Está amanhecendo na cidade de Mixicopal, é um lindo sábado de sol, enquanto todos dormem (ou quase todos, alguns cachaceiros fazem fila na frente do bar do cheiroso aguardando a abertura do local), Stefan está sentado sobre o telhado de sua casa, ele escreve em seu diário: “Ontem na escola vi uma garota que me trouxe recordações de um passado que queria esquecer... Mas que não posso, não quero esquecer, pois preciso dessas lembranças para saber que um dia fui humano, não posso perder a ligação com a humanidade. Pensar na Helena me faz viver outra vez, preciso conhecê-la logo...”.

Caipira avulso (Surgiu do meio do mato, cambaleando e completamente bêbado): – Ô maluco! De novo nesse telhado! Ainda não superou a galhada que levou? Esquece essa piriguete do satanás! Vâmo beber pra esquecer! Tô aqui com uma garrafinha de cinco litros do mais puro leite da onça virgem, basta uma dose para tu se esquecer até do próprio nome (soluça no final).

Stefan: – Obrigado amigo! Mas vou recusar essa pinga. Hoje o que mais quero é lembrar quem sou.

Anoitece na cidade, um grande número de jovens fantasiados segue para a festa de halloween do Clube Tonhão das cabritas, entre eles estão Helena, seu irmão Jeremias, Bruna, Carolina, Tadeu (Tyler), Mateus (Matt) e sua irmã Vicki.

Helena e Bruna chegam juntas à festa, Helena está usando uma fantasia sexy de chapeuzinho vermelho (doida para encontrar o lobo mau), Bruna está com uma fantasia de bruxa (ao estilo Hermione). Elas caminham pela festa em busca dos amigos. De repente alguém segura Helena pelo braço, ela se vira, olha e grita:

Helena: – Socorro, o Chupa-cabra! (Helena esbarra e abraça Bruna)

Bruna: – Helena! É a Carolina! Ele está fantasiada de vampira, e não de chupa-cabra, sua medrosa!

Carolina: – Helena, fiquei ofendida agora! Você se assustou só por causa dos dentes de vampiro?

Helena: – Desculpa Carolina, você está linda, mas você sabe que tenho medo de tudo que lembre o chupa-cabra...

Carolina: – E eu te lembro o chupa-cabra? (diz Carolina com raiva)

Helena: – Não é isso, não me refiro a você, mas aos dentes de vampiro. (tentando desfazer o mal entendido)

Bruna: – Meninas, deixem isso pra lá, vamos curtir a festa!

Carolina: – Olha Helena, aquele não é o Jeremias? (aponta Caroline para o irmão de Helena)

Helena: – É ele mesmo.

Bruna: – Sinistra a fantasia de zumbi drogado dele, muito realista!

Helena: – Ele não está fantasiado!

Bruna: – Hi, foi mal!

Helena: – Tudo bem, Bruna. Ele está passando por uma fase difícil, não conseguiu ainda superar a morte dos nossos pais, nem eu na verdade, mas ele está totalmente perturbado, está rebelde, não toma mais banho nem troca de roupas, anda falando umas gírias de maloqueiro, fumando baseado e cream cracker, cheirando pó de giz, tomando remédios para obesidade, bebendo cachaça, caipirinha, caipifruta, caipivodka, caipiroca, cerveja, vodka misturada com dolly citrus, e passa o dia ouvindo Planet Hemp e Bob Marley.

Carolina: – Coitado dele, ele está se matando!

Bruna: – Sua tia Gina tem feito algo para ajudá-lo?

Helena: – Ela está tentando de tudo, desde consulta com psicólogo, psiquiatra, proctologista, exorcista e pai de santo; até internação em clínicas de reabilitação, A.A e sessão de descarrego; A tia Gina está bastante estressada, acabou até apelando para a violência, dando-lhe uns tapas na cara, um soco no estômago, um chute no saco, um mata leão, chinelada nas pernas, surra de vara de mariola, fez terror psicológico ameaçando cortar o “gatonet” e a mesada de R$ 20 reais que ele ganha. Fez promessa para São Longuinho e até carta para o Luciano Hulk pedindo ajuda ela enviou. Nada dá certo, ele está se destruindo, e não sabemos mais como ajudá-lo.

Mateus, que estava próximo das meninas, acabou ouvindo a conversa sobre Jeremias e resolveu se intrometer.

Mateus: – Helena, eu acabei ouvindo a conversa de vocês e tenho que te revelar algo.

Helena: – Que você é TotalFlex? Isso todo mundo já sabe, Mateus!

Mateus: – Não é isso! E que história é essa de TotalFlex?

Helena: – Esquece! Fala logo o que você quer revelar!

Mateus: – Ontem eu vi seu irmão entregando algumas drogas para a minha irmã.

Helena: – Meu deus! Não acredito que agora ele também está traficando. Mas que tipo de drogas você viu com ele?

Mateus: – Ele entregou a ela um saquinho com a erva do demônio, uns remédios estranhos e um CD da banda Calypso.

Helena: – E o que você fez? Acredito que tenha dado uns bons cascudos nele e na sua irmã sem noção.

Mateus: – Helena, você sabe que sou contra a violência, até tentei dialogar com os dois, só que o seu irmão me ameaçou com uma seringa com sangue, ele disse que o sangue estava contaminado com o vírus da hemorroida. Eu corri, não queria ser contaminado. Em casa conversei com a Vicki, ela não é tão sem noção assim, inclusive me prometeu que não iria mais se drogar, até me deu o CD para que eu o quebrasse... Só que acabei não quebrando, e resolvi escutar o "som" do grupo, acabei ficando viciado, agora eu adoro o Calypso, “Chega pra cá meu bem, que vou lhe ensinar” (cantarola Mateus jogando a cabeça para frente como se fosse a Joelma).

Helena: “Já imaginava, esse Chimbinha é Joelma!” (pensa Helena).

Bruna: “Esse bruxo faz feitiço de costas!” (pensa Bruna).

Carolina: “Será que tem vacina contra esse vírus da hemorroida?” (pensa Carolina)

Jeremias: “Gnomos malditos roubaram meu unicórnio, gnomos malditos, irei acabar com todos vocês, esperem eu capturar um Charizard, só preciso capturar um Charizard, vai ser fogo no rabo de vocês!” (pensa Jeremias doidão, enquanto puxa mais um beck).

(continua...)