Aureus escrita por Dindih, Anns Krasy


Capítulo 7
Capítulo 6 - Festival


Notas iniciais do capítulo

Oiii Gente *3* Muitos devem estar se perguntando (Duvido que sejam muitos, foi só jeito de falar msm... T.T) ~ E a Fic de Peter Pan? Você desistiu dela? - Não gente! Não desisti! Só estou sem tempo e sem ideias!
(Ideias são bem-vindas... Tempo também, caso tenha algum queridinho de Cronos aqui). AH! Momento Jamara*!!



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Eu estava correndo. Correndo de algo que eu não sabia o que era. Estava tudo escuro e eu não via um palmo na frente de minha mão. Não ajudou nada quando a névoa começou a rodear o local e logo me vi em frente a um penhasco. Eu teria caído se não tivesse hesitado a tempo. O lugar era alto e parecia mais um abismo sem fim do que um paredão rochoso com um rio minúsculo no fundo. Pude distinguir uma floresta diferente, com pinheiros verdes e um chão que revesava entre pedra cinzenta e grama. Não tinha lua no céu, e isso dificultava qualquer outra chance de luz aparecer. E então, eu vi aqueles olhos vermelhos e brilhantes. Pequenos como contas, me olhavam de dentro da floresta como se eu fosse algo novo e diferente. E eu estava com medo. Só não sabia do que.

Não pude ver o monstro, pois no momento seguinte me senti em queda livre.

Só percebi que o chão tinha deslisado quando estava na metade do abismo. Eu gritei, apavorada e com medo de me desfazer em milhões de pedaços. Até acertar algo.

Acordar de cara no chão não é a melhor sensação de todas. Resmunguei, me sentando e olhando para cima da cama. Pensei que tivesse sido meu sonho o culpado por me fazer cair da cama, mas parecia que tinha me enganado.

– Ah, besta fera! - Rosnei, puxando Stirker pelo couro do pescoço e o pendurando pela janela do meu quarto. - Vai dormir no telhado ou no jardim! Aquela cama nem é sua, eu devia te deixar cair!

Ele protestou, se contorcendo e tentando me morder ou me arranhar. E então suspirei, pondo-o no chão do meu quarto e apontando para a porta. Ele entendeu sem eu precisar falar alguma coisa, pois correu em direção as escadas e sumiu da minha vista. Fechei a porta e separei um par de roupas para vestir. Segui em direção ao banheiro que tinha no meu quarto e tomei um banho quente. Em seguida, coloquei minha roupa: uma camisa laranja larga e calças jeans surradas. Penteei meu cabelo e o prendi em outra trança lateral, colocando-a dessa vez por meu ombro esquerdo. Quando vi que não faltava nada, desci para a cozinha. Minha avó estava cozinhando e cantarolando baixo alguma musica diferente.

Até ali, eu não tinha visto sinal nenhum de James. E isso era um bom... Eu acho. Stirker me olhava desconfiado de cima do balcão de cozinha. E eu me perguntava porque minha vó permitia que um gato ranzinza como aquele chegasse perto de qualquer comida. Resmunguei, pegando da geladeira uma jarra com leite e uma xícara. Servi-me e esquentei antes de escolher algumas bolachas para acompanhar o café da manhã. Comi elas apressadamente, pensando que talvez eu deveria sair um pouco para relaxar. E ficar longe de más influências. Era domingo, e poucas lojas estavam abertas. Mas ainda sim tinha lugar para se divertir. Me virei para a minha avó, com dúvida.

– Vovó, hoje não vai ter um festival? - Perguntei, curiosa. Eu tinha ouvidos boatos que teria um festival, mas não consegui confirmações de que realmente iria acontecer.

– Ah, sim. É um feriado bem pequeno, na verdade. - Minha vórespondeu, dando de ombros. - Eu costumava participar. É uma velha tradição, apesar de a maioria das pessoas não saberem a origem verdadeira dele.

Eu ergui uma sobrancelha. Minha avó estava sendo muito misteriosa, e isso me deixava borbulhando de curiosidade. Mas, mesmo assim, voltei minha atenção para meu café da manhã.

– O festival é hoje? Eu pensei que era amanhã. - Murmurou a voz de James, quando o mesmo entrava na cozinha. Ele estava usando uma camisa preta, calças jeans surradas e escuras e seu cabelo estava bagunçado. Ele nem mesmo deve ter encostado num pente naquela manhã.

Assim que terminei de comer, me levantei. Minha avó me chamou para enxugar a louça e concordei com um dar de ombros. Era pouca coisa, então não me incomodei. Minha avó se virou para James, que seguia para a sala com os olhos grudados na tv.

– James, vá ao mercado. - Disse minha avó. - Ali na mesa tem uma lista de compras com os ingredientes que preciso. O dinheiro está ai também.

