– Onde você esteve? – Katherine cruzou os braços ao encarar Stefan que entrava na cozinha. – Eu estou com fome e não tem nada pra comer. Obrigada por me deixar sozinha de noite.

– Katherine. --Stefan a cumprimentou e abaixou a cabeça, antes que Katherine continuasse com um sermão, escutou os barulhos de salto.

Olhou primeiro para os saltos pretos, depois para o vestido preto curto e então encarou Isabella. Assustada, Katherine deu um passo para trás e cerrou os punhos. Ainda estava com uma camisola e só os cabelos arrumados, Isabella parecia produzida para um evento em hollywood.

– Isabella.

– Katerina. – Bella sorriu e se aproximou mais. – Stefan me chamou para um café da manhã, achei que gostaria de waffles.

– O que quer aqui?

– Sente-se, Katherine, não demorarei tanto.

– Eu perguntei: O que você...

Antes que terminasse a frase, um vento empurrou Katherine para o lado, depois foi forçada a se sentar na cadeira perto da mesa. Bufou irritada ao não conseguir se levantar.

– Eu disse; sente-te. – Bella disse com um sorriso, então mexeu nos armários do Salvatore, procurando uma frigideira.

– Bella. – Stefan se aproximou e a tocou no ombro. – Não seja tão má, ok?

Beijou-a no rosto e então foi para seu quarto, tomar um banho. Esteve acordado a noite inteira jogando vídeo-game com os meninos e teve que esperar horas a fio até que Rosalie e Alice liberassem Isabella da “Produção Estilo L.A.”

– Roubando o namorado de sua mãe? Que garota má. – Katherine provocou.

Bella a ignorou e continuou preparando o café da manhã. Após alguns minutos em total silêncio, Bella serviu as duas e se sentou em frente a Katherine.

– Não deveria ser ao contrário? Mãe preparando café para a filha?

– Experimente, Katherine. Aposto que gostará.

Meio hesitante, Katherine comeu um pedaço do waffle em seu prato. Não queria admitir, mas era uma das coisas mais deliciosas que comia.

– De nada. – Bella disse irônica e mastigou outro pedaço.

– Então, vem encher minha barriga... O que quer de mim?

– Nha, isso não será importante agora, você não tem que saber do que preciso. Porém, Stefan achou importante passarmos um momento entre mãe e filha, o que acha de trançar o cabelo e pintar as unhas?

Katherine ergueu as sobrancelhas e observou as unhas bem feitas de Isabella.

– Mas as suas estão ótimas.

–-E as suas péssimas. Não precisa se envergonhar Katherine, podemos inverter um pouco a situação da Família Perfeita.

Sorrindo de forma mais irônica possível, Isabella continuou comendo seu café da manhã, feliz.

– Como Klaus a criou? – Katherine finalmente quebrou o silêncio. Colocou o copo que secava no armário e se encostou na mesa. Isabella secou as mãos e a encarou.

– Foi ótimo, considerando que Klaus é... bem, Klaus.

– Ele queria te usar, não? Para me matar.

– Sim, Klaus é previsível. Ele queria que eu te odiasse para que pudesse se vingar ainda mais. Mas... Eu sou tão... Apegável.

– Klaus gostou de você e desistiu de te usar. – Katherine disse para si mesma, confusa. Não acreditava que o Híbrido tinha um coração.

– Klaus me amou, me ama. Elijah me disse sobre a Katerina dele, aquela que era minha mãe. Eu queria você, nosso encontro não deu certo e deixamos você pra lá. Não impedi Klaus de ir atrás de você quando queria, afinal, você sabe bem como sofrer.

– Espera, nós nunca nos encontramos.

Bella revirou os olhos e foi para a sala dos Salvatores. Não demorou para encontrar o uísque de Damon e o tomar direto da garrafa.

– Sim, Katerina. Nos encontramos uma vez, você partiu meu coração, eu te fiz esquecer e nunca mais me preocupei em... Nos falarmos, novamente. Mas eu sabia onde você estava a cada segundo.

– Como? Se nem Klaus me achou?

– Ora, eu sou Isabella Swan, você não me conhece mais... Qualquer um que se preze conhece.

– Você é a vampira poderosa. Tão temida quanto Klaus. Já ouvi falar de você várias vezes. – Katherine se aproximou de Isabella, receosa. Esperava que Stefan estivesse atento para salvá-la, caso fosse necessário. – Você pratica magia.

– Não exatamente. Já disse tantas vezes que odeio essas línguas estranhas que as bruxas falam. – Revirou os olhos. – Tudo que eu faço vem de Poder que foi... herdado. Eles agem aqui e aqui. - Apontou para a mente e depois para o coração. – Nada de línguas estranhas ou grimórios, feitiços prontos e bla-bla-bla.

– Então você é tipo...

– Poderosa, Indomável, versão melhorada de Katherine Pierce?

– Talvez. O que você quer de mim? Se depois de tantos tempos com seu... coraçãozinho quebrado por mim, porque decidiu agora vir atrás de mim?

Bella sorriu e prensou Katherine contra a parede, a assustando. A segurou pelo pescoço e sorriu.

– Por que você é uma humana e tão fácil de matar. Sabe como Klaus estava tentado a vir? Eu fui bem persuasiva para que você continuasse com esse seu cabelo perfeito, Katerina.

