Worse Than Nicotine escrita por Dama do Poente


Capítulo 32
I Feel The Love And I Feel It Burn


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal? Como é que tá a vida? A minha tá começando a se agitar, mas vou fazer de tudo para não atrapalhar em nada aqui no Nyah!
Quero agradecer a todos que estão acompanhando e comentando a fic, mas esse capítulo vai especialmente para a TIA ALLY VALDEZ, que deixou uma linda recomendação para a fic e para mim (era meu aniversário na época, então a recomendação vai ser pra mim também, porque sim)
No capítulo de hoje teremos duas músicas bem conhecidas: Counting Stars, do One Republic, e How You Get The Girl, da Taylor Swift.
Espero que gostem!!



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P. O. V Autora:

Caso nos jornais anunciassem que as três grandes famílias de Nova York estavam em júbilo, ainda seria pouco para descrever o estado em que se encontravam. Se já eram unidos pelos filhos, que estudaram juntos, aquela pequena menina os uniu ainda mais.

― Então, você e Nico, enfim, resolveram assumir o namoro? ― Annabeth, quase uma Grace, pergunta à Thalia, sua quase prima.

As duas estavam na lotada sala de espera do hospital, observando os namorados conversarem animadamente com Apolo e, pasmem, Atena. A advogada até parecia uma mãe normal, vestindo jeans, camiseta e tênis.

― Você vai pegar no meu pé eternamente, não é? ― Thalia resmunga, tentando, em vão, esconder o sorriso bobo em seu rosto.

― Não! Esse é o seu papel. Ainda me lembro da uma semana de mensagens de “eu já sabia”, quando Percy e eu começamos a namorar. ― Annabeth sorri ― Eu bem que poderia dizer que já sabia, mas aposto que o mundo da moda todo quer fazer isso. Eu só quero dizer que nunca estive tão feliz por você, e que agora que tudo está resolvido, e nossa Allegra está de volta, devíamos sair para comemorar os grandes acontecimentos.

― Começar a namorar, oficialmente, meu eterno namorado não é nenhum grande acontecimento... ― a morena murmura, lembrando-se do que Nico dissera: eles sempre se pertenceram, e não era um título que tornaria aquilo mais importante.

― Pode ser, mas ficar noiva é! ― a loira, por sua vez, ergue a mão direita, onde uma linda aliança de noivado repousa em seu dedo anelar.

― Ficar noiva, com diamantes, é mesmo um grande evento! ― a modelo arregala seus elétricos olhos azuis, como se pretendesse analisar melhor o anel.

― Palmas para a prima caçula do meu noivo!

― Sorte minha ser cunhada de Hazel! ― Thalia comenta e encara sua mais antiga e melhor amiga/quase-prima ― Parabéns, Annie! Eu nem consigo acreditar que o Percy tomou a inicia... Ai, grossa! ― reclama, após levar um tabefe no braço.

Mas as duas riem, como há muito não faziam juntas. Tudo estava bem: as acusações contra Luke foram retiradas ― não que saber de sua inocência tenha o tornado santo: Thalia, Silena e Bianca, assim como seus familiares e amigos, ainda o odiavam... E pensavam seriamente em processá-lo por danos morais ―; Allegra estava bem, nenhuma seqüela ou qualquer coisa preocupante; Hades e Zeus não eram amigos, não como antes, pelo menos não ainda, mas se juntavam para zoar os filhos ― o que era quase uma irmandade para eles.

― Ok, contemos nossas vantagens: você e Percy noivos, Nico e eu namorando oficialmente, Silena se acertando com o tal de Charles... Aliás,quem diabos é Charles Beckendorf?

― Beckendorf? Meu Deus, esse cara é muito legal, amore! Ele tá com a Silena? ― Nico se aproxima, tagarelando.

― Ta... E de onde você o conhece? ― as amigas perguntam em uníssono.

― Ele é amigo do Percy... Desde sempre! O pai dele trabalha com o meu pai, e eu conheci o Charles e os irmãos dele, Jake e Leo, na Itália, quando Percy nos visitou na mesma época em que Hefesto foi promovido para ourives chefe. ― Nico responde, parecendo um pouco alterado

― Você está bêbado, Nico? ― Annabeth pergunta, recebendo uma resposta negativa ― Bebeu muito café, então?

