Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 33
I Was Born Sick, But I Love It


Notas iniciais do capítulo

Preciso confessar, primeiramente, que eu amo Hozier!! Take Me To Church (a música desse capítulo) é tipo, absolutamente perfeita!!!
Muito obrigada a todos que comentaram no último capítulo!! Sei que estou sendo péssima não respondendo, mas ando meio muito confusa com a vida! Hoje começa a faculdade e eu to uma pilha de nervos, então se encontrarem algum erro no capítulo, me avisem: eu não to conseguindo revisar direito hehe
Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/497772/chapter/33

P. O. V Autora:

Se arrependimento matasse, Apolo estaria morrendo pela segunda vez no mesmo ano. Que idéia absurda a dele de tocar no assunto da morte de Daphne, um assunto doloroso não só para ele, mas para Ártemis também: afinal, a mão dela morrera na mesma condição, e ela se considerava culpada por tal fato.

E tudo o que ele fizera foi escavar essa culpa e trazê-la à tona. Era sua obrigação procurá-la... Seu desejo receber perdão.

Há muito tempo, Ártemis lhe contara que dias chuvosos eram particularmente bons para ela. Era quando o pai ficava em casa e lhe contava antigos mitos e histórias de amor, ou, quando esses se esgotaram, a literatura clássica passou a lhe fazer companhia nesses dias. Apolo passou a adorar tais dias também, quando ela o encontrava e lhe contava todos os contos que aprendera na infância. Ironicamente, o favorito deles era o conto do sol e da lua.

Amantes amaldiçoados a viverem separados.

― Eu sabia que te encontraria aqui. ― sussurrou, sentando-se ao lado da ruiva.

― Me pergunto o que você não sabe... ― ela sussurra de volta, afundando-se em seu casaco.

Era um fim de tarde extremamente frio para o verão.

― Você é a única que gosta de ficarão ao ar livre quando chove. Além disso, só 2% da população é ruiva. ― ele ergue o guarda-chuva sobre ela ― Me desculpe, Artie. Eu não deveria continuar a falar sobre... Tal assunto.

― Não, não deveria ― ela suspira, trêmula ― Mas esse assunto também não deveria me importar tanto: 31 anos se passaram e eu sequer a conheci...

― Ártemis, isso não importa. Ela era sua mãe, sempre será, viva ou morta. Nada a substituirá, mas não é por isso que você deveria se sentir menos amada. ― Apolo diz, puxando-a para perto, sem se importar com as roupas ou o cabelo molhados.

― Não é uma questão de me sentir amada. É uma questão de... Vazio! Como se faltasse um pedaço.

Ele daria tudo para tirar aquela angústia dela, mas estava certo: nada jamais substituiria o espaço deixado pela mãe que ela sequer conhecera. Não importava o quanto ele a amava, aquele espaço jamais seria ocupado.

― Não vai adiantar ficar aqui, Artie! Vai acabar ficando doente...

― O que estamos fazendo aqui? ― ela o interrompe, soando mais acordada ― Somos péssimos pais. Eu sou uma péssima mãe.

― Ártemis...

― Eu surto no meio da festa, e você larga tudo para vir atrás de mim. Qual o nosso problema?

― Ártemis...

― Nossa, eu to aqui, chorando porque não conheci minha mãe, e me esqueço que Allie também não conheceu a dela. E eu, a figura que a criou como mãe, a abandono em seu...

― Ártemis, para! ― Apolo a segura, parando seu andar frenético ― Eu não deixei a Allie de lado, ela que me expulsou de casa.

― Como é que é? ― ela ergue uma sobrancelha.

― Ela me mandou ir atrás de você, mas antes tirou a chave do apartamento do chaveiro. ― ele ergueu o chaveiro, que agora continha apenas a chave do carro e dos consultórios.

E para sua felicidade, Ártemis ri muito mais calma, sugerindo que eles se trocassem antes de voltar para a festa.

My lover's got humour (Minha amada tem humor)

Mas, impulsiva como era, ao chegarem ao apartamento da ruiva, sequer se lembraram das roupas molhadas ou da filha aniversariante. Não havia nada mais importante do que eles.

The only heaven I'll be sent to (O único paraíso para onde vou ser enviado)
Is when I'm alone with you (Vai ser quando eu estiver sozinho com você)

Quando se conheceram, ele se apresentou como sendo nada mais do que um estudante prodígio de medicina com uma filha de 5 meses; já ela, se apresentou como descendente de um antigo clã de veneradores. Mas, naquele momento, a venerada era ela.

Cada peça retirada de seu corpo era substituída por beijos calorosos, pela sensação de lar. Enfim estavam certos, depois de tanta mentira, negação e distância.

