassem, deixou ser carregada pelo sono enquanto sua mente se preenchia com imagens ocorrida há anos.

21 de Agosto de 1827

O frio da Inglaterra era surpreendente até para quem não deveria senti-lo. As nuvens cobriam a lua e deixava a noite ainda mais sombria. Somente pessoas erradas caminhavam á esta hora e neste frio, caça perfeita para Isabella “Swan”.

Entre os prédios abandonados, havia uma garota loura largada no chão. Uma pequena poça de sangue estava abaixo de suas pernas, ela estava nua e paralisada. O frio e o pavor estava a matando lentamente, mais algumas horas simplesmente deitada ali e seu coração desistiria de bater.

Isabella tentava escutar alguém por aquele lugar – algum mendigo, bandido, drogado... – Mas tudo que ouvia era o barulho de seus saltos sobre o chão. Quando parou, quase desistindo de caçar por aquela região, ela escutou um fraco batimento cardíaco e uma respiração entrecortada. Poderia deixar para morrer – afinal, o sangue não é tão bom quando congelado. Mas decidiu que valeria a pena olhar quem era.

Assim que chegou ao foco do barulho, Isabella se surpreendeu ao encarar a bela adolescente ali.

– Nua neste frio? – Estalou a língua três vezes e se agachou, acariciando o rosto congelado. – Você deve ter uma boa história para contar. As mais tristes são as mais bonitas... Tome.

Mordeu seu pulso e deixou que o sangue escorresse na boca da desconhecida. Após a loura ter tomado todo o sangue, Isabella quebrou seu pescoço e jogou seu sobretudo vermelho ao redor dela. A pegou nos braços e foi caminhando lentamente até sua casa.

…

A loura acordou e estranhou a cama quente e o fato de não sentir seu corpo doendo; Aliás, ela se sentia perfeitamente bem. A tragédia da noite anterior fora apenas um sonho? Então quem era esta que limpava seu rosto com uma água quente e toalha macia? De onde era esta cama confortável?

– O que... – Tentou se levantar, a morena em sua frente empurrou seus ombros contra a cama.

– Calma, querida, você precisa se alimentar antes.

– Que diabos é você? – Questionou a loura assustada.

– Sou Isabella Swan. Comparação um tanto exagerada com o diabo... Bom, aqui está seu novo café da manhã. – Isabella pegou uma garrafa ao lado da cama e estendeu para Rosálie.

– Isto é... Sangue? – Exclamou apavorada e se encolhendo na cama. – O que aconteceu? O que você é? Socorro!

– Sem gritaria, garota. Eu sou uma vampira e você vai se tornar uma quando beber isto aqui, ou morrerá lentamente de forma agonizante. Sim, todas as lendas de vampiros existem, qualquer cidadão que se preze sabe sobre os Demônios da noite. Você estava caída no chão, nua! Salvei você e aqui estamos nós. Qual seu nome?

A garota não queria falar, mas havia algo em Isabella que exalava confiança. Era quase como uma carga de poder que confundia a mente dela. A loura não se sentia obrigada a falar seu nome ou aceitar o sangue, ela se sentia com vontade de fazer isso, algum truque de Isabella.

– Isso é hipnose?

– Mais ou menos, se fosse hipnose, você já teria dito. Mas você quer me dizer, não quer?

A garota suspirou ao ver o rosto de Isabella inclinado para o lado. Os cabelos ondulados caiam por cima de seu ombro coberto por uma regata vermelha, os olhos escuros pareciam brilhar e o sorriso era encantador.

– Rosálie... Rosálie Hale. – Sussurrou quase que hipnotizada, Isabella sorriu mais.

– Rose... É um belo nome. Beba, garanto que se sentirá satisfeita com a beleza da imortalidade.

As palavras pareciam flutuar ao redor de Rosálie, dançavam em volta dela e depois entraram em sua mente. Rosálie realmente queria a imortalidade, queria ser um demônio da noite. O toque de Isabella em sua mão a deixou arrepiada. De alguma forma, ela sabia que Isabella perguntou seu nome por questão de educação, a vampira parecia saber tudo sobre cada ser.

Suas mãos se moveram de forma lenta até a garrafa. Tremendo, Rosálie virou todo o líquido vermelho na boca e gemeu de dor quando suas presas cresceram em seus lábios. Mas então, se sentiu bem. Se sentiu grata.

A primeira coisa que passou em sua mente após terminar de tomar o sangue da garrafa, foi se vingar de seu noivo e seus três amigos que a estupraram naquela noite gelada.

…

Ao acordar na cama macia, Isabella se assustou. Antes que se sentasse rapidamente, uma mão fria e masculina pressionou sua testa.

– Bem-vinda de volta, Bella. – O homem alto e loiro disse com um sorriso no rosto.

– Carlisle... – Bella resmungou baixo enquanto afastava as mãos de si. – O que aconteceu?

– Você desmaiou no banheiro e as meninas te trouxeram para cá. Dormiu por três horas.

– Está ficando pior. – Bella bocejou alto e se remexeu na cama. – Ainda me sinto cansada, é como se eu estivesse... resfriada, não sei. Minha cabeça pesa.

– Retirei seu sangue para alguns exames, mas por ser modificado pelo vampirismo...

– A medicina não fará muita coisa. – Bella disse com um suspiro cansado, Carlisle assentiu levemente enquanto olhava para Isabella com certa pena.