― Não... Não muito. Estou ansioso para saber se minha idéia foi aprovada ou não pelo professor orientador.

Era o sexto semestre de Nico na faculdade, e ele tinha que desenvolver um pequeno projeto para o Laboratório de Roteiro de Ficção. Ele tinha feito vários até ali, mas todos foram recusados até então: eram considerados sofisticados, complexos demais para pequenos projetos... Nico nunca soube se isso era um elogio ou não.

― Relaxe, Nico: tenho certeza de que tudo vai dar certo! ― Annie o tranqüiliza ― Por que não sai um pouco e fuma um cigarro ou sei lá o que tu faz pra relaxar?

― Porque o que eu faço pra relaxar está meio ocupada sendo uma boa ouvinte, então vou ter que me conten... ― e se Nico foi interrompido, a culpa certamente era da gritaria vindo do quarto de Allie.

― William Solace não ouse sair deste quarto agora. Você me deve uma explicação!

― Eu não lhe devo nada, Allegra Grace. Mas não se preocupe: sua perna estará segura comigo. ― um rapaz loiro e magro responde, saindo do quarto.

― Você não será mais meu parceiro, William. ― Allie grita de volta, deixando todos confusos.

― Aham! Tchauzinho, petit! ― o menino se volta para a amiga, a beija na testa e sai.

Todos no corredor se entreolham, tentando entender o que acabara de acontecer.

― Porcaria de hospital chique com sala de espera no corredor dos quartos. Qual a necessidade disso? De quem foi a idéia? Isso é coisa de capitalistas... ― Allie resmunga

― A idéia foi do doutor Hélio e de sua esposa, doutora Selene. ― Apolo responde, se ajoelhando ao lado da cadeira de rodas em que a filha estava. Era apenas uma medida de precaução: em breve Allegra poderia voltar a andar e dançar como de costume. ― Meu bem, que gritaria foi essa? Pensei que quisesse conversar com seu amigo...

― Eu queria conversar. Will que tinha outros planos... ― a menina reclama, cruzando os braços e enrubescendo.

― Que planos? ― o pai questiona ainda confuso

― Enlouquecer, me chamar de doida e, como se eu já não estivesse confusa o suficiente, ele me beija antes de sair.

― O quê? ― todos perguntam.

― Mas... Ele não é gay? ― Ártemis indaga com a voz fraca de surpresa

― Pelo visto não o suficiente! ― Allie suspira ― Vou voltar para o meu quarto: essa história me deixou tonta.

Em silêncio, todos a observam voltar para o quarto ― alguns chocados, outros ainda tentando entender o novo drama da Grace mais jovem, e alguns com sorrisos cúmplices em seus rostos.

― Eu sabia! Sabia que tinha rolado um clima. ― Ártemis comemora, dando soquinhos no ar.

Toda a tensão foi quebrada enquanto todos riam da reação da ruiva.

― Mas... Mas... ― Apolo gaguejava, olhando da porta do quarto para o fim do corredor, como se esperasse que alguém respondesse ao turbilhão de perguntas em sua mente.

― Apolo, meu amor, prepare-se para a nova fase desse jogo: a adolescência!

P. O. V Apolo:

Depois de me tirarem a paciência com inúmeros comentários desnecessários, todos lembraram que tinham assuntos pendentes e resolveram me abandonar no hospital. Até mesmo Ártemis se foi, dizendo que tinha algo pra falar com o pai e blá-blá-blá. Jurou que nos veríamos depois, mas jamais me disse quando seria aquele depois.

Então, vendo que enfim teria um tempo a sós com minha filhotinha, entrei no quarto, disposto a me desculpar por tudo.

― Oi, Allie! ― sorrio para ela, que estava recostada na cama, lendo um livro chamado A Desconstrução de Mara Dyer ― Que livro é esse? ― eu conhecia o acervo de Allegra, e nunca vira aquele título por lá.

― O idiota do Will me deu esta trilogia. Aparentemente o pessoal do balé se juntou para comprar, mas não vejo um cartão de “Volte logo, Allie”; apenas uma dedicatória com um poema meio incompreensível... Mas fofo, olha. ― ela me passar um cartão, ou melhor, uma foto impressa em papel cartão.

