Qual é a cor do amor? escrita por hollandttinson


Capítulo 20
Conspiração.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tô postando esse capítulo com muito dó porquê dessa vez é sério: está acabando! Cada palavra que eu escrevo, é uma á menos para o fim, e eu estou morrendo de pena de acabar essa fanfic. Ela foi tão boa, vocês foram tão legais e especiais, mesmo quando eu demoro/demorava mil anos para postar um capítulo novo, que eu não quero perder isso! Buá!
Mesmo assim, aqui estou eu, e sejam bem vindos ao novo capítulo dessa fanfic lindinha! Amo vocês, até os reviews.



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O dia seguinte amanheceu branco, pálido, triste. A chuva era espessa, o frio era castigante, deixava á todos nervosos. O inverno estava no meio, em breve ele iria embora, e isso me assustava. Eu sabia que em breve Hans Júnior agiria, ele não tinha medo de nada, ele não tinha medo de mim. Era quase irritante que a única pessoa que eu queria, não tivesse medo de mim. Queria dar-lhe socos, pontapés, petelecos, ou tiros. Queria fazer qualquer coisa que o fizesse ter medo, mas olhe só para esse homem irritante, ele trabalhou para mim, eu o ajudei em tudo o que ele precisava. Talvez ele imaginasse que eu era sua melhor amiga, invés de saber que na verdade eu ansiava infernalmente para que ele se juntasse á mim o mais rápido possível. Como eu fiz com Adolf Hitler.

Pensando bem, acho que somos amigos.

Liesel e Rudy começaram á fazer as atividades que foram passada antes do natal, desesperados para terminarem logo e quando acabarem, poderem seguir o dia em paz, sem tanta chuva. Lá fora, a lama era fria, sem nenhuma sujeira, apenas a neve que cobria o chão.

Rosa se manteve tricotando, ela estava fazendo esse suéter á semanas, o que faltava mais para terminar? Ela parecia concentrada, e eu imaginei que fosse para alguém importante, alguém que não me interessava quem.

Alex e Hans não faziam nada de importante, Alex dormiu o dia todo, disse que o frio era contribuinte para o sono. Hans ficou fumando e enrolando cigarros o dia todo, o cheiro da nicotina estava impregnado na casa, mas ninguém se importa, na verdade, eles até gostam do cheiro. Não tanto quanto Liesel, é claro. A garota sente na nicotina o cheiro da paz, do sossego, do aconchego.

Max trouxe cerca de 5 livros para longe do porão, relendo e escrevendo em uma folha branca de papel, os trechos que mais gostou. Pretendia dar os livros á Liesel, agora que já os tinha lido e sabia que eram bons, mas antes queria marcar o que mais gostava. Mesmo assim, seus pensamentos vagavam para outro lugar, a casa de Marieta. Ficara impossível de trabalhar hoje, então ele não tinha feito o que tinha prometido: levar comida até sua casa.

Perto da noite a chuva estava começando á cessar, logo quando todos já estavam morrendo de tédio, finalmente a chuva parou! Rosa se adiantou e foi até a construção de sua casa, ao lado. Chamou o marido e Max para a ajudarem á fazer a limpeza, para que o chão recém feito não ficasse úmido demais. Faltavam apenas colocar o telhado agora, e eles não podiam deixar que a chuva atrapalhasse.

– Quando chegam as telhas?- Liesel perguntou, indo junto para ajudar. Na verdade, todos foram, apenas para saírem do tédio.

– Depois de amanhã, no dia em que vocês voltam para a escola.- Disse Hans. Rudy fez uma careta, voltando do futuro quarto de Liesel, onde tinha montado uma estante de livros para ela. A chuva não tinha molhado os livros, mas a madeira estava úmida, e havia certo perigo de despencar.

– Então nós não vamos poder ajudar?- Rudy perguntou, suspirando. Ele adorava ajudá-los á fazer a casa, apesar de saber que quando ela estivesse pronta, Liesel não viveria 24 horas por dia com ele. Rosa bufou.

– Bem, se vocês viessem direto para casa invés de ficarem namorando no rio Amper, provavelmente chegariam na hora de colocar no lugar.- Ela disse, cruzando os braços. Liesel revirou os olhos.

– Max também não vai poder ajudar, nem papai. Eles trabalham o dia todo. A senhora vai colocar sozinha com o sr. Steiner?- Perguntou Liesel, sorrindo vitoriosa. Rosa fechou a cara.

– É, querida, acho que teremos de esperar nossos garotos voltarem da escola para ajudarem.- Disse Hans, pousando a mão em seu ombro delicadamente, divertido. Rosa bufou, saindo da casa á passos pesados. O lugar estava perfeito, nada fora do lugar.