― Não! ― ela sussurra fraca, deitada no sofá, vestindo apenas a lingerie simples que usava sob o vestido.

― Não? ― ele pergunta assustado. Será que estava entendendo errado? Ele sempre fora bom em ler e realizar os desejos dela.

― Aqui não! ― ela diz, inclinando-se para beijá-lo ― Na cama!

Ele sorriu sob os lábios vermelhos que lhe beijavam com ardor.

― Você quem manda!

She tells me, "Worship in the bedroom" (Ela me diz “venere no quarto”)

Gentileza deveria ser o sobrenome daquele homem, exceto quando estava acompanhado por Ártemis. Toda razão o abandonava e ele se via totalmente entregue à ela, respondendo a cada pequeno desejo dela, como se tivesse nascido para ela. Seu papel naquele show era amá-la...

If I'm a pagan of the good times (Se sou um pagão dos bons tempos)
My lover's the sunlight (Minha amante é a luz do sol)

― Artie…

― Não fale agora… ― ela ofega ― Apenas...

Realmente palavras eram desnecessárias. Seus corpos se moviam em sintonia perfeita, totalmente entregues às ondas de prazer. Se haviam desentendimentos, todos acabaram ali. Não havia nada além deles e todo o amor que sentiam.

No masters or kings when the ritual begins (Nada de mestres ou reis quando o ritual começa)

There is no sweeter innocence (Não há inocência mais doce)
Than our gentle sin (Do que nosso suave pecado)

P. O. V Apolo:

Alguns sofrem de delírio, outros de psicoses, e eu de Ártemis. Ela era minha doença e minha cura.

I was born sick, but I love it (Nasci doente, mas adoro isso)
Command me to be well (Me ordene sarar)

― Não se atreva a dizer, agora, que me ama! Vamos evitar o clichê! ― ela ofega em meu ouvido, deitada ao meu lado.

― Isso é injusto. Eu tentei dizer antes, mas você me impediu! ― giro na cama, para olhá-la nos olhos ― Eu amo você!

― Eu sei!

― Eu quero que voltemos a morar juntos! ― murmuro em sua pele, beijando seu pescoço, indo com mais calma.

― Eu também!

― Eu queria que você fosse mais carinhosa comigo... ― suspiro, dedilhando sua silhueta imutável.

Ela ri deliciosamente em meu ouvido.

― Eu sou... Mas gosto de te torturar; ainda mais agora, que sei que tenho esse poder! ― ela responde, deixando um rastro de mordidas, desde o lóbulo de minha orelha até meu ombro.

Sinto suas unhas perfurarem minhas costas e se arrastarem por ali, causando um arrepio em mim. Eu sabia o que ela estava tentando fazer ― dissuadir-me de meus planos, impedir que eu falasse ―, mas eu tinha que falar. Tinha que me segurar, nem que por um minuto, antes de embarcar em seus caprichos de novo.

To keep the goddess on my side (Para manter a deusa ao meu lado)
She demands a sacrifice (Ela exige sacrifício)

― Por que não me surpreendo?

― Porque você sabe que esse é meu jeito de te amar!

That looks plenty (Isso parece bastante)

― Consigo pensar em outros jeitos… ― puxo-a para cima, sem conseguir me manter longe. Não depois de tanto tempo afastado.

That looks tasty (Isso parece saboroso)

This is hungry work (Isso é um trabalho faminto)

― Mas e a festa? ― ela se faz de inocente

― Acredite-me, a aniversariante está muito bem sem nós, minha querida!

― Não me chame de querida! ― ela acentua cada palavra com um tapa.

― Amor? Paixão? Deusa? ― vou testando os apelidos e desviando de tapas ― Aliás, é agora que vamos começar o sexo selvagem?

― Só não te mato porque te amo!

― Repete? ― peço baixinho, perdendo a vontade de brincar ou até mesmo de falar sério.

― O quê? ― ela pergunta, distraída.

― A parte em que disse que me ama! ― digo, olhando em seus olhos. Eu mataria por eles.

Ela sorri, fazendo seus olhos brilharem. Mas só os vejo por um mísero segundo, antes de ela se abaixar e me beijar.

― Eu te amo, Apolo Grace. Eu te amo, e vou voltar para nossa casa. Eu te amo, e vou voltar a ser sua, a ser Ártemis Grace!

P. O. V Thalia:

A mídia estava enlouquecida. A notícia de meu noivado foi o estopim, o que não seria novidade, e abriu caminho para muitas outras inesperadas.

Um bom exemplo foi “A Troca”, que foi como apelidaram a notícia do recente e mais novo namoro de Apolo. Segundo a revista, a família Grace podia estar prestes a perder um membro ― no caso, eu ―, mas já estava dando as boas vindas à nova familiar ― Ártemis sendo essa pessoa.