Imediatamente reconheci Will Solace e ela no recital daquele ano. Preferi não tocar neste assunto e me ater ao que estava escrito atrás da foto.

“De nós nunca haverá o suficiente

Brigas, risadas, conversas, dramas

Até seus sonhos me deixam contente

Seus olhos fechados, curtindo uma canção

Me iludo, vivendo contigo em hologramas

Deveras melhor do que aguentar tamanha solidão

Se voltar enfim for

Lembre-se de quem

Sempre seu foi, meu amor

E será agora, sempre e além.”

Nada demais, ou preocupante para o pai de uma adolescente... Se esse pai não entender de poemas, sentimentos conflituosos e tudo mais que estava expresso naqueles versos.

Será que a família Grace tinha alguma maldição e sempre nos apaixonaríamos por nossos melhores amigos? Aconteceu comigo, com Thalia... Jason parecia ter escapado, já que estava tentando a todo custo namorar a filha mais nova de Afrodite... De toda forma, eu sentia que isso estava acontecendo de novo...

Infelizmente era com meu bebê, que já não era mais tão bebê assim. E, infelizmente, Allie estava sendo idiota como todos nós, e não notava os sinais!

Pelo menos ela tinha que se salvar nessa vida! E como o papel de todo pai é orientar o filho, hora do Apolinho aqui falar a verdade pra filha!

― Filha, você é cega?! A queda te afetou em algo? ― pergunto, devolvendo o poema ― Tudo bem que a métrica não ta boa, e que esse fim não parece um fim, mas, puxa...

― Eu sou cega? ― Allie me interrompe, explodindo em risadas ― Papai, então a culpa é sua: você quem não enxerga o que sempre esteve na sua cara.

Verdades jogadas na cara não são legais... Principalmente se a cara atingida for a sua. Fica a dica!

― Allie, não... ― suspiro, arrependido de ter tocado no assunto.

Se arrependimento matasse, eu já teria morrido mais vezes do que a Alemanha goleou o Brasil na copa de 2014.

― Allie, sim! Agora você vai me ouvir, pai. Eu quase morri, você me deve isso.

― Chantagem emocional agora? Pensei que não gostasse de se rebaixar...

Allegra suspira dramaticamente. Ou exageradamente, no caso, antes de fechar o livro e marcá-lo com a foto.

― Papai, eu amo você. Amo muito, mas tá ficando chato destruir seus namoros. Já estamos bem velhinhos para ficar fazendo isso, e sejamos sinceros: você nunca amou nenhuma delas, certo?

Ela estava certíssima, mas não precisava que eu confirmasse tal coisa.

― Mas você amou minha mãe... Daphne, você a amou, e sei que não tanto quanto ama Ártemis. E eu não sou contra esse amor, papai, e você sabe disso. Também sabe que ela sente o mesmo por você, então por que não? Do que você tem medo?

E lá estava minha filha de volta. Não estava nem há 24 horas acordada e já estava sendo espirituosa. Ela sempre fora o porquê de minhas batalhas, de alguns medos e até segredos, sempre foi meu tudo. Inclusive minha razão.

― Não ser o suficiente! ― confesso, me jogando na poltrona reclinável.

― Considerando o último namorado, não acho que ela seja tão exigente assim, pai... ― ela comenta, me levando a rir.

― Exatamente por isso ela merece o melhor. E, por muitas razões, não sou esse cara. Sou cheio de erros... Não deveriam nem ter deixado que eu te criasse, Allie... Olha só onde você está! ― e a essa altura eu já estava choramingando.

― Você não sabia que isso aconteceria, papai! Você não vê o futuro, nem tem um oráculo! ― Allie diz, mais calma ― E quem mais me criaria? Vovô e Hera? Tia Atena? Vovó Leto? Nenhum deles me compreenderia, porque não sou filha deles. Sou sua filha, sua responsabilidade, e se você errou quando engravidou uma adolescente, errou por amor. Então não se menospreze, achando que um dia vai ficar feliz longe da Ártemis, ou que ela vai ficar feliz longe de você, porque isso não vai acontecer.