Ouviram um gritinho espantado, e todos correram para fora, vendo Rosa com a mão no peito. Á sua frente estava Hans Júnior, com um sorriso doce e um buquê de rosas vermelhas como sangue. Eu engoli em seco, ele já começou á efetuar seu plano.

– Mamãe!- Ele saudou, a sua voz cortou o ar frio. Eu engoli em seco, e todas as outras pessoas estavam confusas. Hans levou a mão á cabeça, apesar de ser seu filho, e ele amá-lo, o conhecia mais do que ninguém. Não era boa coisa tê-lo por perto. Max o olhava estreitamente, já o tinha visto antes, na casa de Marieta. Esse era o filho de Hans e Rosa, que devia estar morto? Sim, eu falhei, me perdoem.

– Júnior? O que você... Oh Deus, você está vivo!- Rosa falava com uma emoção afetada, sua voz era baixa pelo susto, e falhava. Ela andou lentamente na direção do filho, que apressou-se e deu-lhe um abraço apertado. Rosa se sentiu bem de imediato, abraçando o filho que a tanto não via. Pensava que estava morto, e aqui estava ele!

– Sinto muito por não ter dado notícias antes, mas todos sabem o quanto é difícil para nós, que fomos ativos no partido nazista. Não foi fácil não ser pego.- Ele disse quando ela se afastou. Rosa concordou com a cabeça, analisando o seu rosto atentamente. Havia algo de errado com ele, mas Rosa não percebeu o que era. Ela não percebeu a malícia em todos os seus movimentos.

– E o que você fez? Fugiu da polícia?- Hans perguntou, cruzando os braços. Hans Júnior se segurou para não xingar ou fazer uma careta de desgosto enquanto olhava para o pai, apenas engoliu em seco e ergueu o queixo, tentando ser o menos petulante e idiota possível. Como se ele conseguisse!

– Era isso ou ser morto em praça pública com uma corda no pescoço.- Disse Hans Júnior, como se ele não merecesse isso.

– Acho pouco para todas as outras atrocidades que você fez.- Liesel quase cuspiu as palavras. Ela se lembrava da última visita dele, e não eram memórias muito felizes, ela simplesmente não gostava dele. Rudy a olhou confuso, ela não costumava falar assim. Ela revirou os olhos para ele e deu de ombros, então o nosso garoto apenas suspirou, olhando para Hans Júnior, que mais uma vez teve de se esforçar muito para que sua máscara não caísse.

– Eu sei, eu me arrependo muito. Realmente acreditava que o que eu estava fazendo era o certo, só Deus sabe o quanto eu gostaria de apagar todas as coisas que fiz. Mas não é possível, vou ter de viver com isso para sempre, e vou entender se vocês não quiserem me dar abrigo... É só que vocês são a única pessoa que eu tenho!- Hans Júnior dramatizou, olhando para a mãe com cara de cachorro que caiu do carro da mudança. Ele não precisava disso, Rosa já estava pensando em colocá-lo no quarto de Rudy para dormir com ele mesmo!

– A única? E quanto á Marieta Inderoviski?- Max perguntou, enfiando as mãos nos bolsos. Dessa vez o assassino não conseguiu conter sua máscara, ao olhar Max de cima a baixo, ele deixou claro que desprezava qualquer coisa que viesse de Max, e é claro que o judeu percebeu. Júnior respirou fundo antes de responder.

– Ela disse que podia me abrigar, mas não seria sensato. Ela é uma mulher solteira, as pessoas logo falariam. Mas se vocês não quiserem que eu fique, posso ficar com ela.- Ele disse, dando de ombros. Rosa balançou a cabeça nervosamente.

– Mas ora bolas, onde já se viu? Você é meu filho e vai ficar na minha casa! Ande, onde estão as suas coisas? Busque e volte para jantar conosco! Rudy não vai se importar em dividir o quarto com você, vai?- Rosa perguntou, olhando ameaçadoramente para Rudy, que mordeu o lábio inferior.

– Na verdade, ele vai. Nós estamos vivendo de favor na casa dos Steiner, e você quer que os Steiner fiquem desconfortáveis na sua própria casa? O mais sensato seria deixar Hans Júnior ficar na casa de Marieta, deixem que falem!- Liesel definitivamente não queria ter ele por perto. Júnior sorriu friamente, encontrando mais um motivo para matar Liesel. Eu suspirei, cale a boca Liesel!