E, como se isso não fosse o bastante, o lançamento da linha Diamond Queen by Hazel Levesque era o trend topics do twitter antes mesmo do desfile acontecer... Parte da culpa era de Silena, que levou muito à sério a história de lançar minha coleção de lingerie, e ainda se ofereceu como modelo.

Conclusão: jornalistas em nossas portas dia e noite, e um namorado ― o de Silena, não o meu ― com muito ciúme. Mas não havia nada que Charles pudesse fazer: era a profissão de Silena e ela não desistiria disso jamais.

E por falar em namorado, Nico... Espere: meu noivo, Nico, acabou pegando de volta seu anel de ônix e me deu um perfeito anel de noivado ― além de diferente.

― Sério, se eu soubesse que namorar uma modelo/estilista incluía selecionar bumbuns perfeitos para photoshots, eu teria te pedido em namoro antes! ― Nico ironiza, sentado sobre uma mesa qualquer do cenário.

Eu era uma das modelos da campanha de début de Hazel, e estava no mesmo estúdio que Nico faz estágio. Ele acompanhava à irmã naquele dia, onde ela supervisionaria todo o ensaio fotográfico, mas isso não me impedia de pedir sua ajuda para escolher quais modelos ficariam melhores posando com minha linha de lingeries. Uma opinião masculina contava bastante.

― Cai fora daí, vai estragar o cenário! E me ajude a decidir quais modelos convidar! ― o puxo de cima da mesa, e o abraço pela cintura.

― Antes, vamos fazer uma troca? ― ele pede, me olhando de lado enquanto depositava os croquis sobre a mesa, e procurava algo no bolso.

Lá estava uma caixinha, que eu sabia muito bem o que continha, mas não me fez reclamar menos. Embora, confesse, tenha ficado sem palavras quando vi o anel pronto, depois de tanto encará-lo no papel. Cercado por ametistas azul-escuro havia um ônix no centro; tudo desenhado por ele, no mesmo dia em que lhe pedi em casamento.

― Irreverente! ― comentei, um pouco triste por ter que lhe devolver seu anel, mesmo que entendesse seus motivos.

Era o símbolo de seu nascimento. A pedra lapidada pelo próprio pai, inspirada em seus olhos ― muito iguais aos de Maria di Angelo.

― Não me julgue, mas é como me vejo em relação a você: preso por seus olhos, refém de suas vontades ― ela responde, corando ― E, nem por um minuto, pense que estou reclamando: amo ser seu!

― Acho bom di Angelo! Acho bom! ― o beijo calmamente, como naquelas cenas de romance água com açúcar: ele enlaça minha cintura, e uma de minhas pernas sobe

Eu me sentia tipo a Mia de O Diário de Uma Princesa.

Nesse dia tiraríamos as fotos da campanha da Diamond Queen, e eu posava com um belíssimo par de brincos de madre-pérola. Seriam cliques apenas de rosto, e de perfil, mas acabou virando algo diferente... Graças ao estagiário do fotógrafo, também conhecido como meu noivo.

― Eu deixei que você ficasse porque a sua irmã é menor de idade e não pode responder sem que tenha um guardião legal, seu pai está na sede da empresa em Veneza, então você é o guardião de Hazel, por tanto largue a sua noiva e vá ficar ali com sua irmã, antes que eu te coloque para trabalhar! ― o senhor Dellape dá o ultimato, terminando de preparar a câmera.

― Já estou indo... ― Nico mente descaradamente.

― Irônico a coleção se chamar Diamond Queen e eu estar posando com pérolas! ― comento, sentindo-o mordiscar o lóbulo de minha orelha direita

― Tem diamantes aí... Mas bem pequenos! ― ele responde, os olhos já acostumados com as pedras.

― Pena que não são diamantes negros... ― resmungo.

― Contente-se com o ônix em seu anel, gioia! ― ele murmura, tomando meus lábios nos seus. ― Fico feliz que esteja vestida.

― É mesmo?

― É, é mesmo! ― seus lábios deixam os meus e seguem para meu pescoço ― Não sei quanto tempo você permaneceria vestida e em pé se estivesse posando de lingerie.

E antes que eu pudesse questioná-lo ou sugerir que ele podia descobrir naquele mesmo instante, ouço o obturador da câmera e sinto o flash queimar meus olhos por trás das pálpebras.

― Esqueça o que eu disse sobre te colocar para trabalhar, garoto: você acaba de ser promovido à modelo da campanha! Faça o favor de colocar essa mão um pouco mais pra frente e de esquecer que estamos aqui! ― o chefe de Nico comenta, nos levando a rir.

Foi assim que a Diamond Queen ganhou um escravo muito abusado por mim ― tanto na campanha, quanto na cama e na vida.