– Farei o possível para te ajudar, o máximo que eu puder. – Prometeu Carlisle – Esme está te trazendo um leite quente e um remédio, você está com sintomas humanos, talvez um remédio pode ajudá-la.

Bella assentiu e observou Carlisle sair do quarto. Quando ouviu os passos de Esme subindo as escadas, se sentou e esperou com um sorriso.

– Olá! – Esme exclamou animada enquanto entrava com uma bandeja cheia, Bella sorriu ainda mais.

– Esme! Ficamos tanto tempo sem nos ver!

– Uma ano, foi muito tempo. – A mulher de cabelos dourados se sentou na beirada da cama e depositou a bandeja no colo de Isabella. – Fiz seus preferidos.

Na bandeja havia um copo de leite com Nescau quente, bolo de fuba, um pedaço de torta de limão, pão com queijo e um pequeno pote de manteiga. Bella sorriu animada e bebericou um pouco do leite.

– Você me mima demais...

As duras riram e ficaram se encarando. Isabella considerava Esme Cullen como sua mãe. Por anos, aquela mulher conseguiu tratar Isabella com tanto amor que ninguém podia fazer, havia a ensinado mais do que já aprendera na vida, dava amor para todos. Esme podia ser considerada a mãe do mundo, amava cada um intensamente e de forma diferente, mas ao mesmo tempo igual. Isabella se sentia tão segura e tão amada perto de Esme que, sem perceber, começou a chorar.

– Ei, por que está chorando? – Esme perguntou enquanto secava o rosto de Isabella, a vampira apenas fungou.

– EU não sei, eu só... Acho que estar perto de Katherine me deixa abalada.

Esme assentiu, compreensiva. Acariciou o rosto de sua “pequena criança” e apontou para a bandeja.

– Coma, parece estar bom.

Bella suspirou e pegou o pão com queijo.

Enquanto conversavam da casa nova – e dos móveis que Esme, Alice e Rosálie escolheram enquanto Bella se recuperava na casa de Carlisle – Bella comia tudo devagar. Após comer, Isabella colocou a bandeja no chão e se endireitou na cama.

– Minha casa e eu sequer pude escolher a decoração.

– Acredite querida, você não se divertiria tanto quanto Alice e Rosálie estão.

As duas riram e Isabella concordou. Rosálie e Alice viraram melhores amigas após dois anos em uma amizade forçada, compartilhavam a bondade e a adoração por compras o máximo que podiam.

– Os meninos vão retirar os móveis amanhã e doar para um bazar, Rosálie encontrou um na cidade vizinha e pareceu conveniente que fizessem esse tipo de “boa ação” – Esme informou enquanto sorria de leve.

– Rosálie e sua bondade. – Bella revirou os olhos e fez uma careta ao sentir seu estômago revirar. – Eu acho que não posso mais comer.

– Está se sentindo mal?

Antes que Isabella pudesse responder, tudo o que havia comido subiu em sua boca com um gosto amargo. Não teve tempo ou disposição de levantar para correr pro banheiro, só conseguiu se debruçar para o chão e vomitar boa parte do que havia comido.

Esme agarrou seus cabelos e esperou até que Isabella terminasse. O gosto na boca e o cheiro no ar deixou Isabella agoniada. Carlisle correu para ver o que houve e apenas suspirou ao ver Isabella chorando debruçada sobre a cama e com as mãos na boca.

– Calma querida, vou limpar isso aqui.

– O que... o que eu... – Isabella não conseguia parar, apenas suspirava.

– Venha escovar os dentes, ok? Carlisle, pega um pano e desinfetante para mim, sim?

Carlisle assentiu e foi atrás dos produtos de limpeza. Antes que Bella chegasse ao banheiro, Emmett apareceu ao seu lado.

– EU cuido dela, pode deixar. – passou os braços fortes pelo ombro da irmã adotiva enquanto a levava para o banheiro. Esme a beijou na testa e foi limpar o quarto.

Enquanto escovava os dentes e lavava o rosto, Isabella chorou. Emmett tentava acalmá-la, mas nada parecia o suficiente.

– Por que eu vomitei? – Perguntou Bella ainda no banheiro.

– Deve ser por que você não está mais acostumada com a comida...

– Emmett, eu como por anos! Eu to com dor de cabeça, tontura, vomitando... O que está acontecendo comigo?

Emmett apenas suspirou e segurou a mão da irmã.

– Acho melhor você tomar um banho, depois podemos jogar videogame, o que acha?

Bella nada disse, mas balançou a cabeça levemente como um “sim”. Não tinha forças para se mover, então Emmett lentamente retirou suas roupas e a colocou embaixo da água do chuveiro. Ignorou o fato de vê-la nua e o quão estranho era isso e começou a jogar sabão em seu corpo. Antes que começasse a ensaboá-la, Esme apareceu e tomou o lugar dele.

O tempo inteiro embaixo da água, Isabella chorava como uma criança. Ter Esme cuidando dela ali, dessa vez, não lhe parecia o suficiente. Tudo o que ela queria era que Katherine estivesse cuidando dela, mas mesmo doente Isabella tinha plena consciência de que a vadia de sua mãe jamais demonstraria carinho por ela.

Depois do banho, Isabella se acalmou. Embora se sentisse enjoada e o clima da casa fosse de tensão, decidiu se distrair e passar a madrugada inteira jogando videogame com Emmett.