No dia seguinte levei Ariel e Amanda na praia, quando se mora á poucos quilômetros da praia, se aproveita.

Los Angeles é conhecida por três coisas: Hollywood, as praias da Califórnia e os famosos que moravam por ali. Ser famoso em Los Angeles era mais fácil que chegar em Vegas e do mesmo modo você virava um desconhecido novamente.

Estava passando uma segunda camada de protetor solar no rosto, quando Dante e Alex chegaram com as bebidas, os dois caras pareciam empolgados com o movimento feminino na praia, deitei sobre a canga e Dante sentou do meu lado. —  Posso te contar uma coisa Kim? - Ele perguntou, sua voz séria e estranhamente rouca. Não havia brincadeira no seu tom então me sentei colocando os óculos escuros e ajeitando o chapéu.

—  Claro que pode, é algo sério?   - esperei por sua resposta tomando um gole de água, tentando desvendar pela sua expressão. O que havia de errado. 

— Amanhã eu tenho uma entrevista de emprego na empresa Price. Tenho que levar um copiloto e uma comissária de bordo. Chamei meu amigo Clark para ir comigo e queria saber se você quer ir. Eles vão entrevistá-la e sei que seu perfil vai bater com o que eles querem.   - ele despeja tudo de uma vez e eu pisco algumas vezes processando o que ele queria dizer. 

—  Você tem certeza que me quer na sua equipe?   - a pergunta escapou dos meus lábios antes mesmo que eu conseguisse conte-la.

— Você vive reclamando que quer algo novo, não quero que troque de emprego, somos amigos. Trabalhar num jatinho particular e viajar por aí, pelo Manda-Chuva da empresa parece algo legal. E você é a pessoa mais eficiente que já conheci, mantém a calma até quando estamos em turbulências loucas. Diga que aceita!

Fiquei calada por alguns segundos ouvindo sua explicação. Levemente sem jeito por ele ser tão explícito em suas vontades, era bem verdade que havia gostado porém ainda sentia que iria estragar às coisas. —  É claro que eu aceito. Que horas tenho que te encontrar?

Dante sorriu para mim e eu não contive o meu sorriso também. Essa era a oportunidade que eu esperava, então ia agarrá-la com unhas e dentes, se me mantivesse trabalhando bem, não iria atrapalhar ninguém. —  Eu passo no seu apartamento às oito em ponto.

Concordei com a cabeça e voltei a deitar. Ariel ficou sabendo sobre essa novidade assim que chegamos em casa, ajudou-me a escolher a roupa certa e voltou a escrever o seu novo livro.

A manhã seguinte foi mais corrida do que um dia de trabalho no avião, acordei cedo, tomei banho e coloquei o vestido verde oliva que havia sido escolhido na noite anterior, era simples e sofisticado, com mangas rendadas e se adequava ao meu corpo. Fiz uma trança lateral e coloquei saltos escuros de sete centímetros, fiz uma maquiagem natural, peguei a pasta com os documentos que precisava e sai. Encontrei Dante na recepção do meu apartamento, Clark estava no carro com ele e ambos sorriram quando entrei.

—  Bom dia, Rapazes!  - desejei com bom humor. Olhando de um ao outro. Clark era um rapaz que parecia estar na casa dos vinte e cinco anos. Cabelos castanhos e olhos caramelados, o formato de seu nariz era do tipo de dar inveja a qualquer mulher. O rapaz era do tipo cobiçado e ele não parecia preocupado com nada. 

—  Bom dia Kim! Está linda, nervosa com a entrevista?  - a pergunta de Dante, fez-me parar de analisar o seu amigo. E relaxar no banco de trás. 

—  Ainda não. Estarei quando entrar lá!   - Respondi com sinceridade, não precisava mentir, sempre ficava nervosa depois de ver o que estava em jogo. Os dois sorriram enquanto Dante dirigia, em poucos minutos deixamos as ruas calmas para trás e entramos na parte comercial de Los Angeles, um emaranhado de prédios das mais variadas formas foram aparecendo, ainda podia sentir o cheiro de maresia mas, não era tão forte como antes.