Mas o lançamento de duas coleções “integradas” não foi nem de perto tão chocante quanto o que eu descobri depois...

― Arrume suas malas: as passagens estão compradas e logo o taxi virá nos buscar. ― Nico diz, abrindo o closet e pegando as roupas sem parar pra pensar na estação em que estávamos.

Quase um mês havia se passado desde o ensaio. O desfile ocorrera e nunca pensei que Hazel e eu teríamos tanta sorte em um début: a idéia de desenhar as peças para todos os tipos de corpo fora a melhor coisa que Silena poderia ter nos dado, pois além de nunca ter sido visto um desfile com modelos de diferentes biótipos, foi uma atitude perfeita para a fase que ainda estávamos enfrentando em minha família ― batalhávamos para Allegra voltar a ser saudável, depois de tanto tempo sofrendo das influências perversas de Laurel. ―, além de ter alavancado as vendas. Com o sucesso em nossas portas, eu quase não tinha tempo de pensar em meu casamento ou no casamento de Annie ― éramos madrinhas uma da outra, então a confusão rolava solta ―, e sobrou para Nico providenciar a papelada de nosso matrimônio.

― Malas? Pensei que tivesse ido dar entrada nos papeis para o casamento, não agendado uma viagem...

Ele saíra naquela manhã, dizendo que ia dar entrada nos papéis do casamento ― casamento... Sim, eu ainda não acredito nessa sorte... ―, e eu nunca o vira tão animado. Seus olhos escuros brilhavam de excitação, e eu jurava que se não fosse por temer Afrodite, ele mesmo iria procurar por um vestido para mim e me levaria a um cartório, apenas para acabar com tudo mais rápido e oficializar, perante a lei, o que há muito já era oficial perante a nós mesmos.

― E eu fui, mas descobri que não podemos nos casar! ― ele diz sorrindo, como se essa fosse uma notícia maravilhosa

― E você diz isso assim? Feliz da vida? Como assim não podemos nos casar? ― o desespero em mim era tão grande quanto sua felicidade

― As leis desse país dizem claramente que uma pessoa casada não pode se casar novamente, a menos que se divorcie. ― ele explica, pegando seus artigos de toalete ― E eu sou casado, e divórcio é algo que não pretendo pedir nunca. Jamais!

Sinto como se tivesse sido atingida por um raio, e meu coração parasse devido à alta tensão: lá estava o único homem que amei, falando que era casado e que não se divorciaria por nada no mundo.

― Espero que ela seja uma pessoa de sorte! ― finjo desdém, algo bem distante da dor que sentia

― Eu que sou muito sortudo por tê-la! ― posso ouvi-lo suspirar apaixonado ― Embora esteja perdendo uma aposta, não que isso seja algo rui... Amore, por que esta parada na mesma posição, lendo essa revista?

― Talvez por que meu noivo tenha me contado, muito alegremente, que não pode se casar comigo?

― Eu disse que não podíamos casar, mas não disse nada sobre renovar os votos... Podemos fazer isso em nossa casa de Veneza, se você arrumar suas coisas agora. ― ele volta ao banheiro, e pelo espelho posso vê-lo mexer nos remédios ― Para tontura, para enjôo, ansiolítico, medo de altura... Ok, tudo aqui! E mesmo depois de anos, eu nunca vou conseguir distinguir um creme do outro, então você mesma faz isvxjeo ― tampo sua boca, impedindo sua tagarelice

― Renovar votos? Nossa casa em Veneza? ― o empurro de encontro à banheira, e talvez por culpa de minha súbita abordagem, e pelo fato de ele estar andando de costas, Nico tropeça e cai dentro dela. ― Que tal me explicar tudo isso?

― Msuevg ahdveji ― ele resmunga sobre minha mão, e percebo que é idiotice continuar a tampar-lhe a boca. – Obrigado por isso! ― ele me puxa para seu colo ― Mas se vou ficar na banheira, não vai ser sozinho.

― Será que pode parar de enrolar e falar logo??

― E pensar que minha noite de núpcias foi na banheira de algum hotel chique de Las Vegas. ― ele suspira, saudoso.

― Olha, se for começar a ter lembranças de seu casamen...

― Nosso casamento, Lia! Porque a noiva que eu seguro agora, é a mesma que disse sim na frente de um Elvis Presley muito gordo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Preciso confessar que esse fim estava escrito desde sempre, e eu fiz de tudo para colocá-lo na fic!!
Espero que tenham gostado e que, por favor, me contem o que acharam nos reviews! Faltam apenas um capítulo e o epílogo para acabar: me deem a chance de falar com vocês pelo menos uma vez, ok?
Beijoos :*