A Orquídea da Colina escrita por Andrew Drehmer


Capítulo 2
Capítulo II : Honra e Virtude


Notas iniciais do capítulo

Para os que estão acompanhando, saibam que têm a minha profunda gratidão.
No segundo capítulo, vamos conhecer um pouco mais sobre a forma de pensar e de agir da nossa heroína, minha cara Nicolle de Freo.



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O sol já ia alto no céu quando Nicolle e seus pais puderam finalmente montar sua barraca. Nela haviam sacas de trigo em grãos, sacas de farinha e o pão que Nicolle havia feito um dia antes, especialmente para ser vendido.

– Bom dia a todos!

Era Rosella que chegava, amiga de Nicolle desde a infância.

– Quantas sacas vai querer hoje?

– Cinco são o bastante, ainda temos um pouco na despensa.

Rosella era filha do padeiro, tinha os cabelos ruivos e muito crespos. Era gorducha e tinha um aspecto atarracado, seus olhos eram de um verde profundo.

Nicolle disse:

– Deixe-me que ajude Rosella com as sacas de trigo, meu pai. Sou forte o suficiente para isso.

De fato, ela era. Só que isso era mais uma desculpa para poder conversar a sós com a amiga, do que a vontade de realmente ajudar.

Enquanto carregavam as sacas de trigo, as duas moças se entretinham em conversar seus assuntos, Nicolle perguntava:

– E então, vais mesmo te acostar com René?

– Ainda não tenho bem certeza, mas acho que sim!

Respondeu Rosella com ares de malícia.

– Tu és doida, Rosella! Ter a coragem de perder a virtude com um moço qualquer. Se ao menos ele desejasse firmar casamento, mas só te quer para diversões. E depois! Depois quando teu pai arranjar um noivo pra ti, o que vai ser?

– Mas deixa de ser ingênua, Nicolle! A maioria das moças de nossa idade já não são mais virgens há um bom tempo.

Nicolle repreendeu a amiga:

– Até onde eu sei, as prostitutas de nossa idade já não são mais virgens há um bom tempo! E as moças casadas.

– Sim, as prostitutas, as esposas e as palermas!

– Pois se manter a virtude é questão de "ser palerma", eu sou uma delas. Francamente, Rosella! Se atirar a um homem com o qual mal conheces como se fosse um pedaço de carne degustável! E se alguém descobre?! Imagina só o que teus pais não te fariam se descobrirem esse absurdo! É arriscado de mais, minha amiga!

– Pois eles só vão descobrir se tu contares! E eu te mato se fizerdes uma coisa dessa comigo!

– Podes te tranquilizar que não contarei nada. Mas lembra-te: A honra não é uma bagatela, Rosella!

O assunto se seguiu longo, pois Nicolle carregava nos ombros uma saca de cada vez. Esse "René" era filho do açougueiro, um tipo ordinário que só quer a diversão para com as mulheres. Ele era alto e forte, de cabelos avermelhados e um nariz tão esquisito que parecia muito mais com as fuças de um porco do que com um nariz humano, faziam alguns meses que ele e Rosella se sumiam sempre que possível para o bosque que havia atrás da aldeia, passavam horas a fio a beijar-se e a fazerem juras de amor.

Antes de dar tchau para a amiga, Nicolle a advertiu mais uma vez:

– Pense no que te digo, Rosella: A honra não é uma bagatela!

Mas Rosella, apenas sorriu e quando a amiga já ia longe, gritou acenando num tom de deboche:

– Nicolle! Pensas em mim hoje de noite, quando estiver na tua cela, em teu convento!

Nossa Nicolle apenas olhou para trás, séria e deu as costas novamente. Sem dizer uma só palavra, sem mover um só músculo para dar atenção à Rosella.


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Notas finais do capítulo

Nicolle relembra:

Naquele dia de primavera, aquela tonta da Rosella não poderia estar mais feliz porque ia perder a virgindade com René. Depois de muitos anos, quando eu estava só, lembrei daquela ocasião e cheguei a concluir que Rosella e René mereciam um ao outro. Na noite daquele dia, Rosella entregou-se para René. Ninguém descobriu. Aquilo foi um ato que só ela, ele e eu tivemos conhecimento. Meses depois, Rosella acabou por se casar com um primo seu de mesma idade e com ele constituiu família, teve treze filhos, mas apenas nove tiveram a sorte, ou a má sorte de terem nascido vivos, cinco foram os que sobreviveram e se tornaram adultos. No entanto, Rosella nunca deixou de trair o marido com René, que também se casou depois com uma moura e com ela teve três filhos, todos varões. Corria à boca pequena na aldeia que o filho mais novo de Rosella, era filho de René... Mas disso nunca se soube a verdade, pois o primo com que ela veio a ter como marido também era ruivo e tinha os mesmos traços de René. Depois que tudo aconteceu, vi Rosella apenas uma vez mais... Ela estava chorosa e então eu perguntei o motivo, visto que ela tinha um marido que era bom para ela, e tinha filhos perfeitos e saudáveis. Ela respondeu-me com os olhos marejados: "Meu René se foi para sempre! E era ele a quem eu amava." Não pude deixar de me compadecer, pois o casamento dela com o primo havia sido arranjado por seu pai, contra sua vontade. O menino mais novo que brincava com os outros, ao ver a mãe chorar veio correndo ao seu encontro, abraçou-a e ela murmurou as seguintes palavras: "Teu pai dorme, meu pequeno".



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