– Isso não será problema algum, na verdade. A casa dos Hubermann já está quase pronta, não vai ficar conosco muito tempo, e logo Rudy terá um quarto só para ele. Mas devo avisar que vai ter de dormir comigo também!- Alex disse, sorrindo acolhedor. Liesel bufou, Rosa a olhava como se a fosse matar com os olhos, o que aquela saumenschzinha estava fazendo, pensando em colocar ele para fora? Jamais! Rosa não tinha a menor noção do que estava fazendo, coitada.

– Eu não me importo. Para quem está fugindo da polícia á quase 1 ano, isso é como se fosse um hotel 5 estrelas.- Disse Hans Júnior, sorrindo para o pai de Rudy, que também não tinha a menor noção de que estava de frente para o assassino do seu filho. Eu suspirei, querida vida, faça o favor de ser menos cruel conosco!

(…)

Hans Júnior voltou á casa de Marieta, buscou suas coisas e disse que tudo tinha ocorrido como o planejado. Quando saiu, Marieta caiu no choro. A mulher chorava tanto que sua caixa torácica doía de tanto soluçar. Seu corpo ainda estava dolorido por todos os machucados que Hans Júnior fez em seu corpo, mas nada se superava á dor de perceber que Rudy e Liesel morreriam em breve, e não havia nada que ela pudesse fazer para evitar. E qualquer coisa que fizesse, mataria a sua filha. E era exatamente isso que ela não podia aceitar de jeito nenhum!

– Eu sinto muito.- Ela dizia entre os soluços, deitada no chão de madeira, encolhida na sua dor. Ela falava como se eles pudessem ouvir, mas eu ouvi, e eu queria muito me ajoelhar ao seu lado e dizer que eu também sentia. Deus como eu lamento por estar no meu trabalho, e como eu adoraria estar em uma praia paradisíaca, de férias, sem me lembrar de nada disso. O que eu estava fazendo aqui?

Minha mente trabalhou por conta própria, e eu vaguei por outras ruas, com nomes menos doces do que céu. Andei por hospitais, levei vidas de crianças, adultos e velhos. Coloquei várias vidas sobre os meus ombros, dei cores á cada uma delas. E mesmo assim, mesmo tentando me distrair com as cores daquelas pessoas, minha mente voltava á rua Himmel. E eu comecei á me perguntar: qual será a cor que eles terão quando eu os levar? Que cor terá o céu quando eu me esgueirar lentamente, com dor e lágrimas nos olhos, para tirá-los a vida, e levá-los comigo? O que dirá o céu?

(...)

Hans Júnior se instalou perfeitamente á casa do Sr. Steiner, o que fez com que Liesel e Hans se empenhassem mais para que a casa dos Hubermann ficasse pronta mais rápido, por vários motivos, dentre eles a pouca possibilidade de esbarrar com ele, se Liesel ficasse trancada no quarto o tempo todo.

– Você vai procurar um emprego? Não me entenda mal, mas todos nós estamos passando por um processo de readaptação, e estamos todos nos esforçando para que a casa de Rosa e Hans fique pronta logo, e tudo isso custa dinheiro.- Max comentou uma noite antes de Liesel e Rudy voltarem á escola. Ele falava com a voz calma, suave, o que irritava Hans Júnior, que mastigou a batata com violência.

– Eu estou fugindo da polícia, duvido que alguém vá me dar emprego, é mais provável que acionem polícia para mim!- Ele disse, sua expressão e voz eram indignadas, mas a sua indignação real era por ele achar que ele precisava mesmo trabalhar, e que trabalharia como um “bostinha” como os que estavam á mesa.

– É compreensível, mas ninguém sabe que você está sendo procurado.- Hans disse sem olhar para o filho, aliás, ele não o olhava nunca, evitava o máximo possível. Eu gostaria de fingir que ele não estava ali também, mas era impossível.

– E qual emprego o senhor sugere para mim?- Júnior não conseguiu conter a sua voz petulante, a sua voz irritante e... ah!

– É uma lista pequena.- Rosa comentou, sentindo o clima tenso que estava se formando no ar. Ela detestava a forma como o filho e o pai se tratavam, e até mesmo se sentia culpada por isso.

– E você nem sabe se vai ficar por muito tempo, não é? A polícia o está caçando, eles podem te achar aqui.- Liesel disse, erguendo as sobrancelhas. Ele crispou os lábios, á cada momento a odiava mais. Porque a Liesel não podia ficar de boca fechada pelo menos uma vez?

