Qual é a cor do amor? escrita por hollandttinson


Capítulo 19
In your dreams.


Notas iniciais do capítulo

Ó QUEM VOLTOU! Enem acabou e aqui estou eu postando capítulo novo pra vocês. Come on!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/498451/chapter/19

O natal passou, assim como o ano novo, sem novos problemas. Marieta passou todos os dias comemorativos ao lado dos Hubermann, sendo tratada como mais uma filha deles, assim como eles tratavam Max como mais um filho. A professora parecia esquecer-se mais, á cada dia que se passava, qual era o seu objetivo indo morar naquele lugar. Mas foi por pouco tempo.

Max levou Marieta até em casa no dia dois de janeiro, ajudando-a com toda a comida e presentes que Rosa a obrigou á levar para casa. Quando chegaram na porta da casa dela, a luz da cozinha estava acesa e as cortinas aberta. Um homem de expressões vazias, exceto pelo ódio que era claro em seu rosto, estava na cozinha bebendo água. Suas vestes eram de general, e Max ergueu uma sobrancelha.

– Mari?- Chamou a mulher, que ainda não tinha percebido que tinha visitas. Virou-se para Max, enquanto girava a chave na porta. Ele apontou para a janela com o queixo, Marieta se afastou minimamente para olhar para onde ele apontava, engoliu em seco quando percebeu que Hans Júnior estava na sua cozinha.

– Meu Deus.- Ela sussurrou, levando as mãos á boca. Max estreitou os olhos.

– Você conhece? Quer que eu chame a polícia?- Max perguntou, mas ele sabia, no fundo ele sabia, que ela conhecia ele, e que ela não iria chamar a polícia para alguém que se portava daquela forma. Marieta parecia estar com medo, e Max teve vontade de levá-la de volta até a casa de Rudy. Marieta negou com a cabeça, abriu a porta escandalosamente, para que Hans soubesse que alguém estava chegando, mas o homem não se moveu.

– Não precisa. Eu o conheço, só estou surpresa, não esperava por visita. Obrigada por ter me trazido em casa, nos vemos outro dia. Adeus.- Ela falou rapidamente, tirando as coisas de suas mãos bruscamente, largando-as no chão de madeira da sala de estar, e fechando a porta com força. Ela estava sem fôlego e eu também.

O que Hans Júnior tinha vindo fazer aqui? O que diabos ele queria? Eu e Marieta nos perguntamos ao mesmo tempo. Marieta ainda não conseguia respirar, mas mesmo assim, guiou seus pés até a cozinha.

– Invasão ainda é crime, sabia?- Ela perguntou baixinho, mas sabia que ele tinha escutado. Viu ele colocar o copo sobre a minha e enfiar as mãos nos bolsos, olhando para ela com o queixo travado e erguido, dando de ombros depois.

– Assassinato também.- Ele disse. Ela bufou, sabia que ele tinha provas de que ela era uma assassina, e usaria elas á qualquer custo para ameaçá-la. Bem, pelo menos ela costumava ser uma assassina. Agora, ela é mesmo só uma professora com um passado obscuro.

– O que você está fazendo aqui? Não devia estar fugindo da polícia?- Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços.- Aliás, como você passou despercebido com essa roupa extravagante.

– Da mesma forma que você: identidade falsa e um pouco de persuasão.- Ele disse, puxando uma cadeira e sentando-se. Olhou para ela de cima á baixo.- Feriado divertido, querida?

– Diga-me logo o que você veio fazer aqui.- Ela disse entredentes, começando á ficar irritada, deixando de lado o medo para que a irritação a tomasse. Ele suspirou lentamente, balançando a cabeça na mesma velocidade.

– Eu contratei dois assassinos profissionais para matarem 2 pessoas, apenas. Dei-lhes dinheiro, onde morar, banco tudo o que eles tem, e mesmo assim eles não cumpriram com o acordo. Já fazem quase 4 meses que vocês estão aqui e eu ainda não vi nos jornais que dois adolescentes foram mortos. Então, já que vocês são incompetentes demais para fazer o serviço, eu tinha de vir aqui dar-lhes um... Incentivo.- Ele sorriu friamente no fim do discurso. Eu suspirei, santo Deus as coisas não podem mesmo ficar bem por pelo menos mais 1 dia?