– Porque? Não pode deixar para amanhã? - Resmungou ele, virando-se e a fitando. - Você está me usando como empregado, Larrie?

Minha avó sorriu, e então ergueu de leve os ombros. - Quem sabe? Se fizer isso para mim pode ficar com o troco para comprar sorvete.

James fechou a cara. - Não sou uma criança. - Mas mesmo assim foi até a mesa e pegou a lista de compras e o dinheiro. Ele falou algo como somente duas caixas de sorvete e napolitano antes de sair pela porta em direção a cidade. Assim que enxuguei a louça, sequei minhas mãos com a toalha.

– Vovó?

– Diga Amara. - Ela me olhou nos olhos serenamente.

– Desde quando conhece James? - Perguntei, antes que toda minha coragem sumisse.

Ela pareceu pensar um pouco. Limpou as mãos molhadas no avental que usava antes de começar a guardar os pratos e os talheres recém-secos. Por fim, pareceu ter formulado uma boa resposta e então se virou para mim com um sorriso calmo no rosto.

– A algum tempo. - Vovó riu. - E foi bem inesperado. Mas, se quiser saber mesmo deve perguntar a James.

Revirei os olhos, dobrando a toalha e seguindo para a sala. Uma boa tarde em frente a tv não me faria mal, certo? Esperaria para ir ao festival a noite. Isso se eu arranjasse coragem para sair neste domingo. Eu tinha acabado de pegar o controle quando minha avó adentrou na sala.

– Amara, esqueci de por um ingrediente na lista de compras. Poderia ir até James para dar o recado? - Vovó disse, dando um sorriso sem graça. Isso não me chateou, mas me deixou incomodada.

– Não dá para simplesmente ligar para ele? - Perguntei, esperançosa.

Minha avó resmungou algo e me amostrou um celular preto. - Seria uma ótima ideia, se aquele cabeça de vento lembrasse de levar o celular quando saísse.

Eu ri. Me pus de pé e coloquei os tênis que estavam perto da porta, depois vesti uma jaqueta azul opaca. Assim que recebi o nome do produto, sai de casa. O mercado mais próximo era depois de algumas ruas, mas eu não estava com pressa. O dono do mercado era Jonathan, e ele era um senhor velho e bondoso. Apesar da loja ser grande, ele não parece ter dificuldades em administra-la. É um bom lugar para passar o tempo também, já que sua lanchonete interna funciona quase todos os dias do ano. Quando cheguei no mercado, eu não sabia para que lado ir. Então foi para onde seria mais óbvio de achar James.

O corredor era repleto de vários sabores diferentes de sorvete. Napolitano, chocolate, goiaba e morango foram os que prestei mais atenção. Ele estava lá junto com uma cesta com alguns produtos e observando a lista de compras. Peguei algumas das pipocas de microondas do corredor ao lado e joguei na cesta dele. Pelo visto minha avó iria fazer cinema de madrugada. Ele olhou para mim com uma sobrancelha erguida.

– Minha vó que mandou. - Respondi, como se não fosse nada de mais.

– Claro que sim. Larrie algumas vezes é muito exigente. - Ele resmungou. - Espere aqui com a cesta de compras, volto logo.

E deixou a cesta comigo. Pensei ainda por alguns minutos em arremessar algo na cabeça dele, mas desisti da ideia. Pensei no que minha avó disse, sobre como eles tinham se conhecido. Apesar de ela não falar nada sobre o real encontro, minha mente estava satisfeita pela resposta. Ou era o fato de minha mente estar tentando evitar pensar em James.

Estava pronta para ir atrás dele quando ouvi gritos nos outros corredores. Um rugido ecoou pelo mercado, lançando medo e desespero nas pessoas que estavam fazendo compras. Ouvi barulhos altos de prateleiras caindo no chão e pude observar que várias pessoas corriam para a saída como se o apocalipse zumbi tivesse começado. Tentei correr, mas me vi presa na mira de dois olhos pequenos e vermelhos. O monstro deveria ter o tamanho de uma prateleira. Se parecia muito com um lobo ou um urso, com caninos grandes e garras afiadas. Ele rosnou outra vez, sem desviar o foco de mim. E então eu corri.

Não sei quando o despistei, mas estava a salvo por alguns segundos. Meu coração estava acelerado, e eu me perguntava aonde diabos James tinha ido. O monstro rosnou mais uma vez e começou a farejar o ar. Eu estava escondida atrás de uma prateleira derrubada até ele me encontrar. Ele me acertou no peito, fazendo-me cair no chão de qualquer jeito. Me levantei rápido de mais, e o resultado foi me sentir tonta. Meu braço estava ardendo, mas não doía de verdade. Aquele monstro estava em cima de mim quando rosnou outra vez.