Stefan apareceu na beira da escada, analisando a cena. Pensou seriamente em interromper, mas corria um grande risco de perder a vida em uma luta contra Isabella.

Antes que Katherine ficasse sem muito ar, Isabella a soltou e se afastou alguns passos.

– Não se preocupe, Stefan. – disse mais alto enquanto voltava para o sofá. – São apenas demonstrações de amor.

Katherine tossiu algumas vezes e encarou Stefan com um pedido de ajuda, mas ele simplesmente voltou para seu quarto.

– Você tem um vampiro em sua mão, interessante. – Bella se jogou no sofá e bebericou um pouco mais do uísque. – Me explique uma coisa, como pode amar os dois? Quero dizer, Stefan é muito lindo e é um cavalheiro, bem... encantador, mas sempre achei que você combinaria mais com Damon. As mãos fortes dele, aqueles olhos e sorriso malicioso... O jeito de maldade. Mesmo assim, escolhe Stefan.

– Pelo visto você conhece Damon de forma íntima e de um tempo atrás.

Bella sorriu travessa para Katherine, indicando que ela estava certa.

– Você não é tão burra quanto parece, Katerina. Por que não senta e chegamos finalmente a conversa típica de mãe filha sobre garotos?

Katherine soltou um suspiro enquanto caminhava para a poltrona. Não estava com ânimo para enfrentar Isabella, mas não tinha escapatória. Era difícil lidar com alguém pior que si mesma, superior. Estava se sentindo uma formiga perto de uma leoa. De repente, toda a maldade e tudo que fez na vida pareciam não significar nada comparado ao que Isabella tinha em suas mãos.

1864

– Deve ter sido trágico. – Damon se assustou com a voz feminina que soou atrás de si, perto do lago. Virou-se rapidamente e arregalou os olhos para a escuridão, então encontrou uma garota muito linda e de sorriso malicioso. – Estou na cidade a pouco tempo e já gostei da trama daqui. Vampiros, bruxas, Conselho Humano, Lobisomens... E um triangulo amoroso, uma briga em família. Isso sim, é que faz e eternidade valer a pena.

– Quem é você? – Damon perguntou contragosto, então voltou a ajeitar a camiseta no pequeno varal.

– Hum... Eu soube que Stefan matou seu pai. Ah, e te fez tomar sangue humano. O pobre coitado do Salvatore mais velho queria morrer para não ficar sem sua querida Katherine. – A garota soltou uma risada irônica e se aproximou alguns passos, Damon se afastou rapidamente.

– Você parece gostar de observar a vida alheia.

– É, bem. Eu gosto de uma trama, sabe? Cheia de amor, paixão, proibição. As mulheres não tem tanto poder, mas basta ganhar um brinde do destino e consegue fazer coisas que dez homens não conseguiriam. Katherine, por exemplo, soube cuidar bem de uma cidade e forjar bem a trágica morte em uma igreja abandonada.

– Como a conhece?

– Ok, vamos parar de brincar e ser mais diretos. Sou Isabella Swan, ou conhecida como Isabella Petrova. Esse nome parece familiar?

Damon fez uma careta de confusão. Em dois segundos lembrou-se do sobrenome antigo de Katherine.

– Katherine não me disse que tinha uma filha.

– Como não disse que colocar verbena no seu irmão foi culpa dela, que mandou mais de vinte vampiros para a prisão e fingiu estar entre eles apenas para fugir e ficar livre de dois Salvatores patéticos. Ah, como não disse que prefere o bondoso e carinhoso Stefan ao invés do malvado e Rebelde Damon. Katherine tem bom gosto, mas não acho que seja tão bom quanto o meu, afinal, os bad boys são os melhores.

Damon não sabia se acreditava realmente no que a garota dizia, embora ela parecesse sincera. Sabia que Katherine era uma vadia, mas achava que realmente o amava. Porém, uma estranha que dizia ser filha de Katherine contrariava o que ele queria acreditar sobre o “Amor de sua vida”. Não conseguia lidar com os sentimentos, estava se sentindo um tanto sufocado com essa confusão.

– Venha, vamos dar uma volta na antiga igreja queimada onde seu amor morreu, então saberá se deve confiar em mim ou não.

Antes que Isabella se virasse, Damon a segurou pelo braço.

– E se eu não quiser saber? Eu não acredito, de qualquer forma. Katherine era complicada, mas..

– Você sabe que ela não está lá, só não quer acreditar que o único motivo que o mantém vivo é aquele que te matou, que você foi largado e não foi o grande escolhido. Eu vi Katherine beijar Stefan após o tiro que ambos levou do pai. Você foi largado como um nada.

Damon soltou um gemido baixo, seu peito parecia que tinha um buraco negro. Sentiu um frio interno que não podia suportar.

– Componha-se, homem. Você é um vampiro agora, precisa saber controlar as emoções.

Com um olhar firme, Isabella o deixou para trás e caminhou em direção a antiga igreja. Alguns segundos depois, Damon a seguiu, com intenção de tentar provar a si mesmo que estava errado.

Após minutos chorando agoniado por ter sido trocado, enganado. Damon jurou, com certa ajuda de Isabella, que não deixaria Katherine Pierce magoá-lo, que aproveitaria a eternidade o melhor que poderia. Começou isso em uma caçada sangrenta e excitante ao lado da filha do diabo.