A Price Corporation fica bem no centro de toda a área comercial, o maior prédio de todos. Arquitetado para ser uma versão um pouco menor do Empire state, Dante entregou a chave para o manobrista enquanto eu ficava impressionada com toda a decoração do prédio. A porta de vidro se abre para nós, atrás de um balcão de arenito sólido e mogno á uma morena e sofisticada secretária em um terninho preto com camisa rosa, acentuando seus olhos de uma cor violeta incomum. Ela sorri para nós assim que nos aproximamos e é Dante quem se pronuncia.

—  Estamos aqui para ver a Srta Stone, para a entrevista das nove e dez! - A jovem e bela recepcionista, informa á alguém pelo telefone que estamos ali e em seguida uma loira de parar o trânsito aparece, está usando um blazer cinza, por cima de um vestidinho preto. Agradeço mentalmente por ter escolhido aquele vestido com a ajuda de Ariel. 

—  Bom dia, sou Ashe a assistente da Senhorita Stone, queiram me acompanhar por favor!   - Pediu com delicadeza, nos guiando sem esperar resposta.

—  Para onde quiser, linda.  - Escutei Clark sussurrar atrás de mim e eu segurei o riso. Acompanhamos ela até o elevador e Ashe apertou o botão do vigésimo quinto andar, enquanto conversava amigavelmente com Clark. As portas deslizam nos deixando em outra grande entrada de vidro, aço e arenito. Porém a mesa de arenito e mogno estava completamente vazia, Ashe preencheu o espaço vazio assim que abriu a porta do escritório, uma mulher morena de mais ou menos uns vinte quatro anos levantou-se com a nossa chegada. 

—  Obrigada Ashe, Traga algumas bebidas. Aceitam algo? Chá, café, água?  - Ela questiona com um pequeno sorriso; 

—  Não, obrigada.   - Escuto-me responder, percebendo o meu tom impressionado. Uma grande parede de vidro nos dá uma vista incrível do mar, como se estivéssemos perto o suficiente para tocá-lo. Todo o escritório parece ter sido projetado para passar conforto e sofisticação à qualquer um. Nos sentamos e concentrei-me em senhorita Stone.

—  O Sr Price necessita de uma equipe aérea que esteja disponível e pronta a qualquer momento que for solicitada, sem atrasos e completamente impecável. Que o piloto e a comissária confiram o que falta na aeronave e se  existe algum problema. Qualquer atraso relacionado a erros na aeronave será datado como falha da tripulação. A eficiência e discrição são as coisas mais prezadas nessa empresa! Vejo que trouxe sua própria tripulação, seu currículo é excepcional senhor James, esperamos o mesmo de sua equipe.

—  Eles são tão eficientes quanto eu, não será nenhum empecilho. - Entreguei meu currículo a Loira mais impecável e séria que conheci na vida e respondi a todas às suas perguntas sobre como agir no caso de pane no motor do avião, como tratar os passageiros e em que momento devo checar o compartimento da cozinha. Ela fez o mesmo com Clark e depois sorriu. 

—  Perfeito. Faremos uma semana de teste remunerada. O jato da empresa é usado apenas pelos diretores executivos de empresas internacionais com quem temos negócios e o próprio senhor Price. Essa semana tem três voos agendados. Minha assistente lhes dará o endereço e o cartão necessário para tirarem suas medidas e pegarem seus uniformes e claro seus horários entre outras coisas. Agora se puderem assinar o contrato, essa reunião estará encerrada.  - Assinamos nossos respectivos contratos e senhorita Stones apertou nossas mãos com um sorriso confiante. — Sejam bem-vindos a Price Corporation! Esperamos que fiquem conosco após os testes. 