– Na verdade, eu estou fugindo da polícia mas não é como se meu nome e a minha fotografia estivessem espalhados pelo país.- Júnior respondeu, com os dentes trincados, quase cuspindo as palavras. Liesel sentiu seu desprezo, os pelos da sua nuca arrepiaram e ela desviou o olhar para a comida, se sentindo covarde por não conseguir sustentar o olhar doentio do seu irmão adotivo.

– Não sei se eu me sinto confortável com ele em casa.- Rudy falou baixinho no ouvido de Liesel, apenas Max, que estava ao lado dela, conseguiu ouvir, e concordou com a cabeça.

– Em breve minha casa estará perfeita para morarmos, e ele vai embora.- Ela respondeu no mesmo volume de voz. Rudy balançou a cabeça.

– Acha que isso ajuda? Vai ficar com ele em casa, sozinha.- Rudy disse, analisando o filho dos Hubermann, que estava concentrado na comida.- Sabe-se lá do que ele é capaz.

– Bem, na verdade nós sabemos.- Max suspirou, dando de ombros.

Apesar de se manter neutro, Alex Steiner também não estava completamente satisfeito por ter o filho dos Hubermann em casa. Ele lembrava de quando o garoto era criança, e do quanto era difícil conviver com um rapaz com pensamentos tão nazistas, pois ele apoiou o regime desde o começo, quando ele era apenas uma ideia. Alex sempre o achou tão diferente dos pais, mal dava para acreditar que eram do mesmo sangue, sendo que Liesel parece mais uma Hubermann do que Trudy pareceu, ou que Hans Júnior parece hoje, ou em qualquer momento.

– Acha que vai demorar muito para a polícia o encontrar aqui?- Liesel perguntou baixinho, envergonhada pela ideia ter passado pela sua cabeça. Max e Rudy a olharam espantados e ela mordeu o lábio inferior.- Ou eu terei de telefonar para eles o virem buscar?

– Está brincando, certo?- Perguntou Max, erguendo uma sobrancelha, mas ele sabia que Liesel estava falando sério. Max suspirou e despencou na cama barulhenta do porão, balançando a cabeça.- Você não devia ficar pensando essas coisas.

– Eu sei, mas é que ele é tão irritante! Ele sempre foi deplorável, mas parece que os anos o deixaram ainda mais desprezível.- Liesel resmungou, cruzando os braços irritadas.

– Isso não justifica você querer o mal dele, Liesel. Ele parece estar arrependido do que fez.- Max disse, apesar de no fundo ele sentir a crueldade em cada palavra, gesto e até mesmo respiração do rapaz. E mesmo assim, ele ainda estava com a história de Marieta e ele na cabeça.

Por falar nela, Max não a viu mais. Todas as vezes em que ele tentava ir até lá, algo o impedia, ou o trabalho ia até tarde, ou acabava muito cedo. De qualquer forma, ele nunca a encontrava em casa, o que vinha o deixando triste, sentia falta da mulher.

– Sério? Pois eu acho que ele é mais falso do que todo mundo, além de Rosa, fingindo que está feliz com ele por aqui.- Rudy disse, dando de ombros. Liesel concordou com a cabeça e Max riu.

– Vocês são cruéis!- Ele brincou, e os dois adolescentes deram de ombros em sincronia.

– Já estou preparada para, quando a casa ficar pronta, eu ter de ser sua empregada particular. Era assim que eu era com Trudy, e é assim que eu vou ser com ele. Mamãe mima muito eles, eu juro que é insuportável!- Liesel disse, bufando com a ideia. Já estava sendo difícil, já que Rosa parecia fazer com que Liesel fizesse todos os trabalhos da casa enquanto ela cuidava do seu filhinho assassino adestrado pelo regime nazista.

– Ah mas isso não vai acontecer mesmo! Você vai ficar o dia todo comigo, não aceito nada que não seja isso! Se for o caso, podemos ficar na escola, dizemos que temos atividades. Podemos ter atividades todos os dias, se você quiser.- Rudy propôs, sorrindo para a namorada, que concordou com a cabeça, sorrindo.

– E á noite, eu posso ajudar você quando eu voltar do trabalho.- Disse Max, dando de ombros. Liesel revirou os olhos.

– Maravilha! Além de ter a filha de uma comunista, ainda vai ter um judeu como empregado. Definitivamente o mundo está girando á favor do cara supernazista.- Disse Liesel, rindo com escárnio. Eu suspirei, ela não tinha a menor noção do quanto realmente o mundo estava conspirando á favor deste homem.


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Notas finais do capítulo

Quem mais, além de mim, odeia o Hans Júnior tanto que está com vontade de a Morte pegar ele de jeito logo? Mãos para o alto, pois todos estamos!



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