– Incentivo?- Marieta ergueu uma sobrancelha, seu coração perdeu uma batida, ela sabia que ele ia usar sua filha. Ele olhou ao redor.

– Já rodei essa casa toda e não vi nenhum vestígio de Evan Lawrence. Colocou o garoto para fora?- Ele perguntou, rindo divertido. Ela negou com a cabeça.

– Ele foi embora porque quis.- Disse ela. O sorriso de Hans vacilou.

– Ele foi... Embora?

– Ele não está mais no caso.- Disse Marieta. Hans fechou a cara.

– E onde ele está agora?

– Acha que eu tenho bola de cristal?- Ela perguntou sarcástica. Ele levantou bruscamente, e andou em sua direção rapidamente. O movimento foi tão rápido que nem eu nem Marieta estávamos preparados. Ele empurrou o corpo dela na parede mais próxima, batendo-o com força. Levou as mãos ao seu pescoço, dando a entender que a sufocaria, mas não o fez.

– Você deixou um garoto de 17 anos, assassino profissional, com muito dinheiro meu no bolso, e sabendo todos os esquemas que armamos, fugir?- Ele perguntou irritado, ele praticamente cuspiu as palavras na cara dela. Que deu de ombros.

– Bem, tecnicamente, eu não tinha como impedi-lo, sou mais velha, mas menor. Se ele quisesse sair, sairia de qualquer jeito. E ele saiu.- Marieta disse. Sentiu uma pressão no seu pescoço, sabia que ele ficaria marcado com os dedos de Hans e bufou.

– Sabe o que vou ter que fazer com ele, não sabe? E tudo por culpa da sua petulância... Você me disse que ele era confiável.- Ele disse, largando o pescoço dela, pois pareceu perceber que marcas em seu pescoço seria ruim para o disfarce, ainda mais quando ele tinha visto um rapaz ao lado dela. Lembrando que Hans Júnior e Max não se encontraram quando ele veio á rua Himmel anos atrás, então ele não sabe como Max é fisicamente. Marieta riu com escárnio enquanto massageava o pescoço.

– Desde quando um garoto de 17 anos que mata por prazer, pode ser confiável?- Ela perguntou, revirando os olhos, apesar de ela saber que, no fundo, Evan nunca a trairia.

– Você devia tê-lo em suas mãos, sua imunda!- Hans xingou irritado, pegando a primeira coisa que viu, que era o copo na pia, e lançando na parede ao lado de Marieta, acima de sua cabeça. O vidro respingou no seu rosto, fazendo cortes pequenos, ela passou a mão no rosto e sentiu o sangue. Sabia que devia dar um jeito de tirar os farelos do vidro depois, mas tentou não pensar nisso.

– Quer que eu vigie os Hubermann, arranje uma forma de matá-los sem chamar atenção para mim, depois fuja sem levantar suspeitas, pensar em tudo isso é cansativo. E ainda por cima, cuidar de um adolescente que ficou em crise quando percebeu a merda que estava fazendo?- Marieta ergueu uma sobrancelha para o pai da sua filha. Hans riu sarcásticamente.

– Você não tem pensado em nada, não é? Dá pra ver na sua cara que você não quer mais matá-los... O que? Se apegou á eles?- Ele riu mais, fazendo Marieta fechar á cara.- E quanto ao garoto, ele já matou pessoas antes, não é motivo para crise.

– Sim, ele matava garotas que tinham abandonado a família para vender seu corpo. Ele nunca matou ninguém... Puro.- Disse Marieta, pensando bem no que falava. Evan tinha razão de ter pulado fora do barco.

– Grande coisa!- Hans brandiu, irritado.

– Você não se sente culpado por estar planejando a morte da sua própria irmã?- Marieta questionou, começando á sentir nojo do homem á sua frente. Hans deu de ombros.

– Ela não é, nem nunca foi, minha irmã. A minha irmã morreu em Berlim! Essa garota apareceu para deixar feliz o egoísta do Hans Hubermann, o homem que dizem ser meu pai, mas não querendo questionar a integridade de mamãe, mas já questionando, eu duvido que seja. Um homem assim não merece felicidade.- Ele falou entredentes, olhando para Marieta. Estava parecendo um maníaco.

