Os Jogos do Amanhã escrita por princessplisetskaya


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Me inspirei em algumas músicas do Imagine Dragons...



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Já tem três dias que o jogo começou, e comigo estão oito jogadores. Os três recém-chegados nos encontraram ontem, enquanto andavam perdidos pelo labirinto. Bem, todos nós estamos perdidos. Estamos procurando uma saída cegamente, quando ela não existe.

Jake, Lisa e Gabe comem os pedaços do último pão deles. Sim, eles tinham seis pães. Perceberam que algumas paredes são abertas por dentro, bateram nela até quebrar e encontraram um saco com eles, e famintos como estavam, devoraram tudo de uma vez, sem se preocupar se morreriam de fome depois que os pães acabarem. Sorte a deles que sobrou um, que acabou agora, e eles nos olham perdidos.

–Vocês tem água?- Lisa pergunta, esperançosa. Ah, essas crianças de 12 anos. Foram inteligentes o bastante para descobrir as paredes ocas, mas terão de aprender a não reclamar enquanto estivermos aqui.

–Não, não temos. - Iza responde, com um sorriso triste.- Mas nós logo encontraremos mais.

–Não fale assim!-Gabe exclama, olhando irritado para Iza.

–Oquê?-pergunto, franzindo a testa. Ele revira os olhos e responde:

–Não fale conosco como se fôssemos criancinhas. Não vou me limitar a degolar apenas Elsir’es.- Iza olha para ele furiosa. Oque ele disse é claramente uma ameaça.

–Se você falar assim comigo mais uma vez- ela sibila- eu vou matá-lo. Entendeu? Matá-lo!– ela grita a última palavra. Pego um machado e encosto sob a garganta dele:

–É melhor você ouvi-la, Jefferson. Ou eu também não irei me limitar a degolar apenas Elsir’es.

A essa altura, todos estão assistindo nosso show. Lisa está olhando para a lâmina suja de sangue do meu machado, apavorada. Pois é, não havia água suficiente para que eu pudesse tirar o sangue.

Gabe se afasta resmungando com raiva, o garoto baixinho e gordinho transformado num jovem assassino, que agora quer matar a minha irmã. Rumlow dá um assobio tipo: uau. Os outros se levantam e seguem adiante.

Deixo-me ficar um pouco mais atrás no grupo, para poder pensar sem ter que ficar olhando para os caminhos ao meu redor, esperando que algo salte sobre a gente e nos ataque. Iza caminha ao meu lado silenciosamente, prestando atenção no caminho á frente. Ela não me parece mais àquela garota que gostava de fofocar, provocar meninos e se gabar de sua habilidade com o arco. Ela aprendeu que ele agora é seu meio de defesa, parte de sua segurança.

Estamos seguindo apenas em frente, desde que entramos no labirinto. Isso significa que chegaremos ao final dele. Quando chegarmos lá, oque faremos? Acho que é melhor nós voltarmos á clareira, e ficarmos por lá até pensarmos em algo melhor. Mas fazer o caminho da ida na volta não é uma boa ideia, então seguimos a parede que nos separa do que tiver fora do labirinto, contornando o labirinto, e chegando a clareira. Isso sem contar tudo que (100% de chance) podemos encontrar no caminho.

Solto um suspiro. Isso tudo não é justo. Tínhamos uma vida boa e normal, éramos pessoas normais, convivíamos com pessoas normais, o céu, o sol a lua e as estrelas eram normais. Agora mal dá para ver as estrelas, a lua ilumina os terrores da noite e o sol nos frita dentro de nossas roupas.

E temos que ficar aqui dentro, passando fome, por que até agora, desde o começo do jogo, tudo oque eu ingeri foi água.

Percebo que Iza está mais na frente, então eu a alcanço, e pergunto:

–Ouviu algo á frente?

–Não, nada. Mas não consigo me livrar dessa sensação de ter que ficar na frente. – ela responde, encolhendo os ombros.

–Então somos dois. Trouxe mais alguma outra arma além do arco?

–Uma faca – ela sorri e tira uma faca de tamanho médio de dentro da bota e me entrega. A lâmina é obviamente afiada, boa em combate a curta distância.

–Você não era ruim com uma faca dessas?- pergunto.

–Um pouco, mas eu vou melhorar porque Rumlow disse que vai ensinar...