― Allie, fica calma, filha! Você não pode se estressar! ― peço, vendo seus batimentos cardíacos se acelerarem.

― Então não seja estúpido e vai atrás da mamãe! ― ela grita, no exato momento em que uma enfermeira entra no quarto, trazendo o jantar.

― Está tudo bem? ― a mocinha pergunta, puxando a mesa retrátil sobre a cama e pondo a bandeja ali.

― Sim... Só mais uma conversa entre pai e filha. ― dou meu melhor sorriso amarelo, esperando que ela caia nessa desculpa.

― Hum... Apenas lembrem: nada de estresse ou esforço por enquanto!

― Tudo bem! ― retribuo ao sorriso da enfermeira e espero, em silêncio, que ela saia.

Allie levanta a tampa do prato e faz uma careta para o seu conteúdo. Imediatamente me recordo sobre o sermão de Ártemis a respeito do que acontecia com Allie, a pressão que Laurel fazia sobre Allie para que ela mantivesse “o corpo perfeito”.

― Ah, você vai comer, sim! Nem começa com essa careta! ― murmuro, destampando o prato.

― Mas... ― antes que ela pudesse reclamar, aproveitei sua boca aberta para enfiar uma colher de comida.

― Ártemis me contou tudo, Allie, e eu sinto muito não ter notado nada antes. Você não precisa ouvir o que a senhorita Solace diz a respeito do seu corpo: você só tem 12 anos, vai mudar, vai crescer. Sua genética, felizmente, é boa. E... Chega de Srta. Solace em nossas vidas: aposto que há outras academias e...

― Eu não quero sair daquela! Por favor, pai! ― ela implora, segurando minha mão, me impedindo de continuar a alimentá-la.

― Então volte a se alimentar. Não te perdi para um lunático, nem quero perdê-la para a anorexia. ― agora o descontrolado era eu, que gritava segurando uma colher de sopa.

― Certo, mas vá falar com a Artie: não estou disposta a perder meu pai para a loucura! ― ela propõe a barganha.

Que era inegável.

― Tudo bem, Allie! Não iremos nos perder! ― me inclino sobre a cama e beijo sua testa ― Mas antes, vamos terminar esse jantar. ― levo a colher a sua boca mais uma vez.

E sou interrompido de novo.

― Pai, o tiro foi na perna, não na mão. E a pancada na cabeça não interfere em nada nos movimentos da minha mão. ― ela faz um floreio para demonstrar.

― Estou ciente disso, meu amor, mas meu lado pai culpado não me deixa ver isso. Agora abre a boca.

― Que patético: receber comida na boca, como se fosse um bebê ― Allie resmunga, fazendo-me rir.

― Você sempre será meu bebê! ― declaro, sentindo-me o homem mais sortudo da face da terra.

Minha filha estava bem, e logo estaríamos bem longe daquele ambiente.

P. O. V Autora:

Três meses depois...

Dois microfones, um na posse de uma loira de olhos tempestuosos, o outro nas mãos de uma morena de olhos azuis elétricos. Cantavam como se fossem ótimas em tal coisa, mas a verdade é que estavam felizes demais para se importar se eram afinadas ou não.

I don’t care, I Love it. I don’t care…

― O que Thalia tem de dançarina, falta como cantora...

― Como se você fosse melhor que minha irmã! ― o mais novo repreende o cunhado.

― Qual foi, Jason. Foi você quem perdeu pro Percy na última vez que fomos ao karaokê. ― o italiano puxa pela memória.

― Não é justo: eu estava bêbado! Eu canto muito bem, não é, Paixão? ― Jason pergunta, tentando se defender.

― Me deixa fora dessa, Jason. E não me chame por apelidos na frente de nossos amigos.

― Ih, tia Piper, se acostume: toda festa por aqui é assim! ― a dona da festa diz, sorrindo de orelha a orelha.

Era o aniversário de treze anos de Allegra Grace e, pela primeira vez em todos esses anos, nem ela, nem o pai, pareciam se lembrar de como aquela data também era um pouco triste. Ambos estavam muito felizes vendo os familiares no karaokê.