– E por que não? Porque ele não fez parte do partido nazista como você? Porque ele não deu orgulho ao país, como você deu? Olhe ao seu redor, Hans! Todas as pessoas estão odiando você, os outros países querem você morto, e o nosso país decretou uma lei para que pessoas como você sejam mortas! O país se orgulha do seu pai, ele foi contra o país, mas salvou a humanidade que restava dentro dele!- Marieta falou, nervosa por penetrar a mensagem á mente dele, que riu.

– Olhe só quem está falando de humanidade! Marieta, você foi uma das enfermeiras de Auschiwitz. Você fazia experimentos naqueles judeus nojentos! Você arrancou filhos das barrigas das mães sem nenhuma piedade, e os jogou no frio!- Hans passou na cara. Eu tremi com a crueldade, mas não tanto quanto Marieta.

Era comum ela ter pesadelo com o choro das crianças mortas, ou arrancadas dos braços da mãe e jogadas, ou nas câmaras de gás, ou do lado de fora da cerca, no frio castigante, nuas. Quando não era isso, eram os bebês que ela fez aborto forçado, tirando de dentro das mães, o único pedaço puro que ainda tinham, e queimando. O sangue do assassinato correu pelas mãos de Marieta á um bom tempo. Ela engoliu em seco.

– A diferença entre nós dois, é que eu decidi enterrar o meu passado quando eu mudei de nome e de vida. A diferença é que eu não me orgulho do que eu fiz, na verdade, me arrependo de ter entrado para qualquer coisa do partido nazista. Me arrependo de ter conhecido você.- Ela cuspiu as palavras. Ele mais uma vez riu, cada risada dele me irritava mais. Eu tive vontade de dar-lhe vários socos, mas ser socado pela morte não é um bom sinal... Se bem que, para ele, seria maravilhoso!

– Jura? Se arrepende de ter tido Rosa? Pois sem mim você nunca teria aquela filhinha linda.- Ele disse com voz infantil. Ela mais uma vez engoliu em seco, dando um passo para trás. Quando viu seu nervosismo, Hans riu mais uma vez.- Você vai matar Rudy e Liesel porque eu estou mandando, e porque você sabe que se não o fizer, quem pagará é a sua filha. E você sabe: eu não tenho coração.

(…)

Quando Max contou sobre o homem na casa de Marieta, todos ficaram assustados.

– Ela disse que o conhecia?- Alex perguntou pela milionésima vez. Max revirou os olhos.

– Ele pareceu meter medo nela, ela ficou nervosa quando o viu, e se despediu rapidamente.- Max repetiu mais uma vez. Rudy concordou com a cabeça, pensando sobre o assunto.

– Talvez seja um ex namorado louco dela.- Rudy chutou com maestria, mas nenhum deles achou que fosse essa a opção.

– E porque o ex namorado louco dela teria a chave de sua casa? Deve ser alguém da família.- Liesel completou. Rudy deu de ombros. Max negou com a cabeça.

– Alguém da família dela a deixaria louca de medo daquela forma? No dia que eu sentir medo de vocês daquela forma, eu saio de casa!- Max exclamou, jogando-se no sofá. Hans sorriu para Max á menção da palavra família fazendo analogia á eles. Não imaginavam a felicidade que ele sentia por saber que Max se sentia em casa ali.

– E você não ficou para espiar da janela ou ouvir atrás da porta?- Rosa perguntou incrédula. Max olhou-a confuso.

– Mas é falta de educação.- Ele disse, ela jogou nele um pano de prato que estava na sua mão, bateu bem no seu rosto.

– Ora bolas Max! Um homem estranho está na casa da sua namorada e você não fica para saber o que ele quer, pois é falta de educação? Santo Deus o mundo está em uma perdição sem tamanho!- Ela resmungou. Ele fechou a cara.

– Ela não é minha namorada.- Ele disse, cruzando os braços.

– Mas você bem queria que fosse.- Alex cantarolou baixinho. Max jogou o pano de prato nele. Rosa foi até Alex e pegou o pano, irritada pelo passa-pano e pela idiotice de Max.

