A Orquídea da Colina escrita por Andrew Drehmer


Capítulo 3
Capítulo III : Desespero


Notas iniciais do capítulo

Agora, a vida de nossa Nicolle muda drasticamente. Mas o que terá acontecido?

Agradeço a atenção de vocês que estão acompanhando a história de Nicolle. Comentem. Críticas serão sempre bem-vindas.



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Aquele dia foi um dia pouco lucrativo para os pais de Nicolle, faltava ainda um bom tempo para o sol se pôr quando eles decidiram que de nada adiantava mais ficar. Mas eis que ao longe vinha Rosella novamente:

– Sr. e Sra. De Freo, esperem! Meu pai pensou e mandou-me aqui para buscar mais uma saca de trigo.

Ora, nossa Nicolle que já estava entediada de não fazer nada, disse:

– Eu levo, meu pai.

– Nicolle, já está muito tarde, a casa do padeiro é próxima mas a nossa é muito distante. É perigoso para uma moça como tu voltares sozinha de noite.

–Ora, meu pai!

Rosella choramingou:

–Deixe que ela me acompanhe! Não conheço moça mais valente e corajosa do que Nicolle!

Advertiu a mãe de Nicolle:

– Tudo na vida tem um limite, Rosella. Até que ponto vão essa coragem e essa valentia toda!?

Nicolle parou com as duas mãos na cintura, baixou a cabeça rapidamente para o lado esquerdo e disse olhando fixamente para os pais, uma mexa de seu cabelo acabou por ficar presa à boca, o que a deixava ainda mais bela:

– Pois os senhores não tentem me impedir!

E mais que rapidamente, tomou nos braços uma das sacas e disse:

–Vamos Rosella!

Rosella por sua vez, olhou para os pais de Nicolle que estavam sem reação e deu de ombros, indo atrás da amiga:

Para Rosella estava sendo difícil acompanhar os passos de Nicolle que dava passos largos e rápidos, ofegante, a moça de cabelos ruivos e desgrenhados rogou, parando para tomar fôlego:

–Pare! Não consigo acompanhar-te!

Mas Nicolle sem dar atenção, continuou caminhando:

– Apenas lamento.

–O que tens, Nicolle! Pela manhã estavas tão bem, e agora está assim... Como uma fera! Há algo que te aflige?

Nicolle parou. Olhou para trás e disse:

–Vem que te espero.

Quando Rosella chegou lado a lado, Nicolle desabafou:

–Eu não sei o que há comigo! Depois do meio-dia abateu-me uma profunda nostalgia, uma coisa ruim. Como se algo de mau fosse acontecer-me ou acontecer à um dos meus. Eu não quero me sentir assim! Mas não depende de mim, se dependesse, assim não me sentiria. Pensei muito hoje de tarde, acho que de tanto pensar, minha cabeça começou a doer. Ainda sinto um pouco, mas isto passa. Só não passa essa coisa ruim dentro de mim.

Rosella ouviu tudo isso séria, mas logo pôs um sorriso nos lábios e disse:

– Não sei o que te dizer! Tudo o que sei é me enamorei! Tudo o que sei é a paixão e o amor que sinto quando penso em René! Tudo o que sei é que sinto o chão como a se abrir debaixo dos meus pés quando beijo ele, tudo o que sei...

Nicolle interrompeu:

– Basta, Rosella! Tu bem sabes o que penso sobre isto: Uma grande insanidade! E cala-te, que tua mãe está nos esperando na porta da padaria.

Foi a mesma coisa que jogar água em um braseiro, Rosella se tornou muda em questão de segundos.

– Nicolle, que prazer em vê-la querida! Obrigado por ter vindo com Rosella!

Nicolle fez uma reverência com a cabeça:

– Como vai? Não há necessidade de agradecer, o ócio estava a perturbar-me e acompanhei Rosella com grande satisfação.

– Meu marido se encontra na despensa, está a sua espera.