–Ah, vai é? E você teve três anos para aprender e vem pedir agora e para ele? – Vejo o ar sonhador dela sumindo aos poucos. Sinto uma pontada de culpa e volto a olhar para frente. Ela retruca, com raiva.

–Oque é? Agora eu não posso interagir com outros meninos porque você morre de ciúme, e ainda acha que eu sou criança? Acha que eu não sei me cuidar?

–Não, eu não acho! Nós estamos presos aqui, Iza. Estamos condenados a morrer aqui, não tem como você se virar sozinha, não tem como ganhar o jogo!

–Você parece dar mais importância ao jogo do que aos jogadores dele. – Ela diz, e um grito a interrompe.

Me viro para trás com rapidez o suficiente para ouvir o grito se prolongar por mais um segundo, ver uma chapa de metal bloqueando a passagem, vislumbrar outra caindo atrás da que já está no chão e ouvir o grito se silenciar. Então a série de gritos que segue é acompanhada por ânsias de vômito e choro (apenas de Lisa e Alice na verdade).

A visão realmente é nojenta. Há uma chapa de metal cinza prateada bloqueando o caminho de volta, e no chão... tem uma poça de sangue e os pés de alguém. O osso das pernas amputadas está bem visível, e a carne... desvio o olhar. Procuro entre os jogadores quem está faltando. Jake.

Rumlow grita:

–Corram! – tomo a dianteira do grupo e corremos. Ouço outra chapa cair fazendo mais barulho dessa vez. Ninguém grita como Jake gritou então ninguém deve ter sido atingido. Corremos passando reto por todos os outros caminhos das laterais e diagonais. Até minhas pernas arderem, e outros jogadores arquejarem pedindo para parar. Eu me encosto numa parede, recuperando o fôlego. Gabe se apoia nos joelhos, Rumlow senta no chão e pressiona a ferida, Dave bate a lança na parede, Alice também se senta, consolando Lisa. Minha irmã me olha com olhos cheios de lágrimas, e eu a abraço. Sinto suas lágrimas molharem a minha clavícula.

–Ei – sussurro – está tudo bem. Já passou. E não foi você quem foi atingida. Já passou.- Ela relaxa um pouco, e solta um suspiro ruidoso. – Isso é tão horrível, Ian... será que ainda vai ficar muito pior?

Sim, Iza. Ainda vai piorar muito antes de conseguirmos alguma coisa.

Mas não digo isso. Apenas dou um sorriso tranquilo e afirmo:

–Não duvido, mas não pode ser muito porque tem que sobrar alguma coisa de nós mesmos para serem os vencedores.

Ela sorri, um pouco de esperança iluminando seus olhos. Julian bate na parede para ajudar Dave, e lá de dentro eles tiram duas garrafas.

–Ai meu Deus – Julian arregala os olhos – são duas garrafas!

–Oque está escrito nelas? – pergunto. Dave franze a testa e responde:

–Uma é água, e a outra não tem nada escrito...

–Então a outra é envenenada. – Declara Alice com ironia, tomando a garrafa sem nome da mão de Dave, e abrindo-a.

–Cuidado! – Iza grita, e Alice olha para ela alarmada – Ela pode estar envenenada...

Alice revira os olhos, e eu rio. Quando ela termina de tomar o gole, anuncia, encolhendo os ombros:

–É suco de abacaxi com hortelã.

–Então porque não tem nome?- pergunta Gabe.

–Eu não sei.- Lisa pega a garrafa e toma outro gole. Olha para Alice, confusa, e diz:

–Não é abacaxi com hortelã, é morango.

–Não, é graviola. - eu tomo e digo. Então reparo uma coisa muito estranha, está tudo ficando embaçado e girando...

Ouço gritos, tento me mover em direção a minha irmã, mas meus movimentos estão ficando mais lentos, e minha visão está escurecendo...

Alguém aparece na minha frente, agarra meus ombros eu acho, mas está tudo tão embaçado que não dá para ver quem é, e eu não consigo nem sentir o toque. Então tudo escurece de vez, e eu não tenho consciência de mais nada.


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Notas finais do capítulo

:) Se não conseguiram imaginar aquela chapa de metal, não imaginem. Eu imaginei e não foi bom :0 mas eu precisava de alguma coisa desse tipo para escrever...



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