– ACORDEM - Gritou Emma na porta do nosso dormitório.

– Que horas são? - Alguém perguntou.

– Hora de começar a iniciação - Disse Emma - Vocês acharam que a vida a audácia ia ser fácil?

Nós nos arrumamos rápido, alguns resmungando e fomos para o treinamento.

– O primeiro estágio é físico. São três - Disse Emma quando estavam todos lá - Vocês vão descobrir os outros se passarem nesse.

Ela subiu em cima de um tatame grande que parecia um tipo de arena e continuou...

– Os treinos são separados entre os nascidos na audácia e os transferidos mas vocês serão avaliados juntos no final para nós vermos quem fica e quem vira um sem facção. É tradição que a primeira luta seja entre o primeiro a pular e o último, Margo e Kevin, lutem.

"Ótimo" pensei "Uma desculpa para bater nesse babaca"

– Pego leve com você amor - Ele disse.

– Jura? - Dei um soco que fez seu nariz sangrar, odiava machucar pessoas mas ele merecia e muito.

Ele chutou uma das minhas costelas e eu senti uma dor aguda e dei outro soco nele, pelo jeito sou boa com socos. Ele me derrubou de novo.

– Acho que o Charlie não vai gostar de me ver em cima da corujinha - kevin zombou e eu chutei ele no meio de suas pernas.

Enquanto Kevin se contorcia no chão com as mãos na virilha todos, inclusive Emma, davam gargalhadas.

– Ganhou pontos pela vitória Margo - Disse Emma contendo um sorriso.

– Valeu - Eu disse ainda sorrindo enquanto via o estrago que eu tinha feito em Kevin.

Ela começou a chamar duas pessoas por vez. Geralmente quando a luta era entre uma menina e um menino, adivinha quem ganhava? Claro que era o menino, odiava o fato deles subestimarem as meninas na audácia.

– Pausa de uma hora - Disse Emma - Vão comer alguma coisa.

– BOOOOOLO - Gritaram todos.

Você pode já ter comido bolos maravilhosos, deliciosos, mas não sabe o que é um bolo de verdade até comer um bolo da audácia. Os transferidos já estavam sentados quando nós chegamos, eu vi Annie em uma mesa, sozinha.

– Charlie - Eu disse e cutuquei ele - Vamos chamar ela pra sentar com a gente.

– A careta?

– Não chama ela assim.

– Então depois você vai fazer uma tatuagem - Ele disse - Margo, você é a única pessoa da audácia que não tem uma tatuagem. Eu fiz a minha com catorze anos.

Charlie tinha três garras no seu pescoço mas nunca me disse o motivo que levou ele a fazer isso.

– Aham.

– Aham.

– E aí Annie? - Eu disse depois que nós dois sentamos na mesa dela - Quer sentar com a gente?

– Vocês? Todos os outros? - Ela perguntou.

Acenti com a cabeça.

– Claro - Disse ela sorrindo.

...

– MARGO! - Hazel saiu correndo do estúdio de tatuagens daquele jeito todo animado, maluco e extrovertido dela - VAI FAZER UMA TATUAGEM?

– Para de gritar - Eu disse rindo - Vou.

– Não veio com ninguém? - Ela perguntou enquanto pegava a agulha com tinta e se sentava.

– Não, os outros iniciandos já tem tatuagens, pelo menos os nascidos na audácia tem.

– Os transferidos sempre esperam um pouco, daqui a pouco eles vão vim aqui.

Eu comecei a andar pelo estúdio vendo as milhões de tatuagens pelas paredes. Pensei como Hazel tinha talento desenhando, minha mãe ensinou ela. Eu nunca conheci meu pai porque ele morreu quando minha mãe estava grávida de mim. Hazel me disse que foi alguém que mandou matar ele, jogá-lo no abismo do fosso. De repente uma coisa terrível passou pela minha cabeça. "E se ele era divergente, e se quem matou ele também vai querer me matar. Não não vou deixar isso acontecer."

– O que é isso Hazel? - Eu perguntei apontando para uma pena estranha que eu vi em um dos desenhos.

– Uma pena de coruja.

– Eu quero, duas. - Eu apontei para o meu pulso e passei o dedo pelo meu braço até a parte de dentro de onde ficava meu cotovelo.

– Okay, senta aqui.

Fiz o que ela mandou, Hazel segurou minha mão e senti a agulha entrando na minha pele e a tinta preta se espalhando formando as duas penas de coruja que cobriam quase meu braço todo.

– Por que você estava tão estranha em casa no dia do seu teste de aptidão? - Hazel perguntou depois de um tempo.

– Não estava - Eu mentia com muita facilidade.

– É pela Avril? - De repente Hazel ficou muito parecida com a minha mãe, com a voz doce, calma, o rosto angelical, o cabelo loiro. Nunca tinha percebido o quanto as duas são parecidas.

– É, eu sinto falta dela - Isso era verdade.

– Vai passar com um tempo, você provavelmente não lembra mas - Ela parou de falar como se tivesse pensado melhor - Acabei.

– Não lembro do que?

– Acabei sua tatuagem.

– Ah pensou no Charlie quando fez a tatuagem? - Ben disse quando eu cheguei no dormitório.

– Duas, pensou neles dois- Disse Alasca.

– Awn - Disse Ana (Uma das minhas amigas) - Margo e Charlie, shippo.

– Que shippa o cacete - Eu disse fingindo raiva.

– Nossa - Disse Charlie entrando no dormitório com um maumorado Kevin atrás dele - Magoou Branca de neve.

– O que você tem contra me chamar de Margo?

– Seu nome agora é Gertrudes - Disse Ana e eu joguei um travesseiro em cima dela.

Nós comemos algumas coisas que segundo Ben "A tia Maggie (minha mãe) deu pra ele" e depois dormimos. Kevin me encarava o tempo todo, alguma coisa me dizia que ele ia se vingar por estar com uma pontuação baixa.