O pai de Rosella era um homem bom e respeitador. Quando Nicolle já ia embora, ele disse:

– Mulher, veja um cesto dos grandes para que Nicolle possa levar alguns de nossos pães. Ela merece por arriscar-se a ir embora sozinha com o sol já se pondo. Tens mesmo a certeza de que não quer que eu a acompanhe?

– Não, senhor. Eu e minha família ficamos gratos pelos pães.

– Meu pai, será que me permite acompanhar Nicolle até a casa dela?

– O que? Uma moça como tu, Rosella! Querendo andar sozinha de noite, no meio do nada! É claro que não deixo.

– Mas Nicolle pode...

– Nicolle pode porque é forte e valente.

Disse o homem firmando a mão no ombro de Nicolle que sorriu. Nisto, vinha da cozinha, a mãe de Rosella com um enorme cesto coberto por um pano e uma lamparina:

– Tomei a liberdade de acrescentar algumas bolachas doces junto com os pães. Ah! E essa lamparina é para que não caminhes cegamente na escuridão da noite. Faça bom retorno.

Nicolle passou o alvo braço pela alça da cesta e tomou na mão esquerda a lamparina e foi-se retirando:

– Agradecida, senhora! Tenham todos uma boa noite.

–Meu pai, deixe que eu acompanhe Nicolle até os limites da aldeia, além do mais, é necessário que se busque água na fonte, pois nossa tina está quase vazia.

– Vai.

E assim, Nicolle saiu acompanhada de Rosella. Nos limites da aldeia, Rosella tomou o caminho do bosque, para ter com René, enquanto a nossa cara Nicolle seguiu sozinha o seu caminho de volta.

O sol já havia se posto por inteiro e restavam pouquíssimos resquícios de luz na abóbada celeste. Nicolle era guiada mais pela poeira que batia em seus pés do que pela lamparina, eis que era possível ouvir lamentos de um homem à beira da estrada, sentado no chão e usando uma capa marrom. Apoiava as costas em uma árvore e ali por perto haviam muitos arbustos cheios de espinhos. O homem pedia:

– Esmola para um pobre aleijado que não consegue andar.

Nicolle ouviu aquilo e se compadeceu daquela criatura amontoada. “Coitado dele” pensou ela. E ajoelhou-se ao lado dele:

– Eu não tenho moedas, mas aceite este pão que ofereço, não é suficiente para matar a tua fome, mas é o bastante para enganá-la por algumas horas.

O capuz não permitia que ela visse o rosto do aleijado, mas ele via:

– Obrigado, moça bonita. Uma moça bonita dessa maneira não deveria andar sozinha a noite. Diga-me, tua casa está perto daqui.

Nicolle pensou antes de responder. A luz bruxeleante da lamparina pousada no chão batia em seu rosto e refletia sua imensa beleza, ressaltava seus olhos cor de mel e sua boca cheia. Ela decidiu responder a verdade, afinal de contas, que mal havia tratar bem um aleijado?

– A casa de meus pais ainda está longe, e o senhor tem mesmo razão. É por isso que não vou me demorar mais por aqui. Eles devem estar aflitos a minha espera.

– Fique mais um pouco, moça. É o pedido de um pobre aleijado. Que nome é que a moça tem?

– Eu sou Nicolle. Nicolle de Freo. Agora se me der licença eu vou indo...

Mas não pôde acabar de falar. Sentiu uma mão grande tapar-lhe a boca, de súbito, no instinto ela mordeu e um homem gordo e baixo começou a gritar, o sangue escorrendo.

Havia mais um homem que também saíra de trás dos arbustos, era alto e usava um tapa-olho. Veio para o lado de Nicolle e esta, empurrou com toda a força que tinha, ele se desequilibrou e caiu em cima do espinheiro. Eis que do chão, o “aleijado” levanta-se e o capuz lhe cai da cabeça, ele tinha nos olhos uma expressão felina, como quando um leão está prestes a atacar sua presa. Ele era alto e forte e Nicolle não era párea para ele. Ele enlaçou-a pela cintura com os braços fortes e sussurrou no ouvido dela:

– Valente! Assustada! Não precisa temer não, Nicolle de Freo.

