Aureus escrita por Dindih, Anns Krasy


Capítulo 2
Capitulo 1 - A festa de 15 Anos


Notas iniciais do capítulo

Bem vamos lá



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Eu já estava saindo do meu quarto. Sabia que todos os convidados já estavam la em baixo, somente esperando o "dono da festa", como gostavam de chamar na minha cidade. Quando abro a porta me deparo com uma cabeleira loira linda me esperando do lado de fora e eu sabia exatamente a quem ela pertencia. Me recupero do susto e dou um sorriso quando o vejo, e logo ele sorri também. Enzo estava do jeito que esperava jamais o ver: Terno preto, blusa branca, calça social e sapato frechado... Nada de tênis e eu sabia que deveria estar sendo um grande esforço para ele respirar com aquela gravata azulada. O que mais me assustou em Enzo foi seu cabelo arrumado, e eu ri.

–O que foi? - Perguntou ele, me estendendo o braço. O ato dele foi inesperado por minha parte, mas acabei aceitando-o.

–Nada...É que...- dei uma pausa olhando para ele.- O seu cabelo...

–O que tem de errado? - Perguntou ele e eu ri novamente. Levei minha mão até seu cabelo e o baguncei de uma força que figou desgrenhado, como estava acostumada. - Agora fiquei sem entender... Quando estou com o meu cabelo bagunçado você diz que tenho que penteá-lo e quando o penteio você o bagunça! - Falou ele com voz confusa. Aquela noite seria longa, e eu tinha a sensação que iria rir bastante.

–É que eu acho que prefiro você de cabelo bagunçado. - Respondi por fim. Ele deu um sorriso torto e então me guiou até o começo das escadas. Vi uma luz vindo em minha direção e vários rostos conhecidos me olhando lá em baixo. Sim, fiquei nervosa. Eu era acostumada com um numero razoável em uma plateia, não aquela gente toda lá me fitando. Sinceramente eu não sabia com que cara ficar quando tem varias pessoas me olhando e varias tirando fotos. Corei inconscientemente e virei o rosto numa tentativa falha de esconder-me. Poderia por a culpa na timidez, apesar de eu a perder com facilidade.

–Eles estão olhando para você, porque esta linda! - Falou Enzo e olhei para mim mesma, ainda corada.

Cabelos com tranças, caindo pelo meu ombro direito. Minha pele, que minha mãe havia feito questão de tratá-la, era pálida.E meu vestido batia no joelho. Ele tinha um tom rosa, que havia sido escolha de minha mãe, e era um tomara que caia decorado com várias camadas de organzas que dava um volume e um movimento extra quando me movia. Ele tinha algumas pequenas flores para detalha-lo também, em um rosa mais claro. Realmente minha mãe tem bom gosto.

–Obrigada! - falei quando estávamos chegando ao final da escada.

Nós nos separamos quando chegamos ao salão. Minha mãe me puxou até a palco para dizer algo aos convidados. E pronto. Já estava com vergonha. Meu rosto deveria estar tão vermelho como uma pimenta. Eu tinha certeza que sim. Só o fato de descer as escadas com aquelas luzes no meu rosto, eu já ficava embaralhada... Imagine num palco. Eu subi com quase sem escolha, já que estava na cara que minha mãe havia me puxado para lá. No palco, eu fui ate o microfone. Não pude evitar pigarrear um pouco preparando a minha voz.

–Bom Pessoal... Obrigada por virem comemorar o meu aniversario de 15 anos. E, bem, Divirtam-se! - Falei gaguejando um pouco no começo e terminando com um sorriso. Alguns aplaudiram, e eu achei depressionário. Eu não tinha feito nada de mais a não ser falar num microfone.Assim que pisei fora do palco, uma musica lenta começou a tocar. Cada uma das pessoas presentes que estavam na pista de dança começaram a procurar seus pares.

–Me concede esta dança, senhorita? - perguntou Enzo, de modo cavaleiresco e fazendo uma pequena reverencia.

–Pare seu bobo! Vai me fazer corar mais ainda! - Falei. Minha ação poderia ter sido infantil, mas arranquei de Enzo um pequeno sorriso. E isso me fez sorrir também. Sem contar no tapa que tinha dado no ombro dele, e isso só fez ele alargar mais o sorriso.

Sinceramente não sei se passei mais vergonha falando na frente de todo mundo ou dançando com Enzo. Ele fazia cada palhaçada! Me fazendo rir com piadas e ironias e esquecendo que havia outras pessoas na festa. Mas quando começou aquelas musicas rápidas eu sai da pista. Não que eu não gostasse dessas musicas, algumas até que me prendiam na pista de dança, mas eu achei que deveria parar um pouco. Passar a noite toda com saltos nos pés fazia qualquer mulher pedir chega, independente se sua musica favorita estava tocando ou não.

Resolvi sair um pouco para respirar.