– Se um dia um homem estranho entrar na minha casa, e eu disser que o conheço, em nome de tudo o que eu mais sagrado Max: escute atrás da porta e diga á Hans que eu estou em perigo.- Disse Rosa, parecendo nervosa. Hans revirou os olhos.

– E o que um homem desconhecido estaria fazendo na nossa casa? Atrás dos seus dotes culinários é que não é.- Disse Hans, levando um tapa na nuca, fazendo todos rirem.

– Acho que é alguém que ela não queria que você visse, e só por isso ela ficou nervosa.- Disse Rudy, sentando-se ao lado de Max. Max ponderou sobre a ideia, depois deu de ombros.

– De qualquer forma, vou levar comida até sua casa amanhã, e checo para saber se o homem ainda estará lá.- Disse Max, achando que era a melhor ideia.

– Acha mesmo que ela vai deixar você entrar na casa? Quero dizer, eu acho que ela vai receber a comida á porta.- Disse Liesel, sendo a mais sensata do grupo. Todos concordaram com ela. Max fez uma careta.

– Está vendo? Se tivesse ficado ouvindo atrás da porta, saberia se ele vai ficar por muito tempo ou não. E se ele for um louco assassino e amanhã, quando você for na casa dela, ele a tenha assassinado?- Rosa perguntou, arregalando os olhos. Max engoliu em seco, assustado com a ideia. Hans revirou os olhos.

– Não seja ridícula, Rosa! Ninguém teria motivos para matar uma pessoa tão adorável.- Disse Hans. Rosa riu com sarcasmo.

– Ah meu amor, nós a achamos adorável. E também só conhecemos o que ela nos mostra. E para mim parece bem falso, ninguém pode ser perfeito como ela. Sempre achei que existia algo nela que nós não sabíamos.- Disse Rosa. Alex revirou os olhos, Max balançou a cabeça incrédulo.

– Pois eu concordo com Hans e Rudy. Ninguém a mataria, até porque não há motivos, e mesmo que houvesse, ele foi visto, seria muito burro de matá-la. Talvez seja mesmo só alguém que ela não queria que o Max visse, até porque até um cego consegue ver que Max está completamente apaixonado por ela.- Disse Alex. Max corou e fez uma careta. Rudy sorriu sorrateiro para ele, dando um tapinha no seu ombro.

– Pobre garoto Max.- Ele disse, fazendo todos gargalharem.

(…)

Hans Júnior descobriu que o homem que levou Marieta até em casa era Max, e a sua irritação superou os graus de limites. É claro que Marieta teve de pagar caro por estar se encontrando com Max todos os dias, pois ele percebeu que ela gostava do judeu. Á noite, Marieta estava totalmente marcada pela violência do ex-marido, e não tinha a menor noção do que faria para explicar aquilo á Max no dia seguinte, pois sabia que ele iria até sua cara.

Colocou gelo por todo o corpo, mas era branca demais e as marcas ficariam de todo jeito. Hans Júnior não parecia preocupado, continuou fumando seu charuto importado no sofá, assistindo a mulher tentar, de todas as formas, reverter o que ele tinha feito.

O homem já tinha planejado tudo: iria até a casa dos pais, diria que estava arrependido, pediria arrego. Max já o tinha visto na casa de Marieta, então ele diria que ela o tinha ajudado á fugir da polícia anti-nazista quando a guerra acabou, e o seu nervosismo era apenas e exclusivamente por medo de a polícia vê-lo e prender os dois. Ambos tinham um álibi.

Ele mesmo iria matar Liesel e Rudy. Seria na escola, ele já tinha arquitetado tudo. Faria Marieta levá-los até a escola, e lá, consumaria seus planos assassinos. Depois, voltaria para a casa dos pais e diria toda a verdade á eles, e então fugiria com Marieta em seu encalce, pois eles tinham um acordo.

Só nos sonhos dele que esse plano daria certo, não é mesmo? Pensando bem, já faz um tempo que estamos vivendo um pesadelo sem fim, pode ser que os planos dele deem certo mesmo. E isso é assustador. Ao menos eu já sei o que esperar, apesar de que, nada vai me preparar para carregar os corpos de Rudy e Liesel.

(...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Preparados pra os próximos capítulos? Porque eu estou MEIO nervosa.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Qual é a cor do amor?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.