Ela tentou soltar-se, mas ele era realmente muito forte, apertou-a e sua barriga doeu:

– Vamos se a moça é tão boa fêmea quanto sabe bater nos outros.

Nicolle tentou dar-lhe um chute nas partes baixas, mas antes que ela conseguisse, ele a jogou para o homem gordo que enlaçou-a com as pernas dele, imobilizando-a. Ela usava um vestido cor-de-rosa, o decote permitia ver apenas as linhas da sua clavícula. Como um animal, o homem rasgou seu decote e abaixou as mangas, seus seios exibiram-se majestosos e belos, logo ele começou a passar a mão não só nos ombros dela, mas por todo seu abdômen, seus seios. Ela gritava por socorro e dizia “Não”. Os outros dois, passavam as mãos por seus órgãos sexuais, estavam muito próximos e assistiam a tudo. Nicolle podia sentir o cheiro deles, um cheiro que lhe repugnava. Como ela não parava de gritar e maldizer contra eles, o homem que ela derrubara no espinheiro avançou contra a cesta de pão e com o pano que os cobria, amordaçou a boca de Nicolle. Ela tinha uma expressão de pavor nos olhos e lágrimas corriam incessantemente deles. Todos os trÊs tinham as calças abaixadas e seus pênis estavam mui eretos, mas não era isso que apavorava Nicolle, nos olhos todos eles tinham a expressão de malícia, de um desejo desumano. Seus sorrisos eram amarelos e das suas bocas emanava um cheiro de vinho e de alguma coisa podre. Estava nua da cintura pra cima. Todos estavam em volta dela, não havia como fugir, a estrada deserta e a noite escura o bastante para que alguém que por ventura viesse passar na rua, não os visse. Seis mãos começaram a roçar-lhe o corpo, três línguas ela sentia lamber-lhe os seios. O “aleijado” veio e deslizou as mãos do alto da cabeça de Nicolle até o final de seus braços:

–A valente Nicolle de Freo ainda é virtuosa?

Nicolle não respondeu, a única expressão foi de raiva em seus olhos.

– Quando eu faço uma pergunta, eu espero uma resposta! Responde, vadia! – e virou-lhe o rosto com um tapa.

Nicolle, não tinha como gritar, de sua boca saíam apenas sons abafados e incompreensíveis, ela balançou a cabeça em afirmativa. Lágrimas eram a única coisa que lhe restava. Então, o homem da capa marrom, que parecia ser o líder do trio, disse:

–Ela é minha primeiro!

Com um empurrão, jogou-a no chão e ergueu a saia de seu vestido. Arrancou vorazmente a anágua que moça usava e jogou-a para os outros homens que começaram a cheirar e a masturbar-se. Nicolle, com medo, manteve as pernas fixas e juntas, mas aquele homem era forte de mais, tinha mais força que ela, qualquer um dos três tinha mais força que ela. Abriu suas pernas de ímpeto e introduziu seu pênis dentro da vagina de Nicolle. Ela sentiu uma dor horrível e sentiu o sangue quente escorrer-lhe entre as pernas após seu hímen romper-se. Não chorava mais de medo, chorava de dor. Chorava por se sentir incapaz de ter derrotado eles e fugir. Chorava por vergonha de seus pais.

Nicolle foi sexualmente abusada pelos três homens, não sentiu o mínimo de prazer, não entendia o que Rosella queria fazendo isso com René. Só o que sabia era de sua vergonha, e da reação que seus pais teriam ao ficarem sabendo de tudo.


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Notas finais do capítulo

Nicolle relembra:

Por causa desse dia, deixei de viver. Desejei a morte daqueles três homens... Anos mais tarde, descobri eu que eles eram três ladrões e que haviam sido condenados a morrer decapitados na guilhotina por roubo e por estupro. Mas pra mim, isso ainda foi pouco, foi pouco diante todo o mal que me fizeram sentir e passar. Foi pouco diante da humilhação sentida por mim. Foi pouco pela vida que me fizeram perder.



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