Fora da menina a decisão de fazer uma reunião de família mais informal. Agora que sua família aumentava ― graças ao namoro de Thalia e Nico, ao noivado de Annabeth e Percy ―, não era mais necessário chamar pessoas de quem não gostava tanto, nem precisava fingir que se divertia, quando tudo o que queria era sentar e chorar. Ela preferia a família: se divertia muito mais com eles.

― Tia, eles não gostam realmente de mim. Eu os escuto falarem mal de mim no balé e na escola, e os vejo falarem comigo como se tudo estivesse certo.

― Mas não tem ninguém lá que você goste e que goste de você? ― Silena pergunta, em uma conversa entre uma música e outra.

― Até que tem, mas posso vê-los depois...

― Que tal me ver agora? ― a voz de Will as surpreende, quando ele surge atrás delas e sussurra em seus ouvidos.

Will crescera nos últimos meses, e até seu físico mudara. Provavelmente para manter de sua promessa: ele precisava de força para erguer Allegra durante as coreografias, para sustentá-la sem medo de deixá-la cair ― o que estava dando certo, como eles comprovaram durante uma das sessões de fisioterapia.

Allie ainda estava um pouco constrangida pelo que acontecera há três meses, mas isso não a impediu de sorrir ao se virar e aceitar o abraço que lhe era oferecido.

Na cozinha, duas mulheres e um homem trocaram apertos de mãos secretos. E tiraram uma foto do abraço.

― Ok: precisamos decidir isso. ― Nico resmunga, levantando-se do sofá.

― Ainda acho que deveríamos perguntar a Apolo, mas se você quer se humilhar...

― Me perguntar o quê? ― o citado questiona, saindo da cozinha com uma bandeja de guloseimas.

― Qual deles canta melhor, senhor Grace! ― Will responde, vendo os dois amigos em pé, na frente da TV, procurando uma música para cantarem.

― Tecnicamente, cada extensão vocal é diferente, então não dá pra dizer quem canta melhor. ― o especialista em música comenta ― E, Will, o senhor Grace é meu pai: sinto-me velho sendo chamado de senhor... Pode me chamar pelo nome mesmo.

― Eu juro que tento, mas não consigo, senhor! ― o garoto murmura, constrangido.

Da cozinha, assistindo à cena, Ártemis ri, junto com Afrodite. As duas tinham certeza de que, naquele mesmo dia, o menino pediria para sair com Allie. E, se não pedisse, elas o encorajariam... Talvez até obrigassem.

― Ah, agora sim. Uma música legal. Pensei que só tinha música de menininha. ― Jason comemora, recebendo vários olhares repreensivos.

― Obrigada pela parte que me toca, tio Jay, mas não acho que Counting Stars seja lá muito máscula... De qualquer forma, vamos ver no que dá...

P. O. V Nico:

Realmente, Counting Stars não é lá muito máscula, mas se eu precisasse resumir os últimos meses de minha vida em uma música, essa se encaixaria numa boa.

Desde que Thalia voltara, o pouco sono que eu tinha fora perdido em incontáveis pensamento sobre o que éramos ou seríamos. E, para ser bem sincero, eu não tinha tanta coragem assim de arriscar descobrir.

Young, but I'm not that bold (Jovem, mas não sou tão ousado)

E mesmo que tivesse, eu nunca me opus àquele impasse em que vivíamos: era prazeroso, assim como ainda é, ser dela. Mesmo que tenhamos traído alguns, ou tenhamos fingido ser o que não éramos ― apenas amigos ―, ou que tenhamos negligenciado amigos e familiares. Todos os outros que me perdoem, nos perdoem, mas o que fazíamos, fazemos, é muito melhor.

I feel something so right (Eu sinto algo tão certo)

Doing the wrong thing (Fazendo a coisa errada)

Eu nunca me arrependi de conhecer Thalia, de ter caído em seus encantos e sucumbido a seus desejos, por mais intensos e selvagens que fossem; Thalia era meu maior vício. Sempre será, e eu nunca saberei quais limites eu ultrapassaria por ela, quais barreiras eu quebraria, mas tenho em mente que, a despeito de tudo, ela me faz bem. Não importa o que for, o que eu esteja passando, bom ou ruim, ela melhora.

