A Orquídea da Colina escrita por Andrew Drehmer


Capítulo 10
Capitulo X Serpente


Notas iniciais do capítulo

Olá meus caros leitores! Infelizmente fiquei um bom tempo sem poder escrever. Peço desculpas pela demora.



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Nicolle estava se sentindo estranha... Não estivera bem o dia inteiro. Uma sensação de mal-estar tomava conta de seu ser. O dia de trabalho estava sendo duro. O palacete era preparado para celebrar os anos de Madame Lamartine, e a ogra queria que tudo estivesse impecável. Passara o dia a gritar e dar ordens para as outras copeiras, exceto para Nicolle, que estava achando isso muito estranho.

Ademais, as coisas estavam boas para nossa heroína. Chermont havia declarado-se para ela numa linda noite de luar, e agora, viviam os dois um romance secreto. Não era bom que os outros soubessem, pelo menos por enquanto. Era melhor que as coisas se assentassem primeiro para só depois tornar público os sentimentos. Chermont era apaixonado por ela, e ela sabia disso. Também gostava dele, e esse namoro estava lhe fazendo bem, pouco a pouco ela desenvolveu um sentimento de paixão por ele. E ele era o que ela mais anseiava no final daqueles dias exaustivos sob as ordens de Lamartine.

Chermont, com seu corpo franzino e seu sorriso brilhante... Gostava quando aqueles olhos azuis se perdiam sobre ela, da maneira como ele chegava e a abraçava pelas costas. Se sentia tão protegida... Tão amada. Era bom ser abraçada por Chermont. Um calor morno e cálido lhe subia pelas pernas quando isso acontecia. Quando os lábios finos dele tocavam sua boca carnosa, era esse calor que ela sentia. Quando aquela barba dourada tão rala lhe roçava o pescoço, e seu corpo todo arrepiava-se, era aquele calor gostoso que ela sentia. Apenas Celimena sabia dos dois. A moça havia se tornado uma grande amiga na qual ela podia confiar. Só ela era cúmplice dessa paixão tão reservada.

Aquele lugar era bom e Nicolle sentia vontade de passar o resto de sua vida toda ali. Casar-se com Chermont, dar-lhe filhos e ser feliz. Poderiam ser uns nove, dez, onze... Quantos fillhos ele quisesse. Ela cuidaria dos meninos para que crescessem fortes a fim de ajudar o pai na labuta diária. As meninas seriam ensinadas desde cedo a fazer o pão, e as demais tarefas da casa para que no futuro arrumassem um marido que lhes desse sustento e sentimento puro. E depois eles cresceriam todos fortes e saudáveis e jamais deixariam de ser amados por ela, fizessem o que fizessem, aquele amor maternal seria regado à compreensão e ao perdão.

Só seu patrão, o barão que não cessava as investidas contra ela. Mas ela era esperta, conseguia contornar a situação, deixando sempre o barão sem palavras. E não, não era o tipo de mudez boa e romântica, era o tipo de mudez insolente e atrevida, que deixava o barão sem ter o que argumentar.

A noite estava quente. O ar estava parado. O silêncio só era quebrado pelo som dos insetos. Fazia uma noite bonita, a lua cheia daquele mês de verão estava no auge de sua beleza, trazendo algo de místico para a noite. E pronto, o último dos pratos da prataria acabava de ser polido por aquela mão pequena e alva que executava sua tarefa tão vorazmente, na esperança de ir logo para casa e se atirar aos braços de seu homem.

–Vamos logo!

–Se quiser ir na frente pode ir andando. Eu preciso ficar. Tenho um assunto particular para tratar com a Madame.

A voz de Celimena saiu um pouco rouca. Nicolle estranhou. A patroa era tão assustadora que o que as criadas mais queriam era precisar olhar o mínimo para aquela cara bovina e dirigir-lhe o mínimo de palavras. A moça de seios fartos e proeminentes deu de ombros, tirando da cabeça seu barrete cor-de-creme e sacudindo os cabelos pesados e brilhantes.

Celimena, vestida no uniforme branco e azul escuro, acompanhava os largos passos de Lamartine pelo corredor do palacete. Seria levada ao escritório particular da madame. Escritório este envolto em muitos mistérios e comentários que corriam à boca pequena pela aldeiazinha. Se falava que três moças haviam desaparecido misteriosamente. A primeira delas havia sido uma prima de Dn. Joelle. Quando a idosa era uma criança, essa prima tinha idade de 22 anos e era solteira ainda. Não por razão de falta de pedidos de casamento, mas pelo fato de alegar que seu coração possuía dono. Certa noite, foi até o manso para tratar de um assunto com a jovem dama Lamartine e nunca mais voltara. A jovem patroazinha alegou que a moça não chegara a ter com ela, e que como havia comprado novos vestidos, queria presentear a moça com um de seus velhos. A segunda moça era uma sorridente moura de cabelos e olhos escuros. Fora vista pela última vez indo para os lados da floresta. A terceira, Celimena podia se lembrar bem dela, tinha os cabelos lisos e mui oleosos, uma moça albina de cabelos da cor da coalhada. O corpo de nenhuma delas jamais foi encontrado. Celimena despertou de seus pensamentos com a voz grave da mulher à sua frente:

–O que deseja falar comigo?

Sentada frente à mesa de ébano, Celimena passou as mãos sobre as pernas, como quem alisasse o uniforme. Pigarreou, e falou:

–Bem... Madame Lamartine, a senhora sabe mui bem que Nicolle é uma moça cheia de atrativos aos olhos masculinos.

Os olhos de Lamartine se tornaram estreitos:

–Onde quer chegar?

–Bem, ela já está aqui há algum tempo... E... A senhora sabe como são os homens, gostam de carne nova.

–Vá direto ao ponto!

Celimena estremeceu com o bruto grito dado pela mulher:

–Sim, senhora! Eu irei: Todos comentam que Nicolle mantém um caso com o visconde seu marido, e inclusive, que ela planeja matá-la para ficar em seu lugar. É isso o que todos os aldeões comentam.

Dos olhos de Lamartine, saíam chispas de ira. Celimena ficou à espera de uma reação desumana. Mas tudo o que viu, foi a raiva se acumulando naqueles olhos de louca:

–Traga-a até mim, agora!

Celimena por um momento arrependeu-se. O que ela havia feito? Logo Nicolle que sempre fora tão boa e gentil para com ela! Mas agora era tarde. Tarde demais para reaver o que havia feito. Sabe-se lá o que Lamartine faria com ela se descobrisse que tudo aquilo era mentira. A patroa urrou lentamente:

–Eu disse “AGORA”!

Celimena saiu apressada, enroscando o pé na cadeira e a levando por diante, a voz gaguejava:
–Sim, senhora Lamartine.

Assim que tomou o ar da noite de verão, Celimena inspirou e aspirou aquele oxigênio úmido e pegajoso. Um sorriso proeminente era exibido em seus lábios de rapariga.


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Notas finais do capítulo

Nicolle relembra:

E naquela noite típica de verão, quente... Modorrenta, as coisas estavam para mudar novamente. De uma forma bem mais extrema e bem mais definitiva. Eu te perdoo, Celimena. Perdoo.



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