Depois disso o dia foi uma correria, fomos para o endereço que o cartão indicava e tentei não ficar surpresa em dar de cara com a loja da Prada. —  Quem manda seus empregados, vestirem Prada?

—  O cara mais rico da Califórnia talvez?   - Dante me responde com uma nova pergunta e eu faço uma pequena careta antes de rir. — O que foi Little Queen, está intimidada?

—  Só um pouquinho.   - Confesso levemente sem jeito. — Foi só eu que reparei que ele tem modelos trabalhando na empresa dele por todos os lados?  - Pergunto bebericando o meu chá enquanto duas mulheres davam o último retoque no uniforme de Dante. O moreno estava com uma calça preta, camisa branca e uma gravata azul marinho que combinava com seus olhos e o resto do uniforme era como qualquer outro.

—  O que achou?   - ele me pergunta com curiosidade na voz e eu não finjo analisá-lo da cabeça aos pés com olhos muito interessados. 

—  Que você fica muito bem com roupas de marca. - Disse implicando e acompanhei a minha própria atendente e costureiras. O meu uniforme era um pouco mais sofisticado e o tecido era divino, era um vestido preto liso com uma saia um pouco apertada e um laço de seda vermelho marcando os meus quadris.

A mulher me encarou com um sorriso delicado e terminou de ajustar o tecido em meu corpo antes de dizer. — O senhor Price gosta de cores que acentuam a cor dos olhos. Assim eles ficam mais evidentes, é o espelho da alma certo?

Fiz que sim e sorri abertamente ao me olhar no espelho. Retirei o uniforme e voltei a colocar o vestido quando chegaram ao fim. Esperamos por Clark com nossas bolsas. E ele voltou com o dobro das nossas e um sorriso radiante. 

—  Comprei algumas coisas para a minha namorada.  - Ele explicou nenhum pouco constrangido. Pedi uma licença do trabalho de duas semanas, caso não acabasse como o planejado eu ainda teria isso. Eu fiz cookies e cupcakes com chantilly para mim e Ariel, enquanto lia alguns capítulos do seu novo livro para jovens adultos.

—  Então ela vai ficar grávida do lobisomem?   - perguntei passando algumas folhas curiosa. 

—  Não sei ainda. Você não falou nada dos vampiros mas, adorou os lobisomens mesmo, né?  - ela me pergunta com um sorriso debochado e eu nem nego nada. 

—  Quem não gosta de homens sarados, que andam sem camisa por aí? Apesar de que esses vampiros tem um jeito muito fofo de agir e um tanto mais misteriosos.   - Contei ponderando que de fato os vampiros chamavam atenção também. 

— Isso que eu queria, sabe?  Deixar o leitor confuso, querendo escolher um lado mas, não conseguir no começo.

—  Eu ficaria no time das bruxas pra ser sincera, enfim quando vou poder ler o próximo capítulo?

—  Quando você voltar do seu voo, agora tenho trabalhos da faculdade para entregar então vou demorar um pouco. A propósito seu uniforme é uma gracinha. Você já viu na internet como o seu novo chefe é um gato?   - ela pergunta com olhinhos de gato enormes e eu não consigo não rir. 

—  Gato ou não, ele é meu chefe. Então não vai rolar nada, agora eu tenho que dormir, tenho que estar no terminal pelo menos uma hora antes. E pode parar de fanficar nós dois em sua cabeça.   - pedi com uma risada quando ela pareceu sonhadora demais. 

—  Espero que dê tudo certo. Para onde vocês vão?  - perguntou com uma careta desgostosa. — Me deixe fanficar, rum. 

—  Para Seattle, vou arrumar minha mala. Boa sorte com seus trabalhos.  - desejei acenando enquanto caminhava na direção do meu quarto. 

—   Boa sorte no seu novo emprego, QueenKim!  - Ouvi ela gritar empolgada e só consegui agradecer, de maneira feliz.