Everything that kills me makes me feel alive (Tudo que me mata me faz me sentir vivo)

― Muito lindo mostrarem quão amigos são, mas é a vez da aniversariante, portanto saiam! ― Allie surge ao nosso lado, pausando a música.

Um coro se ergue de nossa platéia, mostrando o quão desapontados ficaram. Jason e eu nos unimos a eles.

― Depois eles voltam... Ou não, depende das namoradas deles. ― Allie responde aos resmungos, levando todos a rirem.

Sento-me ao lado de Thalia, que rapidamente pendura suas pernas sobre as minhas e me abraça pelo pescoço. Sinto seus lábios em minha bochecha, e ligeiramente me viro para receber àquele beijo em meus lábios.

― Ok: perdemos o tio Nico. ― ouço Allie comentar bem-humorada, e não deixo de rir enquanto beijo Thalia ― Mas não se preocupem: vocês têm a mim!

― Ah, que ótimo! Isso significa que estamos perdidos! ― Will, o amigo de Allie, resmunga ali perto.

― Cale a boca, Solace! ― e, pelo tom de voz, Allie só podia estar corada.

E estava mesmo.

― Ela vai aprontar alguma coisa... ― Thalia sussurra.

― Ela sempre apronta! ― sussurro de volta, enquanto ouvíamos Allie falar sobre como todos estávamos cansados de certas situações ― Ai não...

― Ai não mesmo! ― mas era tarde demais: Allie já começara a cantar How You Get The Girl.

E todos sabiam para quem ela cantava aquela música.

Stand there like a ghost (Fique parado lá como um fantasma)
Shaking from the rain, rain (Tremendo por causa da chuva, chuva)
She'll open up the door (Ela irá abrir a porta)
And say, "Are you insane?"
(E dirá, "Você enlouqueceu?")

Apolo e Ártemis, e seus 13 anos de “amizade”. Eles bem que tentavam agir como se nada demais acontecesse entre eles, mas todo mundo sabia o que realmente acontecia nas sextas em família, ou em qualquer outro dia que quisessem: eles se amavam! Porém, como eu, não tinham coragem de assumir isso.

And you were too afraid to tell her what you want (E você estava com tanto medo de dizer a ela o que queria)
And that's how it works (E é assim que funciona)
It's how you get the girl (É como você conquista a garota)

Mas, se sem coragem, eu consegui, de fato, conquistar a garota, certamente eles, que eram muito mais unidos do que qualquer casal que eu conheça, dariam um jeito.

I want you for worse or for better (Eu te quero nos momentos ruis ou bons)
I would wait forever and ever (Eu esperaria para sempre e sempre)

― Tava aqui pensando... ― Thalia me chama a atenção.

― Em que? ― pergunto, olhando em seus olhos.

Estavam suaves, e meu coração falhou uma batida ao notar isso.

― Essa música é muito pra gente, mas ao contrário sabe? Se fosse para nós, deveria ser How You Get The Boy.

Sorrio. Ela estava falando sério, eu sentia e sabia, mas sobre o quê era um mistério.

― É mesmo? ― ergo uma sobrancelha ― Por quê?

― Porque eu realmente perdi minha cabeça quando te deixei e nuca te disse o porquê! ― ela responde, longe de estar brincando.

― Esquece isso, Lia! ― peço, entristecendo-me por ela tocar em tal assunto.

― Não posso, Nico! Esse foi o maior erro de minha vida, e acho que nunca vou superá-lo ― as lágrimas surgiram naqueles olhos que eu tanto adoro, antes mesmo que eu pudesse fazer algo para impedir.

― Então vamos superar juntos! Não precisa chorar, ma bene! ―seguro se rosto em minhas mãos, tentando secar suas lágrimas.

― Eu não quero, nunca mais, me separar de você, Nico! ― ela me abraça, afundando seu rosto em meu peito.

― E quem disse que isso vai acontecer? ― pergunto, ciente dos olhares que recebíamos ― Eu nunca mais vou deixá-la ir... Não sem mim!

As atenções a nossa volta estavam ora em nós, ora na menina que ainda cantava e ora no que quer que estivesse acontecendo na cozinha, mas eu não ligava para mais nada, exceto para a mulher em meus braços.