O jardim estava como eu me lembrava. E o ar puro da noite era melhor que um ar sufocado de tantas pessoas tentando respirar em uma só sala. O vestido, apesar de lindo, a apertava também o que era uma desvantagem. Desde pequena aquele jardim havia me conquistado e ele era mais velho que eu. Meu pai e minha mãe haviam cultivado quase todas as flores com ajuda de alguns jardineiros. Mas a ideia daquele lugar havia sido de minha avó. Uma vez eu perguntei sobre a construção e cultivação daquele lugar e meu pai havia respondido com carinho algo como:Deu muito suor e lágrimas. Cada maldito espinho era eu pronto para queimar todo aquele lugar. Mas valeu a pena.Quando se saia do salão de minha casa, que agora estava sendo usado como pista de dança, você podia ver uma trilha de pedras brancas que levavam a entrada do labirinto. Era um lugar bonito, realmente, em todo lugar era detalhado. Outra ideia de minha avó. Você poderia chegar perto de um vaso de planta, feito de mármore, e ver pequenas folhar de louro gravado na pedra a enfeitando. Era uma obra-prima. Meus pais não tinham problemas com rendas de dinheiro e eu acho que deveria ter virado outra garota mimada no mundo. E não sei porque não virei.

O labirinto ocupava todo o jardim, que por sinal era enorme, mas os muros eram novos. Depois do terceiro acidente envolvendo um pequeno incêndio, três pessoas perdidas e um cachorro estressado, meu pai achou que deveria fazer uma cerca em volta do labirinto para manter as outras pessoas longe. Mas como na vida tem gente que não segue as regras, eu pude ver mais de uma ocasião onde pessoas pulavam os muros do meu quintal e corriam para aquele lugar. Alguns eram desafiantes e desafiados onde o objetivo era conseguir chegar ao chafariz que jazia no meio daquela quantidade de mato. Outros eram casais que trocavam beijos escondidos em alguns dos bancos que eram espalhados pelos "corredores verdes" do labirinto. Eu não falava nada, claro, não era da minha conta e eu não era intrometida e tampouco fofoqueira. E em troca as pessoas que eram "pegas" por seus pais ou responsáveis naquele labirinto não davam bronca na minha família. Meu pai tinha sido muito bem claro quando a função do muro e não éramos responsáveis agora por mais pessoas perdidas ou descuidados. Eu ajudava os que se perdiam, quando eu os achava, mas os que passavam por mim direto sem falar eu também não me intrometia.

A lua estava linda e o céu com mais estrelas que de costume. Era uma lua minguante e banhava as roseiras com uma luz prateada. Tirei minhas sandálias que apertavam meus pés e senti a grama macia e úmida. Eu sorri. Caminhei sem rumo pelos corredores de planta e cheguei a uma bifurcação. Dois lados. Um era mais um corredor sem sentido e sem saída, o outro era feito de arcos de mármore e repetitivos. As trepadeiras de enroscavam por aquele lugar, fazendo um telhado de folhas. Mais a frente estava o chafariz espirrando água. Era uma fada, também de mármore branco, sentada em uma folha e segurando um jarro. Do jarro caia água cristalina. Ela tinha um olhar sereno e bancos enfeitavam em volta da fonte. Era um bom lugar para apreciar a noite, e naquele dia estava vazio. Normalmente era lá que estavam os "namorados". Ou pelo menos os sortudos que haviam achado aquele lugar em meio a várias voltas e becos fechados.

Não pude apreciar. Ouvi um farfalhar não-natural de arbusto se mexendo atrás de mim. Virei-me, mas me deparei com o vazio, a noite e as plantas que formavam uma parede de folhas. Não pude ir adiante na rota para o chafariz, meu coração indicou que havia algo errado ali. Algo que não era certo, algo surreal. Não sei de onde aquele medo veio, simplesmente estava ali, de uma hora para outra.

Eu corri.

Corri para outros lados do labirinto, tentando despistar o que quer que estivesse ali. Sabia que estaria me seguindo, só não sabia porque. Adentrei em algumas curvas aleatoriamente, mas tomando cuidado para não entrar em um beco. Se eu achasse uma parede na minha frente e nenhuma saída, não sabia o que poderia acontecer. E eu não queria descobrir.

Não sei o que me fez cair. Talvez folhas molhadas no chão e tropeçar nos meus pés, ou simplesmente tropecei em uma raiz molhada. Minhas sandálias voaram longe e caí no chão de folhas verdes. O farfalhar parou tão rápido como tinha começado, e eu tive a sensação que o que tinha provocado-o agora estava parado, observando-me no silencio. Uma mão segurou meus cotovelos, e eu quase gritei de susto. Eram calorosas e seguras, e me fez lembar Enzo. Eu o tinha deixado na festa há quanto tempo, exatamente? - Seja quem for que tenha me segurado, me deixou alguns minutos junto a seu peito quente. Era um rapaz, e eu sabia sem nem mesmo ter me virado. A realidade? Me senti segura, querida, calorosa e protegida. Se eu sabia o motivo? Óbvio que não.

O empurrei por instinto assim que havia me firmado no chão. Preferia ter ficado na ignorância e ter corrido em vez de ter me virado para ver o belo rapaz de olhos safiras e cabelos negros como a noite que me fitava. E ele tinha um sorriso torto e pequeno em seu belo rosto.


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Notas finais do capítulo

Bem tomara que esteja do agrado de vocês :D