– Sai bicho feio! - Gritei, estendendo as mãos. Meu coração parecia prestes a fazer um furo em meu peito. Até que senti aquele formigamento na ponta dos dedos, e senti meu sangue vibrar. A luz me cegou momentaneamente, mas o monstro só tinha hesitado até a prateleira. Eu tinha que pensar em algo e rápido.

Eu não deveria estar batendo bem da cabeça.

Aquilo deveria pesar mais que minha casa. Mantive-a no ar, levitando-a, por alguns segundos. Quando vi que ia perdendo a concentração a arremessei do outro lado do mercado e bem longe de mim. Agora já não tinha mais controle sobre meu corpo, pois tinha deixado no controle automático movido a adrenalina. Por instinto, apontei novamente minha mão para ele. Dessa vez meu peito pareceu arder quando o raio de luz acertou o monstro no peito. Ele se contorceu e urrou até que explodiu em sangue negro no mercado. Aquilo foi nojento, e eu me deixei cair no chão exausta.

Ainda tinha pessoas no mercado, mas por alguns segundos elas pareciam confusas. Pude sentir alguém me ajudando a levantar, mas ainda estava impressionada demais com minha coragem.

– Amara? Você está bem? - James perguntou. Eu o fitei. Aquilo não havia me assustado bastante. Não depois da invasão do Caçador no meu quarto. Eu assenti com a cabeça em resposta a pergunta dele e então fitei o chão. James ainda pegou as compras e me ajudou a ir para fora do mercado. Aquele bicho tinha entrado pela parede, como um automóvel desgovernado. Eu só queria saber como a tv iria reagir a uma noticia dessas.

James deu um sorriso pequeno, como se estivesse lendo minha mente.

– A mente humana é fraca. Eu não ficaria surpreso se dissessem que era um caminhão sendo dirigido por um bêbado. - Ele riu.

Quando chegamos a praça, já deveria ser umas três da tarde. Mais a frente podia ver o festival se preparando para ser iluminado quando a noite chegasse. James me ajudou a tirar as manchas de sangue negro da pele. E então me lembrei de algo importante.

– Aonde você estava?

Ele sorriu. - Procurando esse monstro.

– E o que era isso? E como sabia que ele estava lá?

Ele ficou sério. - Um Antemonio. É uma história de bruxos parecida com o bicho-papão. Somente para assustar crianças. Mas parece que alguém realmente descobriu um. Eu o senti, então decidi acabar com ele antes que alguém se machucasse. Pelo visto eu não precisei, não foi?

Resmunguei, ainda irritada. Por fim, ele me ajudou a levantar e me guiou pela praça. Quando me dei conta, estávamos no meio do festival. James falou algo sobre ainda fazerem um festival como aqueles e então se concentrou em uma das barracas de jogos. Aproveitei para comprar comida para nós, como tacos. Também comprei uma maça do amor, mas digamos que James a roubou de mim.

– Esse festival é velho. - Disse James, de repente.

– É?

– Sim. Foi criado por bruxos. É quase igual ao dia de Ação de Graças. Uma dia para celebrar a paz do nosso mundo. - Explicou ele.

– Bem, não tivemos muita paz hoje não é? - Resmunguei.

Ele sorriu, se dirigindo a outra barraca de jogos. Os jogos eram divertidos e os prêmios eram variados, tinha desde comidas enfeitadas a brinquedos. James conseguiu um coelho branco de pelúcia no jogo da ferradura, mas pareceu um pouco desapontado com o brinquedo. Pelo visto ele não gostava de coisas fofas.

– Toma. - Ele murmurou, entregando-me o coelho branco.

– Para que?

– Você não o quer? - Ele se virou, dando um sorriso torto no rosto. Corei, sem conseguir desviar os olhos dos seus. Pude ouvir os fogos de artificio sendo soltos, mas não foi isso que encerrou a minha noite. James se aproximou mais, me deixando nervosa e desajeitada. Ele colocou a mexa cortada atrás de minha orelha antes de dar um beijo em minha testa. Fiquei aliviada por ele não ter me roubado outro beijo, pois não sabia se conseguiria ficar em pé depois.

O final da minha noite, foi seus olhos azuis refletindo todas as cores dos fogos de artifício.


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Notas finais do capítulo

Curiosidades importantes:
* Jamara: James + Amara.
* Ação de Graças: Festival onde as famílias se reúnem para comer e dormir (Praticamente um domingo brasileiro U.u), agradecendo por estarem juntos.
* Amara vestiu uma camisa laranja o/ E ai semideuses!! :D
* Gosto de sorvete (acho que já perceberam isso).
* Gosto de suco de goiaba U.U
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E ai, curtiram? Aceitamos ideias tanto em MP ou Comentário, pois da no mesmo. E podiam comentar ;)



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