― Então... ― Thalia murmura, se afastando para olhar em meus olhos. ― Casa comigo, Nico?

Eu queria gritar sim, mil vezes, incontáveis vezes, sim ― e depois perguntar por que ela nunca me deixava fazer os pedidos ―, mas justo naquele momento, Apolo e Ártemis resolveram tomar a dianteira da cena. Os dois passaram entre nós, quase correndo, gritando um com o outro.

Se isso fosse um filme, eu pediria que os lembrasse de que era meu filme e que eles estavam atrapalhando meu momento...

― Ártemis, me desculpe! ― Apolo implora, seguindo a ruiva.

― Sai. Me deixa sozinha! ― Ártemis diz, saindo do apartamento lotado.

No silêncio que se formou, sou capaz de ouvir seus passos na escada. O que é loucura, pois estávamos na cobertura. Apesar de ser um prédio pequeno, apenas cinco andares...

― O que aconteceu, filho? ― Zeus pergunta, expressando a confusão de todos sentiam.

― Não importa o que aconteceu. Importa que ele tem que ir atrás dela! ― Allegra os interrompe, entregando as chaves do carro ao pai ― Pai, você não pode deixá-la ir!

― Está chovendo... ― Apolo murmura, embasbacado, como se nunca tivesse visto tal fenômeno.

― O quê? Pelo amor de Deus, você é um homem ou um torrão de açúcar? Não deixe uma aguinha de nada acabar com seus planos! ― Allie discursa ferozmente.

Não era bem uma aguinha de nada, mas a premissa era muito boa.

― Está chovendo... Ártemis não está indo para casa. ― mas antes que pudéssemos perguntar para onde ele estava indo, Apolo já tinha sumido e Allegra fechava a porta, parecendo muito... Alegre.

― O que você aprontou, Allie? ― Will pergunta, parecendo tão desconfiado quanto o restante de nós.

Allie simplesmente abre a mão e nos mostra uma única chave.

― Acho que alguém não vai dormir em casa hoje. E se der certo, aceito o castigo que vier! ― ela dá de ombros e se joga nos braços do amigo.

Eu teria me jogado na risada, mas Thalia e seu olhar inquisidor me impediram.

― Você me deve uma resposta! ― ela diz nervosa.

― Você realmente precisa de uma? ― pergunto sorrindo feito um bobo.

― Pode não parecer, mas sou uma pessoa bem insegura...

― Não parece: você não me deixa pedir nada... E eu não vejo nenhuma aliança de noivado. ― brinco, cruzando os braços, numa tentativa falha de parecer difícil.

Thalia não deveria se sentir tão insegura: ela me tinha para sempre! E deveria saber disso.

― Ah, desculpe, mas não costumo andar com anéis de compromissos por aí...

― Nem eu, mas, felizmente, esse aqui cabe em você! ― pego sua mão direita e deslizo para seu dedo anelar o meu anel de ônix, que uso desde sempre.

― O que isso significa, Nico di Angelo? ― ela pergunta, a voz mais aguda de nervoso.

Suspiro, fingindo impaciência.

― Já disse que a lerdeza é da minha família! ― esclareço ― Isso, senhorita Thalia Grace, significa que, em breve, você será a Signora di Angelo. Ma signora! ― declaro e tomo seus lábios nos meus, desligando do mundo ao nosso redor, que explodia em palmas e gritos de Allegra, dizendo que aquele era o melhor aniversário de sua vida.

Se fosse o meu também, eu concordaria imensamente. Mas aquele era apenas mais um, de muitos dias que eu passaria ao lado de Thalia.


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Notas finais do capítulo

ATÉ QUE ENFIM, HEIN THALIA? Eu sei que a maioria prefere que os rapazes façam o pedido, mas, nha, não seria Thalico de WTN se não fosse a Thalia quem pedisse haha.
E agora, Apolo? O que você fará?
E o poeminha do Will? Que sujeito fofo, não? Felizes agora ao entenderem tudo?
ME CONTEM NOS REVIEWS, MEUS AMORES!!
Beijos de luz pra quem é de luz, e beijos trevosos pra quem é das trevas!